domingo, 20 de dezembro de 2015

17
Eu ainda não tinha "digerido" a informação que o médico tinha acabado de me dar. Lua e eu fomos pro oratório do hospital e choramos. Eu pensei muito em como contar isso pra Bruna. Nós voltamos pra casa com essa horrível notícia. Concordamos em não dizer nada com ninguém. Depois íamos decidir como contar tudo pra Bruna.
Eu cheguei em casa e me tranquei no quarto. Flávia tinha ido passar a tarde com o Felipe. Eu só consegui chorar e pensar como seria a vida da Bruna a partir dali.
Eu nunca tinha me sentido daquele jeito. Era como se eu tivesse recebido a noticia de uma morte de um parente bem próximo. A dor era a mesma. Eu me sentia responsável pela Bruna. Talvez porque ela fosse a caçula. Não sei direito.
Alguém bateu na porta no final da tarde. Eu lavei o meu rosto e fui abrir a porta.
Guilherme: Ei, onde tu se meteu a tarde toda?
Manuela: Eu... – Eu não aguentei, desandei a chorar. Ele me abraçou.
Guilherme: O que aconteceu, amor? Por que você ta chorando. – Eu não consegui responder, só chorava. – Amor, tu ta me deixando preocupado. Fala comigo. – Ele me olhou e viu que eu não estava em condições pra responder. Me conhecia o suficiente pra saber que ele só precisava ficar ali enquanto eu me acalmava.
Nós entramos no quarto e nos sentamos na cama. Fiquei abraçada com ele até me acalmar. Ele trouxe um copo de água pra mim. – Ta melhor agora, amor?
Manuela: Não. – Eu o abracei com força, mas não chorava mais.
Guilherme: O que aconteceu? Quer me dizer?
Manuela: Só quero te abraçar.
Guilherme: Ta legal. – Ele colocou as mãos no meu cabelo e fazia carinho.
Nós ficamos um tempo assim. Eu me acalmei e estava um pouco melhor.
Manuela: A Bruna, amor. – Ele ficou me olhando. – Ela ta mal. Muito mal.
Guilherme: Do que você ta falando? Disso a gente já sabe. Gravidez e drogas, sabemos. O que foi que o médico disse pra vocês?
Manuela: Eu não posso dizer. – Eu coloquei as mãos no rosto dele. Fiquei alisando.
Guilherme: É tão grave assim?
Manuela: Mais do que você pode imaginar.
Ele não me forçou em contar nada pra ele. Chegou o horário de irmos pra boate. Eu estava desanimada, sem vontade de nada. Fiz 15 programas porque Helen me "forçou". Disse que ela tiraria uma porcentagem de mim se eu não fizesse os programas.
Eu voltei pra casa. Ia até o quarto do Guilherme, mas decidi ir dormir. Não estava em clima pra nada.
Acordei cedo no outro dia. Lua e eu conversamos e concordamos em contar tudo pra elas juntas. Fomos pro hospital. Bruna estava acordada, parecia um pouquinho melhor. Meu coração doía de saber que contaríamos tudo pra ela.
O médico nos deixou sozinhas com ela.
Bruna: O que ta rolando aqui?
Manuela: Precisamos conversar com você.
Bruna: O que ta acontecendo, Manu? Vocês estão me deixando assustada.
Lua: Amiga, você vai precisar ser forte. Muito forte.
Manuela: É complicado contar isso pra você. Mas achamos que seríamos melhores pessoas pra contar isso pra você do que um médico.
Bruna: Falem logo. – Ela olhava assustada.
Manuela: Você ta com HIV.
Bruna: Que? – Ela olhou apavorada. Começou a berrar desesperada. O doutor e as enfermeiras apareceram.
Luiz: O que está acontecendo aqui?
Bruna: Diz que ela estão mentindo pra mim. Diz que isso é mentira. Pelo amor de tudo quanto é mais sagrado. Eu não posso estar com HIV. Não... – Ela começou a chorar e a gritar. As enfermeiras colocaram calmante no soro que estava no braço dela. Foi melhor assim. Ela acordou uma hora depois.
Luiz: A senhorita está mais calma?
Bruna: Não. Não. Não. Não pode ser possível. Diz que é mentira, doutor. Por favor.
Luiz: Senhorita, Bruna, suas amigas não mentiram pra você. Infelizmente. Eu sinto em dizer isso. – Bruna ficou com a boca entreaberta. Começou a chorar. – Você está com HIV. Com estágio um pouco avançado de AIDS. A senhorita está com diversos problemas. O uso de drogas precisa ser cortado urgentemente. O bebê que a senhorita está esperando corre risco de vida se esse vício continuar.
Bruna: Não. – Ela chorava. Lua abraçou. Eu também fiz o mesmo. Ela me olhou. – Diz que isso é um pesadelo, Manu. Por favor.
Manuela: Eu queria mudar isso. Queria que fosse mentira ou pesadelo. Mas Bru, é verdade. Eu sinto muito. Do fundo do meu coração.
