segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

33
Nós não iríamos a boate hoje. A Lua não explicou muita coisa, só nos avisou disto. Ainda bem, eu já tinha marcado com o Gabriel e não estava afim de ir pra boate mesmo.
Faltava umas duas horas pro Gabriel vir me buscar e eu comecei a me arrumar. Tomei banho, sequei os cabelos. Fiz maquiagem e coloquei uma roupa mais bonitinha pra sair com ele. Nada muito chique e nem muito al vestida. Coloquei um salto e estava pronta.
Flávia: Ta gata.
Manuela: Eu sou gata. – Disse rindo. – Valeu, amiga.
Quase oito horas o Gabriel me ligou avisando que já estava chegando. Ele buzinou assim que chegou e eu fui até o carro dele. Entrei no banco do passageiro.
Gabriel: Tu ta linda. – Ele me deu um selinho e ficou sorrindo pra mim.
Manuela: To com fome. – Eu não estava pronta pra o que ia fazer ainda. Eu ia contar toda a verdade pra ele, mas confesso que estava morrendo de medo da reação dele. Medo de como ele ia ser comigo depois que eu contasse.
Gabriel: Quer comer no McDonald's?
Manuela: Pode ser.
Ele dirigiu até um dos vários McDonald's da cidade. Estacionou o carro e nós saímos do mesmo. Entramos e sentamos em uma mesa.
Gabriel: Você ta tão quietinha. – Minhas mãos estavam em cima da mesa, eu estava distraída, por isso não falei muito.
Manuela: To distraída, desculpa.
Gabriel: Relaxa. Vou pedir nossos lanches. Você vai querer aquele de cheddar, né!?
Manuela: Isso. – Eu sorri ao ver que ele conhecia até meu lanche favorito. Meu Deus! Que dor no coração eu estava sentindo agora. Como se prepara pra perder alguém com o Biel? Eu estava com o coração partido em milhares de pedacinhos.
Ele foi buscar o lanche e logo voltou com a bandeja. Começamos a comer e ele até tentou puxar papo, mas não deu muito certo. Terminei de comer e ele estava nas ultimas mordidas.
Manuela: Precisamos mesmo conversar.
Gabriel: Pode dizer, loirinha. – Ele disse depois de mastigar o ultimo pedaço do lanche dele e limpar a boca com o papel.
Manuela: É que... aconteceu uma... coisa que... – Ele me interrompeu porque eu demorei anos só pra falar esse meio período.
Gabriel: Eu não sei o que é, mas vou te interromper pra te dizer o que eu quero primeiro. Depois você diz o que quiser, pode ser assim?
Manuela: Pode. – Eu estava nervosa e minhas mãos estavam suando frio.
Gabriel: Manu, tu sabe e sempre soube que eu sou louco por você. Sempre fui. Tu sempre mexeu muito comigo e eu te ter é algo que eu sempre quis. Achei que estaria longe da minha realidade, mas hoje em dia eu agradeço muito por te ter na minha vida. Tu me torna uma pessoa melhor a cada dia que eu passo ao teu lado. Eu amo a tua presença, amo tua voz, teu jeitinho. Amo estar contigo e quando não estou, só consigo pensar em você. – Meu coração parecia espremer a cada palavra que ele dizia. Olhei concentrada pra ele e esperei-o terminar. – É por isso, que eu não posso te deixar escapar sem ao menos, tentar te fazer ser só minha. – Ele tirou um caixinha preta do bolso e colocou em cima da mesa. Eu olhei pra ele confusa.
Gabriel: Por enquanto, isso não é aliança de casamento, mas um dia vai ser. – Ele abriu um sorriso lindo. Abriu a caixinha e me mostrou as alianças que tinham lá dentro. Eram lindas e de prata, o que significava que ele estava me pedindo em namoro. – Tu quer namorar comigo, Manu? Quero ser o teu namorado e isso é só o começo. Quero ficar contigo pra sempre, sem esses clichês de casal que jura amor eterno e não dura dois meses. Quero ficar sempre do teu lado. Quero ser teu apoio, teu alicerce. – Ele ficou me olhando e eu não sabia o que dizer. Ele segurou a minha mão direita. – Caramba, tu ta fria, meu amor. E ta tremendo. Te surpreendi, né!? Tu não precisa aceitar só porque eu pedi. Não se sinta pressionada a isso. Tu pode pensar. – Eu não aguentei, abaixei o rosto e me derramei em lágrimas. Ele estava sentado na minha frente e correu na minha direção, se ajoelhou na minha frente. – Ei, calma. O que aconteceu? Se tu acha que não me ama o suficiente pra isso, eu vou entender, Manu. Só não fica assim que eu vou ficar mal também.
