quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

3
Guilherme: Por que tu não foi com todo mundo?
Manuela: Tua mãe quer falar comigo antes. Não sei se to fudida ou muito fudida.
Guilherme: Minha mãe não é tão monstro assim.
Manuela: Eu sei, lindo. Mas nunca se sabe o que ela pode querer comigo.
Guilherme: Lindo? Tu só não é mais irônica por falta de tamanho.
Manuela: Eu guardei a panela, mas posso pega-la de novo, sem problema nenhum.
Guilherme: Que medo.
Manuela: Palhaço.
Guilherme: Delicia.
Manuela: Não sou a Valdirene, mas um milho seria legal na minha vida. – Dei risada. – Brincadeira. Jamais viveria a custa de homem.
Guilherme: Eu te sustentaria, se tivesse grana.
Manuela: Quem disse que eu ia te querer?
Guilherme: Joguei verde.
Eu ri. Guilherme era muito engraçado. Eu estava gostando cada vez mais da companhia dele. Terminei de comer, me levantei pra lavar o meu prato mas ele pegou e lavou toda pra mim.
Manuela: Obrigada, Guilherme.
Guilherme: Não foi nada, estranha.
Eu não estava nada afim de ficar em casa, mas não conhecia nada no bairro.
Manuela: Qual o lugar que eu vá me distrair mais aqui no bairro, Guilherme?
Guilherme: Me chama só de Gui, estranha. Tem um lugar foda. Quer que eu te leve lá?
Manuela: Não vai te atrapalhar?
Guilherme: Ta me vendo fazer alguma coisa muito importante? Não, então vamos.
Assenti com a cabeça. Ele pegou um casaco e nós começamos a andar pelo bairro. Era um bairro normal. Guilherme foi entrando em um prédio abandonado e eu só o segui.
Fomos parar no terraço do prédio. Dava pra ver grande parte da cidade dali. Era incrivelmente lindo.
Manuela: Que lugar lindo.
Guilherme: Esse é o lugar que eu mais gosto de toda a cidade. Eu venho aqui e esqueço tudo. É bom.
Eu me sentei na beira do terraço, pude sentir Guilherme me encarando. Ele parou de pé do meu lado.
Manuela: Olha ali. – Apontei pra um prédio, onde um casal aparentava estar discutindo. A mulher sumiu do campo de visão da janela e depois voltou segurando um bebê. – Ela descobriu que ele a traia, pegou o bebê e deve ter jogado na cara dele que ele não sabe o que significa família. Dou 10 minutos pra ela fazer a mala dele e o expulsar.
Guilherme riu e em seguida falou: – Que imaginação fértil.
Manuela: Espera 10 minutos, se ele não sair. Tu pode me pedir o que quiser. Caso contrário, quem pede sou eu.
Guilherme: Feito.
A gente continuou olhando a cidade. Ele se sentou do meu lado. Estava bem frio e eu não tinha me lembrado de pegar uma blusa de frio. Burra. Comecei a tentar me esquentar, mas não deu muito certo.
Guilherme: Quer meu casaco? – Ele percebeu. Merda.
Manuela: Não precisa, Gui. Valeu.
Guilherme: Precisa sim. Tu ta morrendo de frio. – Ele não me deu tempo pra responder. Tirou o casaco e foi logo colocando em mim.
Não rejeitei o casaco e nem o devolvi. Estava realmente com muito frio. E nossa, como Guilherme era cheiroso.
Não se passaram 5 minutos e o homem que eu tinha falado, saiu do prédio com duas malas na mão.
Manuela: Há! Eu falei.
Guilherme: Droga.
Manuela: Eu sabia!
A gente continuou conversando por uns 30 minutos. O homem voltou com a mala e a esposa estava a vista na janela. Falava com alguém no celular. Chorando e com o bebê no colo.
Guilherme: E agora, senhora cartomante? Por que ele voltou?
Manuela: Provavelmente está acontecendo alguma coisa com o bebê e ele veio socorre-lo.
O homem subiu para o apartamento e os dois estavam a vista na janela. Ele colocou as malas em um canto da sala. Aproximou-se da esposa e a beijou. Depois eles conversaram de pé em frente a janela. A mulher saiu do campo de visão e voltou sem o bebê. Um tempo depois os dois sumiram e a luz apagou.
