sábado, 2 de janeiro de 2016

42
O jogo continuou e os desafios foram ficando mais pesados. O Samuel girou a garrada e a Regina perguntava pra mim.
Regina: Verdade ou desafio?
Manuela: Desafio.
Regina: Chupa o pau do Gabriel. – Eu ri ao ouvi-la.
Manuela: Ta de caô, né!? Ele é meu namorado, velho. Eu já faço isso. – Todos riram, menos o Guilherme e a Isabela.
Samuka: Manuzinha, independente disso, tem que fazer o desafio. Senão fizer, tu vai ter que chupar o pau de todos os caras da roda.
Gabriel: Ela não vai fazer nada disso. – Ele falou muito bravo.
Manuela: E aquele papo de ser bonzinho comigo? – Eu perguntei brava pro Samuel.
Samuka: Se não quiser chupar o pau do teu namoradinho na frente de todo mundo, vai ter que beijar o Guilherme na frente dele. O que tu acha? – Fiquei olhando séria pra ele. Aquele idiota só podia estar de brincadeira comigo.
Manuela: Ah, vai se foder. To cagando e andando pra esse jogo. – Eu saí da roda pisando duro e o Gabriel veio atrás de mim. Fui até a cozinha. – Eu odeio aquele idi...
Gabriel: Calma, não se estressa... Vamos acabar com esse jogo idiota. Vou chamar a Flávia pra puxar o parabéns.
E foi o que ele fez, chamou a Flávia e ela puxou o parabéns. Todos cantavam e eu estava feliz, apesar das presenças indesejáveis. Quando eu fui assoprar as velinhas, ouvi gritos e sermões vindo do alto da escada. Meu coração acelerou quando eu olhei pra cima e vi a Helen segurando a Bruna pelos cabelos e ela chorando desesperadamente. Engoli a seco.
Helen: Que putaria ta acontecendo aqui? – Todo mundo olhou pra ela, eu estava nervosa. A Helen ia matar a Bruna e ia me matar pela bagunça na casa dela, já que a festa era pra mim.
Flávia: Calma, Helen. É só uma festa, a gente vai arrumar toda a bagunça depois.
Helen: Mas é claro que vão! E muito bem limpo ainda. – Ela me olhou muito brava e começou a descer as escadas segurando a Bruna pelos cabelos. A Bruna gritava e pedia pra Helen solta-la. – Cala a boca, vagabundazinha. Ela chegou até onde a mesa do bolo estava e jogou a Bruna no chão. – Qual foi a merda que deu na cabeça de vocês que resolveram me esconder que essa desgraçada estava grávida?
Nenhuma de nós respondeu, eu estava pálida de nervoso com a situação e preocupação com a Bruna.
Helen: Me respondam, suas... – Eu estava com medo que ela abrisse a boca e contasse que nós éramos prostitutas no meio de tanta gente do colégio. Meu coração estava acelerado.
Guilherme: Calma, mãe... – Ele apareceu na escada e desceu a mesma correndo.
Helen: Guilherme, tu não se mete que eu me resolvo contigo depois. Nem um piu, garoto. – Ela disse brava pra ele. – Eu mandei, porra. Eu mandei mil vocês vocês usarem camisinha. Vocês tem problema? Agora essa daí me aparece grávida. Que merda!
Alguém, no meio de tanta gente que assistia aquele "show" da Helen gritou: – Grávida e com AIDS!
A Helen olhou pasma pra Bruna. Chegou perto dela e a fez levantar só com o puxão que ela deu nos cabelos dela.
Helen: É sério isso? – A Bruna só conseguia chorar, mas assentiu com a cabeça.
Eu vi a fúria nos olhos da Helen, ela tacou a Bruna longe, chegou perto dela e começou a batê-la. Batia com as mãos e chutava com os pés. Eu fiquei desesperada, corri até a Bruna, mas ela já tinha apanhado bastante. Ninguém se atreveu a impedir a Helen, mas eu não ia deixar a Bruna enfrentar aquilo sozinha.
Manuela: Para, Helen. Para. Para. – Eu tentava fazê-la parar, mas ela continua chutando a Bruna. O Gabriel correu na minha direção e me segurou pela cintura.
Manuela: Me solta. Me solta. – Eu fiz o máximo de força que consegui e me soltei. Tentei de tudo pra Helen parar de machucar a Bruna, mas nada adiantava. Eu vi sangue sair da Bruna, mas não conseguia definir da onde.
Helen: Garota, saí do meu caminho. Senão vai sobrar pra tu.
Lua: Não seja por isso, Helen. O que é dela, tu pode dar agora. – Eu olhei pra Lua e ela vinha com o meu teste de gravidez na mão. Entregou pra Helen que olhou pra aquilo sem entender. – Ta aí o teste de gravidez da Manuela. Positivo, como você pode ver.
Helen: Manuela, eu não acredito. – Ela olhou inconformada pra mim. Eu só consegui pensar no Gabriel, ele nem imaginava aquilo e descobriu da pior maneira. Ele me olhou confuso e eu comecei a chorar.
Lua: A melhor parte está por vir... Sabe quem é o pai?
Helen: E isso lá me interessa, Lua? Eu quero a Bruna e a Manuela longe da minha casa agora. To me fodendo pro pai dos filhos delas. Quero que essas desgraçadas sumam.
Lua: Poderia até não ser o seu interesse, se o bebê que a Manuela está esperando não fosse do Guilherme. – Eu não acreditei quando ouvi-la. Eu caí aos prantos de tanto chorar. A Helen pareceu não acreditar, mas depois ficou muito brava. Ela começou a vir pra cima de mim, mas antes dela encostar um dedo em mim, o Guilherme se colocou na frente dela.
Guilherme: Você não vai encostar um dedo nela. Sei que está com raiva e que eu fiz merda, mas agora ela vai ter um filho meu e eu não vou deixar a senhora machuca-la.
Helen: Eu não acredito numa coisa dessa, Guilherme... Eu pedi tanto pra você não se meter com nenhuma delas. – Ela colocou a mão na testa e olhava brava pro Guilherme. – Eu quero as duas fora daqui ainda hoje.
