terça-feira, 22 de dezembro de 2015

25


Marisa: Qual era o problema do carro, amor!?– Ela disse curiosa. Ele foi até ela e deu um selinho nela. Depois foi até a cozinha, voltou com um suco de caixinha. Sentou na mesa, pegou um copo limpo e encheu de suco. Só depois disso ele falou.
Diogo: Problema na bateria. Já resolvi.
Gabriel: Bom dia pro senhor também, pai. – Ele disse olhando pro pai. Ele finalmente olhou pra mim. Ainda reagia como se não soubesse quem eu era.
Diogo: Estou com a cabeça nas nuvens. Perdão, meu filho. Bom dia. Bom dia pra sua... Namorada? – Ele disse sorrindo pra mim, mas aquele sorriso parecia mais um convite pro meu funeral.
Manuela: Amiga.– Eu disse.
Diogo: Bom dia pra sua amiga. –Ele sorriu. Um sorriso bem irônico, diga-se de passagem.
Eu não abri a boca pra nada depois daquilo. Não tinha clima para que eu falasse nada. Como aquele homem podia ser tão frio? Ele parecia ter um relacionamento incrível com a mulher e com o filho. Pareciam ser uma família feliz. Por que ele frequentava o bordel? Por que ele procura fora de casa, o que, aparentemente, tinha em casa? Milhões de dúvidas foram se formando na minha cabeça, mas eu não tinha condições de satisfazer nenhuma delas.
A mãe do Gabriel saiu da mesa e foi pro quarto se arrumar, logo menos ela teria aulas de ioga. Coisa de rico. Ficamos nós três na mesa. Eu ficava cada vez mais constrangida. Eu jamais imaginei passar por uma cena como esta. Pra piorar tudo, o celular do Gabriel tocou.
Gabriel: Rapidinho. Vou atender e já volto. Pai, não lote a Manu de perguntas. Não me mate de vergonha. – Ele pegou o celular e saiu da sala de estar.
Diogo só esperou o filho sair do campo de visão e correu na minha direção. Ele segurou forte o meu braço e ficou me encarando.
Diogo: Eu quero que você suma. O que você está pretendendo? Acabar com o meu casamento? Quanto você quer pra dar o fora daqui em 30 segundos?
Manuela: O que?– Eu disse assustada. Ele apertava o meu braço.
Diogo: É dinheiro, né!? Sempre é! Me diz quanto. Anda, garota. Me diz e some daqui.
Manuela: Me solta. O senhor está me machucando.
Diogo: Eu não estou pra brincadeiras hoje. Diz logo quanto você quer e deixe o meu filho em paz. Deixa a minha família em paz. Me deixa em paz.
Manuela: Me solta ou senão eu...
Diogo: Senão o que? – Ele me cortou.– Vai gritar? Aí você vai ter que explicar como uma prostituta foi parar na cama do meu filho.
Manuela: E o senhor vai ter que explicar como me conheceu. Quem será que vai sair mais prejudicado? – Ele me soltou ao me ouvir.
Diogo: Quanto?
Manuela: Eu não quero dinheiro. Eu não quero nada seu.– Eu aumentei o tom de voz.
Diogo: Melhorou! Você vai dizer ao meu filho que está se sentindo mal, vai embora dessa casa e vai sumir da vida dele. Pra sempre.
Manuela: Sonha!
Diogo: Não foi um pedido.
Manuela: Vai fazer o que? Mandar me matar?
Diogo: Não duvide de mim, garota.– Ele estava em pé me olhando e eu estava sentada na cadeira, achei que ele fosse me estrangular, mas na mesma hora, o Gabriel apareceu na sala de estar rindo.
Gabriel: Pai, o senhor não está fazendo milhões de perguntas pra Manu, né!? – Ele disse vindo na minha direção e sentando do meu lado na mesa. O pai dele continuou na minha frente, me encarando.
Diogo: Não. Sua amiga estava me falando que não estava se sentindo muito bem, aí eu me ofereci para levá-la para casa. – Ele desviou o olhar pro Gabriel.
Gabriel: O que você tem, Manu? Quer que eu te leve pra casa– Ele disse todo preocupado. Coloco as mãos em volta dos meus braços e fez carinho nos mesmos.
Diogo: Não, eu a levo... – Eu interrompi.
Manuela: Não precisa se incomodar, senhor. Vou ficar um pouco com o Gabriel, se não for incomodo...
Gabriel: Não é.
Manuela: Eu to bem, ta!? Só estou com cólica. Coisa de mulher. – Eu sorri e passei a mão no rosto do Biel. – Podemos ir lá pra cima?
Gabriel: Claro. – Ele disse se levantando e pegando na minha mão.
