domingo, 20 de dezembro de 2015

13
Guilherme: Vou procurar. Calma aí. – Ele começou a procurar meu uniforme e eu continuei olhando em todos os lugares que já tinha olhado pra conferir. 
Pro nosso susto, a Helen entrou no quarto e me pegou só de sutiã num quarto junto com o filho dela.
Helen: O que ta acontecendo aqui?
Guilherme: Po, a Manu não ta achando o uniforme dela. A gente ta procurando.
Helen: E por que você tem que ficar de sutiã na frente do meu filho? – Ela disse brava.
Manuela: Desculpa, Helen. Ele veio nos chamar pra ir tomar café e eu estava assim. Foi sem querer.
Helen: Teu uniforme ta lavando. Vai com qualquer outra blusa hoje. E desçam logo pra tomar café. Já estão começando a ficar atrasados. – Todos nós assentimos com a cabeça e eu coloquei uma regata.
Descemos. A Bruna estava com uma cara péssima. Horrível mesmo. A Jack estava quietinha. Lua me olhou de cima abaixo. A Amanda foi a unica simpática, me deu um sorriso. Que estranho! Tomamos café e o clima estava péssimo. Ninguém conversou ou algo do tipo.
Fomos a pé pro colégio e Felipe estava esperando-nos na entrada.
Felipe: Po, Manu, tu é o assunto da escola.
Manuela: Droga! Tinha esquecido do trouxa do Otávio. – Felipe deu um beijo rápido na Flávia e nós entramos na escola. Por todo lugar que eu ia tinha um pra perguntar: "Tu vai denunciar o Otávio?", "Se eu fosse você, tinha deixado ele abusar de mim", "Quem me dera estar no seu lugar", "Piranha". Era uma coisa pior que a outra que eu tive que ouvir. Mas fui forte, Guilherme segurou a minha mão.
Guilherme: Seja forte e se tu não conseguir, eu vou estar aqui pra te manter de pé. – Ele disse no meu ouvido e eu sorri. Meu Deus, como ele me fazia bem!
Nós fomos pra nossas salas e havia um professor substituto de inglês. Ele nos falou que Otávio tinha sido demitido. Droga. Fiquei com muito medo dele contar pra todo colégio que eu e as meninas somos garotas de programas. Só de pensar naquilo, já me deu calafrios.
A diretora me chamou pra conversar e me perguntou se eu tinha feito alguma queixa contra ele. Falei que não e ela me incentivou a denuncia-lo. Disse que faria, mas menti. O medo dele espalhar o "segredo", era maior.
O intervalo chegou. Eu fui pro banheiro feminino e ouvi o barulho desagradável de alguém vomitando em um dos boxes. A menina começou a chorar e eu reconheci o choro. Era Bruna. Eu tinha certeza.
Manuela: Bruna!?
Bruna: Manu, me ajuda, por favor. – Ela abriu o box e me permitiu entrar. Ela estava ajoelhada de frente pra pia. Vomitava muito e estava com uma aparência horrível.
Manuela: Meu Deus, Bruna. O que tu tem?


97° CAPÍTULO

Bruna: Não sei. Fazem dias que eu não paro de vomitar. Tudo me faz querer vomitar.
Manuela: Tu já foi pra um médico? Tu precisa ir, sério. – Ele vomitou de novo. Eu tirei o cabelo do rosto dela e fiquei fazendo "vento", porque estava muito quente ali dentro.
Bruna: Não. Eu não quero ir. Eu não posso ir. – Ela começou a chorar desesperadamente.
Manuela: Calma, Bruna. Por que tu ta chorando? O que tu acha que tu tem?
Bruna: Um filho dentro de mim, é isso que eu acho que eu tenho, Manuela. – Meu coração parece que parou. Eu gelei. Um filho? Veio, automaticamente na minha cabeça o Guilherme falando que já tinha transado com ela. Merda! Esse filho não podia ser do Guilherme. Não podia. Merda! Merda! Merda!
