sábado, 2 de janeiro de 2016

39
Guilherme: Se eu me arrependo de alguma coisa na vida, é disso. – Eu olhei pra ele sem entender nada e ele explicou: – Ela me traiu. Peguei ela beijando o Samuel. Você tentou me avisar e eu te tratei mal. Queria me desculpar por isso também. Fui um idiota contigo e acabei te entregando de bandeja pro Gabriel.
Manuela: Cala a boca. – Revirei os olhos. Ele subiu até o degrau que eu estava e ficou bem perto de mim.
Guilherme: Eu queria poder voltar atrás e não ter te deixado ir. – Ele levou a mão pra minha cintura e me puxou contra o corpo dele. Inclinou o rosto e deu um beijo no meu pescoço. Ele sabia que aquilo me deixava arrepiada e foi o que aconteceu. Droga!
Manuela: Para. – Disse firme. Apesar dele estar começando a me confundir novamente, eu não conseguia fazer nada com ele. Eu amava o Gabriel e jamais faria-o sofrer.
Guilherme: Manu, eu sinto que tu ainda me quer. – Ele afastou um pouco o rosto e ficou me encarando. Deslizou a mão livre pelo meu braço.
Manuela: Ta sentindo bobagem. Eu amo o Gabriel e ele quem eu quero. – Eu saí de perto dele e subi os degraus bem rápido, mas ele veio atrás de mim. – Agora me deixa em paz, por favor.
Guilherme: Tu vai fazer o teste de DNA pra saber de quem é esse filho?
Manuela: Quando ele nascer, sim. Mas eu sei que é do Gabriel. Eu tenho certeza.
Guilherme: Ta maluca, Manu? Tem como fazer com o bebê dentro da tua barriga, po.
Manuela: Se tu pagar, eu faço o teste. Não tenho dinheiro pra isso. – Ele me encarou.
Guilherme: Vou dar um jeito e te aviso.
Manuela: Ta. Agora eu posso me retirar? – Eu disse sarcasticamente.
Guilherme: Quanta marra.
Eu não dei mais ouvidos, saí dali e fui pro meu quarto. Entrei no mesmo e soquei a porta.
Manuela: Ah, que ódio desse garoto! – Eu disse revoltada.
Flávia: O que aconteceu? – Ela perguntou com os olhos arregalados.
Manuela: O idiota do Guilherme.
Flávia: O amor da minha vida... – Ela disse me imitando.
Manuela: Cala a boca.
Flávia: Assume que esse teu coração ainda bate por ele.
Manuela: Para, cara. Eu não sinto mais nada por ele. Ele pisou em casa pedacinho do meu coração que ele mesmo já tinha espedaçado. Ele não merece sentimento nenhum meu.
Flávia: E quem disse que a gente ama quem merece?
Manuela: Da pra parar de fazer a psicóloga? Eu só quero que tu seja minha amiga e me apoie. Não é pra defendê-lo.
Flávia: To só falando a verdade. Fazendo o meu papel de amiga. Depois não diz que eu não avisei.
Manuela: Ta tudo mundo afim de me encher hoje, não é possível. – Eu disse irritada.
Flávia: E o bebê?
Manuela: Esse é outro assunto que não para de me atormentar.
Flávia: Não, amiga. Não o seu bebê, o da Bruna.
Manuela: Ah, foi mal. – Disse meio sem graça. – É uma menina.
Flávia: Ai, meu Deus, que amor! Vou lá falar com ela. Será que ela já pensou em um nome?
Manuela: Acho que não ainda. Não sei, vê com ela.
Flávia: Vou lá e já volto.
Ela saiu do quarto toda empolgada e eu ouvi meu celular tocar, eu atendi.
Gabriel: Já saiu do consultório, amor?
Manuela: Já. É uma menina.
Gabriel: Ela já deu um nome?
Manuela: Não.
Gabriel: Que vozinha é essa?
Manuela: Sua mãe ta melhor? – Eu mudei de assunto.
Gabriel: Ela ta descansando agora. Quer que eu passe aí te buscar pra gente ficar um pouquinho junto?
