sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

18
Chegamos a minha casa, deixamos as compras na cozinha e a minha mãe arrumou. O Alex foi pra casa e a Isa foi para o quarto. Tinha uma ligação no meu cel da Sofia e eu retornei.

Início da Ligação
Sofi: Oi vagabundo.
Lucas: O que houve princesa?
Sofi: Está bolado?
Lucas: Com o que?
Sofi: Hugo?
Lucas: Ah nem, imagina. –Debochei.
Sofi: Eu não tenho mais nada com ele.
Lucas: Eu tô ligado, Ursinha, mas deixa isso de lado.
Sofi: Ok. Conversou com a sua mãe?
Lucas: Vou a deixar vir falar comigo.
Sofi: Vai me contar depois?
Lucas: Se eu não contar você vai me fazer contar, então sim né.
Sofi: Ok vagabundo, vou ir ali com a Laura. Até de noite.
Lucas: Beijos princesa.
Fim da Ligação.
Minha mãe estava parada na porta do meu quarto me olhando.
Dora: Era a Sofia?
Lucas: Era.
Dora: Vocês fazem um casal tão lindo. –Ela sorriu.
Lucas: Eu quero saber se o cara que você está saindo é um par lindo pra senhora também. –Ela me olhou um pouco assustada.
Dora: Ain Lucas.
Lucas: Vai esperar eu descobrir sozinho?
Dora: A Sofia te falou alguma coisa?
Lucas: Antes dela falar eu já sabia né. –Ela sentou do meu lado na cama.
Dora: Você está chateado né?
Lucas: Mãe, fazem anos que o pai morreu. Você não precisa viver por mim e pelo Luiz não. A gente aproveita a vida e acaba esquecendo que a senhora só está com a gente no fim de semana.
Dora: Posso chamá-lo pra vir almoçar com a gente hoje?
Lucas: Eu conheço?
Dora: Conhece. –Que não seja o pai da Sofia, torci no pensamento.
Lucas: Ele é daqui?
Dora: Não. –Ai meu coração.
Lucas: Ele tem outra família?
Dora: Ele tem 1 filha e um filho.
Lucas: E a mulher dele?
Dora: Ain Lucas você está achando que eu estou com um homem casado? –Ela me deu um tapa estalado no braço.
Lucas: Ai mãe que coisa. Seu tapa dói. –Reclamei-. É que eu e a Sofia...
Dora: Ih lá vem. Diz.
Lucas: A gente estava achando que você e o pai dela estavam de rolo. –Minha mãe ficou com o rosto vermelho.
Dora: Vocês dois ao invés de decidir se vão namorar ou não, ficam falando bobeira. 
Lucas: Só passou pela cabeça. Ela achou o pai dela estranho e a senhora estava estranha também.
Dora: Não tem nada disso, Lucas. O senhor Magno é um ótimo patrão, mas não passa disso.
Lucas: Eu falei isso pra ela, mas ela está toda chateada porque o pai dela não conta as coisas pra ela.
Dora: Sofia chateada? Ela está curiosa. Ela sabe bem como os pais dela são.
Lucas: E a senhora não sabe de nada?
Dora: Saber eu sei né. Mas não vou contar.
Lucas: Ah não agora a senhora vai ter que me contar. –Ri.
Dora: Não é da sua conta.
Lucas: Mas é da Sofia.
Dora: E desde quando você é defensor dela?
Lucas: Mão não irrita vai, conta o que ta pegando. Eu não conto pra ela, mas pelo menos vou ajudar a tirar isso da cabeça dela.
Dora: Os pais dela estão se separando.
Lucas: Sério? –Tadinha da Sofi, mano. Ela vai ficar arrasada-. Por quê?
Dora: Isso eu não sei. Mas o pai dela está dormindo toda noite no sofá do escritório. 
Lucas: E a mãe dela?
Dora: Eu a vi chorando esses dias e dizendo pra uma amiga que ela foi burra demais.
Lucas: Que treta ein. Mas deixa que eu não conto nada pra ela, os pais dela que tem que dizer.
Dora: É sério Lucas, a Sofia vai ficar arrasada. Fica do lado dela ok?
Lucas: Não estava pretendo sair.
Dora: Você já a pediu em namoro?
Lucas: Nem sei mãe.
Dora: Você sabe que isso pra ela é sério né?