Guilherme: Rolou um sexo. E tu perdeu.
Manuela: Merda.
Guilherme: Como boa perdedora, tu tem que fazer o que eu quiser agora. 
Me virei de frente pra ele. Ainda continuávamos sentados na sacada.
Manuela: O que eu vou ter que fazer? Não pede nada que eu vá me envergonhar publicamente, por favor.
Guilherme: Prometo ser bonzinho. E como tu quase acertou, eu vou te deixar pedir algo também.
Manuela: Feito. Pede aí.
Guilherme: Quero um beijo.
Estranhei o que ele pediu. Droga. Ele sabia que eu não podia e outra, por que me beijar? Pra eu entrar na lista e ele falar que já tinha pegado todas as meninas?
Manuela: Gui... – Neguei com a cabeça. – Você sabe que eu não posso.
Guilherme: Coé. Pela minha mãe? Ela não tá aqui. Ninguém está. Desencana.
Manuela: Não quero problemas com ela. – Desviei.
Guilherme: Tu perdeu e eu poderia escolher o que quisesse. Para de graça, Manu.
Manuela: Tu me chamou de Manu, não de estranha. – Desviei de assunto.
Guilherme: Não tenta mudar de assunto.
Manuela: Merda. Ta bom, mas é um beijo e acabou.
Ele assentiu com a cabeça. Eu me aproximei dele e fechei os olhos lentamente. Pude sentir a mão fria dele no meu pescoço. Ele alisou o mesmo e aproximou o rosto do meu. Senti a respiração dele e o perfume. Nossa, que perfume. Ele colocou os lábios perto dos meus e começou a me beijar devagar. Entrelacei minha língua na dele e ele chupou a minha língua. Coloquei a mão no rosto dele durante o beijo. Nos beijamos por mais tempo do que devíamos, mas eu simplesmente não quis sair dali. Ele beijava bem e eu estava gostando. Mas acordei pra realidade, puxei o lábio dele. Ele mordiscou o meu lábio inferior, impulsionou o beijo a inciar novamente, mas eu me esquivei. Afastei o rosto do rosto dele.
Manuela: Aposta paga. Agora falta você.
Guilherme: Vai querer o que?
Manuela: A gente vai pegar metro pra tu pagar a tua aposta. 
Guilherme: Seja boazinha. Eu fui legal contigo.
Manuela: Muito legal.
Nós saímos do prédio e fomos pra estação de trem. Ele pagou os nossos bilhetes e nós entramos no trem.
Sentei-me do lado dele e comecei a cobrar a aposta. Sussurrei em seu ouvido: 
– Pega a minha mão e finge que somos namorados. Vou pegar o meu celular, fingir mandar uma mensagem e tu vai surtar. Fazer uma cena de ciúmes enorme. Boa sorte.

Ele riu e pegou na minha mão. A mão dele estava muito fria ainda. Ele devia estar morrendo de frio, já que ele tinha me dado o casaco. Tadinho. Ele começou a alisar a minha mão, eu me distrai por alguns segundos.
Guilherme: Pega o celular. – Ele falou baixinho.
Eu peguei o celular, fingi responder uma mensagem e ele se levantou. Começou a gritar comigo: 
– Droga, Manuela. Da pra tu me dar atenção só um pouco? Esses teus amiguinhos são tão importantes que tu tem que responde-los ao ficar comigo? Porque se a resposta for sim, tu pode ficar com eles. Engula-os. Mas tu me esquece. Eu to de saco cheio de aguentar isso. Deu pra mim.
Entrei no papel e comecei a interpretar. Fingi olhar assustada pra ele. 
Manuela: Amor, para com isso. Você sabe que isso é coisa da sua cabeça. Você vem em primeiro lugar. Sempre. Eles são meus amigos e me convidaram pra uma festa, eu só...
Guilherme: E tu correu pra responder que ia, né!? – Ele me cortou. Eu me segurei muito pra não rir. – Ta vendo? – Ele gritou mais alto. – É dessa merda que eu to falando. Tu não da a minima pro nosso namoro. Pra mim. Eu to de saco cheio, eu quero termin...
