Fiquei um tempo na casa do Gabriel e ele não me fez mais perguntas, o que me deixou um pouquinho melhor. Ele me distraiu e eu fui lembrar da gravidez só na hora em que ele me deixou em casa. A Flávia estava no quarto, sentada na cama enquanto olhava pra uma foto dela e do Felipe que ela tinha revelado.
Manuela: Esse menino tá começando a me irritar.
Flávia: Eu to preocupada, não irritada. E se aconteceu alguma coisa com ele? Eu morro.
Manuela: Não fala bobagem. Pra mim, ele ta fazendo drama.
Flávia: Se for isso, quem mata ele sou eu.
Manuela: Aham, sei.
Tomei um banho e em seguida me arrumei pra ir pra boate. Dessa vez eu e a Amanda fomos pra boate. Jack e Flávia foram pro ponto do outro lado da cidade. Onde nós estávamos nos vingando contra a Lua.
Como sempre, atendi muitos clientes, mas minha mente não conseguia me deixar em paz. Fiz o meu trabalho sem que a Lua tivesse motivos pra reclamar, mas minha mente não estava ali. Não com o meu corpo.
Era bem tarde quando a Lua me dispensou. Quer dizer, antes disso ela me fez várias perguntas sobre onde estariam a Flávia e Jack. Inventei uma desculpa e ela me deixou ir.
Cheguei exausta da boate e acabei logo dormindo.
Acordei com uma mensagem do Gabriel. "A consulta do ultrassom da Bruna é amanhã, né!? Será que vai ficar muito gay se eu levar uma coisa pra ela? Ah, bom dia, minha linda. Você ta melhor?". Sempre fofo!
Respondi a mensagem, tomei um banho, acordei a Flávia e nós descemos pra tomar café.
Flávia: Esqueci meu celular, perai. – Ela disse quase no ultimo degrau, voltando pra trás pra pegar o celular.
Manuela: Ta. – Olhei pra trás e a vi correndo em direção ao quarto. Levei um susto quando olhei pra frente e me deparei com o Guilherme na minha frente. – Que susto!
Guilherme: Foi mal... Manu, eu preciso falar com você. – Eu não queria falar com ele. Não naquele momento. Não enquanto eu olhasse pra ele e cogitasse a ideia de estar carregando um filho dele.
Manuela: Falar? Comigo? Pra que? – Eu disse saindo da frente dele e andando em direção a cozinha, mas ele me impediu. Segurou o meu cotovelo e eu virei de frente pra ele novamente.
Guilherme: Por favor... – Ele me soltou e fez aquela cara que sempre fazia quando queria algo. Droga!
Manuela: Diz logo. – Eu disse cruzando os braços e olhando pra ele.
Guilherme: Tem que ser em particular.
Manuela: Não tem ninguém aqui. – Eu disse olhando pra sala.
Guilherme: Você me entendeu. É importante, por favor.
Manuela: Depois, ta!? To com fome agora e vou encontrar o Gabriel daqui a pouco.
Guilherme: Beleza. – Ele deu de costas e subiu as escadas. Em seguida, a Flávia desceu as mesmas.
Manuela: Foi fabricar o celular?
Flávia: Grossa! Demorei pra achar porque a inteligente deixou cair do chão durante a noite e não percebeu.
Manuela: Um gênio. – Eu disse rindo e abraçando-a quando ela chegou no final das escadas.
Nós tomamos café com a Jack e a Amanda. Levei o café da Bruna até o quarto dela e ela estava toda tristinha.
Manuela: Por que essa carinha triste? – Perguntei e em seguida sentei na cama do lado dela enquanto ela comia.
Bruna: Quer mesmo que eu responda isso?
Manuela: Não. – Eu dei um sorriso torto. Ela continuo comendo. – O Guilherme disse que queria conversar comigo. Será que você faz alguma ideia sobre o que seria?
Bruna: Talvez sim, talvez não.
Manuela: Ah, me conta.
Bruna: Não posso. – Ela disse séria.
Manuela: Por que?
Bruna: Porque ele vai me matar se eu te contar.
Manuela: Agora que tu vai mesmo me contar. Me fala, Bruna, por favor.
E bem na hora que ela ia contar, alguém bateu na porta e ela gritou pra que a pessoa entrasse.
Gabriel: Bom dia, meninas. – Ele disse se aproximando da cama. Deu um selinho em mim e entregou um presente pra Bruna.
Bruna: O que é isso? – Ela disse pegando o presente.
Manuela: Tô curiosa pra saber o que é também.
Gabriel: Amor, será que tem como você deixar a gente um pouquinho a sós? Queria falar um pouco com a Bruna. – Eu estranhei. Por que eu não poderia ouvir?
