terça-feira, 22 de dezembro de 2015

24
Manuela: Ei, calma... – Eu me abaixei na frente dela. Ela me olhou.
Bruna: Calma? Como posso ter calma? Eu to grávida, tô com AIDS e ainda por cima sou drogada. Não tem como ficar calma.
Amanda desceu da escada e nos viu, chamei-a para me ajudar.
Manuela: Amanda, me ajuda levar a Bruna pro quarto, por favor. – Disse num tom meio desesperado. Ela me ajudou. Seguramos a Bruna pelos braços e levamos-a pro quarto. A Lua estava lá. Não gostou muito de me ver, mas não disse nada. Só falou com a Amanda.
Lua: O que ela tem?
Amanda: Está drogada. Grande novidade. Manu, não seria bom da um banho nela? Ela ta fedendo.
Manuela: Vamos... – Nós levamos-a a até o banheiro. Eu tirei as roupas dela enquanto a Amanda ligava o chuveiro. Colocamos-a debaixo do chuveiro. Ela reclamava e tentava sair, mas a Amanda impedia. Eu dei um banho rápido nela. Coloquei uma camisola nela e deitei-a na cama. Ela não demorou nada pra dormir. A Lua ficou com ela no quarto. Nem em sonhos a Helen podia aparecer e vê-la naquele estado.
Amanda e eu fomos pra sala.
Amanda: Você tem uma paciência enorme e é muito insistente. Todas nós já desistimos da Bruna e você continua aí, ajudando-a.
Manuela: Gosto de ajudar quem merece a minha ajuda. A Bruna não é um caso perdido, pra não merecer ajuda. Ela só precisa de apoio. Se aquele babaca do Samuel apoiasse, pelo menos a gravidez dela, ela não se afundaria tanto.
Amanda: Ele nunca prestou.
Manuela: Da pra notar pelo jeito tosco dele. – Eu me sentei no sofá e a Amanda sentou do meu lado.
Amanda: Ele é mais tosco do que você pode imaginar.
Manuela: Por que diz isso? – Cruzei as pernas no sofá e sentei de frente pra Amanda. Ela virou o rosto pra mim e ficou me olhando.
Amanda: Ele... – Ela exitou em falar.
Manuela: Diz, Amanda. Pode confiar em mim.
Amanda: Eu sei que eu posso, é só que eu não gosto muito de falar disso. Me faz mal ainda.
Manuela: O que aquele idiota fez com você? – Disse preocupada.
Amanda: O que faz com todas as garotas que se iludem com ele...
Manuela: Já gostou dela? Tadinha de você.
Amanda: Já. Já fui obcecada por ele. E ele se aproveitou disso, como sempre faz. Ele me forçou a trançar com ele. Perdi minha virgindade da pior maneira possível.
Manuela: Que canalha, cara! – Disse inconformada. Amanda ficou quietinha, apenas me olhando. Ela suspirou e fez uma cara meio triste.
Amanda: Eu já superei isso, mas quando me lembro, tenho vontade de socá-lo e de me vingar dele. Ver ele sendo um canalha com a Bruna me da uma pena dela. Queria que ela visse antes que ele não prestava e não se envolvesse com ele. Mas além de se envolver, ela engravidou dele.
Helen: Quem engravidou de quem? – Ela falou fechando a porta da sala. Meu coração acelerou e minha garganta secou. E agora? Meu Deus! Eu era péssima em inventar desculpas, gaguejava e suava frio. Amanda notou que eu fiquei desesperada quando ouvi a Helen.
Amanda: Acredita que aquela menina, amiga de infância do Guilherme, como é mesmo o nome dela?
Helen: A Gabriela?
Amanda: Essa mesma. Ela engravidou de um amigo em comum dela e do Guilherme.
Helen: Nossa, essas meninas de hoje em dia me surpreende cada vez mais... Guilherme nem comentou nada comigo.
Amanda: Ficamos sabendo ontem.
Helen: Ah, sim. Vou pro meu quarto e já vou sair de novo. Amanda, tu vai vir comigo, tenho uma boa notícia pra você, mas você vai ter que ver.
Amanda: Ta certo. – Ela subiu pro quarto dela.
Manuela: O que será que ela quer?
Amanda: Vai saber...
Nós continuamos conversando até que a Helen a chamou pra sair com ela. Eu fui pro meu quarto e comecei a me arrumar. Já estava escurecendo e logo o Gabriel ia passar pra me buscar. Não gostei muito da ideia, Guilherme podia entender errado, mas Gabriel insistiu tanto que eu cedi.
Tomei banho e coloquei um vestido lindo. Era um pouco curto, mas não era chamativo e não me chamariam de biscate por usá-lo. Ele valoriza os meus seios. Gabriel disse que ia me levar em um restaurante e depois, iriamos pra onde eu quisesse. Ainda não tinha decidido nada, mas durante o jantar eu ia pensar em alguma coisa. 
Arrumei os cabelos e fiz uns cachos nas pontas, amava o meu cabelo daquele jeito.
A Flávia entrou no quarto enquanto eu me arrumava.
Flávia: Meu Deus! Que menina gata.
Manuela: Linda e poderosa, pode dizer. – Nós rimos.
Flávia: Tudo isso pro Gabriel?
Manuela: Para, Flá. A gente só vai jantar e ele é só meu amigo.