Passamos pelo pai dele, que não parecia nada feliz com a minha presença ali. Eu jamais diria nada e não estava interessada em dinheiro. Algo me dizia que ele ia me procurar na boate. Fiquei preocupada, mas o Biel não me deu tempo pra ficar pensando muito nisso.
Fomos pro quarto dele e eu deitei na cama. Ele ficou me olhando.
Gabriel: Você ta legal mesmo?
Manuela: Não.
Gabriel: Quer que eu peça remédio pra minha mãe? Ela deve ter.
Manuela: Não é a dor.
Gabriel: É o que então? – Ele fez uma pausa e depois continuou. – Pergunta idiota. Me desculpe.
Manuela: Deita aqui. – Eu disse me ajeitando na cama.
Gabriel: Não devia me fazer um convite desses. – Ele riu.
Manuela: Vem logo, bobo.
Ele veio na direção da cama e deitou-se ao meu lado. Virei de frente pra ele e ele ficou me encarando. Eu sorri e ele colocou a mão no meu rosto. Eu devia impedi-lo, mas não fiz isso. Por que? Estava vulnerável e triste. Tem motivos melhores? E outra coisa, tinha um cara lindo, carinhoso e atencioso na minha frente. Isso é tortura.
Gabriel: Que vontade de te bei... – Eu não deixei que ele completasse. Coloquei um dedo nos lábios dele.
Manuela: Não fala nada, Biel. Vamos só ficar aqui, quietinhos. Por favor.
Ele assentiu com a cabeça e eu deitei a cabeça no peito dele. Eu sei que não ajudava a desiludi-lo fazendo isto, mas eu estava precisando de carinho. Eu não ia usa-lo. Usa-lo seria beija-lo e fazer sexo com ele, coisa que eu não fiz. Não que ficar abraçada na cama dele fosse muito desincentivador, mas aquilo estava tão aconchegante que eu me deixei levar. Fechei os olhos e ele ficou fazendo carinho no meu cabelo enquanto eu alisava a mão dele que estava entrelaçada na minha.
Ficamos um bom tempo assim, até que ele pegou no sono. Devia estar exausto. Tadinho. Ele dormiu num colchão no chão por minha causa. Eu resolvi vestir minhas roupas e ir embora. Fui ao banheiro e tentei fazer o mínimo de barulho possível.
Voltei pro quarto vestida com a roupa da noite anterior. Eu me sentei na cama e fiquei olhando pra ele enquanto dormia. Ele era lindo. Meu Deus. Entendo a queda que a maioria das meninas do colégio tem por ele.
O celular do Gabriel estava em cima da cama, jogado ao lado dele. Uma nova mensagem foi notificada e eu não resisti. Sei que invadir a privacidade dos outros é feio, mas minha curiosidade foi maior.
Peguei o celular dele e pra minha surpresa, não tinha senha de bloqueio. A mensagem era da Lua. Aquilo me irritou um pouquinho, pra ser bem sincera.
Eu abri a mensagem e nela estava escrito:
"Oi, Bi... Como você está, hein!? Tô morrendo de saudade. Você faz uma falta enorme. Será que a gente pode sair um dia desses pra tentar se entender? Sei que você não deve estar querendo nem olhar na minha cara, mas queria conversar com você. Será que dá? Espero tua resposta, Biel. Se quiser, pode falar pessoalmente. Te amo. Sempre vou amar".
Que garota sem noção! Levou o maior fora e ainda estava atrás? Credo! Eu sei que é egoísmo, mas eu não quero que a Lua fique com ele. Ela desperdiçou todas as chances que teve com ele. Fora que, se fosse ela no meu lugar, ela já teria apagado meu número da agenda dele, não só a mensagem. Sim, eu apaguei a mensagem. Depois que fiz isso, a consciência pesou, mas já era tarde, né!? Deixei o celular onde encontrei e quando fui me levantar da cama, o Gabriel acordou.
Gabriel: Não acredito que dormi. Por que não me acordou?
Manuela: Você precisava dormir. E fiquei com dó de te acordar, tava dormindo tão tranquilo.
Gabriel: Sei. – Ele riu e se levantou. Parou na minha frente e deu um beijo na minha testa. – Quer fazer alguma coisa?
Manuela: Na verdade, eu queria ir pra casa. Será que você poderia me levar? As meninas vão estranhar eu ter dormido fora e o...
Gabriel: O Guilherme também não vai gostar.
Manuela: Não ia falar dele.
Gabriel: Eu te levo. – Ele disse tirando a camiseta.
Manuela: Streap tease? – Eu dei risada.
Gabriel: Claro. – Ele deu play no iPod dele e começou a dançar meio "sensualizando". Eu comecei a rir e ele começou a tirar o cinto.