Manuela: Não, não é isso. – Eu encostei as duas mãos no rosto dele. – Você é perfeito, Gabriel. Tu é incrível e é justamente por isso que eu não te mereço. Você é bom demais pra mim. Você merece coisa muito melhor do que eu.
Gabriel: Para de falar uma bobagem dessas. Eu amo você, do jeito que tu é. Para de chorar, meu amor. – Ele me abraçou forte e eu chorava baixinho.
Manuela: Eu aceito. – Eu disse ainda abraçada com ele.
Gabriel: O que foi que tu disse?
Manuela: Que eu aceito namorar com você. – Ele me olhou todo sorridente, pegou as alianças e colocou uma no meu dedo. – Não sei se vou ser a namorada que você queria e sonhou em ter, mas eu juro que vou me esforçar, ta!? – Eu coloquei a outra aliança no dedo dele.
Gabriel: Eu te amo. – Ele me beijou e eu fiquei ali, com o coração culpado de não ter dito a verdade pra ele. Mas como eu vou dizer uma coisa dessas depois dele ter se declarado e me pedido em namoro? Eu fui fraca e não consegui. Que raiva de mim. Terminamos de nos beijar e eu o abracei.
Manuela: Também te amo. – Sussurrei no ouvido dele. Era a primeira vez que eu dizia isso a ele e ele me olhou com um brilho diferente no olhar. Eu não disse da boca pra fora. Eu realmente amava-o, mas não na intensidade que eu acredito que eu merecia que eu amasse. Depois ele me encheu de selinhos.
Nós saímos do McDonald's e demos uma volta pela cidade no carro dele. O anel que ele tinha me dado era lindo, não conseguia parar de olhar. O dele era igual o meu, só não tinha a pedrinha que tinha no meio do meu anel. 
Manuela: Como você sabia o tamanho exato do meu dedo?
Gabriel: Tive ajuda da Bruna, confesso. – Ele riu, aproximou o rosto do meu, dei um selinho nele e ele voltou a dirigir.
Manuela: Ela pegou um anel meu e eu nem percebi? Que malandra. – Nós rimos.
Gabriel: E aí, amor, o que tu tinha pra me dizer? – Eu engoli a seco e respirei fundo.
Manuela: Não era nada importante. Melhor esquecer.
Gabriel: Ta legal.
Gabriel: Quer ir lá pra casa?
Manuela: Acho que não vai ser uma boa ideia. Seu pai não é muito fã da minha presença lá.
Gabriel: Sabe que é estranha essa implicância dele contigo lá em casa? Ele nunca ligou que eu levasse nenhuma namorada lá, sempre foi muito simpático e brincalhão com todas. – Ele disse enquanto dirigia.
Manuela: Acho que não causei muito boa impressão. – Eu sabia exatamente porque o pai dele não gostava de mim, mas o Gabriel não podia nem sonhar com isso.
Gabriel: Já a minha mãe, tu conquistou de primeira. Ela, geralmente, odeia todas as minhas namoradas. Mas ela gostou de você de uma forma surpreendente.
Manuela: Também gosto muito dela. Acho que o motivo é que você se parece muito com ela. Não só fisicamente. Tu herdou o jeito dela. – Ele sorriu pra mim.
Gabriel me convenceu de irmos pra casa dele e eu só concordei porque ele jurou que não cruzaríamos com o pai dele. Ele estacionou o carro na garagem e nós entramos na casa dele. Passamos pela sala e não vimos ninguém, a porta da sala onde a tv ficava estava ligada, a mãe dele nos viu passando e chamou o Gabriel.
Marisa: Gabriel!? – Nós voltamos pra trás e entramos na salinha.
Gabriel: Boa noite, dona Marisa. – Ele disse rindo e deu um beijo no rosto dela. Em seguida, eu dei um beijo no rosto dela também.
Manuela: Boa noite!
Marisa: Pensei que ia pra alguma festa e nem ia dar as caras por aqui hoje, meu filho.
Manuela: Ele vai dar atenção pra namorada dele hoje. – Eu disse sorrindo e mostrei minha mão com o anel pra ela.
