sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

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Sofia Narrando

A notícia de que o Lucas havia sido preso por tráfico de drogas veio como um soco no estômago. Era 2 horas da manhã e eu fui correndo acordar a Laura.
Laura: O que foi Sofia?
Sofia: Amiga o Lucas e o Alex foram presos. -Disse chorando desesperada.
Laura: Como assim Sofia?
Sofia: Levanta Laura. -A ficha pra ela não havia caído.
Ouvi meu celular tocar e eu fui correndo atender. Era o meu pai.
Início da Ligação
Magno: Filha.
Sofia: Pai faz alguma coisa... -Falei soluçando-. Tira ele de lá, o Lucas nunca mexeria com essas coisas.
Magno: Calma Sofi.
Sofi: Pai o meu vagabundo não. -Ajoelhei aos pés na cama e chorei-. Não é justo com o Lucas. Ele sempre trabalhou muito pra ter as coisas.
Magno: Eu vou entrar em contato com meu advogado. Eu vou fazer o que puder. Também não acredito nessa história. A Dora está desesperada, estou chegando na delegacia.
Sofi: Vem me buscar.
Magno: Você não vai vir pra cá.
Sofi: Então eu vou procurar em cada delegacia até achar vocês.
Fim da Ligação
A Laura entrou no quarto e me abraçou.
Laura: Calma amiga. Eles vão sair dessa. Eles não fizeram nada.
Sofia: Eu amo o Lucas, Laura. E se algo acontecer a ele?
Laura: Vamos tirar ele da cadeia amiga. -Ela também tinha lágrimas nos olhos.
Passamos a noite em claro preocupada e esperando notícias. Umas 10 horas da manhã meu pai apareceu e nos levou a delegacia.
Laura: A gente não pode ver eles?
Magno: Só depois da transferência.
Sofia: Eu quero meu vagabundo. -Sentei na calçado e chorei-. É tudo culpa minha, eu deveria ter insistido pra ele ficar em casa.
Dora: Você não tem culpa de nada. -Ela me abraçou forte. 
A Laura foi ficar com os pais do Alex e a mãe dele chorava tanto.
O advogado do meu pai chegou e conversou por um bom tempo com os pais do Alex e a Dora.
Não havia muito o que se fazer ali, apenas orar e pedir a Deus que a justiça seja feita.

