terça-feira, 5 de janeiro de 2016

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► Narrado pela Flávia.◄

Eu e o Felipe estávamos mais unidos do que nunca. Ele estava mais fofo comigo do que nunca. Eu posso dizer que finalmente estava feliz ao lado do amor da minha vida e não tinha absolutamente nada que pudesse atrapalhar isso. Não temia mais nada e não tinha mais nenhum segredo com ele.
Eu precisei contar uma coisa pras meninas, que a Helen me obrigava manter em segredo, e na verdade, eu não fazia muita questão que todo mundo soubesse. Meu pai me vendeu pra Helen quando eu tinha uns 10 anos. A gente sempre viveu em uma situação difícil. Sempre passamos fome e necessidade. Eu não me lembro da minha mãe. Nem uma recordação, foto ou lembrança dela. Nada. Eu só me lembrava do dia em que meu pai me vendeu pra Helen. Por vários anos, eu fiquei presa dentro de uma casa vivendo do pouco que ela me dava.

Ela me obrigava a me prostituir e me dizia que minha vida ia melhorar se eu conseguisse mais meninas pra trabalhar comigo. Eu não queria fazer aquilo. Eu mesma não queria estar fazendo aquilo. Mas quando ela começou a me bater, eu fui obrigada. Era isso, ou apanhar todos os dias. Eu até tentei suportar nos primeiros dias, mas depois não aguentei. Fui trazendo aos poucos as meninas pra casa e eu realmente não queria que elas me odiassem. Não era culpa minha. Às vezes, eu tinha que sair pra procurar mais meninas. A Manuela foi a ultima que eu trouxe pra casa. Depois dela, a Helen não me pediu mais pra trazer ninguém e eu fiquei aliviada com aquilo.
As meninas choraram quando eu contei aquilo e eu também. Chorei muito. Elas me perdoaram e entenderam que eu era mais uma pessoa que obedecia comandos da Helen.
Manuela: Por que você nunca contou isso pra gente?
Flávia: Não é lá algo que eu me orgulhe, sabe!? Você sempre me falou da tua mãe e eu não tinha alguém assim na minha vida. Meu pai me vendeu por uns trocados. Como eu ia contar isso pra você? Pra todas vocês?
Jack: Que história triste, Flá! Sinto muito por tudo. – Ela me abraçou. Todas as meninas também me abraçaram em seguida.
Carla: Eu sei que nunca vou substituir a sua mãe, mas eu gostaria que você soubesse que você é como minha filha agora. Eu gosto muito de você. Não só de você, mas como da Jack e da Amanda também. Vocês são minhas filhas adotivas agora.
Bruna: Obrigada pela consideração, viu, dona Carla!?
Carla: Ô, minha filha, eu não quis dizer que não tenho consideração por você. É só que eu convivi muito com elas e elas estão o tempo todo comigo nesse restaurante. Mas você é muito bem vinda no meu coração como filha também. Coração de mãe é grande. Sempre cabe mais um.
Nós conversamos bastante e ajudamos a Jack e a Carla com o almoço pra servir no restaurante. Enquanto as aulas na faculdade não começavam, nós todas ajudávamos no restaurante. Até o Felipe quis ajudar. Gabriel e Bruna eram sócios de carterinha já. Iam ajudar e sempre apareciam como clientes também.
Eu passei em odontologia e estava muito ansiosa pras aulas começarem logo. O Felipe me chamou pra morar com ele quando a faculdade começasse e eu aceitei de cara.

► Fim da narração da Flávia.

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