Marisa: Ah, eu não acredito! – Ela disse toda alegre. Se levantou do sofá e deu um abraço em mim. – Parabéns, meus amores! Fico tão feliz de ver vocês juntos. – Ela me soltou e abraçou o Gabriel. – É bom te ver apaixonado e apaixonado por alguém tão linda e tão encantadora quanto a Manuela. – Ela deu um beijo no rosto dele.
Gabriel: Ela é linda mesmo, né, mãe!? – Ele disse me olhando e com um sorriso no rosto.
Marisa: Uma boneca. Nem parece que é de verdade.
Manuela: Vocês me deixam sem graça assim. – O Gabriel me abraçou por trás e dona Marisa voltou a se sentar.
Gabriel: Vamos lá em cima, ta mãe!? Qualquer coisa bate lá, mas espera umas duas horinhas pra isso, vamos estar ocupados. Se é que me entende. – Ele disse em tom de brincadeira, mas me deixou totalmente sem graça perto da mãe dele.
Manuela: Ei, Gabriel! – Eu falei brava e bati no braço dele.
Marisa: Fiquem a vontade, meus amores. – Ela riu quando me viu batendo nele.
Nós subimos pro quarto dele e o Gabriel trancou a porta do quarto.
Manuela: Vou te bater. Tu me deixou mega sem graça perto da tua mãe. – Me joguei na cama assim que terminei de falar.
Gabriel: Acho que ela ta bem grandinha pra saber o que nós vamos fazer. – Ele se aproximou, deitou em cima da mim e apoiou os braços em cima da cama pra não ficar tão colado em mim. – Ele inclinou o rosto pra me beijar, mas eu virei o rosto.
Manuela: Quem disse que vamos fazer alguma coisa? – Prendi o riso e segurei nos braços dele, fiquei encarando-o.
Gabriel: Não mereço nem um beijinho? – Ele fez biquinho e abaixou o rosto, eu dei um selinho na boca dele e ele sorriu.
Manuela: Pronto, te dei um beijinho.
Gabriel: Isso é sacanagem. – Ele riu e deitou do meu lado na cama.
Manuela: Desistiu? Já? Mais um pouquinho e eu cederia. – Prendi o riso.
Gabriel: Ah, Manu. – Ele fez uma cara triste e eu me acabei de rir. Virei de frente pra ele e fiquei olhando-o.
Manuela: Brincadeira. Hoje eu só quero ficar coladinha contigo. Pode ser? Prometo te recompensar depois. – Eu disse toda dengosa, ele sorriu ao me ouvir e me puxou pra deitar no peito dele.
Gabriel: Tem como negar contigo falando desse jeitinho? Tem não, po. – Ele deu um beijo na minha testa, segurei na mão dele e entrelacei nossos dedos. Com a outra mão, ele começou a fazer carinho no meu cabelo. – Tão bom ficar aqui contigo.
Manuela: Tô com fome, amor. – Olhei pra ele e ele riu.
Gabriel: Quer comer o que?
Manuela: Não sou exigente, tu sabe. Qualquer coisa.
Gabriel: Vamos ver alguma filme? Aí eu faço pipoca e trago chocolate.
Manuela: Pode ser. Eu vou escolhendo o filme enquanto tu traz as coisas.
Gabriel: Beleza, calma aí que eu já volto. – Ele me deu um selinho e saiu do quarto.
Eu fui até a estante dele e me sentei no chão, fiquei olhando os filmes que ele tinha e escolhendo qual iríamos assistir. Levei um baita susto quando ouvi alguém fechando a porta e trancando a mesma.
Manuela: Que susto, amor. – Eu olhei pra trás e pude ver que não estava falando com o Gabriel. O pai dele estava ali. Eu gelei.
Diogo: Que merda você está fazendo aqui? Eu já não te mandei não aparecer mais na minha casa? Eu avise, Manuela. – Eu me levantei e ele veio na minha direção. Ele parecia nervoso.
Manuela: O Gabriel já está voltando, por favor, sai daqui.
Diogo: Quem tem que sair, é você. – Ele se aproximou de mim muito bravo, segurou os meus braços e me prensou contra a estante.
Manuela: Me solta. Me solta. Eu vou gritar, o Gabriel vai saber de tudo.