Lucas: Pra mim também é sério, mãe. Mas não sei fazer essas paradas. Prefiro deixar rolar.
Dora: Vou fazer o almoço e ligar para Sandro.
Lucas: Avisa que só quem anda de cueca nessa casa sou eu. –Ela riu e rolou os olhos.
Dora: Começa de ciuminho não.
Lucas: Nem me viu com ciúmes.
Dora: Tadinha da Sofia.
Lucas: E da senhora também. –Ela riu e saiu do meu quarto.
Sofia Narrando
Passei a semana preocupada com o motivo de qual seria a atitude estranha do meu pai. O Lucas tentou me acalmar com várias suposições, mas nada saia da minha cabeça. Depois que sai com a Laurinha, resolvi ir à casa dos meus pais e de lá iria para o show. 
Peguei minha mochila, sai de casa e fui pra casa dos meus pais. Quando cheguei lá, coloquei meu carro na garagem e entrei na casa.
Procurei pela minha mãe ou pelo meu pai, mas encontrei ela na mini academia. Ela estava correndo na esteira e eu parei do seu lado.
Sofi: Oi mãe. –Sorri.
Silvia: Oi filha, tudo bem? –Ela sorriu e me olhou. Ela parou na esteira e saiu bebendo água.
Sofi: Tudo sim mãe e a senhora?
Silvia: Estou bem. Como está na faculdade?
Sofi: Tudo mil maravilhas.
Silvia: Laurinha?
Sofi: Sendo ela mesma.
Silvia: Ah que bom. 
Sofi: E o papai?
Silvia: Não faço a menor dele. Liga pra ele enquanto eu tomo um banho.
Sofi: Ligo. –Ela deu um beijo na minha testa e saiu.
Sentei em uma cadeira ali e liguei para o meu pai. Ele atendeu.
Início da Ligação
Magno: Oi filha
Sofi: Oi pai, onde você está?
Magno: Chegando em casa. Por quê?
Sofi: Vim ver você e a mamãe.
Magno: Ok meu anjo, estou chegando.
Fim da Ligação
Eu tiraria esta história a limpo agora de uma vez por todas. Não sou mais criança e eu sei quando me escondem algo.
Fiquei ali por um tempo mexendo no cel e depois meu pai entrou na academia.
Magno: Oi filha.
Sofi: Oi pai.
Magno: Vamos sair pra almoçar?
Sofi: A minha mãe vai?
Magno: Hm... Vai sim. –Ele sorriu.
Sofi: Ótimo. –Levantei e peguei minha bolsa.
Saímos da academia, encontramos com a minha mãe e fomos a um restaurante não muito longe de casa.
Entramos e escolhemos uma mesa. Um garçom nos trouxe os cardápios e eu fiquei olhando o que pedir. Minha mãe começou a conversar com o meu pai e notei que meu pai meio que lutava para respondê-la. Fizemos os nossos pedidos e olhei para os dois.
Magno: Poderia ter trago seu namorado pra almoçar com a gente.
Sofi: Ele não é meu namorado e ele está com a mãe dele.
Silvia: Namorado? –Ela me olhou curiosa.
Sofi: Não é nada demais mãe.
Magno: Sofia está namorando o filho da Dora.
Silvia: Filho da Dora? A empregada?
Sofi: Aham, mãe. Ele é um amor. –Sorri.
Silvia: Ah sim. –Ela sorriu meio sem graça. Senti que minha mãe não gostou muito da notícia e isso me desapontou muito.
Sofi: Então saudades de mim em casa?
Magno: Claro né, casa fica um silêncio. –Ele riu.
Sofi: É eu sei, final de semana que vem venho dormir lá com vocês.
Silvia: E por que não hoje?
Sofi: Vou sair com os amigos. Devo chegar tarde.
Magno: Vai sair com o namorado também?
Sofi: Nossa pai você ta demais ein. –Rimos, menos a minha mãe-. Mas ele vai sim. Vamos em um show.
Magno: De quem?
Sofi: Costa Gold, grupo de rap.
Silvia: Desde quando você curte essas coisas, Sofia?
Sofi: E não curto. –RI-. Eu só vou porque a Laurinha encheu para eu poder ir com ela.
Magno: Faz bem curti coisas novas.
Silvia: Magno!
Magno: Que foi?
Silvia: É perigoso ela ir nesses lugares.