1 mês depois...
Autorizaram minha visita ao Lucas, eu iria mesmo sabendo que ele não me queria lá. Era tanto tempo longe dele.
Estava esperando em um pátio junto com outras pessoas, que pareciam habituadas a estarem ali.
Era fortemente manitorado e policiado. Quando os detentos chegaram faltou meu coração sair pela boca. 
Ver meu príncipe era tudo que eu mais queria e quando nossos olhares se cruzaram foi impossível conter as lágrimas. Ele veio até a mim e me abraçou forte.
Sofia: Amor... -O enchi de beijos pelo rosto e sentamos em um banco que havia outras pessoas sentadas também.
Lucas: Eu disse pra minha mãe que não te queria aqui.
Sofia: Não consigo ficar longe, eu precisava te ver.
Licas: Não quero você aqui, não quero que vocês se lembre disso.
Sofia: Você não é culpado de nada. -Fiz carinho no rosto dele. Ele estava magro, a barba e o cabelo precisavam ser cortados logo.
Lucas: Como estão as coisas por lá?
Sofia: Tumultuadas e sem graça. Você faz tanta diferença. Eu vou pra sua casa depois da aula, ajudo a Isa ou eu levo o Luiz pra passar o dia comigo lá no prédio. -Alisei o pulso dele que tinha marca sobre marca de algemas.
Lucas: Minha mãe veio aqui essa semana.
Sofia: Vagabundo, não afasta a gente de você.
Lucas: Você não entende. -Ele abaixou a cabeça e eu o abracei.
Sofia: Acho que já podemos pedir nossa visita íntima. -Ele riu e me olhou.
Lucas: Você não teria coragem.
Sofia: Dúvida só u.u
Lucas: Não quero ninguém ouvindo seu gemido. Ele é meu. -Dei uma risada e um dos policiais sinalizou não poder falae no ouvido.
Sofia: Vou ter que ver pornô.
Lucas: Deveríamos ter feito uma antes disso acontecer.
Sofia: Vamos fazer várias quando você sair. -Rimos. Dei outro abraço nele e nos beijamos rapidinho. Ficamos abraçados por longos minutos, apenas sentindo o batimento cardíaco dele. Alisei as costas dele, subi a mão e fiz cafuné na cabeça dele.
Lucas: Eu te amo minha Ursinha. -Ele me olhou e eu sorri.
Sofia: Sou eternamente sua, meu Vagabundo. Te amo demais.
Lucas: Obrigado por acreditar em mim e por não desistir, eu passo muito tempo pensando na gente e como teve um tempo que eu poderia ter te aproveitado cada segundo. Você é tudo que eu sempre mais sonhei, mulher que está sempre do meu lado até nesses momentos. -Ele disse com lágrimas nos olhos e como eu já estava sensível, me debulhei em lágrimas-. Não existe no mundo uma mulher como você, eu ganhei na loteria no dia em que te vi naquele ônibus, no momento parecia normal, mas depois que nos reencontramos na sua casa, depois na praia, eu tinha certeza que algo estava por vir. Certeza que você seria a mulher da minha vida. Quando eu sair daqui, a primeira coisa que irei fazer é comprar nossas alianças. -Eu me debulhava em lágrimas e sorria ao ouvi tudo aquilo. Ele se levantou, ajoelhou à minha frente e segurou na minha mão. As pessoas começaram a prestar e olhavam curiosas-. Sofia, eu queria saber se você aceita ser em um futuro sabe se lá qual, a minha mulher, mãe dos meus filhos e assinar com meu sobrenome de pobre. -Sequei as lágrimas, estava nervosa e não esperava tantas emoções.
Sofia: Claro que eu aceito vagabundo. -O fiz levantar e dei um abraço apertado nele. Uns e outros com certeza viram como ridículo, bobeira. Mas não, era o meu Lucas. Ele sim é o homem da minha vida e meu grande amor.
Assim que o horário acabou eu fui pra casa com o peito cheio de saudades
Lucas Narrando
Só minha mãe e a Sofia que me enchiam de esperanças pra poder seguir. Estava tão feliz de ter visto minha princesa.
Eu e o Alex dividiamos a cela, estávamos sentados no colchão. Ao contrário de mim ele gostava de receber visitas dos pais, irmã e da Laura. Ontem quem veio foi a mãe e a irmã.
Lucas: Eu a pedi em casamento.
Alex: Vou ser padrinho.
Lucas: Claro porra.
Alex: Felicidades irmão.
Lucas: Ela é tão linda, a Sofi me traz tanta paz.
Alex: Apaixonadão. -Ele riu
Lucas: E a Laura.
Alex: Sabe irmão? Eu amo aquela marrenta. Está comigo pra tudo mesmo, não aguento mais de saudade da minha ogra.
Lucas: Todo apaixonado. -Ri e empurrei ele.
A cela não tinha um cheiro bom e estava lotada, eu e o Alex ficávamos na nossa o máximo possível pra nunca se meter em confusão. Porque no tempo que estive aqui já vi vários saindo morto dentro de um saco.

Eu e o Alex fomos condenados a 1825 dias de prisão. Foi o máximo que o advogado conseguiu. Era isso ou 15 anos.
5 anos era bastante tempo, mas eu cumpriria mesmo nunca nem ter tocado em uma droga. O depoimento que a Sofia deu não serviu de nada, o juiz levou mais em consideração eu ser favelado do que terem armado pra cima da gente.
Eu nem quis olhar pra minha mãe e a Sofia, eu sabia que elas estavam chorando e isso eu não aguentaria ver. Era dor demais, injustiça e sentimento de fracasso tudo misturado.



5 anos depois...

