quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

7
O resto da semana passou e foi bem normal. A não ser pelos meninos, aqueles que me "elogiaram" no primeiro dia de aula, insistirem muito pra eu ir na festa da tal Regina. Um dia desses Flávia me mostrou quem era. Era a menina mais rica de todo o colégio. Ela tinha convidado, simplesmente, todo mundo do colégio pra festa dela. Ia ser algo grandioso. Vi Guilherme e Bruna de papo diversas vezes durante a semana. Mas me controlei. Voltei a conversar com ele, porém sem me "impressionar" com cada sorriso dele. Foi melhor assim. Conseguir triplicar meus clientes na boate e Helen me elogiou pelo meu "desempenho". Um ponto pra mim.
O dia da festa finalmente chegou. Flávia convenceu Helen de nos liberar. Não faço ideia do que Flávia usou como argumento, mas agora, isso pouco me importa.
Me arrumei com o vestido mais chique que eu tinha. Fiz um cachos no cabelo e uma maquiagem linda. Coloquei um salto maravilhoso que Bruna tinha me emprestado. Nós usávamos o mesmo número e ela tinha umbom gosto incrível... Me refiro ao Guilherme, nesse ponto também.
Flávia: Se eu fosse lésbica, tu seria a primeira da minha lista. – Eu morri de rir.
Manuela: Posso dizer o mesmo de você, gata.
Nós saímos do quarto e demos de cara com o Guilherme de terno e gravata. Meu Deus, que menino perfeito! Segurei meus pensamentos e nós descemos. As meninas já estavam prontas. Helen nos levou pro salão onde a festa aconteceria. Tudo estava lindo e muito luxuoso.
Flávia: Aí vamos nós. – Ela sorriu.
Entramos na festa e haviam garçons servindo taças de champagne por todo lado. Haviam duas filas para pegar drinks. A decoração estava magnífica. Havia um DJ tocando musicas remixadas.
Nós sentamos e Guilherme foi pegar bebida pra gente.
Manuela: A Amanda não gostou muito de não poder vir, né!?
Flávia: Completamente sem noção ela vir a uma festa que não conhece a aniversariante.
Manuela: Então eu vou sair daqui. – As meninas riram.
Flávia: Já disse que te amo, sua linda!?
Manuela: Só hoje? Umas 10 vezes.
Flávia: Convencida.
O Guilherme chegou com as bebidas e o Felipe chegou na festa. Ele abraçou Flávia por trás e os dois começaram a se beijar. Eu sorri e a banda começou a tocar.
Flávia: Vamos dançar. – Ela disse interrompendo o beijo com o Felipe. Ele cumprimentou todo mundo e nós fomos pra pista de dança, onde na frente havia um palco e a banda estava tocando.
A banda animou bastante a festa e a essas alturas, haviam adolescentes bêbados para todo lado. Lua estava chapadíssima e ria por qualquer besteira.
Jack estava alegre, mas sóbria.
Guilherme estava no milésimo copo. Eu bebi pouco, o suficiente pra me manter em pé e não pagar mico.
A banda acabou de tocar e o DJ voltou. Tocou musicas agitadas e eu dançava feito louca. O alcool estava subindo. Por um momento, tudo girou a minha volta. Vi Flávia indo a tira colo com Lua pro banheiro. Felipe batia nas costas do Guilherme e ria junto com ele. Guilherme apontou pra bunda de uma menina, que rebolava até o chão. Ela chamou o Felipe no canto. Eles falaram por meio segundo e depois Felipe falou com o Guilherme. Ele sorriu e chegou na menina. Os dois foram pro canto do salão. Ele encostou a menina na parede e começou a beijá-la. Minha cabeça girou mil vezes mais. Eu bebi dois copos de uma vez só e dancei sozinha na pista.
Gabriel chegou perto de mim e falou: – Tu ta bem, Manuzinha!?
Manuela: Tô ótima. Ta cego? – Eu disse enquanto dançava.
Gabriel: Tô não, coisa linda. – Ele sorriu e se aproximou de mim. 
Gabriel levou as mãos pra minha cintura e puxou meu corpo pro dele. Eu queria sair dali, mas não consegui. Na verdade, eu nem tentei. Ficava encarando Guilherme beijando a menina. Gabriel começou a dar beijos no meu pescoço e eu levei a mão pro cabelo dele. Alisava o mesmo enquanto ele apertava de leve a minha cintura.