Flávia: Aham, só não esquece de avisar isso pra ele, ta!? – Ela riu e eu fiz uma cara brava pra ela.
Manuela: Me ajuda a me maquiar, vai. – Ela me maquiou e no final, passou um batom vermelho que me deixou ainda mais gata. Sendo totalmente humilde, claro.
Flávia: Vai arrasar, Manuzinha.
Manuela: Quando eu não arraso? – Demos risada e eu coloquei um salto alto.
Flávia: Como é se sentir alta uma vez na vida?
Manuela: Que absurdo. Eu nem sou tão baixa assim.
Flávia: Tu só perde pra Bruna.
Manuela: Falando nela...
Flávia: Ih, sem se dê ao trabalho. Já fui informada sobre o acontecido.
Manuela: Nem sei mais o que fazer pra ajuda-la.
Flávia: Ela tem que querer ajuda pra isso, Manu. Não se esforça por quem não ta nem aí. Ela não quer melhorar.
O meu celular começou a tocar e eu atendi.
Manuela: Alô!?
Gabriel: Tô aqui na frente já. Vem pra cá.
Manuela: To indo.
Desliguei o celular.
Manuela: Depois a gente fala disso, amiga. – Dei um beijo no rosto dela.
Flávia: Cadê o perfume? – Ela riu e me entregou. Eu passei meio depressa e sai do quarto.
Desci as escadas e quando coloquei a mão na maçaneta da porta pra abrir, Guilherme falou comigo. Eu gelei.
Guilherme: Você está incrível. – Ele disse saindo da cozinha, eu virei de frente pra ele e ele ficou me olhando. – Como sempre, está linda. – Eu sorri ao ouvi-lo.
Manuela: Obrigada.
Guilherme: Vai onde? Quer dizer, se quiser e puder me contar.
Manuela: É... – Eu fiquei meio sem jeito. Como ia contar a ele que ia sair com o Gabriel?
Guilherme: Ei, relaxa. Não precisa me dizer. – Ele disse olhando diretamente pra mim.
Manuela: Vou jantar com o Gabriel, mas não é o que você está pensando. Sério. Ele é só meu amigo.
Guilherme: Eu já entendi tudo, Manu. Bom encontro. – Ele disse subindo as escadas.
Manuela: Não é um encontro. – Eu disse e ele parou em um dos degraus, olhou pra mim e assentiu com a cabeça.
Guilherme: Ta. – Ele deu um sorriso meio sem graça e subiu. 
Eu respirei fundo e sai de casa. Gabriel estava encostado na carro e me viu saindo. Eu tranquei a porta e fui na direção dele.
Gabriel: Você é real, sério? – Eu dei risada ao ouvi-lo. Dei um beijo no rosto dele e ele abriu a porta do carro dele pra eu entrar.
Manuela: Sou totalmente real. – Eu entrei no carro e ele fechou a porta. Ele deu a volta no carro e entrou.
Gabriel: Jantar primeiro, certo!?
Manuela: Certíssimo, senhor. – Eu sorri e ele deu partida no carro.
Gabriel: Curti o "senhor". – Ele dirigia enquanto conversava comigo. – E aí, já sabe o que vamos fazer depois do jantar?
Manuela: Tô em dúvida ainda. Você podia me ajudar, né!?
Gabriel: Você tem que escolher, não posso interferir. – Ele riu.
Manuela: Mas eu não tenho ideia de onde podemos ir.
Gabriel: Nenhuma? – Ele me olhou meio rápido, deu um sorrisinho e depois voltou a olhar pro trânsito.
Manuela: Gabriel! – Eu disse reprendendo-o.
Gabriel: Tô zuando, Manu. – Ele ria enquanto dirigia. – Mas sério, diz alguma coisa que você gosta de fazer.
Manuela: Dançar.
Gabriel: Balada?
Manuela: Até que não seria uma má ideia, mas minha roupa não está muito apropriada pra esse tipo de ocasião. – Disse olhando pro meu vestido.
Gabriel: Manu, eu to de terno. Tem como estar menos apropriado do que isso? Ninguém liga, todos estarão bêbados demais pra ligar pra isso.
Manuela: Vou pensar sobre isso.
Gabriel: Certo, senhora.
Manuela: Senhora? Me sinto uma idosa.
Gabriel: Tu é hilária, Manu. – Ele disse rindo.
Manuela: É o que todos dizem. – Eu ri.
Ele dirigiu por alguns minutos e logo estacionou na frente do restaurante. Era um lugar totalmente chique. As pessoas estavam bem vestidas e pareciam ser totalmente elegantes. Fora que deviam ter muito dinheiro. Gabriel abriu a porta do carro para que eu saísse e me deu a mão para eu sair.
Quando eu saí, ele deu um beijo na minha mão e eu sorri. Eu coloquei uma mão no braço dele e nós entramos assim no restaurante. Ele já tinha feito uma reserva.
Nós fomos até a mesa que o garçom nos direcionou. Sentamos e o Gabriel pediu champanhe.
Manuela: Me sinto uma mendiga nesse lugar.
Gabriel: Mendiga? Tu não notou todos os olhares masculinos enquanto nós vinhamos pra mesa?
Manuela: Sério? – Ergui uma sobrancelha. – Você ta dizendo isso só pra me agradar.