Guilherme: A Manu não vai a lugar algum. Eu não vou deixa-la na rua esperando um filho meu.
Helen: Manda todo mundo sair da minha casa, eu preciso resolver uns assuntos meus e dentro de meia hora eu volto e me resolvo com vocês.
Ela saiu de casa bufando, nós dispensamos todo mundo. O Gabriel me olhava espantado, parecia não acreditar no que tinha ouvido até agora.
Manuela: Por favor, a gente precisa conversar. Por favor. – Eu disse com lágrimas no rosto.
Gabriel: Grávida dele, Manuela? Eu não acredito que tu me traiu. Aquele papo de não sentir mais nada por ele foi tudo história, né!? Como tu pode? Como? – Ele não me deixou falar. Foi só despejando a raiva dele em mim.
Gabriel: Eu sempre fiz de tudo por você, Manuela. Sempre. Eu fui o cara mais compreensivo do mundo contigo e é isso que eu recebo? E o pior, é que tu não teve a decência de tu própria me contar. Olha o jeito que tu me deixou descobrir
Manuela: Me deixa te explicar tudo, por favor. Não é bem assim como tu ta pensando.
Gabriel: E é como então? Me diz... – Ele ficou me olhando sério. – Me diz que tu não me traiu e que não está grávida do Guilherme.
Estava todo mundo na sala. As meninas e o Guilherme presenciavam nossa briga.
Manuela: Eu queria ter te contado antes, Gabriel. Mas eu não sabia como te dizer isso.
Gabriel: Difícil ter que assumir uma traição, né!? Ainda mais quando ela vem acompanhada com um bebê.
Manuela: Para. Para. Eu preciso te explicar direito o que ta acontecendo.
Gabriel: Eu não quero mais explicações. Entendi que tu não me ama e tu me provou isso me traindo. Seja feliz com ele, vocês se merecem. – Ele virou de costas pra mim e começou a andar em direção a porta, mas parou no meio do caminho e voltou pra trás. Eu já estava soluçando de tanto chorar. – Ah, e toma isso... – Ele tirou a aliança de namoro que usava no dedo e jogou no chão na direção dos meus pés. – Faz o que tu quiser com isso. – Ele saiu de casa, a Flávia foi atrás dele. Eu me ajoelhei no chão e peguei a aliança. Eu não conseguia parar de chorar.
Eu vi as meninas ajudando a Bruna. A Jack tentava acalma-la, mas ela gritava de dor.
Jack: A gente precisa leva-la pro hospital e rápido.
A Flávia entrou correndo em casa.
Flávia: Bora, Jack. O Gabriel vai leva-la pro hospital. Nervoso do jeito que ele está, vai ser péssimo, mas a gente não pode esperar um ônibus passar pra levar ela e outra que ela não vai conseguir chegar até o ponto de ônibus.
Guilherme: Vamos, Bruna. – Ele pegou-a no colo e levou até o carro do Gabriel. Eu corri até lá fora e o Gabriel estava dentro do carro. Eu ia entrar no mesmo junto com a Bruna, mas ele me impediu.
Gabriel: Não, Manuela. Não entra. A Flávia vai com ela. Fica longe de mim, o mais longe que tu puder. Eu vou ajuda-la porque ela não tem culpa das tuas cagadas, mas depois, tu nunca mais chegue perto de mim.
Manuela: Eu não acredito que você vai me tratar assim... – Eu disse olhando inconformada pra ele.
A Flávia entrou no carro com a Bruna.
Flávia: Eu te ligo e te dou notícias de tudo. Fica calma, amiga. Por favor. A Helen vai voltar e vai acabar contigo por causa do Guilherme, se cuida. Por favor. Não faz mais bobagens ainda. – Ela fechou a porta do carro e o Gabriel saiu com o mesmo.
Eu fiquei ali, no meio da rua, olhando o carro se afastar. Eu só conseguia chorar, a Jack me abraçou e eu estava desesperada. O que eu ia fazer agora sem o Gabriel?
Jack: Você ta tremendo, Manuela. – Ela disse segurando minhas mãos. Ela me puxou pra dentro de casa e me sentou no sofá. – Pega um copo de água com açúcar pra essa menina, ela vai ter um treco.
Eu estava tão nervosa que não conseguia falar nada. A Amanda pegou água pra mim e a Jack me deu.
A Lua apareceu na sala e me olhava com cara de quem tinha vencido uma guerra inteira. Eu me recompus e fui até ela.
Manuela: Satisfeita?
Lua: Ainda não. Mas estarei quando o Gabriel for meu. – Ela piscou e virou de costas pra mim, mas antes dela começar a andar pra sair de perto, eu segurei no cabelo dela e puxei-a pra trás. – Me solta, sua louca.
Manuela: Eu te odeio, sua vagabunda. – Eu derrubei-a no chão e dei uns tapas na cara dela. O Guilherme viu a briga e logo segurou a minha cintura e me tirou de perto da Lua.
Guilherme: Quer mais problemas do que tu já tem?
Manuela: Ela fodeu com tudo, Guilherme. Com tudo... – Eu disse chorando, ele me abraçou. A Lua saiu de casa o mais rápido que pode.
Guilherme: Calma... – Ele fez carinho no meu cabelo e me abraçou mais forte.
Nós limpamos toda a casa enquanto esperávamos notícias da Bruna e esperávamos a Helen chegar. A Helen não apareceu a noite toda e Flávia não me ligava logo. Eu estava morrendo de preocupação.
Manuela: O que custa a Flávia dar um telefonema? – Eu disse olhando pro celular e tentando ligar pra ela.
Amanda: Calma, Manu. Deve estar acontecendo alguma coisa, ela já vai ligar.
Manuela: Isso, me deixa mais nervosa do que eu já estou... – Eu disse andando de um lado pro outro com o celular na mão.
Já eram quase 3 da manhã, a Jack e a Amanda dormiam nos sofás da sala. O Guilherme e eu estávamos na cozinha, sentados na mesa e olhando pro celular, esperando alguma notícia da Bruna.