Manuela: Bieeeeeeeeeel... – Eu disse em gargalhadas. Ele chegou perto de mim e me cercou com o cinto. Me puxou e fez com que eu me levantasse e fosse na direção dele.
Gabriel: Agora eu vou te prender.
Manuela: Isso é covardia.
Ele não me deixou falar, me puxou e devagar, me encostou na parede. Ele colou o corpo dele no meu. Eu podia sentir a respiração ofegante dele muito próxima a mim. Eu fiquei sem ar. Por que ele tinha que me provocar tanto? Já era difícil ficar longe dele por vontade própria, imagina tão colada assim.
Gabriel: Covardia é te ter tão perto e ter que me controlar. – Ele disse levando uma mão pra minha cintura e apertando a mesma com um pouquinho de força. A outra mão foi pro meu cabelo, ele entrelaçou os dedos no mesmo e puxou sem força nenhuma. Mas minha cabeça inclinou e ele levou a boca pro meu pescoço. Começou a beijar o mesmo.
Ele logo notou minha pele toda arrepiada. Eu respirei fundo e coloquei uma mão no ombro dele.
Manuela: Biel, por favor... Para. – Ele automaticamente parou e ficou me olhando.
Gabriel: Manu... – Ele colocou um dedo da mão que estava na minha cintura, na minha boca. – Sua boca diz que não. Mas o seu corpo. Ah, o seu corpo. – Ele deslizou a mão que foi parar na minha coxa, ele puxou a mesma e fez com que eu grudasse a coxa na lateral da perna dele. Gabriel deslizou os dedos pela minha coxa. Me fez arrepiar mais do que antes. – Seu corpo diz que sim. Tua pele arrepiada e quente, me quer. Apesar da tua boca dizer que não.
Manuela: Biel, por favor...
Ele parecia não me ouvir. Apertou a minha coxa com força e encaixou o quadril no meu. Ele roçou o corpo em mim e eu fechei os olhos. Apertei o ombro dele e juro que tentei afasta-lo, mas foi em vão.
Gabriel continuou me provocando. Alisava cada centímetro do meu corpo e apertava cada curva. Ele beijava o meu pescoço durante todos os carinhos e apertões.
Eu cedi. Eu queria sair dali, porque sabia que era errado e que o Guilherme não merecia aquilo. Eu pedi para que ele me esperasse e dias depois já ia ficar com outro? Essa não era eu. Mas, droga, o Gabriel estava me provocando e eu queria. Assim com o Gabriel, eu queria. Quem não ia querer? Meu corpo implorava por ele, mas minha mente suplicava para eu parar. Foi por isso que, fiquei quieta, deixei-o fazer o trabalho sozinho.
Quando finalmente consegui me controlar, eu empurrei-o para longe de mim e consegui sair dali.
Manuela: A gente não pode continuar. Sério. Não da.
Gabriel: Me diz então que você não quer, Manu. – Ele disse me olhando. Com aquele corpo lindo e aquela carinha de dúvida dele.
Manuela: Eu não... Eu não posso. Por favor. Não faz isso comigo. Eu te pedi pra esperar. Você não me ajuda assim, só atrapalha.
Gabriel: Manu, eu preciso de você, velho. Eu sei que eu prometi ficar na minha e ser só um bom amigo. Mas é difícil pra mim. Quando to perto de você, só penso em te beijar e te agarrar. Manu... – Ele disse se aproximando.
Manuela: Eu já te disse que não pode acontecer nada entre a gente. Não agora. Não insiste nisso, Gabriel. Eu gosto tanto de você. Você me faz tão bem que me dói só de imaginar você longe de mim.
Gabriel: Desculpa. Prometo tentar me comportar. Eu juro que vou tentar. – Ele disse pegando uma camiseta no guarda-roupas e colocou a mesma. – Vou te levar pra casa agora, pode ser?
Manuela: Pode.
Nós fomos pra garagem, onde o carro dele estava. Não trocamos, se quer, uma palavra. Ele começou a dirigir em direção a casa da Helen. Eu fiquei olhando pra ele o tempo todo, mas ele não olhava pra mim.
Droga, Manuela! Por que você tem que estragar tudo? – Pensei.
Eu coloquei a mão na coxa dele e ele, finalmente, olhou pra mim. Eu dei um sorriso e ele correspondeu.
Manuela: Desculpa, ta!?
Gabriel: Desculpa eu pelo drama. Eu sei que forcei a barra. Prometo que não vai rolar de novo, ta!?
Manuela: Fico feliz.
Gabriel: Linda. – Eu sorri em resposta. Ele pegou a minha mão que estava na coxa dele e deu um beijo na mesma.
Logo ele chegou na casa da Helen. Dei um beijo no rosto dele e desci do carro.