Diogo: Até que você é uma prostituta? Mal vejo a hora de te ver contando isso pra ele. – Ele me jogou pro lado e eu cai no chão. Senti uma dor horrível no braço, fora que precisei apoiar o corpo com a mão que cortou com o pedaço de vidro. Eu já tinha tirado a faixa e os pontos, mas sentia algumas dores ainda. – Que merda é essa no teu dedo? – Ele disse segurando no meu braço e me levantando.
Manuela: Você ta me machucando, me solta. – Ele tentei me soltar, mas ele era muito forte.
Diogo: Isso é um anel de compromisso? – Ele segurou a minha mão e ficou olhando o anel. – O Gabriel te deu isso? – Eu assenti com a cabeça e ele me soltou com raiva. Deu um sono na parede e me olhou bravo. – Tu me paga, garota. Tu me paga.
Ele saiu furioso do quarto e eu estava com medo do que ele poderia fazer. Sentia uma dor horrível no braço e na mão. Fiquei sentada no chão, encolhida e me afundando nos meus pensamentos.
O Gabriel voltou com as coisas e eu continuava ali no chão. Ele me viu naquele estado, deixou tudo em cima da cama e correu me abraçar.
Gabriel: O que aconteceu?
Manuela: Eu não to me sentindo muito bem. – Olhei pra ele me segurando pra não chorar.
Gabriel: O que houve, Manu?
Manuela: Eu caí, meu braço ta doendo e minha mão mais ainda. – Menti. Eu não podia contar que o pai dele fez isso comigo.
Gabriel: Como tu foi cair, loirinha? – Ele segurou o meu braço com cuidado e começou a olhar os machucados. 
Manuela: Fui pegar o filme que estava ali em cima da estante e acabei caindo. 
Gabriel: Vou pegar remédio pra passar aí nesse teu braço. – Ele foi e voltou em menos de um minuto. Passou o remédio no meu braço. – Deita lá na cama. Já vou te mimar. – Ele disse me ajudando a me levantar e dando um beijo na minha testa. Fui até a cama e me deitei. Ele andou até a estante e olhou estranho pra mim. – Não tem filme nenhum aqui, Manu.
Manuela: Não? Eu jurava que tinha, por isso eu fui pegar e acabei caindo.
Gabriel: E tu decidiu que filme vamos ver?
Manuela: Escolhe qualquer um.
Ele pegou um de terror e sentou do meu lado. Pegamos a pipoca e começou a comer. Eu resolvi não me importar com o pai dele, sabia que o Gabriel faria de tudo por mim e isso me tranquilizava.
Acabamos de comer e ficamos deitados coladinhos. Nós beijávamos as vezes e o clima esquentou, mas eu não estava muito no clima pra transar.
Acabei dormindo agarradinha com ele e só acordei no outro dia com o Gabriel me dando vários selinhos.
Gabriel: Acorda, dorminhoca. – Virei do outro lado e cobri o meu rosto.
Manuela: Ah, não. Eu quero dormir.
Gabriel: Já ta quase na hora do almoço, Manu. Minha mãe fez massa só porque tu ta aqui.
Manuela: Jura? – Eu me sentei na cama toda animada.
Gabriel: Chantagem com comida é minha favorita. – Ele riu. – Toma um banho rápido e eu te espero lá embaixo pra comer.
Manuela: O teu pai vai estar lá também?
Gabriel: Ele já saiu pra trabalhar, só volta a noite.
Manuela: Ta bom, amor. – Levantei da cama, dei um selinho no Gabriel e fui pro banheiro. Tomei um banho rápido e vesti uma camiseta que o Gabriel tinha deixado em cima da cama pra eu usar. Desci e fui até a mesa com eles. – Bom dia! – Disse animada.
Marisa: Bom dia, minha linda. – Ela me deu um abraço.
Gabriel: Dorminhoca.
Manuela: Não enche, chato. – Eu dei risada, fui até ele e enchi-o de selinho. Depois sentei do lado dele. – O Gabriel me contou que a senhora quem cozinhou hoje.
Marisa: Senhora não, Manu. – Ela riu.
Manuela: Desculpa. Desculpas! Você, você!
Marisa: Isso. Assim está melhor. Sim, fui eu mesma que preparei o macarrão pra você. Espero que goste.
Gabriel: Ah, é só pra ela? Eu não posso comer não, é!? – Ele cruzou os braços e parecia uma criança falando. Nós duas rimos e eu abracei ele.
Manuela: Ela só vai te deixar comer porque você é filho dela e ela tem obrigação de te alimentar.