Gabriel: É sério, Manu. Olha disfarçadamente pra sua diagonal direita. – Eu olhei bem disfarçadamente. – Aquele senhor ainda não tirou os olhos de você. – Eu voltei a olhar pro Gabriel e dei risada.
Manuela: Continuo com a mesma opinião.
Gabriel: Você é a mais linda desse restaurante.
Manuela: Você está dizendo isso só pra me agradar. Não vale. – Ele sorriu ao me ouvir.
Gabriel: Não to, Manu. Sério. – Ele acabou de falar e o garçom veio nos perguntar o que iriamos jantar. Gabriel pediu e o garçom saiu de perto.
Manuela: E a Lua? – Perguntei enquanto dava um gole no champanhe. 
Gabriel: Não sei e nem quero saber mais dela, Manu.
Manuela: Uau. – Achei a resposta dele meio grossa.
Gabriel: Fui grosso, né!? Foi mal. Não foi a intenção. Só não quero mais saber dela. Aliás, nunca quis.
Manuela: Entendi.
Gabriel: Por que a pergunta?
Manuela: Curiosidade.
Gabriel: Sei. – Ele me olhou e sorriu. O garçom trouxe nossos pratos e nós jantamos. Depois, o Gabriel quis pedir uma sobremesa, mas eu não estava com muita vontade. – Podemos ir, então?
Manuela: Sim. Eu fui ao banheiro primeiro, ta!?
Gabriel: Certo. Eu vou pagando então. Te encontro lá na saída.
Manuela: Ok. 
Eu fui ao banheiro, dei uma retocada no meu batom e depois sai. No caminho até a saída do restaurante, aquele senhor que estava me olhando no começo, parou na minha frente. Meu coração disparou quando eu percebi que se tratava nada mais, nada menos do que um cliente da boate. Ele tinha me reconhecido? Puta merda!
Levi: Ei, eu conheço você. – Ele disse olhando pra mim. Quer dizer, olhando pro meu decote. Velho tarado.
Manuela: Conhece? Acredito que você esteja me confundindo com alguém. Eu não faço ideia de quem seja o senhor.
Levi: Faz sim, senhorita. A senhorita sabe muito bem quem eu sou. – Ele disse com um tom de voz meio assanhado. Não gostei daquilo. Minhas mãos tremiam.
Manuela: Foi um engano, senhor. Eu não o conheço e nem o senhor a mim. Adeus. – Eu disse passando por ele, mas ele virou-se e segurou o meu braço. Eu parei de andar mas fiquei virada de costas pra ele.
Levi: Acha que eu não te reconheço? Sei bem quem você é, senhorita.
Gabriel: O que está acontecendo aqui? – Ele disse vindo na minha direção e parando na minha frente. – Por que esse senhor está segurando o seu braço, Manuela?
Levi: Esse é o seu nome então? Manuela! Bonito nome. Não mais bonito do que você. Me lembro bem de você. – Ele deslizava a mão grossa pelo meu braço enquanto me segurava com a outra mão.
Gabriel: Do que é que o senhor está falando? Solte ela. Agora!
Levi: Está em horário de serviço, senhorita Manuela? Uma pena. Solta-la? Por que eu faria isso? Ela me conhece. Conte a ele. Me conhece muito bem. – Meu coração estava disparado. Eu realmente não sabia reagir quando estava nervosa. Merda!
Gabriel: Você conhece esse senhor, Manu?
Manuela: Não. Claro que não. Me ajuda, Gabriel. – Eu falava meio tremula. Espero que o Gabriel não tenha percebido a tensão em minha voz.
Levi: Que mentira, menina. Diz a ele quem sou eu.
Gabriel: Senhor, isso já está ficando desagradável. Solte minha namorada antes que eu peça pra um garçom mandar um segurança pra fazer isso. Ela não tem conhece, não a ouviu? Isso foi um terrível engano.
Levi: Diz a ele que você me conhece da boate, senhorita. 
Nós estávamos perto do banheiro, o homem só me soltou quando viu os seguranças do restaurante se aproximando da gente. Gabriel segurou a minha mão e foi me puxando até a recepção do restaurante.
Gabriel: Estou extremamente decepcionado com o tipo de clientes que vem a esse restaurante. Minha namorada acabou de passar por uma situação muito constrangedora
Recepcionista: Nós sentimos muito. Já retiramos aquele senhor daqui. Esperamos que vocês voltem. Prometemos que nada assim vai acontecer de novo. Nos colocamos a disposição pra leva-los pra casa.
Gabriel: Não precisa. Estou de carro. Pensarei duas vezes antes de voltar aqui. Mas obrigado do mesmo jeito.
A recepcionista ficou pálida e Gabriel e eu saímos do restaurante. Eu estava meio nervosa ainda. Meio sem graça também. Entramos no carro de Gabriel. Ele ficou me olhando.
Gabriel: Você ta legal?
Manuela: Meio assustada ainda.
Gabriel: Você conhecia aquele...
Manuela: Não. – Eu o interrompi. – Lógico que não. De onde eu iria conhece-lo?
Gabriel: Nunca se sabe. – Ele me olhava fixamente.
Manuela: Não viaja. – Eu disse brava.
Gabriel: Desculpa... Nunca mais volto nesse lugar.
Manuela: Não devia voltar mesmo. Não combina com você.
