A Regina ia perguntar algo, mas assim que abriu a boca, o Guilherme repreendeu-a, o que obrigou-a a ficar calada. Lá pelas 11:30, o médico veio comunicar a alta da Bruna pro "irmão" dela. Regina e Lua ficaram sem entender nada, mas não opinaram. A Bruna veio até nós numa cadeira de rodas, Gabriel e o Guilherme ajudaram-na a se levantar a se manter de pé. Levaram-na até o carro do Gabriel.
Gabriel: Se quiserem uma carona, a gente da um jeito de apertar no carro.
Regina: Ai, eu quero. Meu pai vai demorar um ano até chegar aqui.
Guilherme: Valeu, Gabriel. Vamos de ônibus ou pegamos um táxi mesmo.
Gabriel: Beleza então.
Eu entrei no banco traseiro com a Bruna. Ela foi deitada no meu colo até chegar em casa. Gabriel e eu ajudamos ela a entrar em casa e a subir a escada de casa. Ela mal entrou no quarto, deitou na cama e capotou.
Fizemos um lanchinho na cozinha enquanto contávamos tudo pra Amanda, pra Jack e pra Flávia. Depois, Gabriel e eu fomos pro meu quarto e deitamos na minha cama juntinhos.
Pegamos no sono em pouquíssimo tempo. Acho que ele dormiu antes de mim, mas dormiu de conchinha comigo, o que foi muito bom.
Eu acordei e já estava quase escuro. O Gabriel acordou porque eu me movimentei na cama. Me virei de frente pra ele e dei vários selinhos nele.
Manuela: Acho que a gente dormiu demais. – Ele levou as mãos pra minha cintura e me puxou pra mais perto dele.
Gabriel: A gente tava merecendo. – Ele sorriu e encostou a testa na minha.
Manuela: Tão bom ficar assim contigo. – Me aconcheguei mais nele e ele me apertou contra o corpo dele.
Gabriel: Posso falar uma coisa meio chata? – Ele me olhou meio sério.
Manuela: Ih, o que é? Pode dizer. – Olhei meio preocupada pra ele.
Gabriel: Fiquei com ciúmes ontem quando te vi abraçada com o Guilherme. – Eu sorri ao ouvi-lo.
Manuela: Ele só tava tentando me consolar. Ele sempre foi assim. Me abraça e me aguenta chorando. É o jeito dele dizer "to aqui, tudo vai ficar bem", mas ele só abraça ao invés de falar.
Gabriel: Morri de ciúmes ainda mais agora. – Eu segurei o rosto e apertei as bochechas dele.
Manuela: Tu fica ainda mais gato com ciúmes. Bobo. Não se preocupa quanto a isso. Tô contigo. Confia em mim. – Ele sorriu ao me ouvir e me beijou.
Gabriel: Eu confio em você, só não confio nele. – Ele disse no meio do beijo atrapalhando-o e parou o mesmo. Eu dei risada e virei de costas. Ficamos na cama abraçadinhos e conversando.
Depois eu tomei um banho e ele acabou indo embora. Fiquei o resto da noite conversando com a Bruna e com a Flávia. A Bruna parecia estar bem melhor, apesar de estar tomando remédios pra controlar a dor. Ela tinha consulta amanhã com o obstetra. O que me deixava bem mais aliviada.
A Flávia tentou a noite toda conversar com o Felipe pelo celular, mas ele não atendeu nenhuma das milhares de ligações dela. Tava me dando nervoso de ver a quantidade de vezes que ela ligou pra ele.
Uma semana se passou. A Bruna estava em repouso absoluto, recomendado pelo obstetra. A Flávia estava quase comprando as passagens pro Rio de Janeiro e indo atrás do Felipe. Ele não atendia as ligações dela, não respondia as mensagens. Nem com os pais dele ela estava conseguindo falar. Ela tentou todas as redes sociais e nada. O Guilherme também tentou falar com ele e não conseguiu nada. Era realmente estranho esse sumiço do Felipe, mas eu aposto que ele tem uma bela explicação pra dar pra Flávia. Ela não iria perdoar se ele não aparecesse com um bom motivo por não dar sinal de vida por tanto tempo.
Gabriel e eu estávamos mais fortes do que nunca. Quer dizer, a gente não desgrudava um minuto. Não éramos o típico casal "chicletinho", mas era bom demais ficar com ele e eu aproveitava cada instante.
