terça-feira, 12 de janeiro de 2016

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Gustavo Narrando
O racha começou e um aglomerado de gente se formou próximo a pista, aproveitei que o restante do local estava praticamente vazio e fui sentar em um banco meio escondido. Encostei a cabeça pra trás e fechei os olhos, eu ainda estava morrendo de dor e pra melhorar tinha acabado de levar um chega pra lá da Julie, como sempre né.
- Aê mano, tá passando mal ainda? - Lucas falou sentando-se ao meu lado.
Quando levantei a cabeça e abri os olhos meu olhar foi direto na Julie e o Sam, eles estavam rindo e eu me senti ainda pior do que já estava. - Torci os lábios e respirei fundo.
- Aham, acho que estou indo embora. - Falei me levantando.
- De boa então. - Lucas foi pegando as chaves do bolso.
- Não, pode ficar com o carro. - Sorri falso. - Eu me viro.
Sai caminhando devagar, fiquei pensando o que estava acontecendo comigo, eu estava estranho, não estava agindo como Gustavo Maia, se fosse há alguns meses atrás eu não teria dado a mínima pra Julie e ia sair pegando várias sem remorso nenhum, mas eu estava me sentindo mal, me sentindo triste por vê-la sorrindo com outro, sendo que eu nem se quer sou capaz de tirar um pequeno sorriso dela.
- Você tá perdendo o foco Gustavo. - Falei baixo enquanto caminhava.
- Perdendo o foco do que? - Alguém perguntou atrás de mim. Assustado eu olhei pra trás e vi a Bia caminhando sozinha também.
- Tá fazendo o que aqui? - Perguntei parando e esperando até que ela se aproximasse de mim.
- Resolvi ir embora, pensar um pouco na vida. - Ela forçou um sorriso e voltamos
a caminhar lado a lado. - E você? Cadê seu carro? - Ela me olhou e logo desviou o olhar.
- Deixei com o Lucas, quem sabe ele não termina a noite melhor que eu. - Torci os lábios.
- O que aconteceu? - Ela me olhou. - Se quiser falar é claro.
- Ah nem eu sei Bia, estou estranho. - Olhei pra ela.
- Somos dois então. - Ela abaixou as pálpebras desanimada.
- O que aconteceu com você? - Perguntei caminhando.
- Você já teve a sensação de que não consegue mais viver? Que a gente nasce e depois espera loucamente pra morrer? - Ela abaixou a cabeça e continuou caminhando.
- Geralmente quando brigo com o meu pai penso que seria melhor eu nem ter nascido.
- Pelo menos você tem um pai pra brigar, Guto. - Ela falou baixo.
- As vezes preferia não ter. - Cuspi as palavras baixo.
- Se quiser pode dar seu pai pra mim. - Ela riu baixo.
- Com todo o prazer, te envio com papel de presente e tudo. - Nós rimos.
- Demorou então hein. - Ela olhou pra praia do outro lado da rua. - Vamos? - Ela falou me olhando.
- Praia uma hora dessas? - Assustei.
- Só pra conversar, pensar na vida. Não vamos entrar na água Gustavo. - Ela revirou os olhos.
- Vamos ué. - Concordei e atravessamos a rua.
Bia era melhor do que eu imaginava, eu nunca havia parado pra conversar com ela assim só nós dois. Ela sentou na areia e logo já estava deitada olhando as estrelas.
- Olha! Aquela estrela parece um coração. - Ela falou apontando pro céu.
- Pra mim são todas iguais, e nenhuma parece um coração Bia. - Olhei de canto.
- Finge que parece.
- ela riu e eu me deitei ao lado dela. - Já deve ser super tarde né?
- Não sei, mas não estou com um pingo de vontade de voltar pra casa hoje. - olhei pra ela. - Queria sumir por uns tempos.
- Vejo que toda aquela imagem de família perfeita que sua mãe tenta passar é falsa. - ela me olhou e eu concordei com a cabeça.