Gabriel: Como assim? – Ele ergueu uma sobrancelha.
Manuela: Esse terno não combina com você. – Eu disse colocando a mão na gravata dela. Deixei ela mais larga no pescoço dele e a puxei pra cima, tirando-a dele. Abri o paletó dele e comecei a tirar. Ele me ajudou.
Gabriel: Não via a hora de me livrar disto. – Ele ria.
Manuela: Você tem 18 anos e com esse terno parece ter 25.
Gabriel: Queria que eu viesse como pra um restaurante como esse?
Manuela: Da próxima vez, me leva pra uma lanchonete que vai me fazer ficar menos constrangida. – Nós riamos. Eu abri uns dois botões da camiseta dele. As tatuagens que ele tinha no peito ficaram a mostra.
Gabriel: Então vai ter próxima vez? – Ele disse com um sorriso enorme no rosto.
Manuela: Vou pensar no teu caso. – Eu ri. – Vamos logo pra balada ou não?
Gabriel: Você quem manda. – Ele colocou a chave no carro e deu partida. 
Gabriel dirigiu até uma balada bem conhecida e uma das mais agitadas de São Paulo. Ele parou o carro no estacionamento. Eu fui pra abrir a porta, mas ele segurou a minha mão.
Gabriel: Manu... – Ele disse olhando pra minha mão e depois, olhou pro meu rosto.
Manuela: Oi? – Perguntei.
Gabriel: Te a... – Eu coloquei a mão na boca dela, impedindo-o de falar.
Manuela: Não fala isso. – Ele segurou a minha mão e tirou-a da boca dele. Ficou alisando a mesma e colocou a mão livre dele no meu pescoço.
Gabriel: Não falo se você não quiser, mas é a verdade.
Manuela: Biel, não faz assim, por favor.
Ele colocou a mão na minha nuca e puxou o meu rosto pra colar com o dele. Virou um pouquinho o rosto e me beijou. Eu fui pega de surpresa. Ele não me deu tempo nem pra pensar. Ele enfiava a língua na minha boca e eu fiquei com os olhos abertos, sem reação.
Ele continuava me beijando, mas eu levei as mãos pro peito dele e empurrei-o. Assim, eu fiz com que ele se afastasse de mim e parasse de me beijar. Ele ficou me olhando e eu encarava-o.
Gabriel: Manu, eu amo você. Eu preciso de você. Preciso que você seja minha.
Manuela: Gabriel...
Gabriel: Não, Manu. – Ele me cortou. – Me deixa falar. Eu quero e preciso falar. Eu te amo, velho. Esse amor que eu sinto por você é algo que eu tive que aprender a lhe dar, sabe!? Primeiro porque eu nunca gostei de uma garota como eu gosto de você. Foi difícil pra mim, aceitar isso. Eu neguei pra mim mesmo umas milhões de vezes. Segundo que, quando eu finalmente resolvi assumir esse amor pra mim e principalmente pra você, era tarde. Você já estava em outra e eu perdi a oportunidade de ter uma garota incrível como você. Você é linda, Manu. – Ele falava olhando nos meus olhos. Eu não me movi, só prestava atenção no que ele dizia. Ele colocou uma mão no meu rosto e começou a fazer carinho. – Mas, ao contrário dos idiotas da escola, eu não gosto só do teu corpo ou então da tua beleza. Você é realmente linda e tem um corpo deslumbrante, mas eu vi algo além disso em você. Esse teu jeito é fascinante. Me dá vontade de conhecer cada vez mais. E cada coisa que descubro sobre você, cada coisa nova que você me mostra sobre você, me encanta ainda mais. Você é guerreira, luta pelo que quer e isso é bonito demais, Manu. Você é madura e sensata. É bem humorada. Mesmo quando o mundo da desabando nos teus pés, o sorriso ta sempre aí no teu rosto. E sabe o que mais? É, tem mais, muito mais. Você pisa em cima dos teus problemas pra ajudar os outros. Esquece de você se preciso for. Tem noção de quantas pessoas no mundo são assim? Pouquíssimas. Você pensa em você, mas depois que pensou em todos. Isso é incrível.
Manuela: Para, Biel. Por favor. – Ele alisava o meu rosto e aproximou o rosto dele do meu. Eu só fiquei olhando-o.
Gabriel: Você merece mais do que um idiota que não confie em você ou que não te ouça. Merece mais do que alguém que prejudique sua mãe ou qualquer pessoa importante pra você. – Ele beijou a minha testa e me envolveu em um abraço. Eu respirei fundo milhões de vezes pra não chorar, mas estava extremamente difícil segurar o choro. – Ele não te merece. Ele não merece a mulher incrível que você é, Manu. Não merece.
Manuela: Para de falar dele, Gabriel! – Eu disse brava e sai do abraço que ele me envolvia.
Gabriel: Você sabe que eu não gosto de menosprezar ninguém e ganhar a luta pela desistência dos outros não faz lá o meu tipo. Mas é a real. Eu não quero que você fique comigo porque acha que ele não é bom. Quero que fique comigo porque você acha que eu sou bom. Porque você me ama, não porque você quer deixar de ama-lo.