A musica mudou e começou a tocar funk, eu me afastei um pouco dele e comecei a dançar até o chão. Koringa não se dança de outra maneira.
Gabriel ficou me fitando e eu rebolava. Empinava minha bunda e olhava pra cara dele. Eu ria feito idiota e continuava dançando. Ele me encoxou meio discretamente e eu continuei rebolando. Gabriel tirou o cabelo da minha nuca e deu chupões na mesma. Eu segurei a mão dele e passei-a pela lateral do meu corpo.
Ele finalmente me virou e me segurou pelo cabelo. Puxou de leve, mas fez com que minha cabeça fosse para trás. Ele sorriu e falou: – Tu é muito linda.
Eu sorri e ele me beijou. Diferentemente de beijar o Guilherme, eu não senti nada. Só sentia minha cabeça girar e uma tontura enorme. Mas aproveitei o beijo. Não estava tão bêbada assim. Me aproximei mais dele e entrelacei minha lingua na dele. Ele chupou minha língua e depois o meu lábio inferior. Ele apertava a minha cintura, no intuito de forçar meu corpo contra o dele, mas eu mantive uma certa distância. Eu terminei o beijo e segurei o rosto dele. Bati de leve com uma mão no mesmo e ele sorria. Nos beijamos mais algumas vezes e depois ele foi com os amigos dele. Foi cambaleando pro banheiro e vi Flávia, segurando os cabelos de Lua em um dos boxes.
Manuela: Amiga, eu beijei o Gabriel.
Flávia: Jura? A Lua vai te matar.
Manuela: O que? Por que? – Olhei meio assutada pra ela. Lua estava gorfando horrores.
Flávia: Ela é louca por ele.
Manuela: Merda, Flávia! Por que tu não me disse isso antes?
Flávia: Achei que seu grande amor era o Guilherme e que tu não ia dar moral pro Biel.
Manuela: Xiiiiiiiiiiu – Falei no intuito de fazer ela parar de falar. Verifiquei senão tinha ninguém em nenhum dos outros boxes do banheiro. – Falando nesse imbecil, vi ele beijando uma menina.
Flávia: Ah, entendi tudo. Vingança?
Manuela: Não. – Após eu dizer, isso cambaleei pra trás.
Flávia: Ei, amiga, cuidado. Vou chamar a Jack pra cuidar de ti. 
Manuela: Não precisa! Eu to legal. Só jogar uma água no rosto e ta tudo certo. – Funcionaria se eu tivesse realmente feito o que eu disse. – Eu vou pra lá. – Disse saindo do banheiro.
Flávia: Sua louca, joga água na cara... – Pude ouvi-la gritando do banheiro, mas ignorei.
Voltei pro salão. Jack, Guilherme e Felipe estavam sentados. Bruna tinha sumido. Me sentei ao lado de Jack.
Jack: Ta bem, Manu?
Manuela: Ótima. – Tentei parecer o mais sóbria possível.
Jack: Sei.
Felipe: Ta tri louca.
Manuela: Fica na sua.
Felipe: Ihhhhh, ela morde.
Guilherme: E como...
Manuela: Cala essa boca.
Guilherme: Vem calar! – Ele disse bêbado.
Manuela: Pede pra sua amiguinha que tu tava beijando até agora.
Guilherme: Ciúmes?
Manuela: De você? Jamais.
Guilherme saiu da mesa e pegou mais dois drinks. Bebeu de uma vez e continuou dançando. A menina que o Guilherme estava beijando era a aniversariante. Só reparei isso porque ela subiu no palco e o DJ puxou o parabéns. Nós cantamos. Quer dizer, os outros convidados, eu não movi um musculo. Depois ela jogou um beijo pro Guilherme. Ridículos.
Ela dançou valsa com o pai, irmão, tios, primos e avós. Aquela cêrimonia toda. Ganhou um colar lindíssimo e super brilhante do pai. Tirou mil fotos e finalmente a música voltou. Comi um pedaço do bolo, o que fez o efeito do alcool amenizar um pouco. Glicose é sempre bom.
Guilherme estava muito louco. Um hora eu o vi caído em um canto do salão. Fui até ele e me abaixei em sua frente.
Manuela: Ei, Guilherme, você tá legal? 