A Jack continuava com raiva da Lua, pelo beijo que a Lua deu no Henrique. A Jack ainda era completamente apaixonada por ele, apesar de não ter perdoado a traição. Não ainda. Eu, particularmente, acho que com um pouquinho de mimos e um bom pedido de desculpas, ele consegue convencê-la de voltar ou então, a perdoa-lo. Já Lua não será perdoada tão fácil assim.
O Guilherme parecia não estar mais com a Regina. Era difícil de dizer. Uma hora ele aparecia com ela e na outra, ficava dias sem ao menos telefonar pra ela. Não que isso me importasse. O que eu sentia por ele ia diminuindo a cada novo dia ao lado do Gabriel. Eu não sei se posso confirmar que não sinto mais nada por ele, mas agora, eu não sinto.
A Lua continuava tomando conta de tudo enquanto a Helen não voltava. Faltava umas duas semanas pra isto, aliás. Infelizmente. Estava ótimo sem a presença daquela bruxa na casa.
Nós continuamos a rotina de irmos a boate e fazermos os programas. Menos a Bruna, que tinha dificuldade de ir ao banheiro sozinha sem sentir dores.
Houve um erro na contabilidade da boate um dia desses e um dos capangas da Helen quase matou a Lua viva, isso sim valeu a pena ver. Ela estava atolada de coisas da boate pra resolver e mal tinha tempo pra encher nosso saco, o que ela fazia questão de fazer mesmo com tão pouco tempo livre. Nojenta.
No final da semana, a mãe do Gabriel me procurou. Eu odiava isso de ter que esconder mais um segredo dele, mas ela me pediu sigilo absoluto e eu não podia simplesmente contar pra ele, sabendo que ele ia atrapalhar tudo. Eu não contei da Bruna. Ou melhor, do filho da Bruna. Achei que essa era uma decisão que a Bruna devia pensar melhor e só depois de ter certeza, conversar com a Marisa. Disse a ela que visitei vários orfanatos e que as filas são enormes pra adoção de bebês. Podem levar anos. Ela ficou triste e bem decepcionada, mas me agradeceu pela ajuda. Ela me contou que tentaria dar outro jeito. Confesso que morri de curiosidade pra sair qual seria esse "jeito" que ela daria.
Era domingo e eu estava na casa do Gabriel. Tinha dormido lá. Não saia mais da casa dele. O pai dele viajou a negócios e ia ficar quase duas semanas fora, pra minha imensa alegria. A mãe dele estava me tratando ainda melhor do que antes, eu amava ir pra lá.
Acordei o Gabriel com vários selinhos e ele tratou logo de me agarrar e me abraçar.
Gabriel: Sou o cara mais sortudo desse mundo.
Manuela: Por que? – Me fiz de boba pra ouvir o elogio que viria em seguida.
Gabriel: Porque além de dormir com a menina mais gata que eu já conheci, fui acordado com beijinhos.
Manuela: Deixa eu te contar um segredo... – Encostei a boca no ouvido dele e sussurrei: – A próxima vai ser com sexo matinal, o que acha? – Dei um beijo no pescoço dele e ele abriu aquele sorrisão. Me apertou no abraço e voltou a deitar no lugar dele na cama.
Gabriel: Por que isso não pode rolar agora? – Nós rimos e ele ficou me olhando.
Manuela: Boa pergunta. – Eu prendi o riso e segurei o queixo dele. Beijei por alguns longos segundos e depois pausei o beijo e falei com os lábios encostados nos dele: – Porque aí seria bom demais pra ser verdade. – Dei risada e me levantei. – Bora comer, to morrendo de fome. – Joguei o travesseiro nele.
Gabriel: Ah, não faz isso comigo. – Ele se protegeu do travesseiro e depois jogou o mesmo em mim. Eu não sei o que me deu, se eu desequilibrei ou não, mas acabei caindo sentada no chão. Pareceu mais um tontura, mas eu não sei definir direito. O Gabriel correu na minha direção e não sabia se ria ou se tentava entender o que aconteceu. – Eu te derrubei? Eu nem joguei o travesseiro tão forte assim, Manu. – Ele falou todo preocupado depois que nós paramos de rir.