Manuela: Meu Deus, Meu Deus. E de quem é?
Bruna: E importa isso agora? Eu não posso ter esse filho, Manuela. Não dá.
Manuela: Por que?
Bruna: Não quero falar disso. Me ajuda a sair da escola? Eu preciso ir embora.
Manuela: Ta legal.
Ela não conseguia levantar sozinha. Estava péssima. Ela tinha marcas horríveis no braço. Pedi ajuda pra diretora e ela mandou alguém leva-la pra casa. Eu voltei pro intervalo e Flávia estava no maior love com o Felipe. Tive que estragar o momento dos dois pra falar com ela. Puxei-a pra um canto.
Manuela: Flá, a Bruna ta grávida.
Flávia: Que? – Ela me olhou assustada.
Manuela: Ela acabou de me dizer no banheiro. Cara, ela tá muito estranha. Com umas marcas estranhas no braço.
Flávia: Não reparei nas marcas. Mas percebi que ela anda estranha mesmo. Mais agressiva. Diferente.
Manuela: A gente precisa descobrir o que ela tem. Ela não quer ir a um médico.
Flávia: Tenho outros modos pra descobrir. Fica tranquila.
Manuela: Amiga... – Eu não aguentei e comecei a chorar. Flávia imediatamente me abraçou.
Flávia: Por que você ta chorando, Manu? O que houve?
Manuela: E se o filho for do Guilherme?
Flávia: Que? Eles transaram? – Ela me olhou meio chocada.
Manuela: Sim. – Eu chorei mais do que já estava. Abracei Flávia forte.
Flávia: Calma, amiga. A gente vai descobrir isso também. – Assenti com a cabeça e Guilherme veio super preocupado quando me viu chorando.
Guilherme: Que foi, Manu?
Manuela: Nada. Nada. – Eu o vi na minha frente e a vontade de chorar só aumentou. Ele me puxou, me tirando dos braços da Flávia e me abraçou. Eu chorei feito criança e ele tentou me acalmar.
Guilherme: Manu... Ei, olha pra mim. – Eu olhei pra ele com os olhos cheio de lágrimas. – Tu ta assim pelo que esses idiotas tão falando por causa do Otávio? Não fica assim, amor. Por favor. – Ele me abraçou com força e eu fingi que era esse o motivo do choro. Abracei-o bem forte.
O fato de eu ser amiga da Flávia me fez me tornar "popular" que nem ela. Não era algo que me agradava muito. Porque tudo, exatamente tudo que eu fazia naquele colégio parecia estar sendo vijiado por alguém. O pessoal me viu chorando e já saiu falando besteira. Espalharam que eu estava traumatizada por causa do asédio do Otávio. Que ridículos, sério. Queria pegar um a um e dar um murro neles. 
Passei o resto das aulas pensando que o filho da Bruna podia ser do Guilherme. Eu não consigo pensar em nada diferente. Nada importava. Otávio não me preocupava mais, ele estava longe da escola e isso já me tranquilizava. 
Voltamos pra casa caminhando calmamente. Jack parecia triste e não trocou muito papo com a gente. Lua estava animada, aparentemente, Gabriel conversou com ela e isso fez com que ela se animasse. Fiquei feliz por ela. Eu não o amava e ficaria feliz se ela conseguisse fazê-lo feliz. Quem sabe eu não poderia ajudar esses dois? Aí a Lua não me odiaria tanto.
Amanda puxou muito papo comigo e com os outros também. Foi bem estranho. Parecia que ela tinha tomado pilulas do bom-humor. Eu não estava animada, mas tentei não demonstrar tanto isso. Flávia ficou falando de como o Felipe estava sendo um fofo com ela. Eu sinceramente achava que esses dois iam se casar ainda. Guilherme me abraçou uma hora e eu sai de perto. Ele estranhou e eu fingi que não queria que ele me abraçasse pra que as outras meninas não vissem.