Guilherme: Tô super de boa. Se preocupa não. Vai lá com o Biel. – Merda! Como ele já descobriu?
Manuela: Tu ta muito bêbado. Caído aqui. Vamos pra casa. Eu cuido de você.
Guilherme: Vai cuidar do Biel. – Ele gritou comigo.
Manuela: Droga, Guilherme! Eu só quero te ajudar. Tu ta pagando mico caído aí. Ta todo mundo comentando. Vamos pra casa. Por favor.
Guilherme: Tá legal. Mas eu vou porque eu quero, não porque tu ta mandando.
Manuela: Ta bom.
Segurei-o pelas mãos e levantei-o. Coloquei o braço dele em volta do meu pescoço. Comecei a andar com ele assim até a saída do salão. A menina que ele beijou, a aniversariante, parou na nossa frente.
Regina: Pra onde você está levando ele?
Manuela: Pra casa dele. Ele ta bêbado demais pra continuar aqui.
Regina: Deixa que eu cuido dele. – Ela disse e já foi envolvendo as mãos na cintura do Guilherme, tentando tirá-lo dos meus braços.
Manuela: Você tem uma festa pra cuidar. Se preocupe com os seus outros convidados. Do Guilherme, cuido eu.
Guilherme: Não briguem por mim, meninas. – Ele ria feito idiota. 
Manuela: Cala essa boca.
Regina: O que você pensa que é dele pra achar que manda? – Essa disse pra mim.
Guilherme: Se ela quisesse, seria minha namorada. – Eu olhei pra ele e ele me encarou. Deu aquele sorriso lindo pra mim e tentou roubar um selinho, virei o rosto e ele beijou minha bochecha.
Regina: Guilherme, você acabou de ficar comigo.
Guilherme: Não enche. Só fiquei porque tu ta atrás faz tempo. Queria ter ficado com a Manu... – Eu interrompi-o.
Manuela: Já chega. A gente vai embora. Até mais.
Saí com o Guilherme da festa. Foi difícil leva-lo até um taxi. Mas consegui. Fomos pra casa e eu paguei o taxi. Chegando lá, eu o levei direto pro quarto dele. Quer dizer, pro banheiro do quarto dele.
Pedi para ele se sentar de frente com a privada. Abaixei-me de frente pra ele e comecei a desabotuar a camiseta dele.
Guilherme: Vai abusar de mim, é!?
Manuela: Guilherme, fica quieto. Você ta fedendo alcool. –Ele colocou as mãos no meu rosto e me fez olhar pra ele. Ele me fitou e tentou me beijar, me esquivei. – Sério, para. Eu to aqui pra cuidar de você. Você não está em condições disso agora.
Ele fez uma cara feia, mas concordou. Tirei a camiseta dele e vi aquele corpo. Não tão musculo, mas definido. Respirei fundo e me concentrei. Molhei toda a cabeça dele e o rosto.
Manuela: Mete o dedo na guela e gorfa. Vai ser melhor.
Ele fez o que eu pedi e logo ele gorfou. Olhei pro lado pra não ver aquela cena. Molhei mais o rosto dele e o cabelo. Molhei também a nuca. Fiquei alisando as costas dele enquanto ele gorfava pela milésima vez.
Manuela: Isso não tem fim? – Eu prendi o riso.
Guilherme: Acho que agora já deu. – Ele já estava levemente sóbrio. Ajudei-o a levantar e ele escovou os dentes.
Manuela: Vou te enfiar debaixo do chuveiro. Água quente faz bem. – Ele me ajudou a tirar o sapato e a calça dele. Eu disse que não precisava tirar a cueca.
Guilherme: Qual o problema?
Manuela: Para de graça e entra logo nesse chuveiro. – Ele me obedeceu. Ficou de pé no chuveiro e eu liguei-o. Virei-me para sair do box e ele me segurou pela cintura. Me puxou pra debaixo do chuveiro com ele. – Droga, Guilherme! – Ele não soltava a minha cintura e ia cada vez mais me molhando. – Me solta. Eu vou gritar.
Guilherme: Pra que? Pra minha mãe vir ver o que ta acontecendo? Ou a Amanda vai aparecer aqui e aí ela vai fazer questão de te entregar pra minha mãe. Brilhante ideia.
Manuela: A culpa é toda sua. – Eu me virei de frente pra ele e água caía sobre nós. Ele me fitava e começou a apertar a minha cintura.