Não o deixei terminar de falar, levantei e o beijei. Droga, o que eu tava fazendo? Pude notar que todos no metrô olhavam pra gente e sorriam. A gente se beijou por um período curto, mas foi muito bom. Ele se envolveu. Enfiou a língua na minha boca e eu chupei a língua dele. Senti as mãos dele na minha cintura e ele puxou o meu corpo pra mais perto do corpo dele. Senti o calor do peito dele. Suspirei e finalizei o beijo com um selinho. Falei baixinho no ouvido dele: bom trabalho.
Guilherme: O beijo fazia parte do repertório? – Ele sussurrava.
Manuela: A pegada na minha cintura também? –Eu ri baixinho e ele roubou um selinho de mim. Foi bonitinho. A gente passou o resto da viagem meio grudadinhos, porque roubaram os nossos lugares. Descemos na estação e voltamos pra casa.
Eu ainda estava em dúvida de porque tinha aceitado beijar ele e depois, ter beijado ele por minha iniciativa. Nada de se apagar, Manuela. 
Fui pro quarto e ele foi pro dele. Não consegui pegar no sono fácil. Flávia chegou mais de 3 da manhã e eu ainda estava me afogando nos meus pensamentos. Dormi logo depois.
No dia seguinte, acordei cedo porque ouvi a voz de Helen. Tomei um banho, coloquei uma roupa e fui conversar com ela.
Manuela: Bom dia, Helen. Você queria falar comigo?
Helen: Queria não, eu quero. Vamos pro seu quarto. A Flávia não está lá, né!?
Manuela: Não. Quando eu acordei ela já não estava mais na cama.
Helen: Tudo bem... Subimos pro quarto, fechamos a porta e ela começou a falar: – Bom, eu queria te perguntar uma coisa bem indiscreta, mas necessária... Você já perdeu a virgindade?
Manuela: Já. Mas por que? –A pergunta me deixou meio envergonhada e eu não menti. Perdi minha virgindade com um quase ex namorado. Melhor qualificá-lo como ex ficante. Eu tinha 16 anos e foi bom, mas isso é coisa pra se falar outro dia.
Helen: Poxa, que pena...
Manuela: Pena?
Estranhei a reação de Helen.
Helen: É. Eu pensei que você fosse virgem e, não me entenda mal, mas você valeria mais.
Não entender mal? Vou entender como? Bem? Porque isso foi super chato.
Manuela: Ta tudo certo. É uma pena mesmo.
Helen: Bom. Era isso. Se quiser, não precisa falar pras meninas o que conversamos aqui. Invente qualquer besteira. Hoje a noite tu vai com as meninas pra boate, pra elas te passarem a coreografia e te ensinarem o esquema de lá.
Manuela: Ta.
Helen saiu do quarto e eu continuei lá. Valer mais? Mulherzinha nojenta. Eu odiava aquele mundo e isso porque, ia começar nele ainda. Raiva.
O dia passou rápido, principalmente porque eu e a Jack passamos o dia todo limpando aquela casa gigantesca.
No final do dia, nos arrumamos e fomos pra boate.
Era tudo muito bonito e sensual. Cor vermelha por todos os lados. As meninas me passaram os passos e eu decorei em menos de uma hora.
Flávia: Tu dança bem demais, Manu.
Manuela: Amo dançar, mas nunca tive como praticar muito. Minha mãe não tinha condições de me por em uma aula de dança.
Jack: Manuzinha, bora pros quartos pra gente te mostrar o esquema.
Segui as meninas e entramos num quarto. O quarto era imenso e chique. Tinha uma cama de casal e um frigobar.
Bruna: Esse quarto é para aquele cliente rico e que vai te pagar mais de 1000 reais. Menos que isso, usa um quarto normal. Ali tem o frigobar, tem sempre alguma bebida e tem taças ali no outra cantinho. – Ela apontou e eu só observei.
Lua: Tem comida também, mas é pro cliente. Não coma se não quiser perder mais 10% do programa.
Manuela: Nossa!
Amanda: Não sabe nem da metade.
