sábado, 2 de janeiro de 2016

43
Depois da aula, o Guilherme foi comigo ver a Bruna no hospital. Ela não tinha nada sinal nenhum de melhoras, mas pelo menos, continuava estável, o que não era bom, mas não era ruim também. Antes estável do que pior. A filha dela era linda, nós não podíamos ainda pega-la no colo. Só podíamos ver do lado de fora do berçário.
Voltamos pra casa e a Jack tinha feito o almoço pra gente. A comida da Jack era a melhor do mundo. Almoçamos todas juntos, inclusive a ridícula da Lua. Eu não aguentava nem olhar ficar olhando muito tempo pra cara dela. Vaca.
O dia foi normal. A noite, nós fomos pra boate, nós tínhamos parado de ir pro ponto, aquele que era bem longe de casa, porque a Helen estava muito brava e eu decidi esperar ela acalmar pra depois voltar com o plano de foder a Lua. No mal sentido da coisa.
No outro dia, a Flávia me acordou super animada, pulando em cima de mim.
Flávia: Acordaaaaa, flor do meu dia. – Ela disse me sacudindo, eu acordei e empurrei ela e ela foi parar do meu lado na cama.
Manuela: Que animação é essa? – Eu disse abrindo os olhos devagarzinho.
Flávia: Hoje tem festa e eu quero dançar muito. – Ela disse toda animada já se levantando da minha cama. – A gente tem que se arrumar, a festa começa a tarde.
Manuela: Tu ta me zuando, né!? Não vou a essa festa do Gabriel.
Flávia: A festa é da Isabela e é óbvio que você vai. É uma ordem.
Manuela: Quero ver tu me obrigar. – Ela me olhou séria.
Flávia: Tu não disse isso. – Ela veio até mim e começou a me puxar, eu não conseguia parar de rir e nem ela.
Manuela: Ta legal, eu vou. – Ela já começou a pular e a comemorar. – Mas vou voltar cedo.
Flávia: Ta ta, vamos só ver... – Ela disse toda feliz. – Vai almoçar porque eu já comi, a festa começa em 3 horas, meu amor. Anda logo.
Manuela: Ai, que pressa! – Eu reclamei e ela riu. Eu desci e o Guilherme estava almoçando. – Bom dia.
Guilherme: Tarde, na verdade! – Ele riu.
Manuela: Ah, é... – Eu dei risada. Peguei um prato e coloquei comida, esquentei e depois senti na mesa uns dois lugares afastados do Guilherme.
Guilherme: Eu mordo, é? – Eu dei risada. Nós continuamos almoçando. – Eu vai na festa?
Manuela: A Flávia ta me obrigando a ir.
Guilherme: Entendi. Não tava afim de ir, mas acho que não tenho nada melhor pra fazer além de ir lá.
Manuela: Nem eu. – Eu sorri e depois continuei comendo. Eu acabei de almoçar, lavei o meu prato e subi. 
Esperei a Flávia sair do banho e depois tomei o meu banho. Nos arrumamos e uns quinze minutos antes do horário marcado pra festa nós ficamos prontas. Um dos caras do terceiro que eram loucos pra pegar a Flávia e nunca conseguiram porque ela namorava o Felipe e não dava "moral" pra eles passou em casa pra nos buscar. Amanda, Jack e Guilherme foram com a gente. A Lua deu um jeito de ir, um que eu não faço ideia de qual.
Chegamos na festa e já tinha bastante gente dançando e bebendo. A Flávia foi dançar com o carinha que estava afim dela. Eu sabia que dali, não ia sair nada, porque ela ainda era maluca pelo Felipe, só que ficava negando pra todo mundo e pra si mesma.
Guilherme: Quer beber alguma coisa? – Ele chegou perto de mim assim que viu que a Flávia saiu.
Manuela: Nada de álcool pra mim. – Eu dei risada e fiz um bico.
Guilherme: Me referi a refrigerante, água... Não ia te dar álcool, sua doida. – Nós rimos.
Manuela: Ah, pode ser... – Ele me ouviu e foi até onde era o "bar" e pego refrigerante pra mim. Trouxe de volta e me entregou. – Obrigada. – Eu tomei um gole e ele ficou me olhando. – Ta olhando o que?
Guilherme: Nada não. – Ele deu um gole na bebida dele.