Manuela: Me ouve. – Eu interrompi-o. – Eu agradeço todos os elogios que tu me fez, mas chega. Sério. Eu já te falei que não tem chances de acontecer nada e se for acontecer, vai ser naturalmente. Mas com esses papos, não dá. Eu não vou te iludir. Não vou ficar com você só pra esquece-lo. Você não quer e não merece isso. Eu sei. Agora, por favor, esquece isso. Você é brilhante e eu amo você. Mas não acredito que seja o tipo de amor que você quer de mim agora.
Gabriel: Já vi que não vou conseguir, né!?
Manuela: É.
Gabriel: Ta. Não vou mais insistir. Agora é só amizade. Eu jurei que seria o amigo que tu precisasse e vou cumprir. Vamos pra balada logo?
Manuela: Pensei que nunca fosse pedir isso. – Ele riu ao me ouvir.
Gabriel: É desse senso de humor que eu estava falando.
Nós saímos do carro e eu ajeitei melhor a roupa dele. Ele estava todo amarrotado, tirou o paletó e a gravata, mas continuava lindo.
Gabriel comprou os ingressos e nós entramos. Estava lotada e pra todos os lados, só tinham pessoas bonitas. Nós fomos pro meio da pista e começamos a dançar. Ficamos uma hora dançando quase. Gabriel ia sempre buscar bebida pra nós dois e cada vez que ele saia de perto, um cara chegava em mim. Óbvio que eu não fiquei com nenhum deles. Até porque, eu não tinha clima pra isso. Só pensava em dançar e beber.
O Gabriel estava bem animado. Ele era bem forte pra bebida, muito mais forte do que eu. Eu já via tudo girando a minha volta, até que o Gabriel teve a brilhante ideia de viramos tequila.
Gabriel: Vai arregar agora, Manu?
Manuela: Não fale assim comigo. – Eu bati no peito dele devagar. – Vamos logo virar esse treco.
Gabriel: Duas doses de tequila, por favor. – Ele disse ao garçom assim que chegamos no bar. Não demorou nada e o garçom trouxe as bebidas. – Você primeiro. – Ele disse me entregando o copinho.
Manuela: Por que eu?
Gabriel: As moças primeiro. – Ele riu.
Manuela: Você me paga... – Ele continuou rindo e eu virei a dose de tequila. Ele segurou a minha cabeça e girou-a com pressa. Vi tudo girando e piorou o meu estado depois de terceira dose que eu tinha me dado. – Tô bêbada. – Disse rindo e apoiando a cabeça no ombro dele.
Gabriel: Jura? – Ele colocou a mão no meu cabelo e começou a fazer carinho.
Manuela: Quero dançar. – Eu segurei a mão dele e puxei-o até a pista de dançar. Estava tocando umas musicas pops remixadas. Eu fiquei de costas e o Gabriel me abraçou por trás. Eu estava bêbada demais pra tira-lo de lá. Ele colocou as mãos na minha barriga e começou a me encochar conforme a musica tocava. Eu virei um braço e coloquei-o na nuca dele. Ele tirou o meu cabelo da nuca e começou a beija-la. Eu me arrepiei e ele percebeu. Mordeu de leve a minha nuca e aproximou mais o meu corpo do meu. A essas alturas eu já via tudo girando ao meu redor e dava risada de tudo. Continuei dançando e as vezes, rebolava o quadril pra provoca-lo. Mas quando senti o pau dele roçar na minha bunda, eu me virei de frente pra ele e comecei a dançar abraçada com ele.
Ele alisava a lateral do meu corpo e nós dançávamos coladinhos.
Manuela: Que papo foi aquele de "minha namorada" que tu disse no restaurante? – Eu disse com a boca colada no ouvido dele.
Gabriel: Era isso ou aquele idiota não ia te soltar. – Ele disse alto pra eu ouvir por conta da musica muito alta tocando.
Manuela: E você não podia dizer "minha amiga"? – Ele apertou a minha cintura e me puxou pra colar o corpo com o dele.
Gabriel: Não. – Ele disse sorridente. Eu via-o girando na minha frente por conta da bebida. Eu pude senti-lo segurando o meu rosto devagar e encostando os lábios nos meus. Ele começou a me beijar. No começo, eu resisti, mas depois, eu cedi. Não culpo a bebida por isso. Eu queria beija-lo. Por que? Isso nem mesmo eu posso explicar, mas queria. E queria muito.
Ele sorriu quando eu terminei o beijo com um selinho.
Manuela: Vamos embora?
Gabriel: Já?
Manuela: Tô passando mal.
Gabriel: Vamos. – Ele segurou no meu braço e me ajudou ir até o carro dele. Eu caminhava cambaleando e rindo feito idiota. Não falava coisa com coisa.
Manuela: Vai mesmo me por no teu carro? Eu to quase gorfando, vai estragar teu carro.
Gabriel: Eu mando lavar depois.
Manuela: Vai mandar lavar ao invés de me por num taxi direto pra casa?
Gabriel: Você veio comigo e vai voltar comigo.
Manuela: Não! Não quero sujar teu carro. – Eu caminhei até a parede mais próxima que eu achei e me apoiei nela. Ele me seguiu. – Vai embora. – Eu disse empurrando o peito dele.
Gabriel: Não saio daqui sem você.
Manuela: Mas devia. – Disse cruzando os braços e me sentando no chão. Meu vestido só me permitiu que eu me agachasse.
Gabriel: Você não quer ir pra casa? – Ele abaixou na minha frente.