- Minha mãe e meu pai nem na mesma cama dormem Bia, só pra você ter uma ideia.
- Nossa. E eles não fazem coisas? - ela riu.
- Acredito que faz um bom tempo que meu pai não dá uma comparecida. - nós rimos.
- Que tenso.
- Demais. - ficamos em silêncio.
- Acho que vou indo. - ela falou se sentando.
- Tá bom. - olhei pra ela. - Amanhã você vai na competição?
- Claro, vou lá torcer pra Julie. - ela sorriu.
- Então nos encontramos lá.
- Tá bom, até amanhã. - ela falou se levantando e sorrio.
- Foi muito bom falar com você. - falei quando ela já estava caminhando pra ir embora, ela virou e sorriu. - Até. - ela virou e continuou caminhando.
Bia Narrando
Julie é realmente muito louca de não dar uma chance ao Guto, ele é tão legal e além de tudo é super lindo.
Andei mais alguns minutinhos e já estava em casa, entrei nas pontas do pé pra não fazer barulho, já devia ser mais de 2h da manhã e elas já deviam estar dormindo.
- Onde você estava? - Mel falou acendendo a luz da sala.
- Por ai. - Respondi apreensiva.
- Por ai? Quero saber onde e com quem. - Ela me olhou séria.
- Estava na praia com o Gustavo. Mas por favor não conta pra Julie,não quero que ela pense coisa errada. - Respondi tirando os sapatos.
- Julie nem liga pra ele Bia. - Ela riu.
- Você acha mesmo? Será que ela ficaria brava comigo se eu tentasse algo com ele? - Perguntei baixo e me sentei no sofá.
- Não Bia, vai em frente. - ela sorriu e eu me deitei no sofá, pensando como seria eu e Gustavo juntos. Ele poderia me ajudar a largar a vida que eu estou levando. - fechei os olhos e quando abri Julie me olhava parada na frente do sofá que eu estava.
- Que foi? - perguntei assustada.
- Nada ué. - ela deu risada e foi pra cozinha. Por um minuto pensei que ela havia ouvido tudo e estava brava, mas ela riu e foi comer algo na cozinha. Mel está certa, ela não quer nada com o Guto, o que é bom pra mim. - sorri com o meu pensamento.
Ficamos ali mais um tempo assistindo um filme super estranho e depois fomos dormir.
Julieta Narrando
Acordei cedo por causa da aulinha de skate, tomei um banho e me arrumei. Meu cabelo estava todo ondulado nas pontas e eu estava com cara de ursinho por ter dormido tão tarde e acordado tão cedo.
Tomei um banho e vesti um shorts jeans, camiseta AC/DC. Calçei um all star cano médio vermelho. Peguei minha mochila, meu skate e fui pra sala.
Peguei uma maçã e sai caminhando lentamente pelo calçadão, o vento batia no meu rosto e eu fechava os olhos. Cheguei na pista e já tinha uma molecadinha me esperando lá, era 8h20 e o Gustavo ainda não havia chegado, deduzi que ele não iria depois de ontem e comecei a arrumar as coisas pra aula.
Peguei meu skate e subi até o Ralf, pra dar uma animada e despertar enquanto não dava hora da aula. Quando cheguei lá em cima do Ralf, vocês não vão acreditar quem estava lá.
Sim, Gustavo estava lá em cima sentado em um cantinho com a mesma roupa da noite passada e super pensativo.
- A noite foi tão quente que não deu tempo nem de trocar de roupa. - falei baixo. Ele apenas me olhou e se levantou descendo do Ralf. - Não vai mais falar comigo? - perguntei enquanto ele descia.
- Não devo explicações porque estou com a mesma roupa de ontem, acho que você foi bem clara quando disse que só iríamos falar sobre a aula. - ele me olhou e terminou de descer a escadinha.
- Tá. - respondi seca e desci a mil com o skate nos pés.
Gustavo Narrando