Manuela: Ta bebendo o que?
Guilherme: Vodka com energético.
Manuela: Ah – Eu fiz bico de novo e ele riu. – Eu quero.
Guilherme: Vem não. Tu não pode. – Ele disse rindo e tirando o copo de perto de mim. – Bora entrar na piscina?
Manuela: Já? – Eu disse não muito empolgada.
Guilherme: Já. Bora lá, põe o biquíni, to te esperando aqui.
Eu fui até o banheiro, tirei a minha roupa, coloquei na bolsa, fiquei só de biquíni e deixei a bolsa no banheiro. Voltei pra onde o Guilherme estava só de biquíni e sentia muitos caras me olhando.
Manuela: Bora?
Guilherme: Bora. – Ele sorriu e nós fomos até a piscina. 
Ele tirou a camiseta, colocou em uma das cadeiras e nós entramos na piscina. Ouvi vários murmurinhos sobre nós dois: "Será que eles voltaram?", "Mas a Manu já está com outro?", "Será que o filho que ela está esperando é mesmo do Guilherme?".
Manuela: To quase dando um murro em cada um que fala da gente nessa porra de festa. Eu sabia que não devia ter vindo. – Falei irritada.
Guilherme: Desde de quando tu se importa com isso? Cadê a minha Manu que sempre foi superior aos outros e estava se fudendo pro que os outros pensam?
Manuela: Continua aqui. – Eu demorei pra respondê-lo, porque fiquei repetindo na minha mente o que ele tinha dito. "Minha Manu". O que ele queria dizer com aquilo? Meu Deus, aqui estou de novo, ficando em dúvida sobre ele.
Nós ficamos um tempinho na piscina, conversando, dando risada. Só atraímos ainda mais falação sobre nós, mas eu não estava ligando. Eu nunca liguei pros que os outros falavam de mim, não ia começar a ligar agora. Eu sentei em uma cadeira e fiquei tomando sol. Ouvi de longe a Isabela falando.
Isabela: Tem alguém aproveitando o corpo que ainda tem, porque daqui a pouco vai ficar uma bola. – Lá estava aquela vadia falando de mim e da minha gravidez de novo. Ela ficou na minha frente, me encarando.
Manuela: Quem sabe, quando eu estiver gorda, você consiga um pouquinho da atenção que eu tenho, né!? Seu sonho. Para de querer Ibope, Isabela. Eu to me cagando pra você, 98% das pessoas que estão aqui só sabem que você é a dona da festa porque você ta dando essa festa e não está cobrando nada por isso. Os outros 2% não tão nem aí pra você, só queriam uma open bar de graça.
A Isabela não respondeu nada, ficou quieta e saiu de perto de mim. O Guilherme estava sentado na cadeira ao lado.
Guilherme: Essa sim é a minha Manu. – Ele sorriu.
Nós fomos pegar mais bebida. Quer dizer, bebida pra ele e refrigerante pra mim. O Gabriel estava lá fazendo um drink pra ele. O clima ficou chato e totalmente sem graça. 
O Guilherme pegou um pouco de refrigerante pra mim e me entregou o copo. Depois pegou vodka pra ele.
Gabriel: Espero que estejam curtindo a festa... – Ele disse olhando seco pra mim.
Guilherme: Estamos sim, valeu... – O Guilherme segurou na minha cintura e me puxou pra longe dali.
Manuela: Tu não devia ter feito isso. – Eu saí de perto dele e bebi um gole do refrigerante.
Guilherme: Ele só queria provocar e tu ia morder, do jeito que é...
Manuela: Ih, chato... – Nós ficamos sentados perto da piscina, olhando todo mundo ficar bêbado, dançar e as meninas se esfregarem nos caras. – Guilherme... – Eu disse e olhei pra ele.
Guilherme: Diz, estranha. – Ele me olhou e eu sorri ao ouvi-lo me chamar de estranha.
Manuela: Tô com fome. – Eu fiz um bico.
Guilherme: Pra sempre e desde sempre, né!? – Ele riu. – Bora sair dessa festa e comer?
Manuela: Sim, por favor. Isso aqui ta um tédio mesmo.
Eu avisei pra Flávia que ia sair pra comer, ela concordou. Trocamos de roupas. Guilherme e eu fomos até um ponto de ônibus e de lá fomos pra uma lanchonete. Sentamos na mesma e pedimos dois lanches enormes. Logo o lanche chegou. – Acho que vou devorar isso aí em dois segundos.