Bruna: Eu quero esclarecer umas dúvidas.
Luiz: Estou disponível pra isso.
Bruna: Como foi que eu adquiri isso?
Luiz: Sua amiga me disse que você estava usando drogas injetáveis. Senão houve penetração sem camisinha, foi por uma agulha contaminada.
Lua: O Samuel...
Manuela: Ele deve ter passado pra ela. Eu juro que meu ódio por ele aumenta a cada coisa que eu descubro dele.
Bruna: Não falem assim. Doutor, meu filho vai morrer?
Luiz: Se a senhorita não começar o tratamento da AIDS imediatamente e não parar o uso de drogas, provavelmente. – Ele foi direto.
Bruna: Tem cura?
Luiz: Não. Mas você pode negativar o vírus e assim, ter uma vida normal.
Bruna: O que você quer dizer com normal?
Luiz: Remédio você terá que tomar até o seu ultimo dia de vida, se não quiser adianta-lo. Mas sua vida pode ser normal. Se você negativar o vírus, poderá fazer o que qualquer pessoa normal faz. Enquanto isso, precisa se cuidar. Sua imunidade está baixa e assim, você fica suscetível a pegar qualquer doença mais facilmente. Eu preciso atender outras pessoas agora. Vou fazer um encaminhamento pra uma psicóloga, você vai precisar. Qualquer coisa, estou disponível.
Manuela: Obrigada, doutor.
Bruna chorou muito. Ficamos um bom tempo com ela. Depois deixei-a só com a Lua e voltei pra casa. Não fui a aula. Ia chegar atrasada mesmo. Decidi ficar estudando. Ia ser melhor pra eu não pensar tanto na Bruna.
Fiz alguma coisa pra comer e a Lua chegou. Eu me sentei na mesa e ela também.
Manuela: E a Bruna?
Lua: Não parou de chorar até agora.
Manuela: Eu não sei o que faria no lugar dela.
Lua: Nem eu.
Manuela: E você e o Gabriel?
Lua: Estamos bem. – Ela me olhou estanho. – Por que?
Manuela: Por nada! Só fico feliz que vocês estejam se dando bem.
Lua: É... E o Guilherme?
Manuela: Estamos bem demais. Se melhorar, estraga.
Lua: Que bom. Gabriel é incrível. Ele fez sozinho aquela festa pra mim.
Manuela: Faz o Gabriel feliz, tá!? Ele merece.
Lua: Manu, não provoca. – Estranhei.
Manuela: Tá falando do que?
Lua: Tu ta provocando. Sabe que ele gosta de você. Faz de propósito.
Manuela: Que besteira, Lua. Eu realmente torço por vocês.
Lua: Só não se mete com ele, tá!? Se você realmente torce pela gente, não se envolva com ele.
Manuela: Ta bom, Lua. Não sei qual a ideia que você faz de mim, mas espero mudar isso.
Lua: Acho improvável. Não vamos forçar a amizade. Não somos amigas. Nunca seremos.
Manuela: Eu sei.
Ela saiu da cozinha. O que tinha dado nela? Droga! Eu não queria que ela "puxasse" o meu saco. Não queria. Só não queria esse clima. Que droga!
Eu fiquei na sala assistindo tv até todos chegarem da escola. Flávia estava triste, correu pro quarto assim que chegou. Guilherme me deu um beijo e meio segundo depois Helen e Amanda entraram na sala.
Guilherme: Foi por pouco.
Jack: Meio segundo e isso ia dar merda.
Helen foi direto pro quarto dela. Ignorou qualquer coisa que nós dissemos.
Manuela: Nunca mais faz isso, Guilherme. – Eu disse brava.
Guilherme: Por que ficou tão brava?
Manuela: Por que? A sua mãe quase nos pegou beijando. Pirou? Quer morrer? Eu não quero.
Guilherme: Relaxa. Ela não pegou.
Manuela: Mas podia ter pego. – Eu me virei, comecei a andar e ele segurou o meu braço. Me puxou e colou o meu corpo no dele.
Guilherme: Marrentinha. – Ele me beijou. Eu cedi.
Jack: Vocês gostam de correr perigo, né!? – Ela riu e ele riu durante o beijo. Eu não achei graça.
Cortei logo o beijo e ele ficou me encarando.
Guilherme: Te amo.
Manuela: Eu também.
Guilherme: Linda. – Eu sorri e ele me abraçou.
Nós subimos e ficamos no quarto dele. Jogamos vídeo game juntos e rimos horrores. Saímos pra tomar sorvete. Ele me levou em uma sorveteria longe de casa.
Manuela: Gui...
Guilherme: Diz, amor.
Manuela: Posso te fazer uma pergunta chata?
Guilherme: Pode. Só não prometo que vou responder.
Manuela: Ta... – Eu tomei sorvete e fiquei olhando pra ele. – E seu pai? Por que você nunca falou dele?
Guilherme: Ah, não... Tu não quer mesmo falar disso, né!?
Manuela: Na verdade, eu quero.
