terça-feira, 12 de janeiro de 2016

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Samuel Narrando

Eu estava um pouco sumido, desde o dia em que fomos pra pista com a galera eu não vi mais ninguém. O trabalho está tomando todo o meu tempo, além de que eu ainda tenho Elisa que é minha responsabilidade, aliás, ela está cada dia mais sonhadora e boba.

- Elisa você já guardou suas roupas? - Perguntei autoritário.
- Qual é Sam, vai dar uma de mamãe agora? - Ela revirou os olhos. - Além de que vou passar tudo de novo aquelas roupas, tá tudo amassado. 
- Mas eu passei. - Falei rindo.
- Passou? Poxa nem parece mano. - Ela riu.
- Dá próxima vez vou deixar tudo pra você passar, pode deixar. - Ela me olhou com os olhos arregalados.
- Nem morta. Quer dizer, se rolar um dinheirinho eu até passo. - Ela falou se jogando no sofá.
- Sonha. - Respondi irônico.

Elisa e eu não somos órfãos, mas nossos pais moram em outro Estado, viemos pro Rio de Janeiro para estudar. Elisa sonha em ser atriz e como ela ainda é menor de idade convenci o nosso pai de deixar ela e eu morarmos aqui, jurei a família toda que eu cuidaria dela e que se fosse preciso eu abandonaria meu sonho para ajuda-la conquistar o dela.

Somos super grudados, ela é a única pessoa que eu consigo me abrir e conversar sobre minha vida. Sempre tive problemas em expressar o que eu sinto ou em fazer amizades. 
Já faz dois anos que estamos aqui e meu único amigo mesmo é Rafael, converso com Gustavo e Melinda, mas somente o necessário.

- Sam. - Ela chamou-me enquanto olhava concentrada pra televisão. - Será que um dia conseguirei chegar lá? - Ela apontou pra televisão
que estava passando malhação.
- Com certeza Lisa, você tem talento e ama o que faz, não tem motivos pra não conseguir. - Respondi encorajando-a, mesmo sabendo que aquilo poderia ser uma ilusão.
- Espero que isso aconteça em breve. - Ela sorrio e me olhou. - Imagina eu na novela da globo. - Ela piscou.
- Vai ser a atriz mais linda de lá. Certeza! - Eu falei sorrindo.

Gustavo Narrando

Saí da empresa e fui direto pro Ralf com a esperança de encontra-la. Passei os olhos pela pista e não á vi. O que era estranho, já que todo dia ela estava aqui.

- E ai Guto. - Gritou Bia de cima do Ralf.
- E ai Biazinha. - Respondi ainda procurando ela.
- Tá procurando a Julie? - Rafael me olhou rindo. - Se estiver, perdeu seu tempo vindo até aqui, ela está na casa dela hoje. - Ele completou dando risada.
- Mas, ela tá bem? - Perguntei preocupado.
- Tá sim. - Bia falou rindo. - Só estava cansada e então ficou em casa, normal.
- Entendo. Será que posso passar lá? - Perguntei baixo.
- Se ela abrir a porta. - Bia respondeu desinteressada.
- Beleza então. - Sorri e voltei pro carro.

Me perdi em uma das ruas, mas não demorou muito para que eu encontrasse o apartamento delas. Aproveitei que o portão estava abrindo para um carro entrar e sai correndo pra dentro do prédio. Agora só faltava descobrir qual era o delas.

Peguei o celular e liguei para o Rafael, ele saberia me dizer.

- Aí Rafa, qual é o número do apartamento das meninas? Me perdi aqui. - Perguntei normalmente.
- Então é no décimo segundo
andar, apartamento 46.

- Entendi, valeu moleque. - Desliguei o celular e entrei no elevador. Apertei o numero 12 que era do elevador e em pouco tempo estava lá, sai do elevador e apertei a campainha do número 46.
- Melinda você esqueceu a chave de novo. - Ela gritou do outro lado da porta e eu não respondi. - Mas é uma cabeçuda mesmo. - ela falou abrindo a porta.

- Oi. - Sorri sem graça.
- Você tá fazendo o que aqui? - Ela perguntou indiferente.
- Ah fui até a pista e você não estava, então vim ver se você esta bem, Sei lá. - Respondi sorrindo.
- Estou bem. - Ela falou seca. - Agora já pode ir embora. - Ela falou fechando a porta e coloquei o pé pra impedir que ela fechasse.
- Ei, calma! - Falei rindo. - Posso entrar?
- Não. - Ela sorrio irônica.
- Achei que já estava tudo certo entre nós.

- Foi apenas uma conversa e não um juramento de best friends. - Ela falou sarcástica.
- Alguém já disse que você é má pra caramba? - Perguntei a encarando. - Então quer dizer que aquela conversa não valeu de nada?
- Sim. - Ela respondeu me olhando.
- Voltamos a estaca zero então. - Falei baixo.
- Nunca saímos dela. - Ela falou empurrando meu pé e fechando a porta.

Definitivamente eu não iria conquista-la sendo legal e romântico, eu teria que jogar pesado se eu quisesse tê-la para mim. - Pensei enquanto descia no elevador.

Julieta Narrando

Fechei a porta assustada e corri pro quarto. Me joguei na cama e tapei o rosto com o travesseiro.

- Que abusado. - Resmunguei ainda apreensiva.
Fechei os olhos e a imagem dos seus olhos azuis feito o céu veio nos meus pensamentos.

- Para! - Gritei abrindo os olhos e me levantando da cama. - Qual é Julieta, tá fugindo dos planos. - Falei pra mim mesma baixo.
Me abaixei e peguei meu pequeno diário em baixo da cama, preso a um elástico. Deitei na cama e comecei a reler minha lista.

1. Morar com as meninas. (x)
2. Fazer alguém sorrir. (x)
3. Cantar e tocar para alguém além do meu urso.
4. Participar de uma passeata. (x)
5. Viajar sem destino certo.
6. Dormir até tarde no fim de semana. (x)
7. Largar o trabalho mais cedo e ir para o cinema ou praia.
8. Conhecer um lugar paradisíaco.
9. Acordar bem cedo para ver o sol nascer.
10. Ver o sol se pôr na praia.
11. Montar á cavalo.
12. Dar comida na boca de uma vaca.
13. Fazer um mapa astral ou ler a sorte no tarô mesmo sem acreditar.
14. Ir a um show de seu ídolo, mesmo que o ingresso seja um absurdo.
15. Virar a noite numa festa legal com amigos que você gosta, mesmo que o dia seguinte seja de trabalho.
16. Dançar balett escondido, mesmo achando ser idiota.
17. Tomar banho de chuva. (x)
18. Jogar o celular pela janela quando ele estiver te estressando. (x)
19. Gritar bem alto de alegria ou de raiva. (x)
20. Deitar no gramado e admirar as estrelas.
21. Explorar a internet por horas, sem objetivo definido. (x)
22. Parar um pouco e pensar na vida.
23. Dormir na rua.

Li cada item da minha lista e acrescentei o 24.

24 .Não me apaixonar.

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