Guilherme: Não achei que o Gabriel fosse reagir daquele jeito. Ele sempre foi tão louco por você... – Ele disse me olhando. Eu respirei fundo, estava com a cara inchada de tanto chorar já.
Manuela: Nem eu. Mas ele não me deixou me explicar, não me deixou falar. Ele nem sabe que o filho pode ser dele, mas ele acha que eu o traí e não foi o que aconteceu. Eu fiquei contigo antes de namorar com ele... – As benditas lágrimas voltaram. Merda!
Guilherme: Para de chorar, calma! Ele tava nervoso e lógico que não queria explicação, a Lua fez parecer que tu tinha traído ele e o filho era meu. Ela fez de propósito e ela não vai sossegar enquanto não tiver o Gabriel pra ela.
Manuela: Ele precisa acreditar em mim... – Eu disse chorando e ele me puxou, eu apoiei a cabeça no peito dele. Ele deu um beijo na minha testa e foi quando nós ouvimos o celular tocar. Peguei ele correndo e atendi. – Me fala que ta tudo bem, por favor.
Flávia: Manu... – Ela disse com uma voz de choro. – A Bruna... Ela...
Manuela: Fala logo. – Eu falei preocupada.
Flávia: A placenta descolou e agora ela ta com risco de morte. Tiveram que fazer cesariana e o bebê ta bem, mas os médicos não sabem se a Bruna vai sobreviver... – Ela disse chorando e eu olhava pro Guilherme atordoada, deixei o celular cair no chão de tão chocada e o Guilherme pegou o mesmo.
Guilherme: Flávia, que hospital vocês tão? – Ele falava com ela e eu ainda estava em estado de choque. – Eu vou praí com a Manuela... Tô me fodendo que esse merda está aí. Já já chegamos aí.


Eu nem me importei com roupa, com cara de choro ou qualquer outra coisa. Guilherme e eu saímos correndo de casa, foi difícil achar um ônibus andando aquela hora e que fosse parar perto do hospital, mas depois de tanto esperar, conseguimos um.
Chegamos no hospital e eu fui até a recepção, perguntei pela Bruna e a recepcionista me mandou esperar na salinha ao lado. Fui até lá e a Flávia estava lá com o Gabriel. Meu coração acelerou ao vê-lo, a Flávia veio na minha direção.
Flávia: Amiga... – Ela me abraçou, eu não conseguia tirar os olhos do Gabriel. Ele me encarava, mas não expressão reação nenhuma.
Manuela: Como ela ta?
Flávia: Os médicos não dizem muita coisa, só disseram que ela está muito mal e não sabem se ela vai aguentar.
Manuela: Meu Deus! – Eu abracei a Flávia mais forte. – E a bebê dela?
Flávia: É linda. Nós já vimos. Ela parece muito a Bruna. Meu Deus, o que vai ser dessa criança se a Bruna morrer? – Ela perguntou e logo caiu no choro.
A Flávia pediu pra enfermeira e o Guilherme e eu fomos ver a bebê que estava na incubadora por ter nascido prematura e ser muito pequenininha. Nós fomos até o berçário e a enfermeira apontou pra bebê da Bruna. Era tão linda e tão pequena.
Guilherme: Ela é linda. – Ele sorriu e pegou a minha mão, entrelaçou os dedos na mesma. – Nosso bebê vai ser lindo assim também.
Ele foi falar aquilo justo quando o Gabriel estava se aproximando, ele me olhou meio inconformado. Eu soltei a mão do Guilherme na hora em que vi o Gabriel.
Gabriel: Eu vim aqui pra tentar te ouvir, mas acho que eu vi e ouvi o que precisava e merecia. To indo pra casa, fala pra Flávia me ligar se precisar de alguma coisa. – Ele não me deixou dizer nada, simplesmente saiu do hospital.
Manuela: Droga, Guilherme! Tu nem sabe se esse filho é teu e acabou de estragar tudo. – Eu disse brava olhando pra ele.
Guilherme: Como eu ia imaginar que o Gabriel estaria atrás ouvindo tudo? Foi mal.
Nós voltamos pra sala de espera junto com a Flávia. Ficamos até de manhã lá, eu estava acabada de tanto sono que estava sentindo. O Guilherme dormiu sentado mesmo.
A Flávia resolver voltar pra casa, ficamos só eu e o Guilherme no hospital. Hoje era domingo e era nosso ultimo dia de férias, amanhã já teríamos que ir pra escola. Merda! Eu não sabia direito no que pensar, era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que era difícil decidir qual era a pior. Mas ficar sem o Gabriel, isso sem dúvidas seria péssimo.
Ele me ajudou tanto nos ultimos tempos, me deu força e ficou todo tempo do meu lado. Eu não poderia perdê-lo assim, eu não ia aceitar isso. De jeito nenhum. Eu não posso ficar sem ele e não vou. Ele vai ter que me ouvir, vai ter que me deixar explicar tudo. Eu não o traí e era injusto ele não me ouvir. Ele não pode acreditar assim na Lua e não confiar em mim, que sou a namorada dele, ou ex, né...
A Flávia voltou pro hospital depois do almoço e por mais que eu não quisesse, o Guilherme me fez voltar pra casa, comer alguma coisa e descansar. A Bruna continuava na mesma, os médicos disseram que ela não tinha apresentado melhora nenhuma, o que me deixou muito preocupada. A Helen apareceu em casa bem tarde da noite e não estava com a cara nada boa.
Helen: Quero que todas vocês sumam e me deixem na casa com o meu filho e a Manuela. – As meninas concordaram e subiram pros quartos delas. Guilherme e eu sentamos no sofá e a Helen ficou em pé, de frente pra nós. – O que foi que deu na tua cabeça, Manuela, pra se meter com o meu filho?
Manuela: Helen, eu... – Ela não me deixou falar.
