sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

16
Sofi: Eu juro solenemente que da minha boca não saíra nada. –Falei como se tivesse jurando a bandeira. Ela me olhou e riu.
Dora: Eu não vou te contar nada.
Sofi: Aaah! Ta vendo só. Então é porque tem algo.
Dora: Eu não vou falar nada, porque não tem nada. –Ela riu nervosa e ficou mexendo nas panelas.
Sofi: Só uma fofoquinha, nem preciso de nomes. –Implorei.
Dora: Hoje você está impossível né. E ai se acertou com o Lucas?
Sofi: Ah falar em Lucas, nem te conto o que ele aprontou. –Vou arrancar essa história do namorado da Dora no dente u.u
Dora: Nem adianta que você não vai me enganar. –Ela riu.
Sofi: Poxa Dora. Eu te conto tudo da minha vida.
Dora: É que agora não, Sofi.
Sofi: Eu tenho que saber junto com os meninos? –Fiz cara de dó.
Dora: Eu estou pensando em contar para o Lucas.
Sofi: Será que ele gosta da ideia?
Dora: Eu não sei. –Foi a vez dela de me olhar com cara de dó.
Sofi: Ta vendo só, mais um motivo pra você me contar. Talvez, quem sabe, um certo menino vá até a minha casa para tomarmos um sorvete. E talvez, quem sabe, eu poderia tocar nesse assunto.
Dora: Ok você venceu. –Ela deu-se por vencida.
Magno: Vim catar algo na panela quando ouvi a sua voz. –Meu pai entrou na cozinha e me abraçou-. Sumida ein baixinha.
Sofi: Eu não sou baixinha.
Magno: E é o que então?
Sofi: Grandinha.
Magno: Tudo bem Dora? –Meu pai sorriu para ela.
Dora: Tudo ótimo.
Magno: E os meninos como vão?
Dora: Bem, graças a Deus.
Magno: Ah que bom. Milagre é esse que não tem nenhuma reclamação do sindico da Laura?
Sofi: Por algum tipo de milagre ela está tomando jeito.
Magno: Vai chover.
Dori: Ai as roupas no varal. –Rimos.
Sofi: Sabe o Alex, Dora? Então ela ta caidinha na dele, eu tenho certeza que está rolando romance. Mas os dois não assumem nada.
Magno: Esse eu não conheço. Você faz amigos e nem traz aqui pra gente conhecer.
Sofi: A gente conversa, mas ele é mais amigo do Lucas e da Laura.
Magno: Lucas filho da Dora?
Sofi: Isso. –Sorri.
Magno: Conheço esse sorriso.
Sofi: Não conheço. –Fechei a cara.
Dora: Todo mundo conhece.
Sofi: Dora. –Supliquei ajuda.
Magno: No meu tempo eu ia pedir consentimento ao pai da moça.
Sofi: Não estamos namorando.
Magno: Mas estão juntos.
Sofi: Eu não sei de nada.
Dora: Estão sim.
Sofi: Ajuda Dora. –Choraminguei.
Dora: Eu estou ajudando. Parece uma novela mexicana vocês dois, é um saco. Decidam-se logo.
Magno: Eu faço maior gosto.
Sofi: Sério pai? –Sorri.
Magno: Mas você não estava saindo com outro cara?
Sofi: Então pai... –Tentei enrolar ele-. Vamos falar da nova câmera fotográfica Tekpix.
Magno: Muito engraçada. –Ele apertou minha bochecha.
Sofi: E a minha mãe?
Magno: Ela saiu com as amigas.
Sofi: Hum as três chatas. –Fiz careta das amigas insuportáveis da minha mãe.
Magno: Não sei como ela aguenta.
Sofi: Nem eu.
Dora: Bom o almoço está pronto, posso servir?
Magno: Não precisa, eu mesmo faço meu prato. Vou comer na cozinha.
Sofi: Olha a gordura ein pai.
Magno: Culpe a Dora e não a mim.
Sofi: Você come muito e a culpa é dela? –A Dora riu.
Magno: Ela que faz a comida boa.