Guilherme: Tu é deslumbrantemente linda.
Manuela: Fala isso pra Bruna também?
Guilherme: Não estraga o clima. – Ele seguro o meu rosto com uma mão e tentou me beijar.
Manuela: Para – Coloquei a mão no peito dele, tentando impedi-lo de se aproximar mais. Me afastei dele e sai do box. – Fica aí debaixo um pouco, vai. Eu vou pegar uma toalha pra me secar.
Tirei o meu vestido e fiquei de lingerie. Fui pro quarto dele e peguei duas toalhas. Me sequei e me enrolei em uma delas. Entrei no banheiro e Guilherme continuava no box.
Manuela: Vem. É pra hoje isso. – Ele riu e saiu do box pelado. – Droga, Guilherme. 
Guilherme: Assume que tu ta curtindo.
Manuela: Nem meio bêbado tu para de encher. – Entreguei a toalha pra ele. – Se seca e se enrola aí, vai.
Guilherme: Tu ta sem roupa por debaixo dessa toalha aí? – Ele dizia me olhando, enquanto se secava. Eu observava cada cantinho do corpo dele. Óbvio que não pedi nenhum detalhe. Ele percebeu. – Ta olhando aí por que?
Manuela: Aí onde? Ta doido? –Me fiz de desentendida. –Tu acha que eu ia te dar a chance de me ver nua? Não sou louca. –Ele enrolou a parte de baixo do corpo na toalha e foi pro quarto. Ouvi batidos nas portas. –Merda! As meninas chegaram. Quero ver como vou sair daqui.
Guilherme: Minha mãe é seu maior problema. Se ela te pegar aqui. Fudeu. Ou então, a Amanda... Ela vai amar te ver aqui e te entregar. – Ele disse rindo.
Manuela: Não vi graça. Vou tomar uma ducha e tu não se manifeste. Se alguém perguntar por mim, diz que não cheguei ainda.
Guilherme: Ta legal! –Ele deitou na cama.
Fui pro banheiro e tranquei a porta. Vai que aquele louco resolve me agarrar. Não que eu odeie a ideia. Mas não posso e ele também não. Tomei uma ducha rápida e fiquei só de calcinha. Me enrolei novamente na toalha.
Quando sai do quarto, Guilherme estava dormindo já. Até parecia um anjo. Peguei a coberta e coloquei em cima dele. Sentei-me do lado dele na cama e fiquei admirando-o por um longo período de tempo. Queria passar a eternidade ali. Mas meu sono não deixou. Acabei pegando no sono ali mesmo. Deitada do lado dele.
Acordei e o braço direito dele estava envolvido no meu corpo. Senti meu coração se acelerando. Ele estava a uma distância pequena de mim, mas ainda assim, não estavámos colados um no outro. Tirei o braço dele devagar para não acordá-lo e me levantei. Fui pro banheiro dele e lavei o meu rosto. Me olhei no espelho.
Manuela: Nada de se apegar, Manuela. Ele não é pra você. Não é. – Repeti milhões de vezes. Como se repetindo, fosse me convencer daquilo.
Coloquei meu vestido e sai discretamente do quarto dele. Era bem cedo. As meninas não estavam acordadas e eu consegui ir pro meu quarto sem chamar a atenção de ninguém.
Deitei-me na minha cama e adormeci rápido. Acordei duas horas depois morrendo de sede. Fui pra cozinha e tomei dois copos de água. Amanda apareceu atrás de mim. Me deu um susto enorme.
Amanda: Ressaca?
Manuela: Caralho, que susto! – Virei de frente pra ela. – Não vi tu aí.
Amanda: Foi mal... E como foi a festa?
Manuela: Ótima. Foi bem legal.
Amanda: Que horas tu chegou? Não vi tu chegar.
Manuela: Sabe que eu nem reparei? – Virei de costas pra ela e peguei mais um copo de água. Menina intrometida.
Amanda: Hum... Sei.
Manuela: Vou pro meu quarto.
Ela não me respondeu e eu subi. Flávia já tinha acordado e estava sentada na cama dela.
Flávia: Bom dia, amiga.
Manuela: Bom dia, Flá.
Flávia: Que horas tu voltou? A gente te procurou e não achou em nenhum lugar.
Manuela: Voltei com o Guilherme. Ele estava tri bêbado e eu cuidei dele.