Manuela: Quero.
Gabriel: Já já eu chego aí.
Manuela: Ta bom.
Nós desligamos e eu me arrumei meio rápido. Logo ele chegou e eu fui pro carro dele. Entrei e dei um selinho nele.
Gabriel: Tu ta linda hoje.
Manuela: Só hoje, amor? – Fiz charme e fiz um biquinho.
Gabriel: Sempre. – Ele riu e me roubou um selinho mais demorado. – Quer fazer o que agora, senhorita?
Manuela: Tu não tem que ficar em casa pra tomar conta da tua mãe?
Gabriel: Ela ta dormindo e eu deixei a empregada lá com ela. Só mais tarde eu tenho que ir lá.
Manuela: Tem certeza? To preocupada com ela.
Gabriel: Não vai adiantar nada ficar lá agora. A empregada vai me ligar se acontecer alguma coisa, aí eu corro pra lá.
Manuela: Então vamos comer alguma coisa, ficar por perto.
Gabriel: Comer? – Ele me olhou meio desanimado. Eu dei risada porque levei aquilo na malícia. Dei um beijo no rosto dele e abracei-o meio desajeitadamente por estarmos no carro e estar meio apertado.
Manuela: Você podia comer outra coisa, né... – Eu disse com a boca no ouvido dele e depois mordi o cantinho da orelha dele. Ele sorriu maliciosamente pra mim, colocou a mão na minha coxa e apertou.
Gabriel: Brinca não que eu to carente. Culpa tua. – Ele disse alisando a minha coxa e levando a mão pra minha virilha. Depois me encarou e sorriu.
Manuela: Quem disse que eu estou brincando?
Gabriel: Então a gente pode resolver isso agora mesmo. – Ele me deu um beijo meio rápido e saiu com o carro. Andou um pouco e enquanto dirigia, ele levou a mão dentro do meu shorts, começou a me masturbar e eu soltei gemidinhos baixos pra provoca-lo. Levei a mão pro pau dele por cima da calça. Nós dois não estávamos mais aguentando e ele parou o carro na primeira rua sem movimento que encontrou.
Eu fui pro colo dele e ele me beijou com muita vontade. Senti as mãos dele percorrer todo o meu corpo e apertar cada curva do mesmo. Beijava-o aceleradamente e ele explorava a minha boca com a língua.
Comecei a rebolar no colo dele e pude senti-lo abrindo a calça, logo em seguida ele colocou o pau pra fora e afastou um pouquinho a roupa.
Manuela: Vamos lá atrás.
Eu fui pro bando traseiro do carro e me deitei nele. O Gabriel logo em seguida veio pro banco traseiro e ficou por cima de mim. Era meio apertado, mas aumentava mais o tesão essa dificuldade. Ele beijou o meu pescoço e tirou as alças da minha camiseta que era de alcinha. Abaixou a minha blusa e tudo ficou mais fácil porque eu estava sem sutiã. Ele mordeu, brincou e chupou os meus seios. Eu batia uma pra ele enquanto ele mamava meus seios. Ele ajeitou-se no banco e eu abaixei o corpo, segurei na base do pau dele e comecei a chupa-lo com bastante vontade. Ele levou a mão pro meu cabelo e entrelaçou os dedos no mesmo.
Ele puxou de leve o meu cabelo e eu olhei pra ele com cara bem maliciosa. Chupei as bolas dele enquanto olhava pra ele.
Gabriel: Isso... Que tesão... Isso... Vai... Chupa mais...
Os gemidos dele e estimulavam ainda mais. Eu parei de chupa-lo, abri o meu shorts e afastei-o junto com a calcinha. O Gabriel ajeitou-se no banco e eu fui me sentando em cima dele. Segurei na base do pau dele e fui enfiando na minha buceta bem devagarzinho. Ele não tirava os olhos de mim, apertava os meus seios com vontade. Eu sentei gostoso no pau dele e ele soltou um gemido abafado.