Helen: Cala essa boca. Eu to falando. – Eu engoli a seco, o Guilherme me olhou. Ele parecia meio nervoso. – Manuela, eu mandei você e todas as outras não se meterem com o meu filho. Era uma ordem. Que porra! – Ela gritou. – Não bastava transar com ele, tinha que engravida, né!? Queria mostrar o que pra mim? Mostrar que você está a cima das minhas ordens? Que eu não mando em você.
Manuela: Não, Helen. Claro que nã... – Novamente, ela não me deixou continuar.
Helen: Calada! – Ela gritou muito alto. – Quem fala aqui sou eu, garota. – Ela chegou perto de mim e me deu um tapa na cara que me fez deitar no sofá. O Guilherme ficou em pé e começou a gritar com a Helen.
Guilherme: Para, mãe. Para. Não bate nela. A culpa não é só dela. Eu também desobedeci, bate em mim. Não nela. – Ele me defendia e eu voltei a me sentar. Meu rosto, onde ela tinha batia tinha ficado vermelho e eu sentia latejando.
Helen: Minha vontade é de te dar uma surra, Guilherme. Uma surra bem dada, mas eu não consigo fazer isso com você. Mas você bem que merecia. Agora senta quieto aí que meu papo com a Manuela não terminou.
Guilherme: Não encosta mais nela, por favor, mãe. – Ela não respondeu, só olhou feio pra ele.
Helen: A quanto tempo vocês estão juntos?
Manuela: Nós não estamos juntos.
Helen: Porra! Não mente pra mim. – Ela disse nervosa.
Manuela: Faz um bom tempo que a gente começou a namorar, mas nós terminamos... – Ela me olhou furiosa.
Helen: Namorar? Tu só pode estar brincando comigo. Sua desgraçada... – Ela chegou perto de mim e me segurou pelos cabelos.
Guilherme: Solta ela, mãe. Solta agora.
Helen: E tu vai fazer o que se eu não soltar? – Ela olhou pra ele enquanto segura meus cabelos por muita força. Eu inclinei a cabeça na esperança que isso ajudasse a não doer tanto, mas não funcionou. Um cara todo de preto entrou na sala, segurou o Guilherme, apesar dele ter tentado se soltar. O cara de preto o fez sentar e ficou segurando os braços dele pra trás. – Senta quietinho aí e me deixa resolver aqui com a Manuela. Senão, vai sobrar pra você também.
Guilherme: Mãe, deixa ela em paz.
Helen: Calado, garoto.
Manuela: Helen, me solta. Você ta me machucando. – Eu não aguentava mais ela puxando os meus cabelos, aquilo doía demais.
Helen: Ta doendo, é!? – Ela perguntou meio irônica e depois puxou ainda mais o meu cabelo. Eu gritei de dor.
Guilherme: Mãaaae – Ele falou meio desesperado.
Helen: Garota, tu não faz noção no buraco que tu foi se meter. – Ela me jogou no sofá e eu passei a mão onde ela estava segurando, tava doendo horrores. – Queria tanto me desfazer de você. Merda! Agora tem esse filho que tu ta esperando que é meu neto e eu não vou poder fazer nada contigo enquanto ele não nascer. Mas depois... Depois tu vai sumir, não só da minha vida. Mas da face da terra. Não só você, sua mãezinha também. Ela vai pagar pelos teu erros.
Manuela: NÃO! – Eu falei desesperada. – Minha mãe não. Acaba comigo, eu não ligo. Eu não aguento mais essa vida mesmo, mas a minha mãe não. Ela não tem culpa. Não faz nada com ela, pelo amor de Deus... – Eu fui em direção da Helen, me ajoelhei nos pés dela e comecei a chorar feito louca.
Helen: Sai, garota. – Ela se afastou de mim e riu. – Tu acha que eu sinto pena de você? Eu to com ódio, com raiva. Mas tu vai pagar e tua mãe também. Deixa só esse beber nascer. Eu vou acabar contigo e tu vai implorar pra nunca ter nascido. – Ela falava com ódio.
Manuela: Eu odeio você! Odeio. – Eu estava no chão, ela riu ao me ouvir. Eu olhava com os olhos cheios de lágrimas pra ela e com uma raiva enorme dela.
Helen: Ah, que bonitinha. Me odeia? Que fofinha. – Ela continuou rindo. – Cala essa boca, garota. Tu acha que é quem? Se você não estivesse esperando um neto meu, eu já tinha acabado com a tua vida. – Ela aproximou-se de mim e novamente puxou-me pelos cabelos. Ela me jogou pro outro canto da sala, eu senti uma dor enorme nas costas por ela ter me jogado muito forte e eu ter bati contra o sofá.
Guilherme: Caralho, mãe – Ele gritou. – Não machuca ela...
Helen: Garoto, tu ta me irritando. Cala a boca!
Guilherme: Então deixa ela em paz, por favor. Não machuca ela. Não machuca.
Helen: Tu gosta mesmo dessa vadia, né!? – Ela foi pra perto dele e eu fiquei caída no chão, toda desajeitada por causa da dor que a batida tinha ocasionado. – Tanta menina decente nesse mundo e você foi gostar justo dessa, Guilherme? Justo de uma vadia como ela?
Guilherme: Para de falar assim dela...
Helen: Ih, garoto, larga de frescura pro meu lado. – Ela riu e voltou na minha direção. – Isso aqui é pra vocês aprenderem a não desobedecerem uma ordem minha... – Ela me segurou pelo queixo, me fez olhar pra ela e bateu duas vezes sequencialmente na minha cara. Eu não fiz nada, só chorei. Não tinha como lutar com ela, o "segurança" dela viria pra cima de mim e eu ia apanhar mais se me manifestasse.
Guilherme: PARAAAAA! – Ele berrou com ela.
Helen: Foram só tapinhas na cara, meu filho. Ela não vai perder o bebê com isso, mas vai servir de lição. – Ela me deu mais três tapas na cara. – Vagabunda. Piranha. Vadia. Prostituta. Puta de esquina. – Ela me xingava enquanto me batia. Eu só chorava e o Guilherme gritava pra mãe dele parar.
Eu não sei como, mas mesmo com um cara enorme segurando o Guilherme, ele se soltou e foi em cima da Helen. Ele empurrou-a e impediu dela me bater ainda mais.