Flávia: Os banheiros só tem nos quartos como estes. Se tu sair de um programa e precisar muito, no final do corredor, virando a direita, tem um banheiro pra gente. Tu pode tomar banho lá. Nada de levar clientes.
Manuela: Menos 10% já sei.
Jack: 20%, na verdade. – Assustei com a quantidade.
Flávia: O banheiro do quarto você pode usar com o cliente, mas só se ele quiser muito. E não ofereça. Tu vai ter que limpar se sujar muito. A empregada só vem no dia seguinte.
Manuela: E os preços?
Flávia: Isso é com a Helen. Os caras negociam com ela e ela os manda pra gente. Ela vai te falar o que foi pago pra ser feito. Tu não pode fazer nada além do combinado. Se fizer, e o cliente não quiser pagar, o preju saí do seu bolso.
Manuela: Ou seja, seja uma pau mandada.
Bruna: Manu, isso é só o começo. Você não faz ideias das escrotices que tu vai ter que passar. Boa sorte. – Ela me lançou um olhar meio vazio e me deu calafrios.
Elas me mostraram os outros quartos. Eram bem menores e mais simples. Uma cama de casal velha em cada um, e uma estante pequena. Nada demais.
Passamos a coreografia mais uma vez para que a Helen pudesse ver. Ela achou mil defeitos que não existiam. Nos fez mudar um outro passo e me colocou na frente. Pra ser mais especifica, me colocou no lugar que a Amanda estava. Ela me olhou furiosa quando passou por mim pra mudarmos de lugar. Que culpa eu tinha? Nenhuma.
Ajeitamos umas coisas na boate e voltamos pra casa meio tarde. As meninas pararam em uma lanchonete pra buscar algo pra comer. Eu não estava com a fome, então resolvi ir pra casa a pé.
Ia caminhando pelas ruas e em uma delas, tinha uma sorveteria. O que me fez parar e ficar, aproximadamente, um minuto olhando, foi a presença de Guilherme e uma outra garota lá dentro. Eles estavam sentados em uma mesa, de costas pra saída da sorveteria. Eles riam e a menina chegou a dar uma colher cheia de sorvete na boca do Guilherme. A garota era morena e ao virar de perfil, me pareceu realmente muito bonita. Meu estomago embrulhou. Sai dali assim que minha mente me permitiu. Continuei andando pela rua, mas acelerei o passo. Droga, Manuela. Por que você está assim? Você não tinha nada com o Guilherme. Dois beijos e só. Ele jamais ia querer uma garota de programa. Uma futura garota de programa, mas dá no mesmo. Qual é o seu problema, Manuela? Você não o quer. Ou melhor, não pode querer. Me fez muito mal ter visto aquela cena.
Cheguei em casa, corri pro quarto e afoguei o rosto no travesseiro logo após me jogar da cama. Apesar de não ter gostado de ver a cena romântica que Guilherme estava, foi bom pra mim. Sim, bom. Bom pra eu desencanar e nem me iludir. Guilherme não é pra mim. Acorda, Manuela. Sua realidade é outra agora. Conforme-se. Tentei enganar a mim mesma.
Manuela: Imbecil –Gritei o mais alto que pude.
Lembrei-me do que a gente tinha feito no metrô. O beijo do metrô. E do beijo do terraço... Ah, o beijo do terraço. Lembrei de como o Guilherme me fazia rir e me fazia bem. Ele era um garoto incrível. Um garoto incrível que merecia uma garota incrível... Como a menina da sorveteria. Ah, a menina da sorveteria... Linda e totalmente livre pra ficar com ele. Sem pressão da mãe dele. Uma garota normal, não de programa. Merda! Por que não o conheci antes? Por que aquele dia que ele esbarrou em mim, eu não o puxei pelo braço e disse: "Faça-me feliz."? Por que? Exageros a parte, devia, pelo menos, ter dito meu nome. Pego o telefone ele. Alguma coisa eu devia ter feito, não sair correndo. Merda. Merda. Merda. Nessa lamentação toda, eu acabei dormindo.