Marisa: Acho que a Manu tem razão. – Nós duas ríamos sem parar e o Gabriel fez uma cara emburrada.
Nós almoçamos enquanto conversávamos. A mãe dela era um anjo, era super simpática, elegante. Tudo que uma mulher na idade dela gostaria de ser. Tinha uma família linda e, aparentemente, bem estruturada. Senão fosse pelo pai que procura distração com garotas de programas.
Marisa: Amores, eu preciso sair um pouquinho. Se precisarem de alguma coisa, liguem pra mim.
Gabriel: Onde você vai?
Marisa: Pra... Pra ioga. – Ela gaguejou, o que me fez suspeitar, mas o Gabriel engoliu aquela.
Gabriel e eu voltamos por quarto dele e eu fiquei sentada na cama, enquanto ele procurava alguma coisa no guarda-roupas.
Manuela: Ta procurando o que?
Gabriel: O meu antigo celular que tinha conexão com o atual celular da minha mãe.
Manuela: Não seria mais fácil perguntar onde ela foi?
Gabriel: E eu fiz isso, mas ela não me convenceu.
Manuela: Perguntasse de novo. Ela confia em você, era só insistir um pouquinho.
Gabriel: Achei. – Ele pegou o celular e ligou o mesmo. Sentou do meu lado e abriu o localizador.
Manuela: Isso é bem chato. Sua mãe merece um voto de confiança.
Gabriel: Não to dizendo que não, Manu. Só quero saber onde ela está indo. – Não respondi. O localizador indicou que a mãe dele estava na farmácia bem longe dali. – Por que ela iria numa farmácia tão longe de casa?
Manuela: Talvez queira alguma remédio que vocês não precisam saber que ela está tomando.
Gabriel: Ela vai ter que me dizer.
Manuela: Teimoso.
Gabriel: Defensora dos pobres e oprimidos. – Ele disse rindo, guardou o celular e ficou de pé me olhando. – Quer ir pra piscina?
Manuela: Não trouxe biquíni.
Gabriel: Nada de sutiã e calcinha, é a mesma coisa. E só eu vou olhar mesmo.
Manuela: Me convenceu só porque eu to com muito calor.
Gabriel: E pelo meu charme também, assume aí. – Ele riu e começou a tirar a camiseta. Ficou só de bermuda e ficou me olhando. – Tua vez.
Manuela: Quero ver com o que eu vou voltar depois. – Falei brava e ele riu de novo. Tirei a camiseta que ele tinha me dado. Ele ficou me observando. Secando cada parte do meu corpo. – Para de olhar. – Joguei a camiseta nele.
Gabriel: Olhar não arranca pedaço.
Manuela: Jura? Porque to jeito que tu ta me olhando, eu podia jurar que a qualquer momento iam sair pedaços meus por aí. – Nós rimos e ele segurou minha mão. Fomos andando juntos até a parte de trás da casa do Gabriel. Era enorme, tinha piscina, churrasqueira. Tudo que tinha direito.
O Gabriel correu pra piscina, mas antes de pular, ele deu meia volta, me pegou no colo e pulou na piscina comigo no colo. Mergulhei até a superfície, esperei ele fazer o mesmo e joguei muita água nele.
Manuela: Eu te mato!
Nós ficamos um tempo na piscina, nadando, conversando. Ele fez uns drinks e trouxe pra gente beber.
Gabriel: Esse é o ultimo, hein!? Tu é fraca demais pra bebida.
Manuela: Você que é tão viciado que já não faz mais efeito. – Eu disse rindo e tomando mais uns goles da caipirinha que ele tinha me dado.
Gabriel: Me beija? – Nós não estávamos colados um no outro, mas não estávamos distantes. Eu sorri ao ouvi-lo e assenti com a cabeça. Ele deixou o copo na beira da piscina e veio na minha direção. Me puxou pela cintura e me beijou. Ele beijava tão bem e o beijo dele era tão gostoso, que não dava vontade de parar nunca de beija-lo. Coloquei a mão na nuca dele e apertei bem devagarzinho. Ele apertou a minha cintura e com isso, fez com que eu aproximasse meu corpo do dele. Eu sabia que ele estava mal intencionado e queria algo a mais comigo, mas a piscina não me parecia o melhor lugar do mundo pra isso. Parei o beijo e ele ficou me encarando.
Manuela: Não aqui, Biel. – Ele soltou um riso e me abraçou.
Gabriel: Ta bom, loirinha.