Guilherme: Chega. Já deu. – Ele disse segurando os pulsos dela.
Helen: Que bonitinho, você protegendo sua amada... – Ela riu irônica pra ele. – Tobias, segura ele... – Ela ordenou pro "segurança". Ele veio na direção do Guilherme e segurou ele pelos ombros.
Guilherme: Me solta, cara. Me solta.
Tobias: Só quando tua mãe mandar... – A voz dele era grossa, dava medo só de ouvir.
Helen: Fique longe do meu filho a partir de agora. Ouviu bem, Manuela? E eu to falando bem sério contigo. Não se atreva a ter qualquer relação com ele. Tu só está viva ainda, porque está grávida de um neto meu. Só por isso. Senão, eu já teria te aniquilado. Se fizer alguma gracinha, eu juro pra você que sua mãe morre na mesma hora. Tem caras meus rodeando sua casa todos os dias e basta um telefonema meu que eles matam sua mãe sem dó nem piedade.
Manuela: Não! – Eu senti um frio na espinha ao ouvi-la. – Eu não vou fazer nada. Eu juro. Vou ficar longe do Guilherme. Eu prometo. Não quero mais nada com ele.
Guilherme: Manuela, eu não acredi... – Ele me olhou decepcionado.
Helen: E você fique longe dela também. – Ela falou pro Guilherme. – Senão quiser que eu acabe com a vida dela e com a vida do teu filho que ta na barriga dela.
Guilherme: Como você tem coragem?
Helen: Você não tem noção das coisas que eu tenho coragem... A Lua vai ficar de olho em vocês por mim, ela será meus olhos e ouvidos dentro dessa casa. Não achem que você conseguirão me esconder algo, porque não irão. Tobias, solta ele e vamos pra boate. Quero ver como as coisas estão por lá. Manuela, manda tuas amiguinhas irem pra boate. A Flávia também, porque eu to me fodendo pra Bruna ou pro bebê dela, mantenham-na longe daqui, senão eu acabo com a vida dela também. Tu pode ficar em casa, Manuela. Só por hoje, porque não pense que a vida vai ser molinha pra tu só porque tu ta grávida. Ninguém mandou engravidar, agora vai ter as consequências que merece.
Tobias soltou Guilherme e junto com a Helen, eles saíram de casa. O Guilherme saiu correndo na minha direção e ajoelhou-se na minha frente. Eu estava meio em choque com tudo ainda.
Guilherme: Tu ta legal? Ta machucada?
Manuela: Eu to bem. Eu só preciso que ela fique bem longe da minha mãe. Guilherme, ela vai matar a minha mãe. – Eu chorei e o Guilherme me abraçou.
Guilherme: Calma!
Manuela: Me solta. – Eu me levantei e fui pra longe dele. – Fica longe de mim. Eu não quero mais problemas com a tua mãe. Chega! Não chega mais perto de mim, não fala mais comigo. Se der, nem olha mais pra mim... – Ele me olhou sério e respirou fundo.
Guilherme: Tu ta de brincadeira comigo, né!? Eu não acredito que tu vai deixar a minha mãe mandar em você, Manuela.
Manuela: Eu vou deixar ela fazer o que quiser comigo, contanto que ela não encoste a mão na minha mãe.
A Jack desceu as escadas desesperada e a Amanda veio atrás.


Jack: Vocês estão bem? A gente tava morrendo de preocupação lá em cima.
Amanda: Tu ta bem, Manu? – Ela veio até mim e me abraçou. Eu correspondi e tentei me acalmar.
Manuela: Agora ta tudo bem...
Amanda: Você ta com uma carinha de assustada... – Ela alisou o meu rosto e depois me abraçou forte.
Jack: Carinha de assustada? Ela ta pálida. – A Jack me puxou e segurou as minhas mãos. – E como eu previa, está tremendo.
Guilherme: Manu, tu não pode ficar nervosa desse jeito. A pressão aumenta e na gravidez isso não pode...
Manuela: Guilherme, vai pro hospital e me deixa aqui, pelo amor de Deus. Fala pra Flávia voltar e fica lá, depois eu troco contigo.
Guilherme: Tu precisa de alguma coisa?
Manuela: Eu preciso que você suma da minha frente. – Eu falei irritada. Ele não respondeu, só saiu de casa.
Jack: Nossa, tu foi meio grossa com ele, não acha?
Manuela: Essa vai ser a unica forma dele entender que a gente não pode ter mais nada. Vai doer nele, mas ele tem que entender que não tem chances de nada entre a gente voltar a acontecer. Se eu ficar com ele, minha mãe morre e isso eu jamais vou deixar acontecer.
As meninas me deram água, eu contei a elas tudo que a Helen tinha dito e feito. Elas ficaram horrorizadas. A Flávia apareceu em casa meia hora depois, ela estava com uma cara péssima.
Jack: Aconteceu alguma coisa?
Flávia: O estado da Bruna piorou.
Manuela: Meu Deus! – Eu coloquei a mão na cabeça. – Ela não pode morrer, não pode. – A Flávia me abraçou e nós ficamos chorando juntas por um tempo.
Quando nós duas nos recuperamos, nós fomos pro nosso quarto. Ela tomou banho primeiro e depois eu tomei também. Contei a ela tudo que tinha acontecido.
Flávia: O Gabriel ta arrasado...
Manuela: Eu sei, ele deve estar me odiando.
Flávia: Quase isso... Ele me disse que estava muito decepcionado contigo, não esperava nada assim de tu.
Manuela: Eu vou matar a desgraçada da Lua. Por que ela tinha que se meter nisso?
Flávia: Porque ela é louca pelo Gabriel. Ela é doida, pirada.
Manuela: É... Maldita. Odeio aquela garota.
Flávia: Tu não é a única.
Nós conversamos bastante, o Guilherme ligou e disse que ele ficaria a noite toda no hospital que eu não precisaria ir pra lá. As meninas foram pra boate e eu acabei dormindo bem cedo, mas antes de dormir, mandei milhões de mensagens pro Gabriel e ele não respondeu nenhuma.
