quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

38
Entramos no consultório da médica, a Bruna estava apoiada nos meus braços e nos braços do Guilherme.
Karina: Boa tarde, Bruna. Como tem passado? Deitem-na aqui, por favor. – Nós deitamos-na na maca. – Podem se sentar ali. – Ela apontou pra um banco que tinham dois lugares. Me sentei e o Guilherme sentou-se do meu lado. O banco ficava a alguns passos da maca, mas tinha muitos aparelhos e isso atrapalhava um pouco pra eu ver a Bruna.
Bruna: Péssima, doutora Karina. To sentindo cada vez mais dores.
Karina: Está tomando os remédios direitinho?
Manuela: Sim. Eu, pessoalmente, dou todos os remédios pra ela.
Bruna: É, ela não me deixa nem pensar alguns segundinhos sozinha e já aparece com um novo remédio pra eu tomar. – Ela disse entendiada e a médica riu.
Karina: Bom. Vamos agradecer a... – Ela disse incentivando-me a dizer o meu nome.
Manuela: Manuela.
Karina: A Manuela. Vamos agradecer a Manuela... Me diz, Bruna, não tem feito extravagancias, não é!?
Bruna: Eu mal consigo sair da cama.
Karina: Você pode andar um pouquinho, mas se sentir cansaço, pare. E só é pra andar pela casa e quando tiver alguém pra ficar de olho em você.
Guilherme: Eu faço isso, pode deixar.
Karina: E você, quem é? É o pai do bebê?
Guilherme: Não.
Bruna: Não. – Eles disseram ao mesmo tempo. Eu ri da situação.
Karina: Desculpe.
Bruna: Os dois são meus amigos. Uns dos únicos que eu posso confiar de verdade.
Karina: Bom, vamos começar. Vamos ver como está esse bebêzão. – Ela levantou a camiseta da Bruna, passou aquele gel e começou a fazer a ultrassom nela. Apesar de não conseguir enxergar a Bruna direito, dava pra ver certinho a imagem do bebê na tela. – Ele está se desenvolvendo sem nenhum risco, apesar do seu descolamento de placenta, o que é muito bom. Tamanho ta certo pro tempo dele.
Bruna: Dele? É um menino?
Karina: Não sei ainda. Veremos agora se o seu bebê virar um pouquinho. Torce aí. – Ela sorriu e olhava concentrada pra tela.
Eu estava começando a ficar mexida com aquilo. Eu poderia estar grávida e teria que passar por aquilo. Meu coração disparou quando eu pensei naquilo.
Bruna: Já da pra ver o que é? – Ela perguntou curiosa.
Manuela: Calma, Bru. – Eu dei uma risada, mas estava tensa. O Guilherme percebeu que eu estava meio nervosa, segurou a minha mão, mas eu soltei. Não queria misturar as coisas. Ele ia acabar entendendo errado e não ia dar certo.
Karina: Bom, se meus anos de experiência serviram pra alguma coisa, eu posso dizer que seu bebê é uma menina. Ela está completamente saudável, crescendo do jeitinho que é pra ser. E daqui a pouquinho ela vai estar no seu colo, recebendo todo seu amor. Parabéns! – Ela disse e eu me levantei. Fiquei emocionada com as palavras da médica. A Bruna também se emocionou e eu fui perto dela. Segurei a mão dela e ela sorriu em meio as lágrimas que escorriam do rosto dela.
Karina: Quero que escutem isso. – A médica apertou uns botões da máquina e colocou novamente o aparelho na barriga da Bruna. Eu fiquei prestando atenção atentamente e nós pudemos ouvir o coraçãozinho da filha da Bruna batendo.
Aquilo foi o ápice pra mim. Não aguentei a emoção e me afundei em lágrimas. O Guilherme estava do meu lado e segurou a minha mão. Eu tentei me controlar, mas foi difícil, principalmente quando o Guilherme me puxou de leve e me abraçou. Não sei o que me deu, mas eu correspondi o abraço. Encostei o rosto no ombro dele e fui tentando aos poucos me controlar.
Guilherme: Daqui a pouco é a gente que vai estar nessa sala, ouvindo o coraçãozinho do nosso filho. – Ele disse no meu ouvido, enquanto alisava o meu cabelo e depois passou a mão de leve na minha barriga por cima da blusa.
Bruna: Desculpa atrapalhar o momento do casal aí, mas da pra vocês me ajudarem a levantar? – Ela disse enquanto terminava de limpar a barriga. Nós levantamos-na e a médica disse mais umas coisas que eu não prestei muita atenção. Passou novos remédios e nos liberou.
Chamei o táxi de novo e dessa vez, o Guilherme foi na frente. Eu fiz companhia pra Bruna no banco traseiro. Logo chegamos o táxi e novamente o Guilherme quis pagar a corrida. Apesar de eu tentar impedi-lo, ele pagou. Nós ajudamos a Bruna a descer e ela conseguiu caminhar bem devagar até chegar na sala e se sentar no sofá.
Manuela: Ta com fome?
Guilherme: Ta sentindo alguma dor?
Bruna: Não, mãe. Não, pai. – Ela disse e soltou um riso. – Só quero assistir um pouco de televisão. Posso? – Ela perguntou fazendo cara de criança.
Manuela: Palhaça.
Guilherme: Se precisar de alguma coisa, é só gritar.
Manuela: É... – Eu disse concordando enquanto ligava a TV e entregava o controle da televisão pra ela.
Bruna: Obrigada. Agora podem voltar pra vida de vocês e pararem de se preocupar comigo. To bem aqui e não preciso de nada.
Manuela: Ta bom...
Eu comecei a subir as escadas pra ir pro meu quarto na esperança que o Guilherme não tentasse puxar assunto comigo, mas foi em vão.
Guilherme: O Gabriel já sabe? – Eu respirei fundo e virei-me de frente pra ele. Estava a uns dois degraus a cima dele.
Manuela: Sabe do que? – Me fiz de desentendida.
Guilherme: Da gravidez, po.
Manuela: Não quero falar disso com você.
Guilherme: Po, Manu, eu entendo que tu não queira mais nada comigo, mas precisa mesmo me tratar com essa indiferença? Eu errei, eu sei, mas eu to tentando manter uma relação boa contigo. Não precisamos fazer guerra cada vez que a gente tem que conversar. Para de ser infantil.
Manuela: Infantil? Eu? – Disse debochando. – Tu ta de brincadeira comigo, né!? – Ele não falou nada, cruzou os braços e ficou me ouvindo. – Você fez a merda, você estragou tudo. Você. Pra piorar, eu pedi, eu pedi muito pra você me esperar e o que tu faz? Fica com a Regina. Simplesmente, a pessoa que eu mais odiaria ver com você. Você escolheu a pessoa que mais me afetaria, e conseguiu o que queria.

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