Nós ficamos um pouquinho na piscina e depois sentamos nas cadeiras. Ele fez mais drinks e apesar de ter tentado não tomar mais, ele não conseguiu. Comecei a beber sem parar e ele desistiu de me fazer parar.
Gabriel: Não vou cuidar de ninguém. – Ele cruzou os braços. Parecia realmente bravo. Eu já estava começando a ficar sonsa.
Manuela: Não to pedindo nada.
Gabriel: Para, amor. – Ele pediu com uma voz dengosinha, mas eu queria beber.
Manuela: Ah, não. Vamos beber mais. Ficar bêbado é legal.
Gabriel: Ficar bêbado sim, cuidar de bêbado, não.
Manuela: Ah, para de ser chato. Vamos beber. – Eu peguei outro drink, fui até ele e sentei no colo dele. – Bebe. – Disse colocando o copo na boca dele e sorriu.
Gabriel: Tem como negar desse jeito? – Ele tomou e ficou me olhando.
Manuela: Ta olhando o que?
Gabriel: Covardia minha te embebedar e não me aproveitar disso.
Manuela: Ah, é!? – Eu soltei um riso ao ouvi-lo. Inclinei o rosto e comecei a beijar o pescoço dele. Encostei a boca no ouvido dele e sussurrei: – Eu deixo você se aproveitar de mim.
Gabriel: Eu ia me aproveitar mesmo se tu não deixasse. – Ele riu, deslizou a mão pela minha coxa, deu um apertão nela e colocou a boca no meu pescoço. Chupou o mesmo e depois ficou dando beijinhos. Eu fiquei arrepiada e tomei mais um gole do drink.
Nós continuamos nos pegando, o clima esquentou e eu realmente queria transar com ele agora. Mas meu estômago não colaborou comigo. Eu senti uma vontade enorme de vomitar. Saí correndo e fui pro banheiro dele. Comecei a vomitar.
Gabriel: Eu sabia que ia acabar nisso. – Ele disse prendendo o meu cabelo.
Manuela: Odeio vomitar.
Gabriel: Ninguém gosta. – Eu vomitei mais e depois ele me ajudou a levantar. Bocejei um pouco de água na boca e passei um pouco de pasta no dentes, já que não tinha escova pra mim ali. – Ta sonsa ainda?
Manuela: To um pouco melhor. Será que eu posso me deitar? – Ele assentiu com a cabeça e foi comigo andando até o quarto. Antes de chegarmos lá, ouvimos uns barulhos estranhos, como se coisas estivessem sido atacadas. – Que barulho é esse?
Gabriel: Vem do quarto da minha mãe. Espera um pouco aqui. – Ele me deixou sentada no corredor, porque eu não estava muito bem ainda. Correu pro quarto da mãe dele.
Podia ver tudo de onde eu estava, apesar de ouvir muito mal por causa da distancia. O banheiro dava de frente pra porta e eu podia ver a mãe dele com o corpo apoiado na pia e a cabeça baixa. O Gabriel chegou próximo dela e ele falou algo que eu não consegui ouvir. Em resposta, ela virou brava pra ele e começou a gritar.
Marisa: Por que tudo da errado pra mim? Por que? Eu não aguento mais tentar. Eu não aguento. – Ela começou a chorar e o Gabriel abraçou-a. Depois ele e levou até o quarto e a sentou-a na cama. Ele voltou ao banheiro e pegou algo que, de longe, parecia ser um teste de gravidez. Aqueles de farmácia. O que faria todo sentido, porque ela iria a uma farmácia tão distante.
Gabriel: Isso é seu, mãe? –Ele disse saindo na porta do banheiro e mostrando o teste pra ela, depois se aproximou dela.
Marisa: É. Esse e os outros 1000 que você vai achar no lixo. Eu to fazendo testes a meses e nada. Nada. Eu não consigo mais engravidar. –Ela disse entre soluços e colocou as mãos no rosto quando terminou de falar.
Gabriel: Mãe, tem outros métodos. Talvez a idade não ajude. Não é o fim, não ainda.
Marisa: Você acha que eu não sei? Que eu não insisti pro teu pai me deixar fazer uma inseminação? Ele não quer nem ouvir falar de ter outro filho. Ele abomina essa ideia. E eu sinceramente acho, que se a gente não tiver outro filho, nosso casamento vai por água abaixo.