Guilherme: Não gosto desse assunto.
Manuela: Por que?
Guilherme: Po, Manu...
Manuela: Sério, amor.
Guilherme: Ta legal. Ele me deixou quando eu tinha uns 3 anos. Eu nem lembro da fuça dele. Nem quero lembrar.
Manuela: Tu nunca viu uma foto dele? – Estranhei.
Guilherme: Minha mãe tem raiva dele. Rasgou tudo quando ele abandonou-a.
Manuela: Que coisa injusta com você. Você tem o direito de saber como ele é.
Guilherme: Era, Manu. Ele ta morto pra mim. Eu não quero saber como ele era. Nunca quis, nunca vou querer.
Manuela: Por que ele largou vocês? Você sabe?
Guilherme: Manu, sério. Chega desse assunto. Por favor. – Ele parecia chateado. Eu não insisti.
Manuela: Desculpa, amor. – Eu passei sorvete no nariz dele e ele riu. Depois me beijou.
Voltamos pra casa e eu fui correndo até o quarto. Vi a Flávia deitada na cama e chorando muito.
Manuela: O que aconteceu, Flá? – Ela estava encolhida na cama e chorava feito criança. – Fala comigo, amiga.
Flávia: O Felipe. – Ela soluçou. – Ele terminou comigo. Terminou tudo.
Manuela: Meu Deus, amiga. Por que? Levanta, amiga. – Eu ajudei-a e ela sentou na cama. Estava com o rosto vermelho de tanto chorar.
Flávia: Ele não me explicou nada. Só disse que não dava mais. Disse que não me amava mais. Você tem noção, Manu? Como alguém deixa de amar assim? Amiga, eu não aguento ficar sem ele. Não da. – Ela me abraçou.
Manuela: Foi do nada, amiga? Ele não disse mesmo o motivo?
Flávia: Não, amiga. Me ajuda. Eu preciso dele.
Manuela: Calma. Vocês vão se ver na escola. Lá vocês se resolvem. Agora os dois estão de cabeça cheia e não vai dar certo discutirem sobre isso. Toma um banho, amiga. Se a Helen te pega nesse estado, vai ficar puta contigo. Se acalma. Não adianta chorar, tem que conversar com ele.
Flávia: Você tem razão. Você sempre tem razão.
Ela foi pro banho e eu bati na porta do quarto do Guilherme.
Guilherme: Já ta com saudade? –Ele acabou de falar e a Helen passou pelo corredor. A sorte que eu vi. Comecei a falar rude com o Guilherme, pra ela não desconfiar de nada.
Manuela: Avisa pro teu amiguinho que eu vou acabar com ele. Vou quebrar osso por osso e cortar dedo por dedo das mãos dele se ele não se justificar pra Flávia.
Guilherme: Eles terminaram? Por que tu ta falando brava comigo? Eu não tenho culpa disso.
Manuela: É sério. Eu vou arrebentar ele.
Guilherme: Ta legal, Manu. Eu mando o recado. Se acalma. Tu ta estranha.
Manuela: Foi só um aviso. –Ele me olhou estranho. Ele não estava entendendo nada. Eu saí da porta do quarto dele e voltei pro meu.
Flávia estava enrolada na toalha, sentada na cama chorando.
Manuela: Ah, não, amiga. Levanta esse astral. Não vou te deixar ficar mal por causa de homem.
Flávia: Eu amo ele, Manu. Amo muito. Ele não podia ter feito isso comigo.
Manuela: Chega de chorar. Vamos nos arrumar. Ta quase na hora de irmos pra boate. Vamos, Flá.
Ela me ouviu. Nós nos arrumamos. Eu estava passando pelo corredor e a Helen me parou.
Helen: Muito bem, Manuela. É assim que eu quero que você tenha uma relação com o meu filho. Sendo exatamente do jeito que vi hoje.
Manuela: Eu jamais me meteria com ele. Não é pro meu bico. – Fui irônica, mas ela não percebeu.
Helen: A Bruna ainda não saiu do hospital? Isso ta estranho. Vocês estão me escondendo algo.
Manuela: Ah, ela sai hoje. Acredita que ela pediu uma revisão de todos os exames? Aí o médico pediu que ela ficasse mais um dia lá. – Inventei uma desculpa.
Helen: Estou desconfiada que ela está tendo algo com o meu filho. Caso eu confirme isso, quero que você me ajude.
Manuela: Ajudar como?
Helen: Acabar com ela.
Manuela: Como pretende fazer isso? Caso mal lhe pergunte.
Helen: No tempo certo, você verá.
Manuela: Claro, claro. Conta comigo. –Eu ia acabar era com a Helen. Não com a Bruna.
Helen nos levou pra boate. Sai de lá e quando voltamos, era bem tarde. Guilherme não estava no quarto dele. De novo. Aquilo começou a me intrigar. O que ele fazia tão tarde da noite? Eu queia explicar a cena de mais cedo, mas desisti de espera-lo.
Eu dormi no meu quarto e no outro dia, fui pra aula com todo mundo. No caminho, puxei Guilherme pro meu lado.