Segurei nos ombros dele e comecei a cavalgar. Eu podia sentir o pau dele invadir minha buceta por completo e bater no meu útero conforme eu cavalgava. O pau dele era realmente enorme.
Eu beijei-o e parei de cavalgar, só fiquei rebolando no pau dele. Ele começou um movimento de vai e vem que me deixou louca. Eu já não estava mais me aguentando, gozei muito no pau dele e logo pude senti-lo gozar também.
Nós dois estávamos exaustos, pela dificuldade de transar no carro e também pelo tesão que dava. Sentamos um do lado do outro no carro, sem roupa e respirando fundo.
Gabriel: Olha o que tu faz comigo... – Ele disse rindo e me deu um selinho.
Manuela: Gostoso. – Beijei o canto da boca dele.
Nós ficamos um tempo descansando no carro, nos vestimos e decidimos sair dali.
Gabriel: Quer ir pra onde agora, amor?
Manuela: To cheirando sexo. Um bom banho seria bom e depois a gente pensa em alguma coisa. – Na verdade, eu queria ir pra casa dele pra saber como é que a mãe dele estava.
Gabriel: Então vamos pra minha casa. Lá a gente pensa onde ir.
Manuela: Não posso ficar muito, você sabe.
Gabriel: Depois a gente vê, amor.
Nós fomos pra casa dele.
Manuela: Vou lá em cima ver como tua mãe está, viu, amor!?
Gabriel: Sabia que essa vontade toda de vir pra minha casa tinha algo por trás. Vai lá, loirinha. – Ele disse me selando.
Eu fui pro quarto da mãe dele e ela estava assistindo televisão.
Manuela: Olá, Marisa... – Eu disse entrando no quarto devagar, ela desligou a tv quando me viu e sentou-se na cama. Dei um beijo no rosto dela e fiquei em pé na frente dela.
Marisa: Olá, minha querida. Que bom que você veio! Sente-se aqui. – Ela apontou a cama e eu me sentei do lado dela.
Manuela: Como a senhora está? Estava preocupada. O que houve? O Gabriel não me contou direito
Marisa: Agora eu já estou bem, meu amor. Eu tomei uns remédios pra engravidar, pra aumentar fertilidade, esse tipo de coisa. Mas misturei com outros remédios e acabei parando no hospital.
Manuela: Marisa... – Disse negando com a cabeça, em forma de reprovação.
Marisa: Já sei, você também vai me dar uma bronca e me dizer que eu não posso continuar com essa loucura. Mas eu quero um filho, Manu. Eu preciso de um. É isso, ou eu vou perder meu marido de vez e isso que eu não aceito de jeito nenhum.
Manuela: Não vou te dar bronca. Só quero que você saiba que eu estou aqui pra o que você precisar, viu!? Sobre aquela ajudinha que você me pediu, eu to tentando, mas é bem difícil. O que você me pediu, é difícil de conseguir. Mas eu vou continuar tentando.
Marisa: Oh, meu amor, muito obrigada! – Ela me abraçou, eu correspondi e sorri de lado quando vi o Gabriel se aproximando da porta e parando na mesma.
Gabriel: As mulheres mais lindas da minha vida. – Ele disse entrando no quarto. – Posso participar desse abraço?
Marisa: Claro que pode, meu filho. – Ela esticou um braço e ele chegou pertinho de gente. Foi um abraço desajeitado, mas o momento foi legal e é isso que valia. O Gabriel sentou-se na cama do meu lado. – Que casal mais lindo, nunca vou cansar de olhar pra vocês.
Gabriel: A Manu é linda mesmo. – Ele sorriu, eu olhei pra ele sorrindo e dei um selinho nele.
Manuela: Você também é, amor. – Disse pro Gabriel. – Tenho um trabalho com esse seu filho, Marisa. Tem várias atrás dele.
Gabriel: Olha quem fala, né!?
Nós ficamos conversando um tempinho, mas depois o Gabriel e eu deixamos a Marisa descansar. Fomos pro quarto dele e ficamos quietinhos lá por um tempinho.
Manuela: Vou precisar ir, amor.