Guilherme: Ogrinha. – Ele riu e nós começamos a comer. Eu estava com muita fome, comia bem rápido o lanche. – Come devagar, o lanche não vai fugir.
Manuela: Ah, não enche. – Eu disse de boca cheia e mostrei o lanche que estava dentro da minha boca todo mastigado pra ele.
Guilherme: Eca, sua porca, fecha essa boca. – Eu não me aguentei de tanto rir. Ele morria de nojo quando eu fazia isso e eu amava ver a ração dele. Era engraçado demais. – Nojenta.
Manuela: Fresco. – Eu ria dele.
Nós terminamos de comer e ficamos caminhando pela rua.
Guilherme: To afim de beber ainda.
Manuela: Pra aquela festa eu não volto mais.
Guilherme: Sei um lugar que eu posso beber e tu pode me assistir bebendo. – Ele riu.
Manuela: Tu vai mesmo beber enquanto eu fico olhando?
Guilherme: Ninguém mandou tu me tirar de um open bar pra comer...
Manuela: Mas tu comeu também. – Eu falei inconformada.
Guilherme: To zuando, mas eu quero beber. Bora. – Nós pegamos outro ônibus e fomos pra um barzinho que era bem apresentável. Ele pediu umas bebidas lá e eu fiquei olhando ele beber de braços cruzados. – Desfaz essa carinha, po. Tu fica mais linda sorrindo.
Manuela: Ah, não enche. Tu ta aí bebendo e eu to olhando, não torra.
Guilherme: Adoro te deixar nervosinha. – Ele riu.
O Guilherme bebeu bastante e já estava bem animadinho.
Manuela: Acho que agora já deu de beber, né!?
Guilherme: Só mais um copo. – Ele disse rindo, por causa da bebida.
Manuela: Quero nem ver como eu vou te levar pra casa depois.
Guilherme: Eu to bem... Da pra ir. – Ele tentou falar sério, mas não conseguiu.
Manuela: To vendo.
Ele bebeu mais quando as bebidas dele chegaram. Foi mais de um copo e eu tentei impedi-lo, mas ele engoliu tudo antes que eu pudesse fazer alguma coisa. Ele bebeu muito, não conseguia nem parar em pé.
Guilherme: "Eu queria terminar com uma rima mais pesada, mas se eu não posso dizer que eu te amo, eu prefiro não dizer nada" – Ele cantou totalmente fora do ritmo e bem desafinado, mas cantou. Depois passou a mão no meu queixo e deu um beijo no meu rosto.
Manuela: Ta na hora de ir pra casa, né!? Bora...
Guilherme: Tu que manda.
Foi o maior sacrifício pra levar ele pra casa, a sorte era que a casa da Helen não era muito longe do bar que nós estávamos. Levei-o até o quarto dele e ele quis deitar na cama, mas eu levei-o direto pro banheiro. Tranquei a porta do quarto antes que a Helen resolvesse aparecer ali.
Manuela: Agora tu força aí pra vomitar, senão tu não vai melhorar. – Ele sentou-se no chão, de frente pro vaso sanitário. Lembrei-me da festa da Regina, que ele estava no mesmo estado e eu tive que cuidar dele. Ele vomitou e depois lavou a boca. – Agora bora tomar um banho.
Guilherme: Me ajuda a tirar a roupa? Não consigo. Ta tudo girando. – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça. Tirei a camiseta dele e ele ergueu os braços pra me dar uma ajuda. Abri o zíper da calça dele.
Manuela: Abaixa aí agora.
Guilherme: Manu, eu to com saudade de você. – Eu estava bem perto dele, olhando nos olhos dele e senti meu coração acelerar quando ele disse aquilo. Abaixei o olhar e ele ergueu o meu rosto pelo queixo. – Tu é tão linda... – Ele me puxou pela cintura e colou o meu corpo no dele. – Sinto tanta sua falta. Falta do seu corpo do meu. – Ele passou a ponta do nariz no meu pescoço e eu me arrepiei. – Falta do seu cheiro. – Ele beijou o meu pescoço. – Falta dos teus beijos. – Ele segurou o meu queixo bem devagar, encostou o lábio no meu e ficou roçando o mesmo bem devagar. Eu respirei fundo pra me controlar. Ele me deu um selinho e tentou me beijar, mas eu impedi. Eu virei o rosto e ele acabou beijando o meu rosto.