Eu não queria ser grosso com ela, mas eu realmente estava cansado demais pra joguinhos. Passei a noite na pista de skate e não preguei os olhos nem um segundo. Minha mãe já havia ligado várias vezes no meu celular e eu não atendia, logo ela manda a polícia atrás de mim.

- Bom galerinha, hoje vocês vão aprender sobre equilíbrio okay? - Julie falou e a molecadinha chegou perto dela.

- De novo Julie? - um menino de aparentemente uns 5 anos falou manhoso.

- É Pedrinho, vocês ainda não estão conseguindo parar muito tempo em cima do shaper. - ela sorriu.

- Esses são seus alunos? - perguntei rindo, tinha uns 6 meninos de 5 à 10 anos.

- Sim. - ela respondeu seca e foi ajudar um garoto a ficar parado em cima do skate.

- Parece fácil. - falei colocando um pé em cima do skate, quando coloquei o outro fui direto pro chão. Ela me olhou e balançou a cabeça de um lado pro outro desaprovando aquilo.

- É, não é nada fácil. - resmunguei enquanto me levantava.

- Que burro. - o tal Pedrinho falou rindo de mim. - Tem que por um pé aqui e o outro aqui, se não você nunca vai conseguir parar em cima do skate. - ele riu e a Julie ollhou e sorriu.

- Atá, então me ajuda. - coloquei primeiro um pé. - E o outro?

- Coloca aqui. - ele apontou com o dedo e eu coloquei o outro pé.

- Consegui. - falei animado e Julie começou a rir.

- Agora rema. - ela me olhou e parou na minha frente.

- Remar?
Que história é essa? - perguntei confuso. - Estou tentando andar de skate Julie, não de barco.

- Que animal. - ela sussurrou e revirou os olhos. A molecada que estava lá caiu na gargalhada.

A aula estava até que legal, Julie se enfezava o tempo todo comigo, já que eu não entendia nada do que ela falava. O sol estava começando a ficar forte e eu tirei a camisa.

- Que isso? - Pedrinho apontou pra minha tatuagem.

- Uma tatuagem Pedrinho. - respondi rindo.

- Quero ter uma dessa quando crescer. - ele olhou boquiaberto.

- Olha, mas tem que ser quando você for bem grandão, okay?

- Tá bom. - ele consentiu com a cabeça e ficou olhando a tatuagem.

- Quem diria que o boyzinho teria uma tatuagem. - Julie falou amarrando o cadarço do tênis.

- Meus pais serem rico não me faz um nerd idiota Julie. Você julga as pessoas pela aparência, isso não é nada legal. - ela levantou a cabeça e me olhou.

- Tirou o dia pra me tirar né. - ela revirou os olhos e voltou a encarar o all star vermelho.

Julieta Narrando

A aula acabou e eu decidi que comeria alguma coisa ali por perto e já ficaria pra competição, o pessoal da organização já estava lá arrumando as coisas e alguns competidores já tinha chegado.

Peguei minha mochila e fui pra uma padaria próxima, peguei um salgadinho e uma garrafinha de coca-cola e sentei numa mesinha no canto.

- Posso? - Gustavo perguntou puxando a cadeira. Concordei
com a cabeça e continuei comendo. - Tá nervosa com a competição? - ele perguntou dando uma mordida no salgado que ele comprou.

- Um pouco, mas estou tentando ficar tranquila. - respondi normalmente. - Preciso do prêmio.

- Pretende fazer o que com ele? - ele perguntou me olhando.

- Comprar um violão, eu acho.

- Que legal. - ele sorrio. - Você toca então?

- Aham. - respondi sem graça com a animação dele.

- Eu tinha uma banda no colegial, mas depois que me formei acabou. - ele falou fazendo gestos com as mãos.

- Você precisa mesmo fazer gestos com as mãos enquanto fala? - comecei a rir.

- É mania, desculpa. - ele colocou as duas mãos no salgado.

- Tudo bem. - sorri e fui pegando minhas coisas pra sair. - Já vou indo, até.

- Boa sorte. - ele sorriu e eu fui até o caixa pra pagar e voltar pra pista.

Gustavo Narrando

Sai da padaria e decidi passar em casa pra tomar banho e trocar de roupa.

- Onde você dormiu Gustavo? - minha mãe entrou gritando no meu quarto.

- Não sabe bater na porta, não? - falei bravo.

- Eu sou sua mãe, fala direito comigo. - ela se alterou.

- E eu tenho 20 anos, não dependo de você e não te devo satisfações. - abotoei o último botão da camisa xadrez e sai do quarto.

- Com quem você tá aprendendo isso Gustavo? Deve ser com aqueles favelados que você anda. - ela gritou e eu sai de casa.

Cheguei na pista e já estava lotado, não tinha mais lugar pra sentar.
- Guto! Aqui. - Bia gritou acenando e eu fui me sentar ao lado dela.