Os outros dias foram normais. Eu queria encostar o Guilherme na parede, literalmente falando. Perguntar quem era aquela menina e porque ela deu sorvete na boca dele. Mas eu não tinha esse direito. Aliás, me proibi de ter qualquer relação a mais com ele. Não podia me dar a esse luxo. Ele vinha sempre puxar papo, mas eu o evitei o máximo que consegui. Conversava só o que era necessário para que ele não me chamasse de mal educada. 
Um dia desses, eu e as meninas organizávamos umas coisas a sala. Ele passou pela mesma, colocou a mão em meu braço, fez um sinal discreto para eu ir a cozinha. Foi o que eu fiz.
Guilherme: Por que esse gelo todo, Manu? Eu beijo tão mal assim? –Seu beijo é perf... Não me permiti terminar o pensamento e me obriguei a não pensar mais sobre isso. Não naquele momento.
Dei risada pra não parecer que estava tensa.
Manuela: Que? Que bobagem é essa, Guilherme? Nada a ver. Gelo? Que gelo? É coisa da sua cabeça.
Guilherme: Eu te beijo, tu me beija... Aí tu simplesmente me ignora, fala "oi", "bom dia" e olha lá... O que ta rolando? – A menina da sorveteria ta rolando, idiota.
Manuela: Desencana, Guilherme. Não tem nada rolando. Sério. Eu preciso voltar lá pra sala. As meninas vão notar que a gente ta sozinho aqui.
Guilherme: Tu ta mega estranha. Pode ir po, mas tu ta me devendo uma explicação bem convincente.
Sai da cozinha sem dizer uma palavra.
Finalmente, o dia da inauguração da boate chegou. Eu estava nervosa, ansiosa e com medo. Flávia me deu umas dicas úteis e me deu uma força durante a semana. Tinha me tornado mais amiga dela, talvez por dividir quarto e conviver mais com ela do que com as outras. Bruna era bem divertida e Jack era o tipo de pessoa amiga de todo mundo. A Lua era bem mais séria e fechada, por isso não fiz tanta amizade com ela. Já a Amanda, vivia implicando comigo. Aproveitava toda e qualquer situação pra me dar um fora ou tentar zuar comigo. Não que ela conseguisse, como as meninas diziam, faltava inteligência nela. Eu, sinceramente, não discordo.
O dia foi de preparação. Fomos a um salão. Fizemos a unha e demos uma geral no cabelo. Dei uma retocada no meu cabelo, o que o fez ficar mais loiro. Ficou do jeitinho que eu queria. As meninas deram uma arrumada também. A Lua foi mais radical, pintou de rosa. Antes, ela tinha feito umas mechas, como eu já mencionei, mas agora ela pintou inteiro de rosa. Ficou lindo, mas eu não teria coragem de fazer algo do tipo.
Saímos do salão já era umas 4 da tarde. Fomos pro shopping e compramos roupas e lingeries divinas. Voltamos pra casa, tomamos um banho e nos arrumamos. No show inicial que a gente tinha preparado, usaríamos lingerie e nos vestimos assim já. Colocamos um sobretudo e lá pelas 7 da noite, Helen nos levou pra boate.
A boate parecia um lugar escuro pra mim agora. Entramos lá e eu não via mais a mesma coisa. Via medo e todos meus princípios indo pro ralo.
Esperamos a boate abrir, lotou depois das 10 horas, foi quando a Helen anunciou o nosso show e nós entramos no palco. Fomos para as nossas posições e a musica começou.
Dançamos e os homens nos secavam a cada movimento mais "sensual". Eu estava na frente e os olhares lançados pra mim, foram me lembrando o que estava por vir. O medo aumentava a cada segundo que se aproximava do fim da música. Quando acabou, eu entrei em pânico. Havia uma pose final na coreografia e eu finquei ali. As meninas foram se movendo aos poucos.
Flávia: Vem, Manu. – Ela passou por mim.
"Acordei" do meu momento, me levantei e fui com as meninas agradecer na frente do palco. Meu coração estava disparado. Descemos do palco e fomos pro camarim. Eu sentei de frente pro espelho e olhava pra frente, mas não pra mim. Olhava pro vazio. Helen entrou no camarim.
Helen: Bruna, tem uma completa pra você na mesa 5.

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