Manuela: De verdade mesmo? Não.
Gabriel: Vem comigo, Manu. Sério. Vem logo.
Manuela: Não vou sair daqui. Quero ver tu me obrigar.
Gabriel: Não seja por isso. – Ele me segurou pelo quadril e colocou o meu corpo apoiado no ombro direito dele. Me levou assim até o carro e me sentou no mesmo. – Deixa de marra. – Ele deu a volta no carro e sentou no banco do motorista. – Vou te levar pra casa.
Eu não queria ir pra casa. Não queria bater de frente com o Guilherme. Não queria. A unica solução rápida que eu pensei foi segurar o rosto do Gabriel e beija-lo. Ele correspondeu, como sempre. Me beijou como nunca tinha beijado antes. Ele sempre foi fofo e calmo, mas sempre com aquele gostinho de "quero mais", de desejo. Mas dessa vez foi mais quente, mais acelerado. Ele me puxou e eu sentei no colo dele. Estávamos no carro, apesar de ser um carro grande e alto, não era totalmente cômodo estar ali, mas nem liguei. Continuei beijando-o. Levei as mãos pro cabelo dele e intercalava os carinhos no cabelo com arranhões pela nuca. Ele levou as mãos pras minha coxas e apertou-as com vontade. Alisou a mesma e subiu as mãos, fazendo com que meu vestido subisse. Eu sorri durante o beijo e ele mordeu meu lábio inferior. Parei o beijo e fiquei olhando-o.
O efeito do álcool ainda estava ali em mim. Eu sorri pra ele e ele puxou a minha nuca, logo começou a beijar novamente. Eu explorava cada canto da boca dele com a língua, ele chupava a minha língua. Eu pude sentir as mãos dele na minha bunda. Ele apertava e alisava a mesma com força e com cuidado ao mesmo tempo. Eu segurei o no queixo dele e aumentei a intensidade do beijo. Ele começou a mover o quadril e eu entendi o recado. Comecei a rebolar no colo dele. Enfiei uma mão na camiseta dele e alisei toda a lateral do corpo dele. Nós paramos de nos beijar e ficamos nos olhando. Ele sorriu pra mim e eu segurei as mãos dele, coloquei-as embaixo dos meus seios e ele subiu as mesmas. Apertou os meus seios por cima do vestido. Eu suspirei e sorri em seguida. Alisei o rosto dele e voltei a beija-lo. Quando caí em mim, me toquei que aquilo era errado. Que droga eu estava fazendo? Eu prometi que não iria iludi-lo e isso não ia ajudar. E outra, o Guilherme me veio a cabeça. Eu não podia fazer isso com ele. Parei imediatamente de beijar o Gabriel e saí do colo dele. Ele ficou me olhando enquanto tentava controlar a respiração.
Manuela: Desculpa. Eu não devia ter feito... Ter feito isso.
Gabriel: Não devia ter parado.
Manuela: Não dá, Biel. Eu não consigo.
Gabriel: Ta, Manu... – Ele suspirou e deu partida no carro. – Vou te levar pra casa, vai.
Manuela: Não, por favor. – Eu disse enquanto abaixava o meu vestido.
Gabriel: Quer ir pra onde, então?
Manuela: Pra qualquer lugar, menos pra lá.
Gabriel: Vou te levar pra um lugar.
Eu encostei a cabeça no banco do carro e estava tão bêbada que não demorou nada para que eu pegasse no sono. Não me lembro de nada depois disso. Nada. Absolutamente nada.
Acordei em um quarto grande e deitada em uma cama enorme. Eu estava morrendo de sede, culpa da ressaca. Meu Deus, onde eu estou? Me sentei na cama e logo vi o Gabriel saindo do banheiro.
Manuela: Pra onde você me trouxe? Por que minha ultima lembrança é de eu encostar a cabeça no banco do seu carro? Droga! – Senti uma dor na cabeça horrível. – E por que minha cabeça dói tanto?
Gabriel: Bom dia pra você, Manu. Bom, vamos lá ao questionário. Sua cabeça dói tanto porque você encheu a cara na noite passada. Tenho uma parcela de culpa nisso. Sua ultima lembrança é estar no banco meu carro porque foi exatamente lá que você dormiu. Aí eu tive que te carregar até aqui.
Manuela: E onde é exatamente "aqui"?
Gabriel: Minha casa, Manu. Você dormiu na minha cama. Este é o meu quarto. – Ele deu um sorriso.
Manuela: Você também dormiu aqui?
Gabriel: Pirou? Dormi nesse colchão aqui no chão. – Ele chutou o colchão e ao olhar pra baixo, eu pude vê-lo.
Manuela: Ai, eu não acredito que você dormiu aí por minha causa. – Eu me encolhi.
Gabriel: Sem problemas. Precisa de um banho?
Manuela: Creio que sim. Não vou incomodar mais do que já incomodei?
Gabriel: Não. Tem uma toalha em cima da pia pra você. Pode usar tudo que precisar do banheiro.
Manuela: Obrigada. – Disse entrando no banheiro.
Eu entrei no banheiro e tirei o vestido. Olhei no espelho e eu estava péssima. O resto da maquiagem que sobrou no meu rosto estava todo espalhado e me fez parecer um monstro. O Gabriel me viu assim? Que horror! Eu tirei minha calcinha e o sutiã. Entrei no box e comecei a tomar banho. Senti uma tontura enquanto tomava o banho, acabei escorregando e caindo. Gritei, porque assustei ao cair. Gabriel começou a bater desesperado na porta do banheiro.