Sofi: Mãe! Em que mundo você vive? Hoje em dia o portão de casa é perigoso. Então menos né.
Silvia: Sofia não fala assim comigo.
Sofi: Mas é verdade mãe. Se eu não viesse aqui você nem saberia que iria ao show.
Silvia: Aquele garoto já está fazendo sua cabeça?
Sofi: Eu nunca precisei de ninguém pra fazer minha cabeça. Eu vou porque eu não quero ficar sozinha em pleno final de semana. E a ideia do show foi da Laurinha.
Magno: Não vejo problema nenhum, ia tanto em batalha de rap antigamente.
Silvia: Aff. –Minha mãe bufou.
Ficou um silêncio mega chato até que nosso almoço chegou. Começamos a comer em um silêncio anormal dos nossos almoços de final de semana. Aquilo estava me chateando e eu não aguentei mais.
Sofi: Quando vão me contar o que está acontecendo com vocês? –Olhei para os dois.
Silvia: Não temos nada para contar. –Ela riu nervosa.
Sofi: Não adianta mentir pra mim, eu não sou mais criança.
Silvia: Meu amor, só estamos com saudades de você.
Magno: Conta pra ela Silvia. –Meu pai falou com a minha mãe com um tom meio de raiva. Minha mãe engasgou nas palavras.
Silvia: Eu não tenho nada...
Magno: Ou conta você ou conto eu.
Sofi: Alguém me conta. –Senti um bolo se formar na minha garganta.
Silvia: Aqui não é o lugar apropriado.
Magno: Aqui, nem em casa. Qual é o lugar? No motel? –Meu pai cuspiu as palavras na cara da minha mãe. Ela se levantou da mesa, pegou a bolsa e saiu do restaurante
Olhei confusa para o meu pai.
Magno: Não era pra ser assim, desculpa Sofia.
Sofi: O que está acontecendo? –Senti meus olhos umedecerem.
Magno: Pede a sua mãe explicações. É ela que te deve alguma coisa.
Sofi: Eu vou atrás dela. –Peguei a minha bolsa e sai do restaurante e meu pai ficou pra pagar a conta.
Encontrei com a minha mãe no ponto de táxi próximo e parei do lado dela.
Sofi: Me explica o que está acontecendo. –Minha mãe estava chorando.
Silvia: Desculpa meu anjo, eu não posso.
Sofi: Mãe me conta! –Ela saiu andando e eu fui atrás dela.
Em 15 minutos chegamos em casa, e eu corri atrás dela.
Sofi: Mãe ou a senhora me conta por bem ou vai ser por mal.
Silvia: QUE MAL SOFIA? VOCÊ NÃO SABE NADA DA VIDA! É SÓ UMA GAROTA MIMADA QUE FAZ CARIDADE COM UM FAVELADINHO. –Ela explodiu as palavras na minha cara e eu recuei. Meus pais nunca gritaram comigo e isso me machucou um pouco.
Sofi: Nem você e muito menos o papai vão me contar alguma coisa, certo? Então está ótimo. Eu estou indo embora, quando vocês crescerem vocês me procurem porque eu cansei disso. –Sai de casa, entrei no meu carro e sai com tudo. Estava com raiva dos meus pais, muita raiva.
Acabei indo parar na casa do Lucas, assim que desci do carro, andei até a casa dele e o gritei no portão.
O Luiz veio me atender tomando um copo de suco.
Luiz: Oi Sofi.
Sofi: Seu irmão está ai? 
Luiz: Lucas ta, entra ai.
Entramos na casa dele e a Dora estava sentada no sofá conversando com um homem os dois muito sorridentes.
Sofi: Licença. –Disse ao entrar.
Dora: Sofia. –Ela sorriu ao me ver. Cumprimentei a ela com um beijo no rosto-. Esse é o Sandro, o meu namorado. –Dei um mega sorriso e cumprimentei o homem com um beijo no rosto.
Sandro: Prazer. –Ele parecia ser bem simpático.
Sofia: Posso ir falar com o Lucas?
Dora: Claro, anjo. Aconteceu algo?
Sofia: Depois eu te conto, vou lá falar com ele agora. –Sorri de lado e fui no quarto do Lucas. Ele estava só de bermuda mexendo no celular e o Alex estava jogado no chão do quarto dele.
Sofi: Oi. –O Lucas sorriu ao me ver.

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