Agora eu sabia como os pássaros se sentiam ao ser liberados de uma gaiola, o portão do presídio foi aberto e eu o Alex saímos.
Alex: Mano, não acredito que estamos livres.
Lucas: 5 anos parceiros, nem acredito. -Passei a mão na cabeça, um carro passou em frente o carro e do outro lado da rua estava minha mãe e o Luiz, junto com os pais e a irmã do Alex. Atravessamos a rua e eu dei um abraço forte no Luiz.
Lucas: Que saudade moleque, ta grandão porra. -Ele me abraçou apertado. Agora ele com 14 anos eu via a semelhança entre nós dois era gritante.
Dora: Meu filho. -Minha mãe me abraçou apertado-. Que saudade do meu menino.
Alex: Caralho mano acho que depois dessa só outra pra a gente criar juízo.
Vera: Você não me inventa Alexandre. -Ela de um beliscão no Alex.
Alex: Calma mãe. -Rimos.
José: Vamos?
Lucas: Quero nunca mais passar por aqui.
Dora: E nem eu. -Voltamos pra casa de busão mesmo e meu peito se encheu de alegria quando eu subi o morro. Saudades do meu lugar mano, era tempo demais longe da minha casa.
Mas algo estava me deixando aflito, a Sofia não apareceu e muito menos a Laurinha. Eu sabia que o Alex havia notado a ausência delas, porém não disse nada também.
O Alex foi pra casa dele ficar com a família e eu fui pra minha casa. Assim que entrei eu vi que muitas coisas haviam mudado como a cor das paredes, eletrônicos, móveis.
Sentei no sofá, eu sentia tanta saudade desse cheiro de casa. O Luiz sentou do meu lado e a minha mãe sentou no sofá de frente.
Lucas: Cara que saudade de casa.
Luiz: E a minha mãe me enganando dizendo que você tinha viajado.
Lucas: Ah moleque que saudade de você. -O abracei de lado e rimos.
Dora: Como eu senti saudade de ter vocês dois juntos.
Lucas: Pode deixar que não vou dar mais trabalho. Mas em moleque está estudando?
Luiz: Estou, claro!
Lucas: Isso ai.
Dora: Oh puxa a orelha que anda matando aula.
Lucas: Matando aula pra fazer o que porra?
Luiz: Ah sabe como é né. -Ele riu torto.
Lucas: Sei como é nada, dentro de casa não fica vagabundo não. -Dei uma cotovelada nele e ele riu.
Luiz: Pode deixar que não vou faltar mais na escola.
Sofia Narrando

Em 5 anos muitas coisas mudaram, menos o meu amor pelo Lucas. E foi com as palavras do meu pai que eu levei nesses 5 anos "Amor é na alegria e na tristeza". Eu fiquei do lado do Lucas na tristeza e agora que ele foi liberado eu ficaria com ele na alegria. Era a nossa vez de ser felizes.
Eu me formei na faculdade, agora sou a nova doutora Sofia e só falta minha especialização em Angiologia. Minha mãe e meu pai se separaram, isso é óbvio e ela foi morar fora do Brasil. Nunca mais a procurei e também não tenho o menor interesse nela. A questão do meu pai ser ou não meu pai eu deixei de lado, não seria um teste que definiria quem é meu pai. O Magno é e sempre será o meu pai. 
Não fui buscar o meu príncipe na prisão porque eu e a Laura estamos organizando uma festa pra ele. Chamei todos os amigos e familiares dos meninos, alugamos um sítio e organizamos o local.
Uma novidade da qual o Alex estava por fora é que em uma dessas visitas íntimas dela e dele ela acabou ficando grávida. Sim! Minha Laurinha está grávida de 3 meses, a barriguinha não aparece muito, mas ela deu uma travada nas visitas com ele quando soube da notícia. Óbvio que foi festa né?
Nesses 5 anos eu e o Lucas não transamos, foi mais por ele do que por mim, ele não queria mesmo me expor a esse tipo de coisa dentro do presídio e eu fico feliz por ele não me forçar a fazer nada lá. Eu também não ficaria a vontade com isso. 
Eu estava morta de saudades do meu amor, louca pra abraçá-lo e beijá-lo muitos. Comprei também várias lingeries pra gente aproveitar a volta dele já que eu estava morrendo de saudade u.u
Era umas 17 horas quando eu e a Laura junto com uma equipe terminamos de organizar o sítio. Meu neguinho deve estar louco pra saber porque não aparecemos.
Laura: Amiga, o que você acha melhor? Dar a notícia para o Alex antes da festa, durante ou depois?
Sofia: Da antes, o enche de surpresas. 
Laura: Claro. -Dei risada.
Sofia: Ele vai ficar louco quando souber do novo baby.
Laura: Será? -Ela sorriu.
Sofia: Tenho certeza. -A Laura estava diferente, mais madura e responsável, ela mudou totalmente depois que o Alex foi preso. Ela se dedicou totalmente aos estudos e foi o momento em que mais nos unimos. E a Isa também, ela passou a sair bastante com a gente, estudar e passava finais de semana com a gente. A Isa também se formou e estava passando os dias com a família, mas ela viria para a festa de noite.
Fomos para o nosso apartamento, eu tomei um banho demorado, lavei os cabelos e me depilei. Sai do banho, sequei-me e coloquei a toalha no cabelo. Fui até o meu quarto, a minha roupa já estava separada em cima da cama. Coloquei o meu vestido e em seguida meu salto. Passei desodorante, hidratante, passei bastante perfume e fiz uma make fodástica. A Laurinha apareceu no meu quarto com um vestido tão lindo, de um jeito menininha que ela ficava encantadadora. Ela estava ficando cada vez mais linda a medida que os meses da gestação passava.

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