- Guardei esse lugar pra você, que sorte hein. - ela sorriu.

- Sorte mesmo, se não ia ficar em pé lá na grade. - falei me ajeitando.

A competição começou poucos minutos depois e as garotas eram realmente muito boas, mas não mais que Julie.

- Essa já é da Julie. - Bia falou baixo.

- Também acho. - concordei e olhei pra Mel que gritava feito uma louca.

O cara lá anunciou a Julie e a galera toda começou a gritar, principalmente garotos.

- Julie tem bastante fãs né. - falei pra Bia.

- Bando de iludido. - Bia riu e eu forcei um sorriso.

Ela estava linda com uma blusa de frio preta, cabelos bagunçados e um shorts jeans curto.

Enquanto ela se ''apresentava'' o vento fazia seus cabelos loiros voarem e meus pensamentos voavam com ele. A competição estava rolando e eu não conseguia tirar os olhos da Julie. Eu estava assustado com aquilo, eu nunca dei tanta importância para uma garota, como estou dando a ela.

- Ela ganhou, ela ganhou. - Bia começou a gritar e pular, o que atrapalhou minha concentração.

- A Julie ganhou? - perguntei saindo de meus pensamentos.

- Sim. - Bia e Mel pulavam feito loucas e nem preciso dizer que a gritaria era sinistra. Eu estava super distraído quando Bia me abraçou e me tascou um beijo de lingua, assustei com a atitude dela e me afastei.

- Ô louco Bia, o que aconteceu? - olhei pra ela assustado.

- Desculpa, você não queria isso né? - ela me olhou apreensiva e saiu correndo da pista.

- O que aconteceu? - Melinda me olhou assustada.

- Bia me beijou e depois saiu correndo, não entendi nada. - falei ainda meio lesado pelo ocorrido.

- Vou atrás dela. - Mel falou preocupada.

- Não, deixa que eu vou. - falei saindo em direção ao portão que a Bia tinha saído.

Bia Narrando

Eu era mesmo uma grande idiota, estava claro porque eu sempre fui sozinha, eu sempre estragava tudo com a minha precipitação. Corri pra não muito longe, mas um lugar quieto e vazio, sentei no chão e peguei o embrulhinho, era inevitável, eu não conseguia ficar longe daquilo, ainda mais quando eu me sentia péssima como agora. Desembrulhei e coloquei um pouco de baixo da unha, eu não queria fazer aquilo.. mas eu não conseguia resistir.

Cheirei tudo com o maior remorso do mundo, era como se eu estivesse fazendo aquilo por obrigação e era mais ou menos isso, eu não queria.. mas não conseguia evitar. Não conseguia parar e enchi mais uma vez a unha e puxei com lágrimas nos olhos.

Deitei no chão com o restinho da branquinha que sobrou na mão, eu chorava muito e tudo girava.. uma dor de cabeça absurda tomou conta de mim e eu não conseguia levantar. Eu era tão fraca, eu sentia nojo de mim mesma...

Gustavo Narrando

Eu procurei Bia na rua, no calçadão e nada de encontra-la. Quando eu estava passando próximo a um quiosque vazio, ouvi gemidos vindo do banheiro e entrei com pressa, só podia ser a Bia. Quando entrei no banheiro, me deparei com a cena mais forte e horrível da minha vida. Bia estava deitada no chão sujo e nojento do banheiro, chorava e gemia descontrolada
e em sua mão tinha algo estranho, me ajoelhei na frente dela e ela começou a gritar para que eu saísse dali, que ela não queria que eu á visse assim, é lógico que eu não sairia.

- O que é isso Beatriz? - perguntei com medo da resposta. Estava na cara, eu sabia o que era, mas queria ter certeza, queria ouvir da boca dela que ela estava usando aquilo.

- Sai daqui Gustavo. - ela sussurrou e fechou a mão com o embrulhinho pequeno.

- Abre a mão. - peguei na mão dela e ela forçou os dedos ainda mais forte. - Bia eu não acredito nisso. - falei decepcionado. Me sentei no chão e encostei a cabeça na parede.

- Por favor não conta para as meninas. - ela suplicava lentamente em meio ao choro.

- Faz quanto tempo? - perguntei encarando o teto.