Flávia: Cuidou, é!? – Ela riu, eu peguei um travesseiro e taquei na cara dela.
Manuela: Não desse jeito que tu ta pensando, idiota. – Eu dei risada.
Flávia: E tu dormiu com ele?
Manuela: Na cama dele, é diferente de dormir com ele.
Flávia: Muito diferente.
Manuela: Não transamos. Não nos beijamos. Nada. Desencana, amiga. Não tem mais chances de eu querer alguma coisa com ele. Nada a ver.
Flávia: O.k. Não to falando nada. – Ela prendeu o riso e foi tomar o banho.
Manuela: E você e o Felipe? Rolou ontem? – Ela estava tomando banho de porta aberta pra nós conversarmos.
Flávia: Ai, nem me fale disso. Culpa da Lua. Fiquei cuidando dela e nem deu pra pegar meu gatinho. A gente ta o maior tempo sem fazer...
Manuela: Ih, amiga. Tu tem que dar um jeito nisso logo. – Nós rimos.
Continuamos a conversar até a Flávia terminar o banho. Helen não tinha aparecido e Flávia saiu com o Felipe. Fiquei trancada no meu quarto estudando. Saí do quarto pra almoçar. Jack fez o almoço de novo. Ela cozinhava super bem.
A gente comia e Guilherme apareceu com a cara toda amassada na porta da cozinha.
Bruna: Nossa, que cara de ressaca.
Guilherme: Não enche e fala baixo, po. Minha cabeça ta explodindo.
Amanda: Agora eu vou ter que calar a boca pro bonitão não sentir dor?
Manuela: Ele só pediu pra falar baixo. Não pra tu deixar de falar.
Guilherme: O que te deu, Manu? – Ele disse enquanto pegava comida e depois sentou na mesa do meu lado. – Me defendendo?
Manuela: Só sendo legal, pra dar aquela variada.
Nós continuamos comendo e depois eu voltei pro quarto. Estudei o resto da tarde e a noite, eu fui pra sala. Liguei a tv e fiquei assistindo.
Achei que não tinha ninguém em casa, porque estava tudo quieto e as meninas tinham me dito que iriam ao mercado. Me chamaram pra ir junto, mas não estava com vontade.
Guilherme: Pensei que tu tinha ido no mercado com as outras.
Manuela: Desculpa te decepcionar. – Disse sem olhar pra ele. Ele sentou-se no outro sofá.
Guilherme: Só dessa vez. – Ele riu. Eu não falei mais nada. – Ei, Manu. – Eu olhei pra ele. – Valeu por ontem. Sérião mesmo. Acho que ia ficar caído naquele canto o resto da festa até que alguém me notasse lá. Valeu mesmo.
Manuela: Sua namorada 2.0 teria feito o mesmo.
Guilherme: Dá pra tu dizer "Não tem de que"? Que menina marrenta.
Manuela: Agradeço.
Guilherme: Não tem de que... Viu como se faz? – Eu dei risada.
Manuela: Babaca.
Guilherme: Linda.
Fiquei séria e ele percebeu que eu fiquei meio desconfortável com o elogio. Quer dizer, eu tinha amado, mas não foi bem o que eu demonstrei.
Flávia chegou e foi logo me puxando por quarto pra me contar como tinha sido o dia com o Felipe.
Helen não deu sinal de vida e não passou pra nos buscar pra irmos pra boate.
Dormi cedo e acordei bem disposta no outro dia pra ir pra aula. Tomamos café e fomos a pé pra escola.
Chegamos lá e os olhares, novamente, estavam voltados pra nós. Dessa vez, eu não me incomodei tanto. Estava começando a me acostumar. Mas o que me deixou meio encabulada foram as fofoquinhas que começaram a ser espalhadas conforme a gente ia passando.
Fomos pra nossas salas e um professor tinha faltado. Ficamos de janela. O diretor não nos autorizou a ficarmos pelo pátio e então, nós teríamos que ficar na sala mesmo. Foi a pior decisão do diretor, certeza. O "Ti ti ti" começou...
Uma menina disse em voz alta: – Tem gente que nem chegou direito na escola e já ta querendo causar. – Percebi que a indireta era pra mim. Me levantei e me virei de frente pra ela.
Manuela: Isso, por um acaso, foi uma indireta pra mim?