Manuela: Sabe que é bem suspeito tu não estar no seu quarto tão tarde da noite, né!? Não me venha com esse papo que estava no banheiro, não caio mais.
Guilherme: Eu estava cansado, amor. Sai pra dar uma volta.
Manuela: 2 da manhã? Sei.
Guilherme: Ta bravinha? – Ele me puxou, me fez parar de andar e me beijou. Ficamos pra trás dos outros. Ele puxava a minha língua e eu explorava toda a boca dele. Parei o beijo com o selinho.
Manuela: Quero uma explicação mais aceitável.
Guilherme: Essa é a única que eu tenho pra dar. E aquela cena de ontem? Tu me deixou com medo.
Manuela: Ta bom então. – Ele passou o braço pelo meu ombro e nós andamos assim até o colégio. – Sua mãe apareceu e me viu na porta do seu quarto. Foi a unica coisa que eu pensei em fazer. 
Guilherme: Flávia e Felipe terminaram mesmo?
Manuela: Ele terminou com ela sem explicar nada.
Guilherme: Ele não me falou nada. Depois procuro saber mais.
Manuela: Por favor. – Ele riu.
Resolvi que iria conversar com o Samuka. Chamei-o em um canto no intervalo.
Samuka: Mande o papo, Manuzinha.
Manuela: Não te dei a liberdade de me chamar desse jeito. – Cruzei os braços e fiquei olhando pra ele.
Samuka: Opa, ela ta bravinha, ta!? – Ele segurou o meu queixo e apertou. Eu bati na mão dele.
Manuela: Não encosta em mim.
Samuka: Tu é gostosinha, mas o que tem de gostosa, tem que fresca. Manda logo o papo, porra.
Manuela: Você já sabe que a Bruna está grávida, certo?
Samuka: Sei, po. O que eu tenho com isso?
Manuela: Fora ser o pai do filho dela?
Samuka: Não sou o pai. Não inventa, Manuela. Ela deu pra metade de escola. Por que justo eu seria o pai?
Manuela: Não vim discutir isso.
Samuka: Veio fazer o que então?
Manuela: Saber das drogas que tu vende.
Samuka: Ta interessada? – Ele olhou sorridente pra mim. Aproximou-se mais.
Manuela: Não. Não sou idiota. Só quero saber se isso é bem higienizado.
Samuka: Claro, po. Tudo limpinho. – Ele foi irônico.
Manuela: Tu é muito irresponsável, cara. – Eu estava morrendo de ódio dele.
Samuka: Irresponsável eu? Po, eu só revendo e outra, o que eu uso ta tudo limpo. 
Manuela: Claro, né!? Os outros que se ferrem...
Samuka: É bem isso. Deu o teu recado? Eu quero zarpar daqui.
Manuela: Só abre o teu olho.
Samuka: Durmo com um aberto, se tu quer saber.
Manuela: É melhor mesmo.
Ele apertou a minha cintura e saiu, eu bati no braço dele antes que ele saísse. Trouxa. Que raiva que eu tinha desse garoto. Felipe estava emburrado no outro canto do colégio. Não parava de olhar pra Flávia. Ela não quis conversar com ele. Não ali na frente de todo mundo. A aula passou e Flávia me pediu pra ir com ela na conversa que teria com o Felipe.
Nós fomos atrás da escola e Felipe estava lá. Olhava pra baixo e estava apoiado na parede.
Flávia: Fê... – Ele olhou pra ela.
Felipe: O que você quer conversar comigo? Por que a Manuela veio junto?
Flávia: Não precisa ser grosso. Eu quero ela aqui.
Felipe: Vão dar outro beijo? – Ele me olhou feio, mas eu continuei quieta.
Flávia: Para, Felipe. Calma... Tu não vai me dizer que terminou comigo por isso, né!?
Felipe: Não, po. A gente já conversou sobre tudo o que tinha pra conversar, Flávia. Não dá mais pra gente ficar junto. Já era.
Flávia: Me explica o motivo. – Ela começou a chorar depois que falou. – Eu não posso ficar sem você.
Felipe: Eu vou me mudar, Flávia. Vou sair de São Paulo. Não da mais pra gente ficar junto.
Flávia: Que? – Ela correu na direção dele e o abraçou. Ele ficou olhando pra frente. Não teve nenhuma reação. – Vai mudar? Como assim, meu amor? Não. Você tem que ficar aqui comigo. Por favor. – Ela beijo o rosto dele e ele colocou as mãos na cintura dela.
Felipe: Não faz isso, Flávia. Por favor. Vai ser melhor assim. Eu não queria esse reação. Por isso, terminei sem te contar nada. Não da pra mudar essa decisão. Até porque não depende só de mim. Não chora. Eu não quero te ver chorando. – Ele olhou pros olhos dela e ela o beijou. Eles ficaram se beijando por pouco tempo. Decidi sair dali. Não ia ser muito útil eu ficar ali. 