Gabriel: Ah, não, fica aqui comigo. – Ele disse todo manhoso, quase sendo irresistível, mas eu precisava ir. A Lua não iria dar uma "folga" pra mim e eu não queria mais motivos pra arrumar briga com ela.
Manuela: Amor, eu queria e muito, mas não dá. Não hoje. – Fiz um biquinho e dei um selinho nele.
Gabriel: Ta bom, amor. Eu te levo, mas contra minha vontade. – Nós rimos.
Manuela: Bobo.
Ele me levou pra casa e já estava quase na hora de ir pra boate. Tomei um banho voando e fui pra boate com a Flávia. A Jack e a Amanda foram pro ponto longe da cidade. Demos um jeito de despistar a Lua e ela não notar nada.
Voltamos pra casa bem tarde, eu estava quase pegando no sono quando recebi uma mensagem no meu celular. Não dei muita atenção, porque eu estava morrendo de sono e muita cansada. Deixei pra responder a mensagem no dia seguinte, não estava afim de levantar da cama pra atender o telefone.
Acordei no dia seguinte com o barulho de uma nova mensagem e com a Flávia reclamando.
Flávia: Responde logo essa pessoa apressada e me deixa dormir. – Ela disse virando na cama.
Manuela: Desculpa. – Eu levantei da cama e peguei o celular. Tinha umas 5 mensagens de um número desconhecido. Abri as mensagens e eu simplesmente não acreditei ao ler. A Flávia levantou e ficou me olhando. 
Flávia: Que cara é essa? – Ela perguntou e bocejou. Logo o meu celular começou a tocar, me impedindo de respondê-la o motivo da minha reação. – Atende, amiga. – Eu atendi o telefone e não tive tempo pra responder, só pra ouvir. A pessoa do outro lado da linha falou e me pediu pra não dizer quem era. Pra Flávia e nem pra ninguém.
Eu desliguei o telefone ainda um pouco em dúvida sobre o motivo de tanto sigilo.
Flávia: Quem era?
Manuela: Era engano. – Eu menti, era melhor assim.
Flávia: Jura? Que povo louco. Bom, eu vou lá com a Bruna.
Manuela: Ta. – Eu disse estática.
A Flávia saiu do quarto e eu corri pro banheiro. Tomei um banho super rápido e me arrumei mais rápido ainda. Alguém bateu na porta do meu quarto.
Manuela: Entra. – Eu disse enquanto colocava os sapatos sentada na cama.
Guilherme: Ele te mandou uma mensagem também? – Ele falou e depois entrou no quarto. Fechou a porta e ficou em pé perto de mim.
Manuela: Ele me ligou. O que será que aconteceu? Você também vai?
Guilherme: Não. Ele só me disse que estava tudo bem. Sei lá. Não entendi muito bem.
Manuela: Ele quer me encontrar, conversar. Não entendi também.
Guilherme: Quer que eu vá com você?
Manuela: Não precisa. Pelo jeito, ele quer falar só comigo.
Guilherme: Se cuida, então. Me liga se acontecer alguma coisa.
Manuela: Valeu. – Eu disse ficando em pé, cara a cara com ele. Ele olhou pra minha boca e eu desviei o corpo. Ele segurou o meu ombro e me abraçou. Fiquei sem reação. Eu amava o abraço dele, me passava uma segurança enorme e mesmo depois de termos terminado, a sensação era a mesma. Parecia que nada poderia me atingir se eu estivesse abraçada com ele. Mas tratei logo de sair dali.
Chamei um táxi e fui pro local indicado. Cheguei lá e o Felipe estava sentado em um dos bancos da praça. A praça era um lugar meio abandonado. Quase ninguém passava por ali. Fui até ele e ele me parecia inquieto.
Manuela: Oi. – Ele olhou pra mim e se levantou.
Felipe: Oi, Manuela... – Ele falou seco.
Manuela: Por que você quis me ver? Por que você sumiu tanto tempo? O que aconteceu? Você ta bem?