Fui direto pro meu quarto quando cheguei em casa e a Flávia vomitou o questionário dela em cima de mim.
Flávia: E aí, como foi? O restaurante que ele te levou era chique? Pra onde vocês foram depois? Por que tu só voltou agora? Foram pra um motel? Transaram? Me conta tudo!
Manuela: Calma, amiga. – Eu ri do jeito desesperado dela.
Flávia: Me conta logo!
Manuela: Primeiro, fomos ao restaurante. Teria sido tudo ótimo se um cliente não aparecesse lá e me reconhecesse. Mas não acabou em nada. Eu jurei jamais ter visto-o na vida.
Flávia: Caraca. E depois?
Manuela: Não me interrompe, piranha. – Nós rimos.
Flávia: Ta bom, grossa! A palrava é toda sua.
Manuela: Agradeço. Depois ele me levou pra uma balada. Bebemos horrores, dançamos e... 
Flávia: Fala, fala.
Manuela: Calada! – Ele riu e tapou a própria boca com a mão. – E nos beijamos. Nos pegamos no meio da pista de dança. Não me pergunte o porque, mas rolou. Você sabe como eu fico quando bebo. Fiz birra e não queria voltar pra casa. E me deu a louca, agarrei ele no carro dele. –Flávia me olhou animada, mas não falou nada. – A gente quase chegou lá, mas aí me deu uma crise de consciência pesada e eu parei. Depois disso, eu dormi no carro dele e ele me levou pra casa dele. Lá, pela manhã, ele me agarrou de novo e me levou pra conhecer os pais dele. A mãe é uma gata. E adivinha só!? O pai é meu cliente. Pra minha incrível sorte.
Flávia: Porra! Desculpa, tive que me manifestar. E aí? Ele te falou alguma coisa.
Manuela: Ele foi pra cima de mim na primeira oportunidade que teve. No sentido negativo da coisa. Ele achou que eu queria dinheiro. Foi tenso. Aí depois o Biel me trouxe pra cá. Fim.
Flávia: Estava esperando quando tu ia me contar que fez sexo com o Gabriel.
Manuela: Isso não vai acontecer.
Flávia: Dou alguns meses. Ou tu volta pro Guilherme ou vai pro Gabriel. Não duvido nada.
Manuela: Obrigada por confiar tanto em mim, linda! – Disse ironicamente e ela riu.
O resto do domingo foi tedioso. Eu fiquei com preguiça de fazer qualquer coisa que fosse. Assisti uns seriados na televisão junto com a Bruna. Falando nela, a barriga estava começando a aparecer. Ela estava com 3 meses de alguns dias de gravidez. Apesar de ser bem pequenininha e magra, ela não ia conseguir esconder por tanto tempo essa barriga. Me dói o coração só de imaginar o que a Helen vai fazer com ela quando descobrir esse bebê. Isso se ela não fizer mal pro bebê também.
Três semanas se passaram. Foi extremamente difícil me acostumar a ficar sem o Guilherme. A relação com ele, com o passar dos dias, foi ficando menos constrangedora. Eu não fugia mais cada vez que o via se aproximando do grupo. Não voltamos a ser amigos, mas éramos educados um com o outro.
Gabriel estava cada dia mais próxima de mim. E isso até o papa notava. Depois daquele final de semana, ele não tentou mais nada comigo. Era realmente só amizade. Nós saímos do colégio e íamos pra um lugar diferente todos os dias. Pra começar, fomos a um hospital de câncer. Ficamos um tempo com os doentes. No outro dia, fomos a um asilo e a um orfanato. Na tarde seguinte, fomos a um canil. Enfim, aquelas andanças estavam fazendo bem pra mim. Haviam mil e um boatos sobre mim e ele na escola. Todo mundo achava que nós estávamos juntos. Não era pra menos. Vivíamos colados de um canto pro outro. A Lua já me evitada, quando me viu com ele, faltou só me matar.
Um dia desses na escola, eu vi a Regina de mãos dadas com o Guilherme. Nossa, como foi difícil ver aquilo. O estranho foi que não durou muito. E eles não ficavam muito tempo juntos. Eu não conseguia prestar atenção em alguma coisa, se o Guilherme estivesse no meu campo de visão. Era difícil me concentrar.
A Bruna tinha se afundado de vez. Ela voltou a usar drogas e parou de tomar os remédios contra o HIV. Eu tentei convencê-la do contrário, mas ela não me ouviu. Eu cansei de ir atrás dela e só levar patada. Não ia mais dar atenção a quem não está interessado.