Nós estávamos perto de casa quando achamos alguém deitado um quateirão antes da casa da Helen. Estava com o uniforme da nossa escola.
Flávia: Quem será? –Nos aproximamos com cuidado e levamos um susto quando vimos que era a Bruna. – Meu Deus, é a Bruna. Guilherme, pega ela e leva agora pra casa. Rápido.
Ele fez o que a Flávia pediu e nós fomos correndo atrás dele. Colocamos-a deitada no sofá e fizemos de tudo pra acorda-la. Nada funcionou. Ela estava pálida e os roxos nos braços mais fortes.
Manuela: Essa guria ta com sérios problemas. Ela precisa de um médico urgente.
Guilherme: Não, Manu. Não. Ela não quer ir em um médico.
Manuela: Tu devia ajuda-la, não incentivar que ela continue nesse estado.
Jack: Que estado?
Manuela: Ela não contou pra ninguém?
Amanda: Pra mim, não.
Lua: Nem pra mim.
Flávia: Aparentemente, só pro Guilherme.
Guilherme: É...
Manuela: Jack, tu pode fazer uma sopa pra ela? Vou tentar acorda-la e depois dou a sopa.
Jack: Claro.
Guilherme me ajudou a levar a Bruna pro quarto que ela dividia com a Lua. Deitou-a na cama e depois de muito tentar, ela acordou.
Bruna: Como eu vim parar aqui?
Manuela: Tu tava caída na rua, perto daqui.
Bruna: Nossa...
Manuela: Viu como você precisa de ajuda? Imagina se algum louco te pega e te abusa?
Bruna: Não fala isso.
Manuela: É o que poderia ter acontecido se a gente não chegasse a tempo. Tu desmaiou no caminho?
Bruna: Mais ou menos.
Manuela: Como assim?
Bruna: Eu não quero falar disso, Manuela. Tu não tem o direito de me cobrar isso. Eu não quero. – Ela ficou nervosa ao falar aquilo.
Manuela: Ei, ei, calma! Tu tem razão. Ta legal, não precisa me falar nada. – Jack apareceu com a sopa. – Eu vou te deixar em paz assim que tu comer todo esse prato de sopa. Tu ta fraca. Precisa comer.
Bruna: Se eu engolir tudo isso, tu me deixa em paz?
Manuela: Sim.
Bruna: Combinado. – Ajudei-a a comer toda a sopa. Tive que força-la a comer tudo. Depois sai do quarto e a deixei conversando com o Guilherme.
Merda! O que ela não queria me contar? E essa gravidez? Meu coração parecia estar sendo esmagado cada vez que eu lembrava da chance daquele filho ser do Guilherme. Seria demais pra mim, aguentar aquilo.
Ao anoitecer, nós fomos pra boate. Guilherme, como sempre, ficou no quarto dele. Eu queria ir lá, abraça-lo e beija-lo, depois falar que eu era dele e isso que importava. Mas não fiz nada disso. A Bruna ficou em casa, não estava em condições de ir pra boate hoje.
A lista de clientes pra atender era grande hoje. Atendi 20 e Helen ainda queria que atendesse mais 5 que estavam a muito tempo na lista de espera.
Helen: Vamos, Manu. Só mais 5. – Ela disse me incentivando. Mas eu não queria.
Manuela: Hoje não.
Helen: Puta que pariu, Manuela. Eles vão pagar maravilhosamente bem. Vamos. 
Manuela: Manda pras outras meninas. Eu já fiz 20 hoje.
Helen: Eles querem você. Acha que eu já não tentei mandar pras outras? Eles querem só você. – Me senti bem ao ouvi-la. Ela estava na minha mão, literalmente.
Manuela: Amanhã, Helen. Amanhã.
Helen: Te dou 50% do programa se tu for agora.
Manuela: 65 ou nada.
Helen: 65? Isso é um roubo.