Gabriel: Por que você está dizendo isso, mãe? – Eu me levantei com certa dificuldade e caminhei até o quarto. Fiquei ao lado do Gabriel e ele me olhava com preocupação nos olhos.
Marisa: Porque ele está me traindo. – Ela chorou. Aliás, só continuou a chorar.
Gabriel: Como você sabe disso?
Marisa: Ele chega tarde em casa praticamente todos os dias. Tem cheiro de vagabunda nos ternos dele, cheiro de perfume barato de mulherzinha. Um dia desses eu peguei uma nota fiscal de um bar de prostitutas no paletó dele. – Eu gelei. Será que era lá da boate a tal nota fiscal? Fiquei branca, por sorte o Gabriel tava preocupado demais com a mãe pra me notar pálida daquele jeito.
Gabriel: Mãe, mas se a senhora tem tanta certeza, vocês não precisam de outro filho. Ele não te merece. Vocês tem que terminar, você tem que pedir o divórcio.
Marisa: Ficou louco, Gabriel? Seu pai é tudo pra mim. Ele sempre foi um homem justo, honesto e não é porque deslizou uma vez, que tudo que fez anteriormente fica anulado.
Gabriel: Mãe...
Manuela: Gabriel, ela parece decidida. Eu apoio a senhora, quer dizer, você. Espero que consiga engravidar. –Eu a abracei. Queria chorar, mas o Gabriel ia me questionar o motivo, então segurei o choro. Ficamos abraçadas alguns instantes e depois o Gabriel me levou pro quarto dele. Meu estômago ainda estava péssimo e o Gabriel estava com uma cara péssima.
Manuela: Ta bravo comigo?
Gabriel: Não gostei de ter dado apoio pra minha mãe. É loucura ela querer outro filho com alguém que está traindo ela.
Manuela: Sabe qual o nome disso? Amor. É irracional e inexplicável. Só quem sente consegue entender.
Gabriel: E o que você quer dizer com isso? Que eu não sinto? Po, Manu, senão for amor o que eu sinto por você, eu realmente não sei o que é amor.
Manuela: Não foi o que eu quis dizer.
Gabriel: Foi o que você deu a entender. – Ele me olhou bravo. Estávamos em pé um na frente do outro.
Manuela: Foi o que você entendeu. Não arranque palavras da minha boca. Eu só disse o que disse e pronto.
Gabriel: Desculpa. – Ele segurou as minhas mãos e me puxou pra abraça-lo. – Desculpa. Não queria ter brigado contigo. To nervoso e to descontando na pessoa errada.
A gente nunca tinha brigado antes. Não que isto tenha sido uma briga, mas o mais perto que a gente já tinha chegado de brigar. Ficamos abraçados alguns segundos e depois ele colocou as mãos no meu rosto.
Gabriel: Manu, eu te amo. E sei exatamente o que eu sinto por você. Amor. E o tipo de amor mais puro, sincero e forte que eu já senti em toda minha vida.
Manuela: Te amo. – Foi a unica coisa que saiu. Ele me beijou e depois me abraçou muito forte. – Pode me levar pra casa? Acho que sua mãe precisa de você e eu preciso descansar, tenho que trabalhar ainda hoje.
Gabriel: Tudo bem, eu te levo. Coloca uma roupa e eu vou tirar o carro da garagem.
Eu me arrumei e quando estava no corredor a caminho da garagem a mãe do Gabriel gritou o meu nome. Fui até o quarto correndo pra ver o que ela queria.
Manuela: Precisa de ajuda, Marisa?
Marisa: Na verdade, sim.
Manuela: Pode dizer. – Ela estava deitada na cama e me aproximei. Fiquei parada de pé na frente dela.
Marisa: Eu preciso de ajuda e você é a única que eu posso pedir isso.
Manuela: No que eu posso ajudar, Marisa?
Marisa: Eu preciso arrumar um bebê em um orfanato, mas depois dessa minha crise, o Gabriel não vai me deixar em paz. Por favor, faça isso pra mim. Eu prometo que te recompenso financeiramente por isso. Quero um recém-nascido, qualquer sexo. Por favor, Manu. Por favor. – Ela segurou nas minhas mãos e me olhava piedosamente.
Manuela: Eu vou ver o que eu posso fazer, mas não quero dinheiro nenhum por isso.
Marisa: Ótimo, querida. Vou te dever isso pro resto da vida. – Ela beijou as minhas mãos e eu saí do quarto dela.