Samuel parecia estar se fudendo pra Bruna. Ele beijava qualquer uma a hora que queria. Se fosse na frente da Bruna, melhor ainda. Ela parecia não ligar mais pra ele, o que era muito bom. A Isabela jurava que ela namorava o Samuel, mas ele desviava do assunto cada vez que era questionado sobre.
Jack e Henrique estavam cada vez mais firme. Mais um casal formado. Ela parecia estar muito feliz e isso era ótimo.
Se aproximava cada vez mais o dia do Felipe mudar de cidade. A Flávia estava inconsolável. Vivia aos choros pelo canto e não desgrudada do Felipe um segundo. Quando não estava com ele, estava no celular com ele. Um grude total.
A Amanda parecia ter esquecido aquilo de gostar de mim e tal. Pra mim, foi bom. Não queria mais problemas e não queria magoa-la.
Na boate, as coisas iam de bom pra melhor ainda. Como sempre, o meu número de clientes só aumentava. A Bruna ficava cada vez menos capaz de realizar os programas e eu dava um jeito de fazê-los pra ela. Sem que a Helen sacasse nada, lógico.
Eu não pedi nada em troca, mas a Bruna me dava metade de todos os programas que eu fazia no lugar dela. Estava dando certo. Pelo menos, por enquanto.
Faltava um mês pras férias escolares e um mês pra Flávia morrer do coração, ou seja, ficar sem o Felipe.
A Helen deixou avisado que faria uma viagem e deixaria uma de nós responsável pela boate, já que, o Guilherme não queria nem chegar perto de lá.
Óbvio que teriam capangas nos vigiando a todo momento, mas a Helen sabia das briguinhas internas que nós tínhamos uma com a outra e resolveu cutucar isso. As meninas começaram a puxar o saco dela pra conseguir a "vaguinha" de sucessora. Eu não movi um músculo pra isto. Confesso que, se a Lua conseguisse ficar no lugar da Helen, eu não ia curtir receber ordens dela. Mas não ia me empenhar pra algo que eu não queria e não fazia a mínima questão.
Em casa, estavam todas empenhadas em puxar o saco da Helen. Era até engraçado. Pra quem odiava a Helen, elas estavam se saindo belas trouxas. Até a Flávia, acreditem. Aquela vaga sempre foi o que elas esperavam e poder mandar nas outras, nem que fosse por um mês, era demais.
Eu ficava no meu quarto estudando ou então, assistindo televisão enquanto todas se matavam pra satisfazer a Helen.
Hoje, em especial, elas estavam limpando a casa pra Helen. Ela não nos deixava chegar perto do quarto dela. Quem limpava o quarto dela, era ela mesma. Eu sonhava em entrar lá. Sabia que se eu quisesse me livrar dela, alguma coisa eu ia achar naquele quarto. Ah, como ia.
Eu estava na sala assistindo televisão quando o Guilherme apareceu e sentou no outro sofá. Não trocou se quer uma palavra comigo. Eu continuei quietinha. Não queria forçar a barra com ele. 
Mas ele me surpreendeu, puxou assunto comigo.
Guilherme: Posso te fazer uma pergunta?
Manuela: Pode. – Eu parei de prestar atenção na tv e olhei pra ele.
Guilherme: Por que me pediu pra te esperar se você mesma não fez isso por mim?
Manuela: Ta falando do que? – Estranhei.
Guilherme: Você e Gabriel.
Manuela: Não estou com ele. Eu sei que parece que estou, mas ele vem sendo o único que me faz esquecer...
Guilherme: Esquecer de mim?
Manuela: É. – Disse e respirei fundo depois.
Guilherme: Vai ficar com ele? Tipo, namorar?
Manuela: Isso eu não posso afirmar, Guilherme. Ninguém sabe o futuro.
Guilherme: Pensei que ia me esperar.
Manuela: Eu só to tentando te esquecer, porque se eu pensar mais em você do que já penso, eu vou surtar. Mas por que está tão preocupado? Você tem a Regina. Não me esperou.
Guilherme: Pelo visto, foi a melhor coisa que eu fiz.
Manuela: Não vou ficar aqui pra ouvir isso. Tchau.
Sai da sala e fui pro meu quarto. Me afundei no travesseiro. Desandei a chorar. Por que ele tinha que ter me dito aquilo? Ele estava realmente com a Regina? Eu não acredito. Agora chega, Manuela. Chega. Adeus, Guilherme. Não vou mais restringir a minha vida por causa dele. Chega. Chega. Ele não merece isso de mim. Não mesmo. Eu pedi pra ele me esperar e ele já vai pros braços de outra? Que raiva! A partir de hoje, se eu sentir vontade de ficar com alguém, eu vou ficar. Foda-se o Guilherme. Ele não pensa em mim, por que eu vou pensar? Babaca.