Bruna: Não vou roubar teu homem, fica tranquila. To gorda demais pra ele me querer.
Manuela: Boba. – Dei um selinho no Gabriel. – Daqui a pouco eu volto.
Gabriel: Obrigado, amor.
Saí do quarto da Bruna e fui em direção ao meu quarto, mas no caminho, eu encontrei a Lua. Confesso que achei que ela nem estava em casa, mas ela saiu do quarto da Helen. Muito estranho.
Manuela: Tava fazendo o que no quarto da Helen?
Lua: Com certeza algo que não te convém saber. – Ela estava de costas pra mim, virou devagar conforme parou de falar.
Manuela: Ah, fala sério, seu homem te negou e tu ta assim? – Fui irônica. Ela aguçava o meu lado mais negativo e ruim. Não sei explicar, mas perto dela eu viro uma má pessoa. Não gostava muito daquilo, mas era mais forte do que eu. – Ah, é, ele ta comigo... – Ela respirou fundo e não respondeu nada. Tirou de dentro da sacola de plástico que estava na mão o que parecia ser um exame de gravidez. Aliás, parecia ser o meu exame. Eu gelei.
Lua: Pela sua cara, já reconheceu, né!? – Ela sorriu satisfeita. Parecia que estava extremamente feliz por ter conseguido me atingir.
Manuela: Me da esse negócio. – Eu fui pra cima dela e e tentei arrancar o exame da mão dela, mas ela se esquivou dos meus movimentos. – Me da, Luana.
Lua: Tadinha de você se acha mesmo que me chamando de Luana vai conseguir me tirar do sério. Eu tenho a maior prova nas mãos pra acabar com o seu namorozinho como Gabriel e tê-lo só pra mim. Como devia ser antes de você aparecer.
Manuela: Ta brincando, né!? – Eu soltei um riso. – Acha mesmo que o Gabriel vai acabar comigo quando descobrir que eu to grávida? Capaz até dele me pedir em casamento e aí sim, é o fim pra você. – Ela não pareceu ligar muito pro que eu disse. Parecia muito convicta de que o que ela planejou, daria certo. Mas eu não me deixei abalar só pela carinha dela, ela podia estar blefando.
Lua: Quanta ingenuidade, Manuzinha. – Ela foi bem irônica. Aproximou-se de mim, segurou o teste na mão e ficou "passando" ele na frente do meu rosto, pra me provocar. – Será mesmo que o Gabriel vai te pedir em casamento quando ele descobrir que o filho pode não ser dele? – Eu confesso que tive dificuldades pra lembrar de como se respira quando ela terminou de falar e ficou me olhando com aquela cara sínica. Mas precisei puxar ar de algum lugar e respirar bem fundo pra não voar pra cima dela. Afinal, estávamos no corredor, alguns metros daqui estava o Gabriel e tudo iria por água abaixo se eu brigasse com ela e ele aparecesse ali. Era o que ela queria e eu não ia dar esse gostinho a ela.
Manuela: Você tirou isso da onde? – Perguntei segura, sem parecer que eu tinha dúvidas.
Lua: Você mesma quem disse. Lembra naquela conversa com a Flávia? Pois é, aquele foi meu dia de sorte. Eu estava indo no quarto te dar uma bronca e escutei aquilo. Não tive muita certeza do que eu tinha escutado, até entrar no seu quarto e achar o teste que você fez.
Manuela: O teste? – Eu fiz dois testes, disso eu tenho certeza. Ela usou o singular. Quer dizer que, ou ela não quis pegar o outro teste ou não achou. Mas eu joguei os dois no mesmo lugar. Ai, meu Deus! Será que mais alguém achou essa porcaria?
Lua: É! Achei no seu lixo... – Ela fez uma pausa e me encarou em seguida. – Você deve estar se perguntando sobre o outro teste, né!? Afinal, você fez dois. Ta certa, tinha que confirmar, não é mesmo!?
Manuela: Onde você colocou o outro? – Eu perguntei preocupada.
Lua: Olha, eu ia entregar diretamente pro Gabriel, mas ia ser tudo muito fácil. Quer dizer, ele ia terminar com você, mas se o filho fosse dele, não ia adiantar muita coisa. Aí eu tive uma ideia genial.
Manuela: Desenrola.
Lua: Calma, Manu. Você vai saber de tudo. Só um minutinho. – Ela desceu as escadas e voltou com o Guilherme. Ele me olhava estranho, com um sorriso mais estranho ainda no rosto.