Manuela: Deixa pra amanhã então.
Helen: 60 então.
Manuela: 65, já disse.
Helen: Ta bom, Manuela. Tu venceu. Anda logo.
Ponto pra mim! Era bom vê-la começando a ficar nas minhas mãos. Era excelente. Meu plano estava dando mais certo do que eu imaginava e em menos tempo também. Isso era ótimo.
Fiz os 5 programas e recebi minha porcentagem total do dia. Helen não gostou muito de me dar a porcentagem a mais, porque eles pagaram muito bem mesmo.
Fomos pra casa e eu fui pro meu quarto com a Flávia. 
Flávia: Amiga, sábado é aniversário da Lua. Tinha esquecido. Tenho que comprar algo pra ela.
Manuela: Ta zuando? Isso vai ser ótimo.
Flávia: Ótimo por que?
Manuela: Depois te explico. – Ela assentiu com a cabeça e nós deitamos. Tava tarde já.
No outro dia, nós estávamos tomando café pra ir pra escola quando ouvimos um barulho vindo do banheiro central. Flávia correu abrir a porta. Por sorte, estava destrancada.
Flávia: Me ajudem aqui, meninas! – Ela gritou. Nós todas corremos pro banheiro e a Bruna estava caída no chão. 
Manuela: O que aconteceu?
Bruna: Eu tive uma tontura, não foi nada. Já to legal. Só me ajudem a levantar. – Flávia e eu a ajudamos e ela apoiou-se na pia quando ficou de pé. Inclinou a cabeça pra frente.
Flávia: Vamos pra um médico, Bruna?
Bruna: Não. Não. Não. Eu não vou pra um médico.
Flávia: Para de ser teimosa, cara. Por que não quer ir?
Bruna: Não se mete na minha vida, velho. Eu sei o que estou fazendo.
Flávia: Só to querendo ajudar, não precisa ser grossa. – Bruna não respondeu, saiu do banheiro pisando duro.
Nós terminamos de nos arrumar e Amanda antes de ir pro colégio dela com a Helen se dispediu de mim. Foi algo bem estranho. Depois despediu-se do Guilherme. Louca!
Nós fomos pro colégio a pé. A Bruna foi conosco. Não estava bem, mas ela quis ir. Quem ia impedir, né!? Eu que não.
Nós chegamos bem cedo no colégio e o Gabriel veio puxar assunto comigo.
Gabriel: E aí, sumida?
Manuela: Sumida eu? Nada a ver.
Gabriel: Po, fiquei preocupado com o que houve com o Otávio. Tu ta legal?
Manuela: Tô. Foi mais o susto mesmo. Tô de boa.
Gabriel: Que bom então, Manu. Vim aqui pra te chamar pra sair comigo um dia desses. O que acha?
Manuela: Ah, Biel... – Eu fiz uma pausa. Guilherme não ia gostar nem um pouco se eu saísse com ele, por mais que nós não tivéssemos algo oficial, eu não queria brigar com ele atoa. – Acho que eu não posso.
Gabriel: Por que?
Manuela: Ah, calma, eu precisa de um favor seu. Se tu me ajudar, a gente sai.
Gabriel: Já era. O que tu precisa de mim?
Manuela: Preciso que tu chame a Lua pra sair.
Gabriel: Ta zuando? Po, tu sabe que ela me curte e eu não quero iludir, Manu.
Manuela: É por uma boa causa, juro. Tu só precisa chama-la pra sair e o resto eu faço.
Gabriel: E depois tu sai comigo?
Manuela: Vou pensar.
Gabriel: Feito. – Ele sorriu e deu um beijo no meu rosto. Voltei pra perto das meninas e Guilherme me olhou feio.
Guilherme: O que vocês estavam conversando?
Manuela: Biel me pediu em casamento.