Manuela: Não, amor. Sei lá, eu só caí. Não foi culpa tua. – Ele me ajudou a levantar e nós descemos pra tomar café. – Bom dia, Marisa. – Dei um beijo no rosto dela e o Gabriel fez o mesmo.
Gabriel: Bom dia, mãe.
Marisa: Bom dia, meus amores. Dormiram bem? A noite foi boa? – Ela perguntou mal intencionada, relacionando-se a sexo. Fiquei meio constrangida.
Gabriel: Mãe! – Ele disse olhando pra ela e repreendendo-a.
Marisa: Ih, qual o problema de perguntar? Até parece que vocês não transaram a noite passada. E nem tentem negar, eu ouvi gemidos. – Eu queria arranjar um buraco e enfiar minha cara naquele momento. Que vergonha! Será que eu gemi muito alto? Meu Deus, que vergonha!
Gabriel: Mãe! – Ele disse extremamente bravo e com muita vergonha. Eu só consegui rir e esconder o rosto nos braços do Gabriel.
Marisa: Vou mudar de assunto, senão os dois vão morrer de vergonha. – Ela riu. – As aulas voltam quando?
Gabriel: Só daqui umas três semanas, acho.
Manuela: Duas, na verdade.
Gabriel: Que droga! Quero mais tempo com você.
Manuela: A gente estuda junto, amor. E outra, estamos na mesma sala. A gente vai continuar se vendo todos os dias.
Gabriel: Mas escola é chato e ficar com você é bom demais. – Ele fez biquinho e eu selei os lábios dele.
Marisa: Manuela do céu, o que tu fez com o meu filho? – Ela disse em tom de brincadeira e depois nós rimos juntas. O Gabriel fez uma careta. – Nunca te vi tão envolvido por alguém. – Ela disse olhando pro Gabriel.
Gabriel: É... – Ele olhou pra mim, segurou a minha mão, alisou a mesma e sorriu. – Nunca ninguém tinha me feito sentir o que esta loirinha está fazendo. – Eu sorri e dei um selinho bem demorado nele.
Marisa: Vocês são lindos juntos.
Manuela: Seu filho que é lindo. – Eu dei um beijo no rosto dele e nós começando a tomar nosso café.
Marisa: Isso você tem toda razão, Manu. Ele é realmente lindo. Mas vocês dois juntos é algo bonito demais de se ver.
Gabriel: Tirei a sorte grande, diz aí, dona Marisa.
Marisa: Tirou mesmo. – Ela sorriu pra nós e tomou um gole do café dela.
Manuela: Marisa, me passa o presunto, fazendo um favor? – O presunto estava do outro lado da mesa bem perto dela.
Marisa: Claro, minha querida. – Ela pegou o presunto e estendeu a mão pra me dar, eu peguei o mesmo e agradeci. Depois eu peguei uma fatia e coloquei no meu pão, mas algo estranho aconteceu. Senti uma ânsia horrível.
Não tive muito tempo pra pensar no que fazer. Só corri pro banheiro e vomitei na privada. Ouvi os passos do Gabriel e dona Marisa correndo até o banheiro. Eu nem tive de fechar a porta.
Gabriel: Tu ta bem, amor!? – Ele perguntou todo preocupado. Abaixou-se na minha direção e ficou fazendo carinho nas minhas costas.
Manuela: Não sei o que me deu. Só senti uma ânsia horrível com o cheiro daquele presunto. Será que não está estragado, Marisa? – Olhei pra ela enquanto me levantava e depois lavei a boca.
Marisa: Mas eu mesma comprei ele no mercado bem de manhãzinha. Impossível, Manu. Vou pega-lo pra você ver. – Ela virou-se e foi em direção a mesa, pegou o presunto e voltou com ele na mão.
Gabriel: Deixa eu. – Ele pegou o presunto e cheirou. – Ta normal, Manu. – Eu fui na direção deles e abracei o Gabriel. Ele aproximou o presunto de mim e eu senti o cheiro. Agora não parecia tão ruim quanto aquela hora.
Manuela: É... Agora ta normal. Acho que sou eu que não estou muito bem e qualquer coisa me vez mal.
Gabriel: Quer tomar algum remédio? Eu vou comprar pra você.
Manuela: Não precisa.
Marisa: Precisa sim. Infelizmente não temos um sal de frutas por aqui. Vai até a farmácia e traz um pra ela, meu filho. Eu cuido dela enquanto isso.
