sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A caminho do Verão

Capitulo 31
 Quando a Lua disse que iria me contar a historia dela eu fiquei feliz, realmente desejava saber mais sobre ela, mas, ao mesmo tempo, temia asinformações que receberia.
"O motivo para eu ter vindo para Porto Alegre é, basicamente, porque eu não suportava mais ser humilhada no Rio de Janeiro. Imaginei que se eu viesse para o sul eu fugiria de tudo isso." Ela faz uma pausa, respira fundo, e, logo em seguida, retorna a falar:
"O meu namoro com o seu primo acabou mais ou menos duas semanas antes das férias de meio de ano. Eu estava me sentindo tão idiota e solitária, além de humilhada, que pedi aos meus pais para trocar de escola. 
Mesmo tomando essa atitude meu passado me perseguia. Eu sempre fui a garota estranha, nerd, mas naquele momento eu era mais que isso, eu era a garota bobona que se apaixonara pelo garoto popular, e que, na frente de todos, foi enganada por ele e seus amigos.”
Enquanto ela falava isso, eu ficava cada vez mais com ódio do meu primo. Ele era culpado pelos traumas da Lua, pela tristeza e humilhação dela. O pior de tudo é que eu tinha certeza que, quando ela retornasse ao Rio, ele iria se vingar de mim atacando-a.
Para a minha enorme surpresa ela ainda tinha mais coisas para contar.
"Bem, se não bastasse a escola ser um inferno, ainda havia todo o caso da minha mãe. Ela sempre fora exigente e um tanto depressiva, mas depois do divorcio ela se tornara uma tirana, que só conseguia viver às custas da minha vida e da dos meus irmãos. Coitada, perdeu o foco na vida dela. Foi no primeiro ano do divorcio que eu prometi (a mim mesmo) que só tocaria o piano novamente quando meus pais ficassem juntos. Eu prometi isso porque, quando eu era criança, eu e meus irmãos tocávamos junto com meus pais e cantávamos, todos juntos. O piano, ao meu ver, era a forma de reunir a família. Depois do divorcio isso acabou." Ela me explica.
"Mas você tocou na escola de teatro." Lembro-a.
"Toquei, mas foi a primeira vez desde o dia que eu fiz a promessa. Eu confesso que desde aquele dia eu venho com vontade de tocar novamente, mas sempre que tento fico com vontade de chorar." Ela me explica.
Eu abraço-a no instante que uma lágrima se forma no olho dela. Abraço-a para mostrar que ela não estava mais sozinha, que havia alguém que protegeria ela, que compreendia a dor que ela sentia, que amava-a de verdade. Era minha forma de demonstrar que podíamos confiar um no outro.
"Vamos superar nossos traumas juntos." Falo para ela, ainda abraçando-a.
Aproveitamos a ausência da minha mãe, e da peste do meu irmão, para passarmos a noite juntos. Naquela noite nós…

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