Tomei um banho e me arrumei pra ir pra boate. Eu fiz uma maquiagem preta que valorizou os meus olhos claros. Coloquei um salto maior que os que eu costumava usar. O meus seios pareciam que, a qualquer momento, iam saltar do decote.
Eu estava, humildemente falando, gostosa. Helen nos levou pra boate e eu realizei o show da noite. Como sempre, muitos homens colocavam dinheiro nas partes do meu corpo durante as danças. Fui pro camarim assim que o show acabou.
Helen: O show foi um arraso, Manu. Tem um cliente que pagou quase 5 vezes mais que o preço normal. Quer você lá em 10 segundos. Corre. Quarto 10.
Manuela: É pra já. – Me animei quando ela falou o preço pago pelo cliente. Entrei no quarto e ele estava com os braços cruzados, olhando pra janela. – Olá...
Meu coração disparou quando ele se virou. Não se tratava de ninguém mais e ninguém menos do que pai do Gabriel. O que aquele homem fazia ali? Meu Deus! Eu não sabia como reagir. O que ele queria? Sexo? Mesmo? Ele me mandou não chegar mais perto do Gabriel e agora vai transar comigo de novo?
Diogo: Surpresa em me ver? – Ele perguntou e se aproximou de mim.
Manuela: Nem um pouco. – Menti. – Algo me dizia que você viria me procurar. Só não pensei que ia demorar tanto.
Diogo: Ando ocupado no trabalho, mas arrumei tempo pra...
Manuela: Pra me ameaçar de novo? – Ele parou na minha frente e colocou as mãos na minha cintura, me puxou pra perto dele e ficou me encarando.
Diogo: Te ameaçar, Manu? – Ele disse abaixando o olhar e direcionando pros meus seios. – Acha que eu ia me dar ao trabalho de vir até aqui pra te ameaçar? – Ele passou o dedo indicador nos meus lábios e foi deslizando a mão pelo meu queixo, meu pescoço, até que chegou nos meus seios. Ele colocou as duas mãos nos meus seios por cima de toda a roupa e apertou. – Acha que eu ia pagar 5 vezes o teu programa só pra te ameaçar?
Eu não respondi. Ele inclinou o rosto e começou a beijar o meu pescoço. Eu respirei fundo e fechei os olhos. Como ele podia ser tão frio? Ele tinha uma mulher incrivelmente linda e um filho maravilhoso. Uma família perfeita. Por que raios ele tinha que procurar uma prostituta?
Eu nunca me preocupava com os clientes casados que atendia. Normalmente, eles desabafavam sobre elas antes de transar. Claro que eu pensava sobre, mas não ficava me torturando por isso. Eles que me procuravam, não eu. Mas com o pai do Gabriel era diferente. Eu pensava na mãe dele em casa e ele aqui, transando comigo. Pior, pensava no Gabriel. O que ele faria se descobrisse que o próprio pai procurava prostitutas pra transar? E o que ele pensaria de mim transando com o pai dele?
Aqueles pensamentos me torturavam. Diogo me puxou e me deitou na cama. Eu não conseguia corresponder a nenhum gesto dele. Meu pensamento estava longe.
Diogo: Manu, to falando com você. – Ele disse e eu "voltei" para o momento.
Manuela: Desculpa, estava distraída. O que você disse.
Diogo: Me chupa? – Eu engoli a seco. Olhei profundamente pra ele e ele deu um sorriso sacana. Eu fiquei com nojo dele, mas pelo preço que ele tinha pago, eu não tinha muito direito de reclamar de algo.
Eu me ajoelhei na frente dele e ele tirou a calça junto com a cueca. Eu respirei fundo e decidi encarar aquilo como mais um programa. Não me apeguei ao fato dele ser pai do Gabriel. Isso só prejudicava o meu trabalho.
Segurei firme no pau dele e comecei a dar linguadas no mesmo. Não demorou nada para ele começar a se excitar. Diogo colocou as mãos nos meus cabelos e puxou com um pouquinho de força. Me fez inclinar a cabeça e olhar pra ele.
Diogo: Sua vagabunda, chupa isso direito. – Com a mão livre, ele bateu no meu rosto.
Eu não fiz nada contra. Só assenti com a cabeça, bati uma punheta rápida pra ele e em seguida, coloquei o pau inteiro dele na minha boca.
O pau dele era grande e me fez engasgar. Ele percebeu, mas pareceu não notar. Forçava a minha cabeça contra o pau dele a todo momento. Eu chupei o pau dele que crescia cada vez mais na minha boca. Alisava as bolas enquanto passava a língua por toda a extensão do pau dele.
Logo ele gozou. Ele gozou na minha cara e grande parte, na minha boca. Me fez engolir.