Andei em direção a frente do colégio, estava bem distraída quando senti alguém puxar o meu braço com força. Me fez virar de frente para ele quando puxou. Meu coração disparou quando viu o Otávio. Ele estava sério. Me olhava com rancor.
Otávio: Olá, Manuela.
Manuela: Olá, Otávio. – Não demonstrei medo, apesar de estar morrendo.
Otávio: Alguma coisa me fez ter certeza que eu ia te encontrar.
Manuela: Talvez eu estude nessa escola ainda, por isso a facilidade. – Eu fui irônica. – Poderia soltar o meu braço se não for incomodo? – Ele me soltou.
Otávio: Ta feliz?
Manuela: Sinceramente? Tô. Por que a pergunta? – O tom de ironia era nítido na minha voz.
Otávio: Para de ironia, Manuela. Eu to falando sério contigo.
Manuela: Eu também estou. Então, me responde.
Otávio: Ta feliz que tirou meu emprego?
Manuela: Diga-se se passagem que não fiquei triste por isso.
Otávio: Vagabunda. Tu não tem medo?
Manuela: De você? Parece que eu tenho. – Ele me olhava fixamente. Eu falei segura, sem estremecer. 
Otávio: Eu posso espalhar o seu segredinho pra escola toda. Já pensou os seus coleguinhas sabendo que a Manuela Bosi é prostituta? Será muito legal. Fora que tem suas amiguinhas também.
Manuela: Se você não fez isso até agora, deve ter algo melhor em mente pra se vingar de mim.
Otávio: Sempre admirei sua inteligência.
Manuela: Agradeço. Vai me contar seu plano?
Otávio: Com todo prazer, apesar de ele não estar finalizado ainda. Tu vai comer na minha mão, Manuela. Vai fazer absolutamente tudo que eu mandar, se não quiser que todos saibam do seu segredinho.
Manuela: Sério, Otávio? Jura? Você é tão melhor do que isso. Quer saber? Segue em frente, entra nessa escola e diz pra tudo mundo a verdade. Eu não ligo. Quem eu gosto, me aceita assim. Vai lá. Boa sorte. – Eu blefei, eu não deixaria-o ir pra escola e contar tudo. Não queria isso. Mas ele caiu na minha.
Otávio: Tu me paga, Manuela. Tu me paga. Toma cuidado comigo.
Manuela: Ui, to morrendo de medo. 
Ele saiu em uma moto e eu joguei um beijo no ar pra ele. Voltei pra frente da escola e estava meio nervosa. Corri abraçar o Guilherme e ele me olhou preocupado.
Guilherme: Parece que tu viu um fantasma, Manu. Tá mais pálida que o normal. – Eu estava realmente transtornada. Com medo de Otávio. Respirei fundo.
Manuela: Um fantasma eu não diria, ta mais pra monstro. O Otávio.
Guilherme: Sério? Ele estava por aqui? Ele fez alguma coisa com você? Eu vou acabar com ele.
Manuela: Não. Não. Só me ameaçou, mas ele não seguiu em frente com o plano dele.
Guilherme: Melhor assim. – Ele me apertou no abraço. Colocou as mãos nos meus cabelos e ficou fazendo carinho até que a Flávia apareceu.
Manuela: E aí, amiga? – Ela deu um sorriso. – Nem precisa falar. Já entendi tudo. Se resolveram?
Flávia: Sim e não. Ele vai se mudar mesmo, mas vamos continuar juntos e pensar no futuro só depois.
Manuela: Que ótimo, amiga. – Ela me roubou dos braços do Guilherme e me abraçou. Ele olhou bravo e nós rimos.
Voltamos pra casa. Almoçamos e Guilherme me acompanhou ao hospital com a Bruna. Ela estava tendo alta. Os médico passou vários encaminhamentos para outros médicos.
Ela estava gastando uma fortuna com médicos e remédios. Nós fomos de taxi até em casa com ela. Bruna foi direto pro quarto. Ela ainda estava bem fraca.
Guilherme e eu ficamos na sala com as meninas. Ela estavam assistindo um filme. Foi triste não poder ficar agarradinha com o Guilherme durante o filme. Mas discretamente, ficamos com as mãos dadas. Ele me beijava quando tinha certeza que a mãe dele não estava perto. Depois eu evitei os beijos, era perigoso demais.
Helen desceu do quarto dela e parou pra assistir o filme com a gente. Estava inquieta. Olhava pro celular de meio em meio segundo.
Manuela: Helen, ta tudo bem?
Helen: Tudo perfeito, querida. Fique tranquila. – Ela não parecia nada tranquila. Saiu de casa as pressas.
Manuela: O que tua mãe tem? – Perguntei pro Guilherme.
Amanda: Da pra prestarem atenção na droga do filme? – Sim, a velha Amanda estava de volta. Chata, rude e grossa de sempre. Preferia a outra.
Manuela: Ok. Desculpa.
Eu fiquei abraçada com o Guilherme até o filme acabar. Quando acabou, ele subiu pro meu quarto comigo.