Felipe: Tô. Ta tudo na boa comigo. Quer dizer, fisicamente falando. Eu to um lixo por dentro... – Ele estava de frente pra mim, me olhava nos olhos enquanto falava. Deixei-o continuar. – Eu descobri tudo, Manuela. Tudo. – Eu gelei ao ouvi-lo. – Eu já sei de tudo. É por isso que eu precisei sumir. Minha cabeça estava a milhão. Minha vida não vazia mais sentido nenhum.
Manuela: Você ta falando do que? – Eu não podia entregar o "ouro" assim. Imagina se ele estava falando de outra coisa? Joguei verde.
Felipe: Não se faz de idiota, Manuela. Tu sabe muito bem do que eu to falando, porra. – Ele disse irritado. – Prostituição, Manuela. É disso que eu estou falando. – Meu coração parecia que ia sair pela boca.
Manuela: Co-como você descobriu isso? – Eu gaguejei, estava muito nervosa.
Felipe: E isso lá importa agora, Manuela? O que importa é que eu já sei de tudo... Como eu fui idiota, cara. Vocês todos me enganaram. Todo mundo. Até o Guilherme que era meu melhor amigo. Até ele. – Ele disse meio inconformado. Ele respirou fundo e sentou-se no banco novamente. Fiquei exatamente onde eu estava.
Manuela: A Flávia te ama, ela não queria te enganar. – Ele riu ao me ouvir.
Felipe: Tu ta de sacanagem comigo, né, Manuela!? Só pode estar. – Ele disse com um tom irônico na voz.
Manuela: Não, Felipe. Ela te ama. Sempre te amou. E sempre teve muito medo de te perder. Você não tem noção do quanto ela está preocupada com o seu sumiço.
Felipe: Aquela vad... – Eu não deixei-o continuar.
Manuela: Para. Você não pode falar assim dela. Ela não é prostituta porque quer, Felipe. Não é culpa dela. Entende isso. Ela é obrigada. Todas nós somos. Deu pra entender? – Eu disse olhando bem séria pra ele.
Felipe: Por que ela foi esconder isso justo de mim? – Ele berrou. Eu não me importei se alguém nos ouvisse. – Eu sempre fiz tudo por ela, ela era a mulher da minha vida. Mas pelo jeito, não só da minha vida, né!? – Ele disse nervoso. Colocou as mãos na cabeça e olhou pro céu, depois respirou fundo e olhou pra mim. – Quando tu entrou nessa?
Manuela: Esse ano.
Felipe: E a Flávia?
Manuela: Para de se torturar com isso. Não vale a pena.
Felipe: O Guilherme namorou contigo mesmo sabendo de tudo?
Manuela: É... – Ele me olhou apavorado.
Felipe: Isso é demais pra mim, velho. – Ele levantou do banco e começou a andar de um lado pro outro.
Manuela: Por que você me chamou aqui afinal? Com certeza não foi pra me contar que já sabia de tudo...
Felipe: Não, claro que não.
Manuela: Então... – Eu incentivei-o a falar.
Felipe: Eu quero que você faça a Flávia parar de me ligar, me procurar. Quero que você faça com que ela esqueça que um dia eu existi.
Manuela: Pirou? Ela ama você. Ela jamais vai aceitar isso.
Felipe: Eu to nem aí, Manuela. Ela só pensou nela até agora. Ela podia ter me passado uma doença, cara. Já pensou? Eu fiz todos os exames antes de voltar pra cá, a sorte dela é que eu não tenho nada, porque se eu tivesse...
Manuela: Você consegue ouvir as bobagens que você ta falando? Você é um idiota. Nós não transamos sem camisinha com nenhum cliente. Ela só transa sem camisinha com você, babaca.
Felipe: Me da um negócio só de imagina-la transando com outros cara. Puta que pariu! – Ele deu um soco no poste e depois segurou a mão. Pareceu ter doído bastante. Idiota, bem feito.
Manuela: Você precisa conversar com ela. Deixa-la explicar tudo.
Felipe: Explicar o que? Que ela me fez de corno esse tempo todo? Que ela é uma prostituta? Isso eu já sei. Descobri sozinho.