Manuela: Não, Lua, você não fez isso... – Eles continuaram andando na minha direção. A Lua sorria e o Guilherme continuava com aquela cara. A Lua parou no meio do caminho e o Guilherme continuou andando na minha direção até que aproximou-se de mim e me abraçou.
Guilherme: Eu nem acredito, Manu. Não acredito mesmo. Saber disso foi a melhor coisa que me aconteceu desde que tu me largou... – Eu não correspondi ao abraço, só fiquei ali perplexa com tanta felicidade que o Guilherme estava demonstrando. A Lua ria satisfeita e eu não sabia o que fazer.
Manuela: Calma, Guilherme. Calma. Pera aí. Me solta, por favor. Me solta. – Ele me soltou e ficou de frente comigo, me olhando. – O que foi que você contou pra ele? – Perguntei pra Lua.
Lua: A verdade, ué. Que ele será papai.
Guilherme: Manu, tu vai ter um filho meu, cara. Isso é demais, po. – Ele colocou a mão na minha barriga, ajoelhou-se na minha frente e começou a dar beijos na mesma.
Eu tentei fazê-lo levantar. Pedi de todas as maneiras educadas possíveis, mas ele não saia de lá.
Manuela: O filho não é seu. – Essa foi a unica frase que ele reagiu. Ele levantou-se lentamente e ficou olhando pra mim.
Guilherme: É sério?
Lua: Fala a verdade, Manuela. – Agora ela falou bravo, como se estivesse mandando em mim. Coitada.
Manuela: Assim como você fez, Lua?
Lua: Anda.
Guilherme: Me fala, Manu.
Manuela: É uma meia verdade. – Eu olhei pros olhos escuros dele e ele me olhou meio confuso.
Guilherme: Me explica isso direito.
Lua: Ela não sabe quem é o pai, mas meu sexto sentido feminino diz que é você.
Manuela: Cala a boca. O filho é do Gabriel, eu tenho certeza.
Lua: Não tem nada, para de mentir.
Guilherme: Tem chances desse filho ser meu, Manu?
Manuela: Não.
Lua: Sim. – Ela respondeu ao mesmo tempo que eu.
Guilherme: Quem é que ta falando a verdade?
Lua: Eu, óbvio.
Guilherme: Manu, eu quero ouvir da tua boca que tem chances desse filho ser meu. Chances reais.
Manuela: Pelos meus cálculos e pela aquela vez que a gente transou, tem alguma chance. Mas eu transei mais vezes com o Gabriel depois disso, o filho é dele.
Guilherme: Mesmo que a gente tenha transado só aquela vez, eu posso ser o pai?
Lua: Sim, Guilherme. Sim. Agora vaza daqui que meu papo é só com ela.
Guilherme: Eu preciso conversar com ela, Lua.
Lua: Depois, depois. Depois tu se declara e diz o quanto ainda a ama e a quer. Agora eu não to com saco pra esperar. Vaza daqui. Senão...
Guilherme: Senão você vai fazer o que?
Manuela: Por favor, Guilherme. Depois tu conversa comigo.
Guilherme: Só to indo porque ela me pediu. – Ele disse pra Lua.
Lua: Casalzinho mais chato vocês, hein!? Credo... – O Guilherme saiu do corredor e entrou no quarto dele.
Manuela: Diz logo.
Lua: Como você viu, ele ainda é idiotamente apaixonado por você e louco por você. É claro que ele vai fazer de tudo por você se esse filho ser dele e o filho vai ser.
Manuela: O que você quer dizer com isso?
Lua: Você vai terminar com o Gabriel justificando a gravidez e vai dizer a ele que o traiu com o Guilherme. Que não tem chance nenhuma do bebê ser dele.
Manuela: Você ficou maluca? Por que eu faria isso?
Lua: Porque eu estou mandando e porque eu posso acabar com a sua vida.
Manuela: Vai me matar, é!? Virou assassina?
Lua: Eu não, mas tem quem faça o serviço por mim... Mas fica calma, você vai ter um tempinho ainda. No momento certo, você vai contar tudo pro Gabriel. Por enquanto, curte teus últimos dias com ele, porque depois disso, ele virá pros meus braços.
Manuela: Sonha. Ele vai saber hoje mesmo que eu to grávida e que o filho é dele.
Lua: Faz isso e eu mesma acabo com a vida da tua mãe. Sabia que eu sei exatamente onde ela mora? A Helen que me passou o endereço, inclusive. Sua mãe é muito bonita, apesar de estar meio acabadinha de tanto apanhar, seria uma pena acabar com ela por sua causa.
Manuela: Não. Não faz nada com a minha mãe. Eu faço o que você quiser. Só não se mete com ela.