Dora: Vou passar a fazer sem sal. –Ela pegou o suco da geladeira e colocou sobre a mesa.
Sofi: Almoça com a gente, Dora?
Dora: Hoje não, anjo. Preciso ir à rua rapidinho. Eu posso? –Ela pediu ao meu pai.
Magno: A vontade. –Ela sorriu e saiu pela porta da cozinha que dava a parte de fora.
Eu e meu pai fomos almoçar e ficamos comendo na cozinha, se deliciando com a comida da Dora.
Sofi: A Dora é demais né.
Magno: Olha é verdade mesmo. 
Sofi: Pai, é sério o que disse sobre o Lucas?
Magno: Sério, filha. Conheço a Dora há anos, vi os filhos dela de colo ainda. Sei que eles são boas pessoas.
Sofi: Então se talvez ele me pedisse em namoro, eu posso trazê-lo aqui?
Magno: Claro, Sofi.
Sofi: Fico tão feliz, pai. Vou te falar um pouquinho dele. –Sorri-. Ele é o garoto perfeito: homem nas horas certas, responsável, organizado, limpo, muito educado, cuida de mim, é lindo, tem um sorriso que meu Deus. O quarto dele...
Magno: Espera, o quarto dele? –Ele arqueou as sobrancelhas e bebeu o suco. Ai eu percebi a rata que eu dei.
Sofi: Então, a filmadora e tal.
Magno: Eu quero saber do quarto dele.
Sofi: Bem limpo. 
Magno: O que você estava fazendo no quarto dele?
Sofi: Pegando minha bolsa.
Magno: O que vocês fizeram durante o momento que você deixou a bolsa e voltou pra pegar?
Sofi: Ain pai.
Magno: Pode contar tudo.
Sofi: Não é tipo de conversa que eu vou ter com meu pai. –Dei uma garfada na comida e comi.
Magno: Com sua mãe você não vai ter, eu te conheço, aposto que a Dora sabe tudo de início ao fim. Com detalhes.
Sofi: Detalhes é demais né. Mas ela sabe algumas coisas sim. 
Magno: Sofi, eu estou numa fase da vida aceitar é melhor do que negar. Ouvir o que os outros tem a falar, respeitar, estou aberto a tudo. 
Sofi: Eu e ele estamos saindo, ficando, se curtindo.
Magno: Curtir no total?
Sofi: É no total.
Magno: Poxa pensei que ia te levar pura para o altar.
Sofi: Foi culpa da Laura. –Ele riu.
Magno: Desconfio. 
Sofi: Ele tem alguma coisa que... É impossível explicar.
Magno: Você está apaixonada.
Sofi: Eu gosto dele.
Magno: Ele gosta de você?
Sofi: Eu sinto que sim. Mas é cedo.
Magno: Você já dormiu na casa dele e isso é cedo?
Sofi: É diferente.
Magno: Eu só quero que você seja feliz ok? Com a pessoa que você ama e que ele te ame, respeite também. Eu espero que dê tudo certo com ele, sem mentiras, sem brigas ao extremo. Entendeu? –Ele me olhou nos olhos.
Algo estava errado, muito errado. Meu pai estava diferente, algo estava acontecendo aqui em casa. 
Sofi: Pai tem algum problema acontecendo aqui?
Magno: Não filha, problema algum. –Ele riu tentando disfarçar.
Sofi: Pai, sem mentiras. Meu primeiro exemplo de homem é o senhor, se você mente e eu aceito, então o Lucas pode mentir e eu aceitar. E você não vai poder falar nada.
Magno: Não joga sugo comigo.
Sofi: Eu tenho 18 anos, eu posso aguentar qualquer coisa.
Magno: Não tem nada acontecendo, fica relaxada.
Sofi: Vai ir pelo caminho difícil?
Magno: Vou ir com calma.
Sofi: Se eu descobrir vai ser pior.
Magno: Se você não bisbilhotar vai ser melhor.
Sofi: Tudo bem.
Terminamos de almoçar quietos e eu lavei a louça. Fiquei um pouco na casa dos meus pais e depois eu fui pra minha casa.

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