Isabela: Foi sim. Por que? Ficou ofendidinha?
Manuela: Muito pelo contrário. Fico feliz que, com tão pouco tempo aqui, já consegui incomodar alguém. – Dei um sorriso e os outros gritaram um "uuuu" pra ela. Foi engraçado, mas não ri. Continuei séria. – Mas diz aí, lindona, o que eu fiz que te incomodou tanto?
Isabela: Não é porque você acha que é bonita e que arrassa... – Henrique a atrapalhou e falou:
Henrique: Ela pode se achar, Isa. Porque, afinal, ela é realmente linda.
Todo mundo ria e falava "u" pra Isabela .
Isabela: Cala essa boca! – Ela disse brava pra ele e continuou: – Como eu ia dizendo, mesmo que você se ache tudo isso, saíba que não é... E não se atreva a chegar perto do Biel de novo.
O Gabriel só estava prestando atenção na briga e quando ouviu o nome dele, se levantou e se manifestou.
Gabriel: Diz aí o que tu vai fazer pra ela se ela "chegar" perto de mim, Isa... – Ela ficou pálida e sem graça.
Isabela: Imbecil! – Ela saiu pisando duro da sala e todo mundo desandou a rir.
Gabriel: Foi mal por isso, Manu. – Ele se aproximou de mim. – Sábado foi incrível.
Manuela: Relaxa... – Eu sorri e fiquei um pouco sem graça ao ouvi-lo. – Verdade.
O sinal pra segunda aula tocou, a professora de matemática entrou na sala. Isabela não voltou mais pra aula. Só a vi no intervalo. Ela me olhou brava enquanto conversava com a Regina. Aquela que o Guilherme beijou no sábado.
Bruna, Jack e Lua estavam conversando com os meninos do basquete.
Flávia: Aquelas três não tem jeito. – Ela disse e depois deu vários selinhos no Felipe.
Nós quatro estávamos sentados em um banco. Sim, nós quatro. Eu, Flávia, Felipe e Guilherme. Nessa respectiva ordem.
Vi Lua vindo brava na minha direção. Estranhei e ela parou na minha frente.
Lua: Qual é o seu problema? – Ela gritava comigo.

Manuela: Por que você tá gritando?
Lua: Qual é o seu pro-ble-ma? – Ela falou mais alto do que antes e pausadamente.
Manuela: Para de gritar comigo e me fala o que ta acontecendo.
Lua: Tu é uma sonsa! – Ela continuo gritando. – Como pode fazer isso comigo?
O Gabriel. – Pensei. – Merda!
Manuela: Acho que eu sei do que tu ta falando. Mas a gente resolve isso depois, Lua. Não faz esse escândalo na frente da escola toda. – Eu me levantei e fiquei cara a cara com ela.
Lua: Resolver o que? Ta com vergonha que a escola toda saiba que você fica com caras que suas amigas gostam? É, vagabunda? Assume o que tu faz.
Guilherme se levantou e veio do meu lado. Fiquei imóvel. Eu não sabia o que responder pra Lua. Eu não sabia que ela gostava do Gabriel. Como ia saber? Ela nem falava comigo direito e agora tinha virado a minha "amiga"? Que história é essa?
Lua: Não vai falar nada, vagabunda? Fala aí como tu é. Fala que você é uma piranha. – Ela gritava muito alto.
Guilherme: Já chega, Lua! – Ele falou bravo com ela. Eu continuei imóvel.
Lua: Ta defendendo a namoradinha? Quer dizer, mais uma das namoradinhas? Vai pro inferno.
Guilherme: Po, para de ser criança e fazer esse escândalo na frente de geral. Ninguém merece teus pitis. Se tu quisesse o Gabriel, chegasse nele, porra.
Flávia: Já deu, Lua. Sem espetáculo, né... Depois você se resolve, em particular, com a Manu.
Ela ficou quieta e lágrimas escorreram dos olhos delas. Ela respirou fundo e falou: – Vão pro inferno.
A essa hora, já estava formada uma roda em volta da gente e eu continuei parada ali. Lua saiu de perto e Guilherme colocou as mãos no meu ombro. Me virou de frete pra ele.
Guilherme: Tu ta legal? – Assenti a cabeça enquanto via todo mundo sair da formação do circulo. O que a Lua me disse ficou se repetindo na minha cabeça. Fomos pra sala e eu não consegui me concentrar. Guilherme percebeu e me cutucou na aula de física. – Ei, Manu. Esquece a Lua, po. 