Diogo: Tira a roupa, sua piranha. Quero ver esse teu corpo gostoso. – Eu sorri, mas queria matá-lo.
Tirei a roupa de uma forma sensual e ele ficou batendo punheta enquanto me olhava. Continuei de salto e fui até ele. Ele ficou me olhando.
Diogo: Senta no colinho do papai, senta.
Foi o que eu fiz. Sentei no colo dele e comecei a rebolar. Ele atacou os meus seios. Apertou, chupou, mamou. Fez tudo o que quis. Confesso que, fiquei excitada. Ele era bom, mas a ideia de estar transando com o pai do Gabriel ainda me dava calafrios.
Como profissional, que eu tinha me tornado, não podia deixar isso interferir. Agi como se estivesse em um programa qualquer. Mas a pior parte foi quando ele me beijou. Eu não gostava muito de beijar os clientes. Na maioria das vezes, eles não me beijavam. Mas as vezes, surgia um que me beijava.
O pai do Gabriel me beijou e foi devagarzinho enfiando o pau dele em mim. Eu inclinei a cabeça pra trás quando senti o pau dele encostando no meu útero. Gemi alto, de prazer mesmo. Não só para satisfazê-lo.
Comecei a quicar no pau dele e sentia aquela dorzinha gostosa do pau dele indo até o limite. Ele apertava os meus seios e batia na minha bunda a todo momento.
Novamente, ele me beijou. Eu correspondi e resolvi intensificar o beijo. Chupei a língua dele e explorei toda a boca dele com a minha língua. Eu gozei quando ele se levantou, me pegou no colo, me apoiou contra a parede e fez algo que me deixou louca. Tirou o pau dele de dentro de mim e meteu tudo de uma vez. Fez isso várias vezes, até que eu gozei. Como ele não colocou a camisinha, eu não o deixei gozar dentro de mim. Logo quando eu percebi que ele ia gozar, eu sai do colo dele. Segurei o pau dele, virei de costas e enfiei o pau dele no meu cu. Suspirei ao senti-lo totalmente dentro de mim. Ele fazia movimentos intensos de vai e vem, até que gozou novamente.
Diogo: Vale a pena cada centavo gasto com você. – Ele passou a mão no meu rosto e deu um tapa. – Putinha.
Eu queria voar no pescoço dele. Idiota. Mas me controlei. Apenas sorri.
Manuela: Precisa de mais alguma de mim?
Diogo: Por hoje, é só. Tenho que voltar pra casa. A patroa vai desconfiar da demora.
Manuela: É... – Idiota, idiota, idiota. Me controlei e só deixei a raiva tomar os meus pensamentos. Não os meus atos.
Diogo: Até uma próxima, Manuzinha. Mal vejo a hora de repetirmos. – Ele colocou a roupa, passou por mim, passou as mãos nos meus peitos e apertou. 
Manuela: Não queria me pagar pra ficar longe do seu filho a umas semanas atrás?
Diogo: Eu sei que você vai ficar longe dele. Pro seu próprio bem.
Manuela: Isso foi uma ameaça?
Diogo: Entenda como quiser. Até mais. – Ele saiu do quarto.
Eu fiquei um tempinho ali, me recompondo. Me vesti e voltei pro camarim. A Flávia estava lá.
Flávia: Que cara é essa?
Manuela: Ta tão na cara assim?
Flávia: Demais. O que houve?
Manuela: Meu ultimo cliente foi o pai do Gabriel.
Flávia: Puta merda.
Manuela: É. Mas o pior não foi o programa, foi a ameaça no final.
Flávia: Ele te ameaçou?
Manuela: É, mais ou menos. Quase isso.
Flávia: Cuidado com ele, amiga.
Manuela: É o jeito.
A Helen me chamou pra outro programa e no final da noite, eu realizei muitos programas. Voltamos pra casa e eu capotei.
No outro dia, fui pro colégio mais cedo com a Bruna. Ela queria conversar com o Samuka e sabia que ele ia bem mais cedo pra escola. Ficava usando drogas escondido pelos cantos.
Eu fui com ela procura-lo pela escola e achei ele num quartinho do zelador aos pegas com a Regina. Foi surpreendente vê-la ali. Ela não estava com o Guilherme? Juro que me deu vontade de arrancar os cabelos dela pra vingá-lo. Mas por outro lado, foi bom vê-la ali. Quer dizer que, ele vai ficar livre dela e isso não é nada péssimo. Se tem uma coisa que o Guilherme não aprova, isso com certeza, é traição.
Manuela: Regina!? – Eu abri a porta o máximo que pude e ela me olhou apavorada assim que parou de beijar o Samuel.
Regina: Ma-Manu!? O que você está fazendo aqui?