Gabriel: Ta bom, mãe. – Ele deu um beijo na minha testa, correu buscar as chaves do carro e voou pra garagem. A Marisa e eu nos sentamos de novo na mesa e ela me olhou meio estranho.
Marisa: Nós sabemos muito bem o que você tem, né, Manu!?
Manuela: Sabemos!? – Eu fiquei meio em dúvida do que ela estava falando.
Marisa: Essa ânsia... Sabe o que está parecendo, né!? – O que ela estava pensando? Meu Deus, não! Gravidez? Não! Não! Isso é impossível.
Manuela: Não, Marisa. Não. Não estou grávida. Isso é loucura. Só devo estar com um mal estar.
Marisa: Eu ficaria mais tranquila se você fizesse um teste, Manu. Você sabe que teria todo o meu apoio se estivesse grávida.
Manuela: Não, Marisa. Não. Eu não estou grávida. Sem chances. – Eu estava nervosa e só conseguia pensar em fazer contas pra saber se era realmente possível eu estar grávida.
Marisa: Manu, calma. Calma. Fica calma... – Ele segurou as minhas mãos e tentou me tranquilizar. – Esse filho, quer dizer, se você estiver mesmo grávida, o filho é o Gabriel? – Eu gelei. Confesso que a pergunta dela foi o ápice pro meu desespero. Meu Deus! Se eu estivesse grávida mesmo, esse filho poderia ser tanto do Gabriel, como do Guilherme. Puta que pariu!
Manuela: Claro que é dele. Quer dizer, não. Não é dele. Não é de ninguém. Não estou grávida, Marisa. – Eu falei meio desesperada. Ok, eu menti. Eu sei. Mas não ia conseguir falar: "Então, o filho pode ser do Gabriel, mas eu não tenho certeza". O que ela ia pensar? Jamais.
Pra minha sorte, o Gabriel voltou e o assunto de gravidez foi encerrado. Marisa nem se quer insinuou nada. Era melhor assim. Eu não estava grávida. Eu sei que não. Tenho certeza. Ou quase.
Tomei o remédio que o Gabriel trouxe pra mim e depois fiquei deitada na cama com ele. Ficamos conversando e eu amava ficar juntinha assim com ele.
Gabriel: Tu ta bem mesmo?
Manuela: Tô, amor. Fica tranquilo. Era só um mal estar.
Gabriel: Não gosto de te ver mal. – Eu estava deitada no peito dele e ele fez carinho no meu cabelo quando parou de falar.
Manuela: Lindo.
Fiquei o dia todo com ele, assistindo filme e nos pegando, mas não rolou sexo. Só uns amassos mesmo. Quando estava quase anoitecendo, ele me levou pra casa. Hoje eu iria começar meu "plano" de vingança contra a Lua. Eu mal podia esperar por isto. Ela ia ter o que merecia. Mexeu com quem estava quieta, agora ia aguentar.
Fui direto pro meu quarto e a Flávia estava naquele maldito celular, obviamente devia estar tentando falar com o Felipe.
Manuela: Ele ainda não te atendeu?
Flávia: Não. Não ainda. Nada. Manu, eu vou surtar. O que será que aconteceu?
Manuela: Ele podia mandar algum sinal de vida, né!? Ta me irritando essa falta de notícia já.
Flávia: To preocupada.
Manuela: Amiga, fica tranquila. Não deve ser nada. Já já ele te liga e te explica o que aconteceu. Agora bora nos arrumar, porque hoje começa a vingança contra a Lua.
Flávia: Tu sabe que ela vai se fuder muito com essa tua ideia, né!?
Manuela: Sei! E é por isso que eu não vejo a hora de coloca-la em prática. Corre tomar banho que eu vou dar uma olhadinha na Bruna.
Flávia: Beleza.
Eu fui pro quarto da Bruna e ela estava deitada na cama, tristinha e com o celular nas mãos.
Manuela: Oi, gatinha. – Sentei do lado dela na cama e ela deu um sorriso meio amarelo pra mim.
Bruna: Olá. – Ela soltou um suspiro.
Manuela: Você ta bem?
Bruna: Mais ou menos.
Manuela: Ta sentindo dor?
Bruna: Não. To legal. Mas é que eu to pensando em como vai ser quando a Helen voltar.
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