Gabriel: Ei, Manuela. Você ta bem? Fala comigo? – Ele falava no intervalo das batidas que dava na porta.
Eu demorei pra respondê-lo porque fiquei rindo de mim mesma naquela situação. Me levantei e ele ainda estava me chamando.
Manuela: Biel, calma! – Eu disse alto. – Eu tô legal. Eu escorreguei, mas já to bem.
Gabriel: Você tem certeza? Quer que eu entre aí?
Manuela: Como pretendo fazer isso? Arrombando a porta? – Eu disse rindo.
Gabriel: É, a minha Manu está aí. – Ele riu. – Sai logo daí pra gente tomar café lá embaixo.
Manuela: Ta legal. Eu já vou.
Eu terminei o banho com rapidez e logo sai do box. Me sequei e percebi que não tinha outra roupa para vestir. Meu vestido não me pareceu uma opção boa.
Manuela: Biel!? – Eu me enrolei na toalha e abri um pouquinho a porta.
Gabriel: Eu. – Ele disse vindo na direção da porta.
Manuela: Será que vai ser muita ousadia eu te pedir pra me emprestar uma roupa?
Gabriel: Claro que não. Vou lá pegar alguma coisa da minha mãe pra você vestir.
Manuela: Não! – Eu disse rapidamente. – Não, Biel. Sério. Por favor. Não me mata de vergonha. Algo da sua mãe não.
Gabriel: Então vai vestir o que? – Ele disse me olhando pela frestinha que eu tinha aberto da porta.
Manuela: Ah... – Eu pensei um pouco. – Uma camiseta sua já ajuda. Não quero incomodar sua mãe.
Gabriel: Não seria um incomodo, Manu. Mas você quem sabe. Vou pegar uma camiseta minha, calma aí.
Manuela: Ai, obrigada! – Eu disse saindo do banheiro enrolada na toalha. Meus cabelos estavam molhados. Eu passava a mão nele enquanto o Gabriel pegava uma camiseta no guarda-roupas.
Gabriel: Está eu acho que vai ficar parecendo menos um pijama pra vo... – Ele disse virando e me olhando. Ele parou de falar quando me olhou. Eu não tinha percebido nada, até olhar pra ele e vê-lo me encarando.
Manuela: O que foi? Tem alguma coisa em mim? – Eu olhei pro meu corpo e passei a mão no meu rosto.
Gabriel: Uau! – Ele disse e depois sorriu. – Você é deslumbrante.
Manuela: Caraca, Biel. Que susto. – Eu dei risada.
Gabriel: Você é linda e te ver assim, só de toalha no meu quarto é meio torturante. – Eu peguei um ursinho de pelúcia que estava na estante dele e joguei na direção dele. Ele pegou no ar. – Não foi dessa vez, Manu. – Nós ríamos.
Manuela: Droga!
Gabriel: Tó... – Ele disse vindo na minha direção e estendendo a mão com a camiseta dele.
Manuela: Obriga... – Eu fui pega-la, mas ele não deixou. Depois que eu coloquei as mãos na camiseta, ele me segurou pela cintura e me puxou. Ele colou o meu corpo no dele e ficou me encarando
Ele inclinou o rosto até a altura do meu pescoço, tirou o cabelo que estava ali e jogou-o para trás. Logo em seguida, ele colocou os lábios no meu pescoço e começou a beija-lo. Eu respirei fundo. A ideia de ficar ou até mesmo transar com o Gabriel não era nada ruim, mas eu não tinha clima pra isto. Eu ainda amava o Guilherme e sinceramente, acho que esquecê-lo, vai ser algo trabalhoso. O Gabriel era incrivelmente lindo. Tudo nele era incrível. O jeito, o sorriso. Tudo. Tudo ajudava um pouquinho pra que ele fosse um garoto extremamente lindo e por que não dizer, perfeito? Ele era.
Eu me arrepiei com os beijos dele no meu pescoço. Ele notou. Colocou uma mão no meu braço e fez carinho enquanto alisava a minha nuca. Eu coloquei a mão na nuca dele e entrelacei os dedos no cabelo dele. Puxei de leve e o fiz parar de beijar o meu pescoço.
Gabriel: Perai, não diz nada. Tu vai dizer "Para, Biel", né!? Já sei. – Ele disse se afastando de mim.
Manuela: Ainda bem que você sabe. – Eu fiz uma careta e ele riu. – Vou me trocar.
Gabriel: Pode trocar aqui mesmo.
Manuela: Boa tentativa, Gabriel. – Nós ríamos. Eu fui pro banheiro, coloquei o sutiã e a camiseta que o Gabriel me emprestou. Ficou parecendo uma camisola em mim de tão grande que era. Eu me olhei no espelho e dei risada. Fiz um coque no cabelo e saí do banheiro.
Gabriel: Cabe mais umas 3 de você aí. – Ele disse assim que me viu.
Manuela: Só 3? – Eu dei risada.
Gabriel: Ta com fome?
Manuela: Ai, eu podia ser uma lady e dizer que não, mas como não sou, vou dizer a verdade. Tô morrendo.