Guilherme: E tu disse que já é casada, né!? – Eu dei risada e ele me abraçou. Depois deu um beijo na minha testa. Nós ficamos abraçados e conversando com todo mundo até que o sinal tocou.
Nós fomos pra aula e Guilherme ficou me mandando um bilhetinhos. Eu respondia e dava pra ele. Uma hora a professora percebeu e pegou um dos bilhetes da mão do Guilherme.
Martha: Vejamos só... – Ela abriu o bilhete e me olhou. – Isso é coisa que se diga pra um garoto, Manuela? – Ela fez uma cara espantada. Eu não me aguentei e soltei um riso, Guilherme também riu.
Henrique: Ah, professora, agora explana aí o que ela mandou pro Guilherme.
Martha: Eu jamais vou falar isso em voz alta. – Isabela levantou-se assim que a professora terminou de falar. Pegou o papel da mão da mesma e leu o que estava escrito. – Me devolve isso, Isabela.
Isabela: Meu Deus, Manuela. Tu se superou. – Ela balançava o papel no alto e a professora tanta pegar.
Samuka: O que ta escrito aí? Para de enrolar, Isa.
Isabela: Ta escrito: "A noite, eu faço tudo e qualquer coisa que você quiser..."
Henrique: Oh, prof., todo esse drama pra isso?
Isabela: Não esperava nada diferente da Manuela.
Manuela: Ah, é? Por que? Ao contrário de você, eu não me faço de virgem e nem de santa. Sendo que todo mundo sabe que você ta longe de ser inocente. – Eu me levantei e cruzei os braços, fiquei olhando pra ela.
Gabriel: Tu podia dormir sem essa, Isa. – Todos riram.
Samuka: Oh, Manuzinha, tu bem que podia ter mandando esse recado aí pra mim, né!? – Virei pra trás e ele estava olhando pra minha bunda.
Flávia: Uns pode, outros passam vontade, Samuquinha. – Novamente todo mundo deu risada.
Gabriel me olhou meio triste e Samuka piscou pra mim. Samuka era um otário que tinha cara de devia fica o dia todo no redtube.
A professora não deixou o bafafá continuar e logo o intervalo chegou. Eu, como sempre, passei o intervalo com as meninas, Guilherme e o Felipe. 
Samuel chamou Guilherme no canto e falou meio bravo com ele. Apontou o dedo na cara de Guilherme e tudo mais. Bruna se encolheu no banco em que nós estávamos sentados. Eu continuei olhando pros dois discutindo. Depois Guilherme voltou pra onde nós estávamos.
Manuela: Ele estava brigando contigo?
Guilherme: Ele é um otário.
Manuela: Por que estavam brigando?
Guilherme: Nada, Manu. Relaxa.
Manuela: Odeio tu ficar escondendo as coisas de mim.
Guilherme: Em casa eu te falo. – Assenti com a cabeça e nós ficamos num clima meio chato.
O resto da aula foi chato e nós finalmente voltamos pra casa. Almoçamos e eu puxei Guilherme pro meu quarto.
Manuela: Fala logo. – Nós estávamos de pé, um de frente pro outro. Ele riu ao me ouvir e me puxou pela cintura. Inclinou o rosto e começou a beijar o meu pescoço. – Para com isso. 
Guilherme: Por que? Tu não disse que ia fazer tudo o que eu quisesse?
Manuela: A noite. – Eu ri e levei a mão pra nuca dele, fiquei alisando enquanto ele beijava o meu pescoço. – Me fala, amor.
Guilherme: É a primeira vez que tu me chama de amor. Ta tão curiosa assim? – Ele deu um chupão no meu pescoço e começou a apertar a minha cintura.
Manuela: Muito. – Ele me beijou. Um beijo longo e com desejo, mas não ia deixar ele me enrolar. Dei uns selinhos nele. – Não vai me falar?
Guilherme: É problema da Bruna, amor. Samuka é trouxa.
Manuela: Por que você não me fala o que ta acontecendo com ela?