- Tempo o bastante pra não conseguir ficar sem.

- Não estou acreditando Bia, logo você... - o tom de decepção havia tomado conta de mim, afinal eu estava triste demais com aquilo. - Me entrega isso. - falei estendendo a mão em direção a ela.

- Não posso. - ela negou e começou a chorar ainda mais.

- Pode sim. - peguei na mão dela e fui abrindo dedo por dedo com cuidado. Ela cedeu e deixou com que eu pegasse o pequeno embrulho praticamente vazio. - Eu vou te ajudar Bia, eu prometo. - eu me deitei ao lado dela e a abracei. Fiquei em silêncio e Bia chorava feito uma criança, estávamos ainda lá deitados no chão do banheiro.

- Bia, precisamos ir. - falei baixo quando ela já havia se acalmado.

- Só se você me prometer que não contará pra ninguém. - ela me olhou com medo.

- Eu vou te ajudar e não vou
contar pra ninguém sobre isso, será um segredo meu e seu. - dei um beijo na testa dela, me levantei e ajudei ela a levantar.

- Então tá combinado assim. - ela me olhou. - nosso segredo.

- Sim, nosso segredo. - repeti olhando ela e estendi a mão para que ela pegasse. Ela entrelaçou nossos dedos e saímos do banheiro.

Nossa roupa estava uma coisa de outro mundo, parecia que eu tinha acabado de sair de uma guerra de tão suja. Bia não quis voltar pra competição e disse que iria embora, eu fiquei com um pouco de receio e decidi que a levaria até em casa.

- Está entregue. - disse quando chegamos na frente do apartamento.

- Obrigada. - ela me olhou como se seus olhos quisessem me agradecer de alguma forma. - Você está sendo incrível comigo Guto. - nos abraçamos.

- Não quer subir pra limpar um pouco a roupa? - ela perguntou me olhando. Se eu subisse eu sabia que rolaria algo e também sabia que seria mais por pena do que por eu estar afim.

- Melhor não. - falei dando alguns passos pra trás. - Até amanhã, Bia. - ela sorriu e eu atravessei a rua em sentido ao Ralf.

Julieta Narrando

Quando o cara anunciou que eu era a vencedora eu senti um milhão de sentimentos, eu queria correr e sair abraçando todo mundo, o que pegaria mal pra uma garota assim como eu. Quando eu estava olhando pra Mel, vi a Bia falando algo pro Gustavo, ai ela saiu correndo e ele correu atrás, tipo foi muito rápido, eu queria correr até lá pra saber o que estava acontecendo,
não por causa do Gustavo, porque convenhamos que eu estou pouco me fodendo por ele, mas sim pela Bia que saiu correndo e parecia estar chorando.. o único problema é que eu não podia sair do ''palco'', eu estava sendo premiada.

Assim que acabou a premiação e eu peguei o valor em dinheiro tão desejado, corri até a Mel para que ela me explicasse o que tinha rolado, Bia e Gustavo não estavam lá, o que me deixou intrigada.

- Mel o que rolou aqui? - perguntei ajeitando o skate na mochila.

- Aí, foi tenso. - ela falou meia apreensiva.

- Me conta então. - falei impaciente.

- Bom, a Bia beijou o Gustavo, que ficou assustado e parou o beijo, ai ela teve um ataque de carência e saiu correndo, ele ficou preocupado e saiu correndo atrás, fim. - ela me explicava enquanto procurava alguém pela pista.

- Nossa! - falei surpresa. - A Bia beijou o Gustavo? - perguntei desentendida. Eu não sabia ao certo o que eu senti, mas não gostei de ficar sabendo aquilo.

- Sim Julie, beijou. - ela falou distraída ainda procurando alguém.

- Tá procurando alguém? - falei pegando no queixo dela e fazendo com que ela me olhasse. - Hein?

- Não. - ela falou sem graça. - Quer dizer, to procurando a Bia né.

- Sei. - falei desconfiada e ela me olhou como se tivesse culpa no cartório. Eu conhecia Mel bem o bastante para saber que ela estava mentindo, mas preferi deixar pra lá, talvez ela não quisesse mesmo falar quem estava procurando. Quando eu e Mel estávamos quase saindo da pista Gustavo chegou todo sujo e veio em nossa direção.

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