terça-feira, 5 de janeiro de 2016

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► Narrado pelo Guilherme.

As coisas que aconteceram nos últimos meses mudaram totalmente a minha vida. Eu descobri que não era filho de quem eu passei a vida toda pensando que fosse. Descobri que a mulher que eu chamava de "mãe" matou meus pais biológicos e me sequestrou pra ela. Vi essa mesma mulher sendo condenada por crimes medonhos que eu jamais imaginei que ela fosse capaz. Descobri que a Gabriela era minha prima e além de ganha-la como prima, ganhei tios, avós e uma família toda no pacote. Meus pais falecidos deixaram uma boa herança pra mim, mas esse dinheiro ia me seguir pra me sustentar na faculdade. Eu não ia fazer proveito desse dinheiro de outra forma.
Eu não consigo dizer direito o que estava sentindo, era uma confusão muito grande de sentimentos dentro de mim. Eu não sei o que seria de mim senão fosse o apoio de todos os meus amigos. A Manuela me ajudou muito nisso todo também. Falando nela, eu não se existe garota mais teimosa do que ela. Eu acho que dei diversas indiretas pra ela voltar pra mim, até que não me aguentei mais e pedi pra ela voltar comigo. De uma forma direta e bem esclarecida. Ela com aquele jeitinho dela, me deu um fora que era impossível ter raiva dela.
A Flávia me disse que ela estava com medo de começar a ter de novo, algo comigo. Estava insegura. Eu entendi isso depois de tanto insistir pra ela voltar pra mim e ela negar.
Eu ia embora um dia depois do carnaval. As malas estavam todas prontas e apesar de não querer me mudar tão rápido, eu acabei achando essa a melhor solução. A Manuela era a unica coisa que me prendia aqui e pela quantidade de foras que eu recebi dela, achei melhor sumir logo de São Paulo.
Não que eu tenha desistido dela. Eu jamais vou desistir de ser feliz ao lado da mulher que eu amo, mas eu sinceramente acho que ela precisa de um tempo. Eu jamais ia desistir dela. Não tão fácil assim.
Eu levei a Manuela pra casa no final do ultimo dia de carnaval. Ela estava bem animadinha por causa do álcool e as meninas também.
Amanda: Da um beijinho na Manu! – Ela disse e depois beijou a Gabriela.
Manuela: Cala a boca! – Ela disse rindo.
Jack: Vocês enrolam demais. Se beijem logo. – Ela riu e beijou o Henrique.
Manuela: Droga! – Ela estava sentada no banco da frente e olhou pra mim assim que terminou de falar.
Guilherme: O que houve?
Manuela: Na... – Eu não deixei-a terminar de falar. Segurei o rosto dela e comecei a beija-la. Ela me correspondeu, apesar de eu ter surpreendido dela. No final do beijo, ela sorriu e me deu um selinho. – Obrigada pela carona.
Ela abriu a porta do carro e desceu. Ela abriu o portão da casa dela e entrou na mesma. Eu dei partida no carro e fui dirigindo em direção a minha casa.
Era bem estranho chama-la assim agora. Tudo bem que ela não ia ser mais minha. Eu acabei deixando a casa pra Jack e pra Amanda, que ficariam morando lá.
No dia seguinte, eu levantei bem cedo e fui tomar café. A Amanda e a Gabi já estavam lá.
Guilherme: Madrugaram, é!?
Amanda: Caímos da cama. – Elas riram.
Sentei na mesa com elas e peguei um pão pra mim. Coloquei manteiga e coloquei um copo de leite com nescau pra mim. Tomava meu leite e comia enquanto conversava com elas.
Gabriela: Ta preparado pra morar no Rio de Janeiro, primo?
Guilherme: Digamos que preparado não é a palavra certo. Estou ansioso.
Amanda: A Manuela vai vir aqui se despedir de você?
Guilherme: Não sei. A mãe dela disse que viria, mas não sei se ela vem junto.
Amanda: Desistiu mesmo dela?
Guilherme: Não. Só não vou insistir, por enquanto. Vou morar longe e isso vai foder qualquer chance de reconciliação.
Gabriela: Distância fode qualquer relação mesmo.
Eu terminei de tomar café e subi pro meu quarto. Tomei um banho quente e troquei de roupa. Terminei de pegar as ultimas coisas e desci todas as malas pra sala.
Jack: Vou sentir tua falta, seu insuportável. – Ela disse levantando do sofá e vindo me abraçar.
Guilherme: Também vou sentir a tua falta, Jack. E da tua comida também. – Ela riu e bateu na minha cabeça de leve.
Jack: Interesseiro.
Fiquei um tempo assistindo televisão e quase perto da hora do almoço, a Flávia e o Felipe, Gabriel e Bruna apareceram em casa. Acabamos concordando de irmos todos pro restaurante da Carla e da Jack. Na verdade mesmo, eu fui pra lá na intenção de ver a Manuela e me despedir dela, mas quando nós chegamos lá, a mãe dela me disse que ela não tinha aparecido no restaurante hoje,.