Fui pra garagem e o Gabriel estava me esperando no carro do lado de fora. Sai e ele fechou o portão com o controle. Ele me levou pra casa e ao chegar lá, me deu um selinho.
Gabriel: Me liga depois, ta!?
Manuela: Ta bom. – Eu dei mais um selinho nele e saí do carro. Entrei em casa e fui direto pro meu quarto. A Bruna estava lá conversando com a Flávia. Deitei a cabeça no travesseiro.
Flávia: Pensei que não ia voltar nunca mais pra casa.
Bruna: Ah, meu Deus, o que é isso no seu dedo? – Virei de barriga pra cima na cama e mostrei a mão pra elas. Elas vieram correndo na minha direção.
Flávia: Ele te pediu em namoro? Sério? Que bacana, amiga.
Bruna: Isso é demais. Ele te ama muito, né, Manu!?
Manuela: Sim. Foi lindo. E agora que to ferrada com a mãe dele.
Flávia: Por que? Ela não aprova o namoro?
Manuela: Quem me dera o problema fosse esse. Ela quer ajuda pra adotar um bebê.
Bruna: E o que você tem com isso?
Manuela: Parece que o marido não apoia. O que é plausível visto que ela acha que ele está traindo-a e ela tem razão, mas ela quer o bebê pra reerguer o casamento. O que o Gabriel desaprova totalmente. Ele acha que se pai está traindo-a, ela deve se separar dele, não ter outro filho.
Flávia: E quando o Gabriel e a mãe dele descobrirem que a atual namorada do Biel é simplesmente uma prostituta e além do mais, transa com o pai e marido deles?
Manuela: Isso é algo que me da medo só de imaginar. O Gabriel é tão incrível comigo que eu tenho medo do que ele vai fazer quando descobrir.
Bruna: Eu acho que ele vai surtar.
Flávia: Acho que ele vai querer te ajudar a sair dessa.
Manuela: Voltando ao assunto, a mãe do Gabriel ta alguns meses tentando engravidar e nada. Perto dos 40 não é pra ter tanta esperança de engravidar naturalmente, né!? Aí, eu acho, que ela ta apelando pra adoção. 
Flávia: Ato desesperado pro casamento não acabar.
Bruna: Ela deve mesmo ser doida por ele. Pra perdoar uma traição e ainda querer outro filho.
Manuela: Ela é.
Nós ficamos conversando algum tempo, contei a elas tudo sobre como o Gabriel me pediu em namoro.
Bruna: Mas não é meio cedo pra ele te dar uma aliança? Geralmente aliança rola depois de alguns meses de namoro ou depois de um ano.
Flávia: Achei fofo. Ele quis ser diferente e ele tem condições de dar a aliança a hora que quiser. 
Bruna: Uma aliança não é algo tão caro assim hoje em dia.
Flávia: Não é, mas depende da aliança, né!? Essa aliança não me parece ser nada barata. – Ela disse pegando na minha mão e olhando pra aliança.
Bruna: Isso é. Ele não ia dar bijuteria pra Manu. – Elas riram.
Manuela: Não tem graça. Eu ia gostar mesmo que a aliança fosse de latão.
Flávia: Mas tu sabe bem que latão não é tão bonito e tão caro como essa sua aliança ali.
Manuela: Vocês são implicantes, hein!? Que chato!
Nós continuamos conversando e a Bruna foi pro quarto dela porque estava começando a ficar com sono. Ela só dormia, comia e fazia muito xixi. A barriga dela crescia cada dia mais. Ela ainda não fez uma ultrassom pra saber o sexo do bebê, disse que queria esperar um pouquinho pra saber. Eu estava morrendo de curiosidade, acho que estava mais ansiosa do que ela.
Eu tomei um banho e capotei, acordei faltando meia horinha pra irmos pra boate. Fiquei na cama, pensando em várias coisas e acabei tendo a melhor ideia que podia ter tido em muito tempo.
Faz tempo que eu pensava em me vingar da Lua por tudo que ela fez, mas não queria fazer algo ao nível dela, queria fazer algo maior. Algo que realmente ferrasse com ela. Humilha-la seria total baixo nível, bater nela mais baixo nível ainda. Fora que ela ia ficar com mais raiva de mim e ia continuar se metendo comigo. Precisava ser algo maior, algo que a apavorasse só de pensar em mexer comigo.
A ideia era simplesmente genial. Ela ia ficar totalmente na pior.

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