Guilherme: Porque ela me pediu segredo, amor. Ela não quer que ninguém saiba.
Manuela: Por que? É tão grave assim?
Guilherme: Bastante.
Manuela: Quero saber. – Fiz um biquinho e ele me abraçou. – Por favor, amor.
Guilherme: Já já todo mundo vai saber, amor. Por enquanto, tenta ajudar a Bruna do jeito que der. Ela ta precisando.
Manuela: Tenho dó do bebê dela.
Guilherme: Do que tu ta falando? – Ele ergueu uma sobrancelha e me apertou o meu corpo no corpo dele.
Manuela: Do filho que ela ta esperando, ué.
Guilherme: Pirou, amor? – Ele me olhou com dúvida. Parecia não saber do que eu estava falando. Será que ela não estava grávida? Mas ela disse que estava. Minha mente pirou. Eu queria muito saber o que a Bruna tinha. Muito.

Manuela: Ela ta grávida, você não sabia?
Guilherme: Ta zuando?
Manuela: É, ué. Mas se não é esse o segredo dela, qual é?
Guilherme: Agora tu me deixou confuso, velho. Eu não sabia da gravidez. – Eu o ouvi e não aguentei. Comecei a chorar. Ele sentou-se na cama comigo. – Ei, ei, por que você ta chorando, amor?
Manuela: O fi-filho da Bruna – Eu disse entre soluços.
Guilherme: O que tem o filho dela? Se é que tem filho mesmo... – Ele me abraçou e eu chorei ainda mais.
Manuela: Pode ser seu, não pode? – Ele me encarou por vários segundos e me apertou em um forte abraço. Parecia aquilo era um "sim". Minha cabeça girava e meu coração estava acelerado. Eu senti como se eu tivesse o Guilherme nas mãos e agora, ele estava escorrendo entre os meus dedos.
Guilherme: Da onde você tirou isso, amor? – Ele tentou me fazer parar de chorar, mas não deu muito certo. Eu continuei chorando.
Manuela: Você transou com ela, não transou?
Guilherme: Faz um ano ou mais, Manu. Tu pirou? Esse filho não é meu. – Eu ouvi aquilo e meu coração acelerou ainda mais. Eu abracei com força e chorei, agora, de alivio.
Manuela: Nossa, que alivio. Tu não faz ideia do quanto eu tava mal com isso na cabeça.
Guilherme: E ficou pensando merda, né não!? Devia ter vindo conversar comigo antes. Aí não ia ficar com essa besteira na cabeça.
Manuela: Ah, amor, eu fiquei com medo. Eu só pensei que tu tinha engravidado ela. Desculpa não ter vindo conversar com você antes.
Guilherme: Ta legal, amor. Mas sempre que achar algo desse tipo, fala comigo antes. – Ele me abraçou e me beijou de novo. Nós ficamos nos beijando por algum tempo até que Flávia entrou no quarto.
Flávia: Opaaaaaa! Desculpa, casal. Não pensei que vocês estavam se pegando aqui. – Ela riu.
Guilherme: Não vai ver o Felipe hoje, não?
Flávia: Ele ta no futebol. Me mandou mensagem te chamando pra ir pra lá. Falou que tu não atende as mil ligações dele.
Guilherme: Meu celular nem ta comigo, véi. Amor, vou lá, ta!? – Ele me deu um selinho e eu assenti com a cabeça. – Valeu, Flá. – Ela sorriu em resposta e ele saiu do quarto.
Flávia: Tavam falando do seu afilhado, Manu? – Ela falou ironicamente e riu.
Manuela: Palhaça! Cara, que alivio, o filho da Bruna não é dele.
Flávia: Ele fez teste de DNA?
Manuela: Não. Faz um ano que eles não transam.
Flávia: Amém, irmãos.
Manuela: Mas eu ainda não sei o que ela tem. Aqueles roxos no braço são mega estranhos.