Manuela: Quem faz as perguntas sou eu. Por que está pegando o Samuel?
Regina: Você não tem nada a ver com isso. – Ela voltou o olhar pro Samuel que ainda estava abraçado com ela. – Te vejo depois, gatinho. – Ela deu um selinho nele e passou por mim. Eu segurei o braço dela e a fiz parar de andar.
Manuela: Tenho a ver com isso sim, idiota. O que você está pensando? Que pode trair o Guilherme e sair numa boa?
Regina: Foi o que você fez, né!?
Manuela: Nunca trai ele e nem faria isso.
Regina: Vai cuidar da sua vida, velho. E me solta.
Manuela: Não vou te soltar. Você vai explicar tudinho ao Guilherme. Ou senão, eu vou.
Regina: Duvido que você faria isso. Qual é, garota, tu termina com ele e fica se metendo na vida dele? Aliás, você se mete na vida de todo mundo, né!?
Samuel: Da pra parar as duas? Ou saem nos tapas logo. Esse papinho ta chato já.
Manuela: Vai a merda. Ninguém ta falando com você.
Regina: Me solta, Manuela. – Eu a soltei e a empurrei.
Manuela: Você tem até amanhã pra contar pro Guilherme. Senão, quem vai contar, sou eu.
Samuel: Sempre se metendo aonde não foi chamada.
Manuela: Cala essa boca.
Eu me assustei com a reação dele. Ele parecia um ogro. Voou pra cima de mim e me colocou contra a parece. Prensou o braço na minha garganta e eu não conseguia respirar. Tentei me debater, mas ele segurou os meus braços e prensou minhas pernas nas deles.
Samuel: Olha como você fala comigo, garota. Ta pensando que é quem? Cansei de você faz tempo.
Manuela: Me solta. – Disse quase sem voz e sem fôlego. A minha sorte foi o Gabriel ter aparecido.
Gabriel: Solta ela agora, Samuka.
Samuel: Defendendo a namoradinha? – Ele riu e continuo me enforcando.
Gabriel: Eu mandei você soltar. – Ele empurrou o Samuel e os dois começaram a se bater. Ou melhor, a se socarem. Eu entrei o meio e a Regina também. Impedi o Gabriel de continuar com a briga.
Manuela: Ei, para. Chega, Gabriel. Ele me soltou. Vamos pra lá. Por favor. Chega. – Ele não me respondeu. Só olhou com raiva pro Samuel. – A Bruna quer falar contigo.
Samuel: Vai se ferrar e manda aquela garota ir junto contigo pro inferno.
Gabriel e eu fomos pro pátio, longe de onde o Samuel estava.
Manuela: Ta mais calmo?
Gabriel: Um pouco.
Manuela: Quer um copo com água?
Gabriel: Não. Só me abraça. – Eu o abracei e ele me apertou. Pude sentir o coração dele acelerado. Ele fazia carinho no meu cabelo.
Fechei os olhos e fiquei curtindo o abraço dele. Quando eu abri os olhos, vi de longe, o Guilherme me encarando. Eu automaticamente sai do abraço do Gabriel e ele ficou me olhando. Por sorte, o sinal tocou e eu não teria que explicar nada ao Gabriel.
Isabela distribuiu uns convites pra uma recepção na casa dela. Ela me convidou, inclusive. O que era bem estranho, pelo ódio dela por mim. Mas ela sabia que, se eu fosse, ela podia contar com a participação de vários garotos.
Depois da aula, eu fui almoçar com o Gabriel. Ele parecia meio distante.
Manuela: Aconteceu alguma coisa?
Gabriel: Uns problemas.
Manuela: Não quer me contar? – Eu disse dando uma garfada na minha comida.
Gabriel: Agora não.
Manuela: Quando quiser, eu estarei aqui.
Gabriel: Quer estudar comigo essa semana? As provas começam semana que vem e tal...
Manuela: Claro. Com certeza.
Gabriel: Já decidiu o que vai cursar?
Manuela: Tô cheia de dúvida ainda. Cada hora me identifico com algum curso. É difícil escolher o que quero ser pro resto da vida.
Gabriel: É foda mesmo. Mas tu consegue. Tem que fazer isso logo, Manu. Já já começa a maratona de vestibulares.
Manuela: Nem me lembre. – Ele riu.
Gabriel: Quer fazer o que depois daqui?
Manuela: Você quem sabe.
Gabriel: Sua vez de escolher.
Manuela: Na verdade, eu queria ficar quietinha com você. Deitada em alguma lugar.
Gabriel: Vou interpretar isso errado, hein. – Eu dei risada ao ouvi-lo e bati na perna dele devagar.
Manuela: Sem más intenções, ok!?
Gabriel: Quer ir lá pra casa?

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