Guilherme: A senhora sabe se ela virá pra cá hoje?
Carla: Não sei, meu filho. Ela disse que não estava se sentindo muito bem e preferiu ficar em casa.
Guilherme: Entendo. Deseja melhoras pra ela.
Nós almoçamos todos juntos. No final, a Carla trouxe um bolo pra mim. Todo mundo me abraçou e se despediu de mim.
Flávia: Será que não tem como você ficar por aqui mesmo? Vai ser estranho não ter você com a gente agora.
Guilherme: Acho que vai ser melhor eu ir, Flá. Tu sabe os motivos. – Ela me abraçou.
Flávia: Você devia ir atrás dela. – Ela disse no meu ouvido.
Guilherme: Mais do que eu já fui? – Eu disse olhando pra ela com uma cara meio conformado.
Flávia: É, isso é...
A Flávia me soltou e a Bruna veio me abraçar.
Bruna: Vou sentir falta de implicar com você. Venha sempre pra cá pra visitar a sua afilhada, viu!? – Ela disse enquanto me abraçava.
Guilherme: Pode deixar. Virei sempre que der.
O Gabriel me cumprimentou.
Gabriel: Boa sorte por lá.
Guilherme: Valeu, cara.
A mãe da Manuela chorou ao se despedir de mim e quando me fez chorar também. Jack, Henrique, Gabriela e Amanda também se despediram.
O Felipe se ofereceu pra me levar pro aeroporto. Por enquanto, eu ia só pra fazer a minha matrícula, por isso o carro ainda ia ficar em SP. Depois eu voltaria pra buscar e pegaria o resto das coisas que ficaram. Eu só quis ir logo, porque não havia nada que me prendesse aqui. Ia ficar no apartamento dos pais do Felipe. Eles tinham voltado pra São Paulo com o Felipe e ele me deixou ficar lá enquanto eu não achasse um lugar pra ficar.
Faltavam umas 2 horas pro meu voo sair e eu achei melhor já ir pro aeroporto, fazer check in e tudo mais. O Felipe me levou e no caminho, eu observava cada canto da cidade. Era estranho me mudar daqui pra uma cidade tão diferente e longe assim.
Felipe: Pensando nela? – Ele me olhou.
Guilherme: Também, cara. Só tenho feito isso nos últimos tempos. Vai ser difícil tira-la da cabeça.
Felipe: Entendo bem como é. Mas po, cidade nova, faculdade, tu consegue. Vou te visitar sempre que der.
Guilherme: To contando com isso, moleque! – Nós rimos.
Ele logo chegou no aeroporto e nós pegamos as malas. Me despedi dele e agradeci por ter me levado até ali. Agradeci também por ter me emprestado do apê. Entrei no aeroporto arrastando as malas. Senti me celular vibrando no bolso. Sentei em um dos bancos e coloquei as malas do meu lado. Peguei o celular e vi a mensagem da Flávia: "Onde você está nesse exato momento?"
Eu respondi: "No banheiro do aeroporto, soltando uns bombons. Pq?"
Ela respondeu meio minuto depois: "Que nojo!"
Achei estranho ela só ter respondido isso, então insisti e mandei: "Pq quer saber?".
Fiquei uns 15 minutos olhando por celular e esperando que ela respondesse. Ela não respondeu nada. Decidi fazer o check in. Passagem verificada e malas já tinham sido pesadas e mandadas pra dentro do avião. Eu fiquei na área de alimentação. Comi alguma coisa e depois fiquei ouvindo musica. Do nada, começou a tocar uma musica super velha no meu celular, Far Away- Nickelback. Era uma musica que a Manuela passou pro meu celular, dizendo ela que era a musica "mais fofa de todo o universo". Eu ainda me lembro do jeitinho dela dizendo aquilo. Ouvi a musica inteira e me lembrei de momentos vividos com ela a cada verso da música.
O que essa garota tinha feito comigo? Com o meu coração? Isso, eu não sei responder, mas com certeza, eu vou sentir muita falta dela. Metade de mim vai ficar em São Paulo, porque ela está aqui.
A Flávia finalmente me respondeu: "Seu voo sai das 17, né?"
Respondi: "Isso. Daqui meia hora. Pq?"
Ela respondeu: "FICA PARADO AÍ. P-A-R-A-D-O."
Eu respondi aquilo mas fiquei sem entender nada. O que aquela louca estava armando? Eu dei risada sozinho e desliguei o celular. Ouvi a primeira chamada do meu voo e decidi esperar a próxima, pra só depois ir pro avião.
Fui ao banheiro e depois fui pra fila de identificador de metais. Em seguida, peguei a fila enorme pra entrar no avião. Ali eu ouvi uma movimentação estranha. Olhei pra trás e vi a coisa mais inesperada que eu podia esperar.

► Fim da narração do Guilherme.

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