Manuela: Quem te contou?
Felipe: Não interessa.
Manuela: Interessa sim. Eu quero saber. – Falei irritada.
Felipe: Não posso dizer.
Manuela: Fala logo, Felipe.
Felipe: Tu vai acabar sabendo. E agora eu preciso ir. Vim pra cá atrás de umas coisas, acabei aproveitando pra falar contigo. Afasta a Flávia de mim. Inventa alguma coisa. Tu é boa em mentiras, vocês todas são. Quer saber algo que ela não vai nem querer olhar mais na minha cara? Diz que eu to com outra mina e que sumi porque to namorando a mina. Sei lá. Inventa qualquer merda, to pouco me fodendo mesmo.
Manuela: Como você pode ser tão insensível assim? Ela precisa de você, ainda mais agora que você sabe de tudo. Você podia ajuda-la a sair dessa vida. Podia fazer alguma coisa por ela. Cadê aquele amor todo que você dizia que senti por ela? Foi embora? Ou será que nunca existiu? Porque do jeito que tu ta falando dela, parece que ela não significou nada pra você esse tempo que vocês passaram juntos. Parece que foi um tempo perdido em que você ficou com uma pessoa qualquer e nós não sabemos que foi isso que aconteceu. O fato dela ser prostituta, não anula o amor que tu sente por ela e nem o que ela sente por você. Felipe, não faz merda, cara. Não deixe-a na mão quando ela mais precisa de você.
Felipe: Não da, Manuela. Não dá. Eu não consigo nem cogitar a ideia de conversar com ela. Não dá. Eu vou ficar nervoso e vou acabar fazendo e falando merda pra ela. Eu amo ela, e como você disse, uma coisa não anula a outra. Ela vai sempre estar no meu coração, mas agora eu não consigo. Não consigo. Preciso de um tempo longe dela. Só te peço pra afasta-la de mim, por favor. Talvez ela nunca me perdoe por isso, mas eu não consigo fazer diferente disso agora. – Era nítido como ele estava segurando o choro.
Manuela: Você que sabe. Eu invento alguma coisa, mas não apareça mais na vida dela. Esqueça. Ela vai te odiar depois disso, quer dizer, ela vai te odiar quando souber o real motivo disso. Você é realmente um idiota.
Felipe: Idiota eu fui quando comecei amar a Flávia.
Manuela: Cala a boca.
Felipe: Agora eu já vou. Não quero nunca mais ouvir falar de vocês. Nem da Flávia, nem de você, nem do Guilherme. Ninguém.
Manuela: Não ouvirá.
Ele saiu andando pela praça e eu fiquei ali, sem acreditar que ele tenha dito aquelas besteiras pra mim. A Flávia não ia aceitar isso tão cedo e tão fácil. Fiquei sentada no banco, com as mãos apoiadas na cabeça e pensando nem tudo que estava acontecendo na minha vida. Ouvi o meu celular tocando, Guilherme estava me ligando.
Guilherme: Estão conversando ainda?
Manuela: Ele acabou de ir.
Guilherme: Você ta legal? Já vai voltar pra casa?
Manuela: Não, eu to péssima... – Eu respirei fundo pra não chorar. – Eu vou ficar por aqui por enquanto.
Guilherme: Então me espera que eu já vou chegar aí. To num ônibus a caminho daí.
Manuela: Ta bom.
Eu desliguei o telefone, em menos de 10 minutos ele chegou. Eu me levantei e ele veio em minha direção.
Guilherme: O que ele te disse?
Manuela: Ele não quer que a Flávia procure-o mais. Nem a gente. – Eu disse com os olhos cheios de lágrimas. Ele estendeu as mãos pra mim e eu segurei-as, ele me puxou e me abraçou.
Guilherme: A Flávia vai surtar. – Ele me abraçava forte e eu sentia as lágrimas caindo dos meus olhos.
Manuela: Tô com medo. – Eu disse olhando nos olhos dele.
Guilherme: Medo do que? – Ele tirou os cabelos que estavam no meu rosto e alisou o mesmo.

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