Flávia: Vim aqui te contar o que ta rolando na escola sobre dela.
Manuela: Desembucha, mulher.
Flávia: Tão dizendo que o Samuka ta envolvido nisso. Mas não sei como.
Manuela: Ele ta batendo nela? Eu não acredito, eu vou acabar com a raça dele.
Flávia: Não, louca.
Manuela: Então o que ele tem a ver com isso?
Flávia: É isso que eu ainda não descobri, mas logo logo alguém me conta. To investigando tudo, amiga. O Henrique é doido por você. Tu podia usar disso pra saber mais alguma coisinha, né, amiga?
Manuela: Ah, é. Aí o Guilherme me vê com ele e aí? Eu fico como? Pirou?
Flávia: Seja discreta, ué.

Manuela: Não, nem louca. E ele é doido por qualquer uma que dê a minima moral pra ele, amiga. Vai você.
Flávia: Ô, Manu, pensa comigo, se eu fosse teria que fazer a escola toda não me ver com ele. O teu caso é mais simples. Ninguém sabe que você ta com o Gui, eu teria só que distrair ele. E pronto.
Manuela: Ainda te mato. Juro.
Nós ficamos conversando de quais as possibilidades de coisas que a Bruna podia ter. Nada nos convenceu. Estudei e estava quase na hora de ir pra boate.
Flávia e eu fizemos o show da noite e depois nós fomos pro camarim. A Lua e Jack estavam no palco fazendo outro show. Atendi 10 clientes hoje, incluindo uma mulher. O décimo primeiro fez um pedido estranho.
Helen: Manu, o próximo cliente pediu pra tu ir com um sobretudo. Mas é pra estar nua por baixo.
Manuela: Que louco. – Ela riu do que eu falei e Flávia me olhou estranho. Ela nunca ria de nada.
Helen: O cliente tem sempre razão.
Manuela: Sempre.
Helen: Vai lá, Manu.
Manuela: To indo. – Ela saiu da sala.
Flávia: Manu? Ela te chamou de Manu? Sério? Eu ouvi direito. Ela foi gentil contigo? Meu Deus, o mundo vai acabar. – Nós rimos e eu fiquei nua. Coloquei o sobretudo e fui pro quarto onde o meu próximo cliente estava.
A luz do quarto estava apagada e eu não pude ver o rosto dele. Fiquei encostada na porta.
Manuela: Posso ajuda-lo? – O cliente ligou a luz do abajur e vestida um moletom com a toca.
Jorge: Tira a roupa.
Manuela: Claro. – Eu fiquei nua e ele acendeu a luz. Meu rosto corou e meu coração acelerou. Não era ninguém mais e ninguém menos do que meu pai. Ele me olhava decepcionado.
Jorge: É pra isso que tu saiu de casa, Manuela? Pra isso? – Ele falava grosso e eu tapava o meu corpo. Peguei o sobretudo pra tentar esconder mais meu corpo. Me encostei no canto da parede e comecei a chorar. – Pra isso? Pra virar uma puta? – Eu olhava pra baixo. Não consegui olhar pra ele. Olhar nos olhos dele. A vergonha era maior. – Olha pra mim. Olha pra mim. Olha pra mim, Manuela. – Eu chorava, mas olhei pra ele. – Como tu pode sair de casa pra isso? Pra dar o rabo pra qualquer velho nojento que pague qualquer merrequina? – Eu coloquei o sobretudo meio rápido e me levantei.
Manuela: O senhor não tem o direito de falar assim comigo. Eu sai de casa por sua causa. Porque eu não aguentava mais o senhor.
Jorge: Cala essa boca. – Ele chegou perto de mim e segurou o meu cabelo, puxou com força minha cabeça pra trás. – Cala a boca que eu estou falando. Tu me envergonha. – Ele cuspiu na minha cara. – Eu tenho nojo de você, nojo. – Ele me jogou no chão com toda a força que ele tinha. Depois inclinou o corpo e bateu no meu rosto. Eu chorava desesperadamente.