Gabriel: Bora comer então, ogrinha. – Ele disse levantando da cama, segurando a minha mão e me puxando.
Eu fui andando com ele até o corredor e quando chegamos perto da escada para ir pra sala de estar, ouvi vozes.
Manuela: Seus pais estão aí? Ai, não. – Eu disse escondendo o meu rosto.
Gabriel: Ta com vergonha? Não da nada, po.
Manuela: Ah, olha como eu to. Sua mãe vai achar o que de mim? Vestindo tua camiseta e saindo do seu quarto pela manhã. Que primeira impressão maravilhosa! – Disse ironicamente. Ele riu.
Gabriel: Meu pai vai se orgulhar por trazer uma guria tão linda quanto você pra casa. E minha mãe já viu essa cena algumas vezes. Relaxa.
Manuela: Ah, bom saber! – Disse cruzando os braços.
Gabriel: Ciúmes? – Ele disse meio animado. – Ela não gosta da maioria, relaxa.
Manuela: Agora você me tranquilizou totalmente! – Disse brava e ele ficou rindo de mim.
Gabriel: A maioria fala "oi" e nem a cumprimenta. E também elas eram nojentinhas pra comer. Não aceitaram nada do que minha mãe colocou na mesa. É só fazer o contrário.
Manuela: Ela vai me achar uma gulosa. Você sabe que eu como de tudo. – Ele riu.
Gabriel: Viu só? Um ponto a mais pra você. Ela vai te lotar de comida se você deixar. Vem logo. – Ele segurou a minha mão de novo e me puxou.
Nós descemos as escadas e fomos até a sala de estar onde a mãe dele estava tomando café.
Gabriel: Bom dia, dona Marisa.
Marisa: Menino, por que não me chama só de "mãe"? Bom dia, querida. – Ela disse assim que se virou e me viu.
Manuela: Bom dia. – Eu me aproximei dela e dei um beijo em seu rosto. – Como vai a senhora?
Marisa: Ai, não, lindinha. Senhora não. Me sinto uma idosa. Sei que não estou na flor da idade, mas me chama só de você. Por favor. – Ela disse rindo. Ela realmente não era nenhuma idosa. Era uma mulher que aparentava esta na meia idade. Mas era linda e toda arrumada. Confesso que ela parecia ter feito várias plásticas pra manter toda a beleza e juventude, mas o corpo era escultural. Ela coloria muita mulher de 20 anos no chinelo.
Manuela: Flor da idade? A senhora... Me desculpe! Você está magnifica. Fala sério. Olha esse corpo. – Ela sorriu ao me ouvir e se levantou. Me abraçou.
Marisa: Ai, que amor! Muito obrigada! Gabriel, por que é que você nunca trouxe-a para cá? Que menina encantadora. – Ele riu e sentou ndo lado da mãe na mesa. Ela voltou a se sentar e eu sentei do lado do Gabriel.
Gabriel: Ela demorou a me aceitar.
Manuela: Somos só amigos! – Eu disse cutucando o Gabriel.
Gabriel: Ah, é. Ela não me aceitou ainda! – Ele riu e pegou pão pra ele.
Marisa: E como você chama, lindinha?
Manuela: Manuela, mas pode me chamar só de Manu. Eu prefiro.
Marisa: Certo, Manu. O que você quer comer?
Manuela: Ah, qualquer coisa.
Marisa: Não me diga que está de regime.
Manuela: Não! – Eu dei risada e olhei pro Gabriel. – Regime não faz muito a minha praia.
Marisa: Ótimo! – Ela disse animada. – Pegue o que quiser, querida. Pode se servir.
Manuela: Obrigada! – Eu peguei o que queria, comi enquanto Gabriel conversava com ela.
Gabriel: Cadê o pai?
Marisa: Ele estava na mesa dois minutos antes de vocês chegarem. O motorista reclamou de um barulho estranho no carro e eles foram ver o problema. Já já ele volta.
Gabriel: Ela é linda, né, mãe!? – Ele disse olhando pra mim. Eu estava terminando de mastigar e fiquei roxa quando os dois voltaram os olhares pra mim.
Manuela: Gabriel! – Bati no ombro dele devagar. – Que vergonha!
Marisa: Vergonha do que? Você é linda mesmo. É a mais linda que o Gabriel já trouxe pra cá.
Manuela: Duvido muito. Ele já teve ter trazidos várias e muito bonitas. – Gabriel ficou me olhando e rindo.
Marisa: Não muitas, mas você é a mais bonita. Com certeza.
Manuela: Muito obrigada, Marisa! – Eu sorri pra ela e o Gabriel fez uma careta pra mim. Eu chutei-o por debaixo da mesa.
Eu pude ouvir o pai do Gabriel conversando com alguém na cozinha. Ele falava alto, era impossível não ouvi-lo. Ele entrou na sala de estar e eu gelei. Eu conhecia aquele homem. Ele tinha, aparentemente, uns 45 anos. O pior: era meu cliente. Sim, meu cliente. Eu não sabia o que fazer. Nem ele. Ele me viu e ficou sem reação. Meu coração estava acelerado e eu podia sentir minhas mãos geladas. Eu engoli a seco e ele fingiu não me conhecer. Passou por mim como se nunca tivesse me visto na vida. Mas ele sabia muito bem que eu era. Ah, como sabia.

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