Manuela: To de boa. Obrigada, Guilherme. – Tentei prestar a atenção na aula, mas não funcionou.
Saímos da escola nós quatro e fomos pra um restaurante almoçar. Não ia dar certo encontrar com a Lua agora. O pai do Felipe nos deixou no restaurante.
Fizemos os pedidos e conversávamos enquanto a comida não ficava pronta.
Felipe: Super infantil o que a Lua fez hoje. Namoral.
Guilherme: Também achei.
Flávia: Mulher com o orgulho ferido é perigoso. Cuidado viu, amor. – Ela disse pro Felipe a ultima parte e deu um selinho nele.
Felipe: Nunca dê um escândalo desse, amor. Tu me mata de vergonha. – Nós rimos. – Olha só, a Manu riu. Finalmente!
Flávia: Amiga, bobagem tu ficar pensando nisso. A Lua quis causar. Encheu a bola do Gabriel e agora mesmo que ele não vai querer ela.
Guilherme: Eu não ia querer uma doida que nem ela.
Felipe: Nem eu.
Flávia: E o show da Isabela na sala hoje?
Manuela: Duas brigas em duas semanas de aula. To bem? – Eles riram e eu continuei séria.
Flávia: Pra efeito de defesa, foram elas que brigaram com você. Mas tu arrasou com a Isa. Aquela menina me irrita. É Gabriel pra cá, Gabriel pra lá. Gabriel é rei. Pior que a Lua. – Ela bebeu um gole do refrigerante. – Antes ela te perseguia, né, Gui!?
Guilherme: É, po. Mina louca. Ficava no meu pé.
Manuela: Como foi que você tirou ela do seu pé? – Eu o encarei.
Guilherme: Arrumei uma namorada.
Flávia: Pra minha auto-defesa, não rolou beijos. Ele só me abraçou. – Eu estranhei e Felipe também.
Felipe: Explica essa história direito.
Guilherme: Pedi pra Flávia fingir ser minha namorada, po. Só pra Isa. Ela parou de me perseguir quando achou que meu namoro era de verdade. Não demorou muito pra ela alucinar pelo Gabriel.
Manuela: Dessa eu não sabia. – Direcionei pro Felipe.
Felipe: Nem eu. É nova pra mim também.
O clima ficou meio chato depois daqui.
Flávia: Ihhhh, parem os dois. Foi só um favor pro Guilherme e não aconteceu nada. Podem parar. – Eu sorri pra mostrar que não liguei. E não liguei mesmo. Eu acreditava nela e no Guilherme. Felipe a beijou e disse que não tinha importância.
A comida logo chegou e nós almoçamos. Enrolamos um pouco no restaurante e depois fomos caminhar pela cidade. Paramos em um parquinho pra crianças. Flávia sentou em uma das balanças e eu em outra. Felipe começou empurrar ela e Guilherme encostou no brinquedo que tinha na fente. Ele ficou me fitando e eu desviei o olhar pra não encontrar o dele.
Flávia: Presta pra alguma coisa e empurra a Manu, Gui.
Manuela: Não precisa! – Ele riu do que a Flávia disse e pareceu não me ouvir. Foi pra trás de mim e começou a me empurrar. Ele me balançava muito alto e eu ria. – Devagaaaar! – Eu falei entre as risadas.
Depois de um tempo ele parou e Felipe parou de balançar a Flávia. Eles sentaram num banco e ficaram se pegando. Eu vi a gangorra e obriguei o Guilherme a brincar comigo.
Guilherme: Se contar isso pra alguém, vou ter que te matar e te decapitar.
Manuela: Credo! – Eu dei risada e nós brincávamos. – É legal. Quero voltar a ser criança.
Guilherme: Tamanho tu já tem.
Manuela: HAHA, engraçado! Não sou tão baixa assim. – Guilherme foi pro chão e me fez ficar parada no ar, em cima da gangorra. – Me deixar descer. – Ele fez que não com a cabeça. – Vai, Guilherme. Por favor. – Ele não moveu um musculo. – Anda, chatoooo.
Guilherme: Me chama de Gui que eu posso pensar no seu caso.
Manuela: Pode pensar? Pensar? Ah... – Respirei fundo. – Por favor, Gui. Vai...

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