Acordei cedo no outro dia. Era o primeiro dia de aula após as férias. Tomei um banho, coloquei uma calça jeans e o uniforme do colégio. Agora todo mundo naquela escola já devia saber que eu também estava grávida e eu seria o assunto. Merda! Merda! Merda!
Jack, Amanda, Flávia e eu tomamos café. O Guilherme apareceu um tempinho depois.
Guilherme: Não deu pra ficar a noite toda lá. Mas os médicos disseram que iam me ligar se ela reagisse.
Amanda: E se eles ligarem pra avisar da morte dela?
Flávia: Vira essa boca pra lá, Amanda. Credo. Ela não vai morrer, a gente tem que acreditar nisso. Temos que torcer.
Eu terminei de tomar o meu café em silêncio.
Amanda, Flávia, Lua Jack, Guilherme e eu fomos pra escola a pé como de costume. Eu não tinha motivo nenhum pra estar feliz e nem pra por um sorriso no rosto, mas mesmo assim não deixei me abater. Cheguei na escola e os olhares voltaram-se pra nós. O que tinha rolado em casa tinha virado assunto no colégio todo.
Várias pessoas perguntaram da Bruna pras meninas e desejaram que ela ficasse bem, outras perguntaram mas eu sabia que no fundo, elas odiavam a Bruna. O Samuel nem se preocupou, parecia que nem era a filha dele que tinha nascido. As pessoas queria ver a filha da Bruna, mas isso era algo impossível, já que a menina ainda estava no hospital. Como a Bruna estava descordada desde a hora que deu a luz, ela não tinha dado nome pra bebê ainda. 
Eu ainda não tinha visto o Gabriel, procurei ele por todo o pátio do colégio e nada. Sentei num banco com a meninas, enquanto o Guilherme foi conversar com uns amigos dele. Eu vi o Gabriel entrando no colégio e não consegui parar de olhar. Ele foi falar com o Samuel, parecia irritado.
Flávia: Vou lá perguntar se ele sabe alguma coisa da Bruna. – Ela disse se levantando.
Manuela: Eu vou com você. – Eu me levantei junto com ela.
Flávia: Nada disso. Eu não quero uma briga de vocês dois já cedo. Eu vou e depois, se tu quiser falar com ele, eu aviso e vocês se encontram em um lugar que não vai servir pra vocês fazerem um show com platéia e tudo mais.
Manuela: Ta bom. – Eu falei irritada e voltei a me sentar.
Ela foi conversar com ele e eles conversaram até o sinal da primeira aula bater. Nós todos fomos pra sala. A aula começou e eu confesso que não prestei atenção em uma só palavra do que o professor falou.
Eu vi o Gabriel saindo da sala pra ir beber água, eu precisei ir atrás dele. Encontrei-o no bebedouro.
Manuela: Será que a gente pode conversar? – Ele ficou meio surpreso ao me ver, ficou de frente pra mim e cruzou os braços.
Gabriel: Conversar, Manu? Mais?
Manuela: Você não me deixou explicar as coisas.
Gabriel: Eu já entendi que fui feito de otário da primeira vez que tu disse. Não precisa falar de novo.
Manuela: Para. Eu não te fiz de otário. Eu não te traí.
Gabriel: Tu ta brincando, né!? Ta grávida de um filho dele e não me traiu?
Manuela: Eu fiquei com ele antes de te namorar. Eu ia te contar, mas aí você me pediu em namoro aquele dia e eu não tive coragem. Foi tão sem importância que eu não achei que você fosse ficar assim comigo.
Gabriel: Manu, eu perdoaria qualquer coisa vinda de você. Qualquer coisa. Menos isso. Tu sabe como eu não suporto a ideia de te ver com ele e cara, um filho. Tu tem noção do que é isso?
Manuela: Mas esse filho pode ser... – Eu resolvi ficar quieta e não contar que o filho também podia ser dele. Pelo jeito que ele estava me tratando, ele não merecia saber.
Gabriel: Diz...
Manuela: Nada. Esquece.
Gabriel: Já posso voltar pra aula? – Ele descruzou o braço e começou a andar em direção a sala, eu segurei o braço dele e fiquei olhando pra ele.
Ele segurou a minha mão e tirou do braço dele. Mas antes, ele olhou bem pra minha mão.
Gabriel: Por que não tirou a aliança ainda? – Eu ainda estava com a aliança de namoro que ele tinha me dado. Eu nem percebi que precisava tirar. Eu já estava tão acostumada a usar.
Manuela: Eu vou tirar.
Gabriel: Saquei... Vou pra aula.
Manuela: Tu foi ver a Bruna?
Gabriel: Passei lá antes de vir pro colégio. Ela ta no mesmo estado.
Manuela: Tu viu a filha dela?
Gabriel: É linda. Não merece o pai babaca que tem.
Manuela: E, provavelmente, vai ficar sem mãe. A Bruna ta entre a vida e a morte.
Gabriel: O estado dela ta bem complicado mesmo. Os médicos disseram que se ela não melhorar logo, ela não vai aguentar muito tempo.
Manuela: Como essa criança vai ficar? – Eu olhei preocupada pra ele.
Gabriel: Não tenho ideia. Ela vai acabar indo pra um orfanato. O Samuel não vai querer assumir.
Manuela: Não fala uma besteira dessa, credo.
Gabriel: É o que vai acontecer... Bom, vou pra aula.
Manuela: Posso te pedir uma coisa?
Gabriel: Diz.
Manuela: Me da um abraço?
Gabriel: Manu...
Manuela: É só um abraço.
Gabriel: Ta legal... – Ele chegou perto de mim, meio desajeitado e sem graça, mas me abraçou. Eu apertei o corpo dele contra o meu e ele alisou o meu cabelo. – Se cuida. – Ele deu um beijo na minha testa e saiu de perto de mim. Eu fiquei ali no pátio, olhando ele se afastar e lembrei dos momentos bons que vivi com ele.
Por que tudo tem que dar essa pra mim? Nada, absolutamente nada da certo na minha vida.