Guilherme: Só eu que percebi que a Jack anda estranha ultimamente? – Eu estava virada de frente pra ele. Me deitei na cama.
Manuela: Não. Ela ta mais quietinha. Era mais alegre, comunicativa.
Guilherme: Ta geral estranho nessa casa, puta merda.
Manuela: Eu to estranha? – Ergui uma sobrancelha e ele sorriu. Deitou-se sobre mim e começou a beijar o meu pescoço.
Guilherme: Você ta cada vez mais gata, isso sim. – Eu sorria.
Guilherme começou a me beijar. Passava a mão por toda lateral do meu corpo e apertou a minha cintura. Eu elevei o quadril e encostei mais meu corpo no dele. Ele começou a roçar o quadril dele em mim. Nós nos beijávamos com intensidade. Eu coloquei as mãos nas costas dele e alisava.
Estávamos sem fôlego de tanto nos beijar, até que a Flávia entra toda agitada no quarto. Guilherme saiu imediatamente de cima de mim. Meu coração estava acelerado. Pensei ser outra pessoa, não a Flávia.
Flávia: Ai, que droga! Estraguei o clima, né!?
Manuela: Com certeza, amiga. – Ela riu e eu também. Guilherme parecia meio bravo.
Flávia: Foi mal, gente! Mas a Helen ta aí e ta super nervosa. Quer uma reunião.
Manuela: Ela não acabou de sair?
Flávia: Já voltou e tá totalmente sem paciência. Fez até a Bruna ir pra reunião.
Manuela: A gente já vai.
Flávia: Vão separados pra evitar que ela brigue. Vão rápido. Andem.
Nós nos ajeitamos, Guilherme saiu primeiro e eu, em seguida.
Helen estava em pé na frente de televisão. Sentei no sofá do lado da Flávia.
Helen: Quem é que roubou 500 reais que estavam naquele vaso? – Ela apontou pro vaso. Todo mundo ficou meio em dúvida do que ela estava falando.
Flávia: Roubar? Ali tinha dinheiro? Eu nem sabia da existência desse dinheiro ali. Não tem como eu ter pego.
Manuela: Somos duas.
Jack: Três.
Lua: Quatro.
Amanda: Cin... – Helen a cortou.
Helen: Calem a boca. Eu não quero saber que número vocês são. Quero saber quem é que pegou essa merda de dinheiro. Vou dar 10 segundos pra uma de vocês se manifestarem. É sério. Senão, vou descontar 500 reais de todas as diárias de vocês, durante 6 meses. – Foi bafafá quando ela acabou de falar aquilo.
Lua: Que? 500 reais por dia? 
Flávia: Isso é injusto. Eu não peguei esse dinheiro.
Amanda: Eu não aceito isso. Não peguei e não tenho que sofrer as consequências.
Helen: Calem essas bocas. – Ela berrou. – Esse dinheiro sumiu hoje. Eu quero saber quem foi. Vou contar até 10. Começando... Agora. Um.
Jack: Isso é injusto. Eu não peguei.
Helen: Dois.
Guilherme: Po, mãe, da uma chance delas tentarem descobrir quem foi.
Helen: Três. Não se mete, Guilherme.
Lua: Não fui eu. – Ela levantou as mãos.
Helen: Quatro.
Jack: Gente, quem foi? Sério? Falem. É injusto todas sofrerem pela merda que só uma fez.
Helen: Cinco. Seis. – Ela começou a contar mais rápido.
Amanda: Porra, velho, falem logo.
Helen: Sete. Oito.
Manuela: Helen, por favor. Dá um tempo pra gente. A gente vai descobrir quem roubou.
Helen: Nove. – Ela me olhou séria.
Bruna: Fui eu.
Helen: Eu sabia que alguém ia se manifestar. Vem aqui, Bruna. – Ela se levantou e foi até a Helen. Helen sorriu pra ela e bateu com toda força no rosto dela. Puxou-a pelo cabelo e a fez cair no chão. – Eu quero a droga desse dinheiro em duas horas na minha mão. Se vira. Eu to me fudendo pra como você gastou. Só quero meu dinheiro. Putinha miserável. – Ela bateu no rosto da Bruna de novo.
Helen saiu de casa. Ajudamos Bruna a se levantar. Ela começou a chorar.
Manuela: Por que tu pegou o dinheiro.
Bruna: Eu não peguei. – Ela me olhou com lágrimas nos olhos.
Manuela: Então por que você se entregou?
Bruna: Vocês não entenderam que a minha vida ta uma droga? Você sabe toda a verdade, Manuela. Sabe o que eu tenho e que é o fim pra mim. Eu não me importo mais com nada. Nada. Eu quero acabar com a minha vida. Eu quero morrer. Já não faço questão de ficar viva. Não desse jeito.
Amanda: Que jeito?
Guilherme: É, po. O que é que tu tem?
Bruna: Aids. É isso que eu tenho. – Ela desmoronou. Começou a chorar feito louca. Eu não aguentei, chorei com ela. Lua a abraçou.