Manuela: Para, pai. Para. – Eu chorava e eu me batia. Eu deitei no chão e ele chutou a minha barriga. Tirou o próprio cinto e começou a me dar cintadas por todo o corpo. Eu não conseguia nem mais chorar de tanta dor. Ele me pegou pelo cabelo e me levantou. Eu estava sem forças de tanto apanhar.


Jorge: Agora nós vamos mostrar pros teus clientes a vagabunda que tu é. Aliás, a vagabunda que tu virou. – Meu olho estava roxo e minha boca cheia de sangue já. Ele já tinha me batido muito. Ele me levou pelos cabelos até o palco onde as meninas estavam fazendo o show. Ele entrou no meio e me colocou no centro do palco. Pegou um microfone e começou a falar. – Senhores clientes dessa boate. Estão vendo essa vagabunda aqui? – Ninguém respondeu nada, mas ele continuou. – Essa puta, é minha filha. Eu tenho nojo de dizer isso. Porque eu dei a vida a isso e olha no que ela se transformou. Nesse lixo. – Ele olhou pra mim e disse: – Sua mãe sentiria nojo de você também se soubesse no que tu virou. Essa puta.
João: Uma puta gostosa. – Um cara gritou da plateia.
Jorge: Ela deve ser muito boa mesmo. Tive que pegar "fila" pra dar essa lição nela. – Ele chegou perto de mim e me bateu ainda mais. Vi de longe a Flávia vindo correndo na minha direção e a Helen segurando-a pelo braço. A Jack, Amanda, Lua e a Bruna me olhavam com pena, mas não fizeram nada. Meu pai me batia, me espancava na frente daquela plateia cheia de homens que apenas assistiam. Ninguém reagiu. Ninguém fez nada pra me ajudar. Eu estava muito machucada, mas ele não parava de me bater. Só parou quando a Flávia fugiu de Helen e invadiu o palco. Jack e Amanda vieram na direção dela e as duas, tiraram o meu pai de perto de mim. Eu estava chorando muito e não sentia algumas partes do meu corpo.
Eu não conseguia mover o meu corpo, Flávia, Amanda e Jack tentaram me levantar, mas não conseguiram. Helen mando um segurança pegar o mau pai e um outro pra me ajudar. Meio tarde, mas mandou. O segurança colocou o meu pai pra fora da boate e o outro, me levou pro carro. Amanda já tinha carta e me levou pro hospital. Flávia veio conosco.
Flávia: Amiga, amiga, fala comigo... Tu ta me ouvindo? – Eu estava de olho fechado, não conseguia ficar com o olho aberto. – Não dorme, amiga. Por favor. Conversa comigo. Não é bom tu dormir. Amiga, sério. Fala qualquer coisa. – Eu murmurei o que consegui e ela ficou mais tranquila. Amanda logo chegou no hospital.
Os médicos me atenderam depois de duas horas que eu cheguei lá. Eu dormi, não aguentei. Quando acordei, estava tomando soro na veia e a Flávia estava sentada em uma cadeira. Eu estava meio zonza ainda. Senti uma dor enorme na cabeça. Flávia me viu acordada.
Flávia: Amiga, tu ta bem?
Manuela: To com cara de quem ta bem? – Ela deu um risinho.
Flávia: Nem assim tu deixa de falar besteira, hein, Manu?
Manuela: Nunca perco o senso de humor. – Senti uma dor na boca e coloquei a mão na mesma. Levei um susto quando vi as marcas no meu braço. Senti uns calombos no meu rosto. Meu olho direito parecia estar inchado porque eu não enxergava muito bem com ele. – Ele me deformou inteira, né!?
Flávia: Sim, amiga. O doutor disse que tu vai precisar de um tempinho pra se recuperar de todas as manchas e fraturas.
Manuela: Ele sabe que foi agressão?

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