Eu voltei pra aula e ele estava lá, prestando atenção e anotando tudo, como sempre fazia. Eu tentei prestar atenção na aula, mas pouco funcionou. Bateu o sinal pro intervalo e nós fomos pro pátio.
Eu morri de ciúmes quando fui comprar lanche pra mim, e quando voltei vi a Isabela se oferecendo pro Gabriel. Eu vi, no outro lado do pátio a Lua, olhando super feio pra Isabela. Essas duas querendo a mesma pessoa, com certeza ia dar merda. Mas elas tinha que querer justo o meu Gabriel? Que merda! Eu me sentei no banco com a Flávia e o Guilherme apareceu e sentou-se do meu lado.
Guilherme: Queria conversar contigo depois.
Manuela: Sobre o que? – Eu continuei comendo o meu lanche e não olhei pra ele.
Guilherme: A gente. 
Manuela: Que eu me lembre, faz um tempinho que não existe mais "a gente". – Olhei pra ele e ele me encarou.
Guilherme: Se esse filho que tu ta esperando for meu, vai voltar existir a gente.
Manuela: Nós não vamos voltar se o filho for seu. E Guilherme, tu nem sabe o resultado desse teste... Desencana disso. O filho pode nem ser teu.
Guilherme: Depois a gente conversa, vai... Já vi que teu humor ta péssimo.
Ele saiu de perto, eu tentei não pensar em mais problemas, mas foi impossível. O intervalo tinha acabado, eu voltei pra sala e quando entrei na mesma eu vi mais de umas 20 chupetas de bebês na minha carteira. A Isabela entrou em seguida na sala e todo mundo já comentava sobre.
Isabela: Surpresa, Manu? É pra você. Boatos de que você vai precisar.
Não consegui descrever o ódio que eu senti daquela garota naquele momento. O Guilherme entrou na sala em seguida e viu tudo aquilo. Ele ficou puto de raiva, eu conhecia aquela expressão de bravo do outro lado do país.
Guilherme: Qual é o teu problema, garota? – Ele falou pra Isabela.
Isabela: Só me vingando. Ela merece.
Guilherme: Merece? Por que? Porque ela tem tudo que você sempre quis ter? – O Gabriel entrou na sala bem naquela hora.
Isabela: Ela tinha... – Ela "corrigiu" o Guilherme, referindo-se ao Gabriel. Ele olhou seco pra ela, pegou o lixo que tinha na sala e jogou todas as chupetas no mesmo.
Guilherme: Para de ser criança. – Ele devolveu o lixo pro lugar onde estava e sentou-se no lugar dele.
Naquele momento que eu vi o Guilherme me defendendo, eu vi o meu Guilherme. O Guilherme que me amava, que me apoiava, que mesmo do jeito desastrado dele, fazia de tudo por mim, Pra me ajudar.
Eu fui pro meu lugar e durante a aula, pensei em tudo. Tudo que eu vivi com o Guilherme e também com o Gabriel. Eu estava extremamente confusa. Eu já não sabia mais quem eu amava ou quem eu não amava mais. Minha mente estava a milhão.
A aula acabou, pedi pra Flávia ir com as meninas na frente pra casa. Eu pedi pro Guilherme me esperar. Precisava agradecê-lo pelo que ele fez por mim hoje.
Manuela: Guilherme... – Ele estava saindo da sala e eu segurei a mochila dele.
Guilherme: Oi, Manu... – Nós continuamos andando até sairmos no colégio.
Manuela: Queria te agradecer... 
Guilherme: Não precisa. Eu faria qualquer coisa por você. E aquela Isabela me irrita.
Manuela: Ela irrita todo mundo.
Guilherme: Isso é. – Ele riu e eu abri um leve sorriso. Acho que foi a primeira vez que eu sorria desde que tudo tinha acontecido. Nós caminhávamos até em casa.
Manuela: Enfim, obrigada. De verdade.
Guilherme: Disponha. – Ele sorriu. – Mas acho que eu devia ter pego umas chupetas antes de jogar tudo no lixo. Tu vai precisar. – Eu não aguentei, comecei a rir. Eu sei que seria engraçado, se não fosse trágico, mas eu não consegui não rir. Ele riu comigo.
Manuela: Palhaço mesmo, né!?
Guilherme: Essa é a Manu que eu conheço. Rindo de tudo.
Manuela: Até do que não é pra rir, né!?
Guilherme: Inclusive disso. 
Nós logo chegamos em casa e eu fui pro meu quarto. Decidi tirar a aliança do Gabriel, ele já tinha feito isso e não valia a pena ficar pagando de ex que não aceita o fim do namoro. Tirei a aliança e guardei junto com a dele que ele tinha me dado.
Eu fui pegar um sapato que estava debaixo da minha cama e vi um embrulho lá. Peguei mesmo. 
O presente do Guilherme! Como eu não abri isso ainda? – Pensei.
Eu abri o presente e, como boa manteiga derretida que sou, me emocionei ao ver as roupinhas de criança que tinham ali. Eram todas amarelinhas, porque ainda não dava pra saber o sexo do bebê. Era muito cedo pra isso.
Eu fiquei ali, olhando pra aquilo e pensei o quão o Guilherme era fofo. Eu podia estar com raiva dele, pelo que ele fez com a minha mãe. Estar com raiva por a mãe dele ser a pior pessoa do mundo. Raiva por ele ter ficado com a garota que eu mais detestava. Raiva por ele só voltar a me querer, quando viu que tudo que eu tinha contado pra ele sobre a Regina, era verdade (que ela tinha realmente o traído).
A Flávia entrou no quarto.
Flávia: O que tu ta vendo aí? – Ela perguntou curiosa.
Manuela: O Guilherme me deu umas roupinhas de bebê.
Flávia: Que fofo... Deixa eu ver. – Ela sentou na cama ao meu lado e pegou as roupinhas. – Que coisinha mais fofa... O Guilherme é demais mesmo. Eu sabia que naquele mato, ainda tinham coelhos. Sabia que ele não tinha desistido de você.