Amanda: Meu Deus!
Flávia: Eu não acredito.
Jack: Como tu pegou?
Bruna: Isso não importa. Agora já era. Eu me entreguei porque eu não quero que as pessoas me olhem como vocês estão me olhando agora. Com dó, com pena. Com preconceito. Eu não aguento isso. Eu não quero isso pra mim. Eu prefiro ser morta pela Helen do que viver assim.
Manuela: Não fala isso. Você tem a vida toda pela frente. Tu pode ter uma vida normal. Tu ouviu o médico.
Bruna: Normal? Tomando remédio de 12 em 12 horas? Tomando cuidado pra não ultrapassar qualquer limite, senão eu morro? Isso não é normal pra mim. Eu não quero viver assim. E outra, eu não quero esse filho. Não quero. Eu amava o Samuel. Amava. Ele me dava carinho, amor... Até descobrir a existência dessa coisa... – Ela chorava e colocou a mão na barriga. Apertou com força e "puxou" a mesma. Todas nós olhávamos com pena pra ela. Era impossível olhar de outra maneira. – Eu pedi pra ele me dar drogas, mais do que antes. Muito mais. Queria abortar. E ainda quero. Esse filho não é querido. Nunca vai ser. Como eu vou amar o filho de alguém que me bate? Me maltrata? Alguém que não me ama?
Manuela: Seu filho não tem culpa do Samuel ser um merda.
Bruna: Não adianta. Ele vai continuar sendo filho do Samuel.
Guilherme: Po, Bruna, para com esse nóia. De verdade. Tu é melhor do que isso. Eu tentei te ajudar, mas tu não quis a minha ajuda. Pelo visto, não quer a ajuda de ninguém. Mas sua vida não acabou. Ter aids não significa atestado de morte. Tu tem amigos que te querem bem. O Samuel vacilou, isso é, mas cara, o teu filho tem culpa disso? Ele está aí, crescendo na sua barriga, dependendo de você. E tu vai querer tirar a vida dele? Ou pior, a sua?
Bruna: Não tem mais sentido viver. Eu não quero mais viver nesse inferno. Não quero. – Ela começou a gritar. – Não quero.
Manuela: Calma, Bruna. – Ela se soltou da Lua e correu pra fora de casa.
Jack: Eu não quero pegar aids dela.
Manuela: Nossa, Jack, tu me surpreende, cara. Tu sabe muito bem que só pega aids transando sem camisinha. Ou por transfusões de sangue. Tu sabe o que é sofrer preconceito e agora tem essa reação? A Bruna precisa de todo nosso apoio. Como vocês viram, não ta sendo fácil pra ela. Ela ta pensando em se matar. Isso é muito grave.
Jack não me respondeu. Cruzou os braços e ficou me olhando. Eu fui atrás da Bruna. Andei por várias ruas, mas não achei em nenhum lugar.
Eu sentei em uma calçada numa rua próxima a casa da Helen. Fiquei lá um tempo, pensando em tudo.
Pensando no que eu tinha me tornado e como minha vida tinha mudado. Pensei na minha mãe e na falta que ela me fazia. Pensei em milhões de coisas. Depois decidi voltar pra casa.
Pra minha enorme surpresa, Gabriel estava lá quando eu entrei. Estava na sala com a Lua. Nunca nenhuma das meninas tinha levado o "namorado" pra casa. Helen nunca proibiu, mas nunca ninguém tinha levado. Por isso eu estranhei.
Gabriel me viu entrando. Ele estava abraçado com a Lua no sofá e se levantou ao me ver. Eles estavam assistindo um filme.
Lua: Tinha que ser... – Ela fez uma cara emburrada.
Manuela: Só estou entrando, podem ficar a vontade.
Gabriel: Não, Manu. Fica aqui com a gente.
Lua: Que? Não. Ela vai lá em cima com o Guilherme. Não é, Manuela!? – Ela se levantou e me olhou brava.
Manuela: É. É... Isso mesmo. Ele está me esperando lá em cima.;
Gabriel: Que pena. Então ta bom. – Eu sorri em resposta e subi as escadas. Gabriel voltou se sentar com a Lua.
Eu fiquei observando os dois. Ela ficou emburrada com ele, mas ele a abraçou como antes. Ela olhou pra trás e me viu no topo da escada. Segurou o rosto dele e o beijou. Eu me virei e fui pro meu quarto.
Manuela: E esses dois? Helen permite isso? – Flávia estava deitada na cama.
Flávia: Nunca proibiu. Acho que ela não contava que alguma de nós trouxéssemos namorados pra cá. Por que a pergunta? Ciúmes?
Manuela: Ciúmes? Do Gabriel? Não. Claro que não. Pirou? Eu que fiz Lua e ele ficarem juntos.
Flávia: Algo me diz que tem uma pontinha de sentimento ainda.
Manuela: Não viaja, Flá. Eu amo o Guilherme. Tu sabe muito bem disso.
Flávia: Ta legal. Não ta mais aqui quem falou.