Manuela: Ah, não. Não vamos falar disso, por favor.,
Flávia: Vamos sim.
Manuela: Ah, droga...
Flávia: Ta remoendo ainda o término com o Gabriel?
Manuela: Claro, né!? Acha que eu estou super feliz por ele ter terminado comigo?
Flávia: Ei, ei, calma! É só que, na minha humilde opinião, você nunca foi tão apaixonada assim por ele.
Manuela: Não fala bobagem.
Flávia: Ok. E o que tu sente, exatamente, pelo Guilherme?
Manuela: Pula essa pergunta.
Flávia: Ah, não... Nada disso. Responde.
Manuela: Não que eu não queira responder, eu só não sei mais a resposta. 
Flávia: Como assim?
Manuela: Eu não sei se eu o amo como eu um dia amei. Ele mexe comigo, isso qualquer um sabe, mas eu to confusa. O Gabriel me ajudou a "supera-lo", conquistou o meu amor. Eu não sei de mais nada.
Flávia: E se o filho for do Guilherme, você vai voltar pra ele?
Manuela: Não. Claro que não. A vida não é fácil assim, ele pisou muito na bola comigo.
Flávia: Mesmo assim, ele vai ser o pai do seu filho. Seu filho merece um pai.
Manuela: Guilherme ta te pagando quanto pra você ficar do lado dele assim? – Ela riu ao me ouvir.
Flávia: É só que eu ainda sinto que haja alguma coisa entre vocês. Vocês se amavam tanto que eu acho impossível esse amor acabar assim.
Manuela: Não acabou... – Ela me olhou surpresa. Eu falei aquilo sem querer. Simplesmente saiu.
Flávia: HÁ! Viu só!? Volta pros braços dele, mulher. Ele te ama, ta fazendo de tudo por você.
Manuela: O Gabriel não merece isso. Ele acabou de terminar comigo e eu vou voltar pro Guilherme? Não dá.
Flávia: Muito bendito, ele terminou contigo. E isso te da o direito de ficar com quem você quiser.
Manuela: Não concordo.
Flávia: Ih, chata. Ta bom. Faz o que quiser, só não perde o amor da sua vida por esse orgulho besta que tu tem.
Manuela: Prometo pensar.
Flávia: Pensar o meu pau. Tu não quer ser feliz na vida, não!? Corre atrás do que tu quer, mulher.
Manuela: Hoje tu tirou o dia pra me encher, né não!?
Flávia: Linda. – Ela mandou um beijo de longe e saiu rindo do quarto.
No fundo, eu sabia que o que ela me disse, era verdade. Eu só não queria assumir aquilo pra mim mesma.
Uma semana se passou. Tudo continuava basicamente do mesmo jeito que antes. A Bruna ainda estava em coma, a bebê dela continuava na incubadora pra ganhar peso. Eu não fui mais atrás do Gabriel, ele não merecia que eu me humilhasse atrás dele, acabei nem contando que tinha uma possibilidade do filho que eu estou esperando ser dele. Nós não conversamos mais. A gente se cumprimentava quando se via, mas não passava disso. 
O Guilherme estava sendo um fofo comigo, mas eu não queria isso dele. Apesar disso, ele estava me ajudando bastante em não surtar com todos os problemas que eu tinha.
Na escola, era um inferno. Todo mundo me provoca e qualquer coisa que eu fazia, era motivo pra lembrar da minha gravidez. Era sexta, eu estava na fila da cantina pra pegar lanche pra mim. Ouvi uma conversinha e umas pessoas olhando pra mim, logo vi a Isabela no meio deles.
Isabela: Gente, tem uma grávida na fila. Cadê a preferencial? – Ela disse rindo e os idiotas que estavam com ela também riram. Eu resolvi ignorar, mas aquilo pareceu que a estimulou ainda mais a me zuar. – Quer uma cadeira pra sentar, Manuela? Tu pode se cansar... – Ela ria cinicamente.
Guilherme: A cadeira, não precisa... – Ele disse entrando na cantina e respondendo a Isabela. – Mas a preferencial na fila, é muito bem-vinda. – Ele segurou meu braço, sem me machucar. Me puxou pro primeiro lugar da fila e pagou o meu lanche. Eu peguei o mesmo e fiquei olhando pro Guilherme. Ele piscou pra mim e eu abri um sorriso. – Valeu, Isabela. – Ele disse pra ela assim que nós passamos por ela e saíamos da cantina.
Manuela: Obrigada.
Guilherme: Você faria o mesmo por mim. – Ele sorriu e eu comi um pedaço do meu lanche. – Varia, né!? – Eu dei risada ao ouvi-lo.
Manuela: Vai saber... – Eu falei em tom de brincadeira, eu faria qualquer coisa por ele.
Ficamos conversando no meio do pátio em pé, enquanto eu comia o meu lanche, porque não tinha um banco vago. Do nada, a Isabela juntou umas pessoas, subiu em uma banco e começo a falar bem alto.
Isabela: Gente, gente... – Todo mundo prestou atenção nela. – Amanhã, sábado, tem festinha lá na chácara do Gabriel. Open bar, hein, galera. Quero todo mundo lá. Vamos comemorar as coisas boas que aconteceram essa semana, né, Gabs!? – Ela perguntou olhando pra baixo, onde o Gabriel estava. Ele assentiu e sorriu pra ela. Ele ajudou-a a descer, pegando na cintura dela e descendo-a do banco.
Guilherme: Calma. – Eu bufei de raiva.
Manuela: O que ela quis dizer com "coisas boas que aconteceram essa semana"? Terminar comigo foi uma coisa boa?
Guilherme: A Isabela quer te provocar, po. E tu ta mordendo...
Manuela: Mordendo? Eu to mastigando e engolindo já. Morder é pouco. – Eu falei brava e o Guilherme riu.
Guilherme: Sempre com esse bom humor... – Ele continuo rindo e eu fiquei ali, com aquela cara brava. Ele colocou a mão em volta do meu ombro e andou comigo assim.
O sinal do término do intervalo bateu e nós voltamos pra aula. O resto da aula foi normal.

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