Manuela: Acho bom. – Ela riu. – Amiga, to com medo.
Flávia: De que?
Manuela: Otávio.
Flávia: Por que? – Contei tudo a ela e ela ficou meio preocupada. – E se ele contar pra todo mundo mesmo?
Manuela: Ele não vai fazer isso.
Flávia: Como tem tanta certeza?
Manuela: Intuição. O problema dele é comigo. Ele quer me prejudicar. Contando tudo, ele prejudicaria vocês também. Acho que não é essa a intenção dele.
Flávia: Nossa, amiga...
Nós ficamos conversando, depois eu fui estudar. Helen voltou e Bruna não estava em casa. Ela estava furiosa, queria o dinheiro dela de volta. Se não foi a Bruna, quem tinha sido?
Chegou a hora de irmos pra boate e a Amanda fez o show de hoje. Ficamos no camarim esperando.
Flávia: E o Gabriel, Lua?
Lua: O que tem ele? – Ela estava se maquiando. Olhou pra Flávia pelo espelho.
Flávia: Já transaram?
Lua: Que pergunta imprópria.
Jack: Aposto que não pela resposta que tu deu Lua.
Lua: Por que vocês querem saber disso?
Flávia: Curiosidade. Ele é bom de cama?
Lua: Ele é maravilhoso de cama.
Flávia: Ele foi carinhoso ou mais selvagem?
Lua: Selvagem.
Manuela: Na primeira vez de vocês também? – Estranhei.
Lua: Sempre.
Manuela: Estranho.
Lua: Estranho por que, Manuela? Por que agora ele está comigo? Qual é o seu problema?
Manuela: Ei, ei... Calma! Por nada, só estranhei. Não pode?
Lua: Tu é cínica. Se faz de sonsa, mas fica armando esse teatrinho.
Helen: O que ta acontecendo aqui? – Ela entrou no camarim e viu a briga.
Jack: A Lua ta dando uma ceninha de ciúmes.
Lua: A Manuela que me provoca. Ela quer o que é meu.
Helen: Duvido muito que a Manuela se preste a isso. Já o contrário, eu não colocaria minha mão no fogo. – Lua não falou mais nada. Ficou calada.
Helen me chamou pra fazer programa com o cliente mais rico e poderoso dela. Ele era alto, moreno e gostoso. Me comeu deliciosamente. Atendi mais uns 20 homens. 
Voltamos pra casa e eu fui pra cozinha. Estava morta de fome. Pro meu susto, Amanda apareceu na cozinha e acendeu a luz.
Manuela: Que susto.
Amanda: Desculpa.
Manuela: Quer um pão? – Apontei o meu pão que estava na minha mão. – Faço um pra tu.
Amanda: Não. Só quero você.
Manuela: Amanda...
Amanda: A gente não conversou depois que eu me "declarei".
Manuela: Achei que fosse brincadeira. Tu tava bêbada.
Amanda: Não era. É verdade, Manu. Eu to apaixonada pra você. – Ela foi se aproximando de mim e eu ia dando uma passo pra trás. – Eu não quero mais disfarçar esse sentimento. – Eu comecei a ficar com medo. Não dela em si. Mas de ela me agarrar. Eu não queria ficar com ela. E fora que eu estou namorando. Guilherme não aceitava o meu "trabalho", mas sabia que eu não tinha escolha.
Manuela: Amanda, o que você está tentando fazer.
Amanda: Eu quero sentir você. Sua boca. Seu corpo. – Eu fui me afastando e ela se aproximando. Até que cheguei na geladeira e me encostei nela. Amanda se aproximou depressa, sem me dar tempo de fugir. Segurou o meu pulso e colocou pra cima, prensando contra a geladeira.
Manuela: Me solta.
Amanda: Não quero. Não posso. – Ela me olhava diferente. Amanda colocou os lábios na parte de cartilagem da minha orelha. Começou a morder devagar. Colocou a mão livre na minha cintura e começou a apertar a mesma. Eu coloquei a minha mão livre na barriga dela e empurrei. Me soltei e andei pra longe dela.
Manuela: Tu não tem o direito de me forçar a isso. Eu não sinto atração por meninas.
Amanda: Mas você beijou a Flávia. Transou com a Flávia.
Manuela: Uma das vezes, me pagaram pra isso. Nas outras, foi em um jogo. – Ela começou a me seguir. Eu andava rápido pela cozinha. – Amanda, para. Você ta me assustando.
Amanda: Por que você não pode me beijar? Eu só quero um beijo. – Ela não ia desistir tão fácil.
Manuela: Eu não posso. Você sabe que eu estou com o Gui... – Meu coração saltou. Eu vi a Helen parada na minha frente. Eu não tinha completado o nome do Guilherme, mas o medo dela ter entendido me invadiu completamente. Era o fim. Minha vida ia acabar. A vida da minha mãe. Só consegui pensar no pior. O que ela faria comigo se soubesse que eu estava com o Guilherme? Eu me arrepiei por completo. O medo tomou conta de mim.

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