Manuela: Não dá, Guilherme. Eu não posso.
Guilherme: Não pode ou não quer?
Manuela: Vai pro banho, por favor.
Ele concordou, tirou a roupa toda e foi pro box. Ele tomou banho e saiu do box. Entreguei a toalha pra ele e ele se secou. Era inacreditável como ele não se importava de ficar nu na minha frente. Não tinha a mínima vergonha ou pudor. Fui pro quarto com ele e ele deitou na cama.
Manuela: Quer alguma coisa?
Guilherme: Você deitada do meu lado.
Manuela: Menos isso.
Guilherme: Pra se envolver contigo o cara tem que ter coração de corintiano, sofredor, de sentimento "socredor". – Ele cantou no ritmo da musica.
Manuela: Se cê não quer, falô! To saindo, já vô. – Eu continuei cantando a música.
Guilherme: Não vai não... – Ele estava virado de bruços, virou de frente quando me ouviu. Eu dei risada.
Manuela: Eu só tava cantando.
Guilherme: Eu sei, mas não quero que tu vá.
Manuela: Eu preciso ir. Tua mãe pode aparecer, vai complicar tudo depois.
Guilherme: Fica aqui comigo...
Confesso que eu não resisti quando ele pediu daquele jeito todo fofo. Sentei na cama do lado dele e ele voltou a deitar de bruços enquanto me olhava.
Manuela: Tô com sono. – Reclamei.
Guilherme: Deita aqui comigo.
Manuela: Tu vai tentar me beijar...
Guilherme: Prometo que não fazer nada que tu não queira fazer. – Eu assenti com a cabeça e deitei na cama com ele.
Ficamos de frente um pro outro e ele colocou a mão no meu rosto. Fechei os olhos e fiquei sentindo ele me fazendo carinho. Era tão bom aquilo. Era tão bom estar ali com ele. Droga! Por que eu tinha que voltar esse frio na barriga quando estava perto dele? Eu tinha conseguido superar isso e agora estava tudo voltando.
Tudo que eu vivi com ele foi passando na minha cabeça. Como aquelas retrospectivas, sabe!? Desde o dia que a gente se encontrou sem querer no meio da rua, ali eu não sabia quem ele era. Não sabia que eu ia entrar pra essa vida e que depois que eu entrasse, minha vida ia mudar completamente. E eu não sei se eu seria a mesma pessoa, forte e batalhadora se ele não estivesse do meu lado
O Guilherme deu as mancadas dele comigo, me decepcionou e tudo mais, mas ele sempre esteve ao meu lado. Sempre me apoiou e quis me tirar dessa vida. Ingenuidade dele pensar que poderíamos fugir daqui, a mãe dele iria até o inferno pra acha-lo e pra acabar comigo. Mas ele sempre gostou de mim pelo que eu sou, sempre esteve ao meu lado mesmo eu sendo prostituta. Ele nunca aceitou isso muito bem, mas ele não podia fazer nada pra mudar isso. Nem eu podia. E sinceramente, eu não sei se vou conseguir mudar isso tão cedo por causa das coisas que vem acontecendo. Se eu quiser continuar do lado do meu filho, eu vou ter que me submeter a muita coisa e a Helen vai se aproveitar muito disso. Muito mesmo.
Foi pensando em tudo isso e pelo cansaço do dia que eu acabei dormindo ali mesmo. Eu sei que eu corria um risco enorme, mas o meu sono e preguiça de sair dali foram maiores (e a vontade de ficar ali também).
Acordei e o Guilherme não estava mais na cama.
Manuela: Guilherme? – Eu falei meio baixo, fiquei com medo de alguém descobrir que eu estava no quarto dele.
Guilherme: Já vou. – Ele disse lá do banheiro e logo veio pro quarto. – Tava passando uma água no rosto, to malzão... – Ele disse voltando a deitar na cama.
Manuela: Ninguém mandou beber tanto.
Guilherme: Ih, chata. – Ele reclamou e riu.
Manuela: Acho que agora eu vou pro meu quarto, antes que alguém me pegue aqui.
Guilherme: Quem disse que eu vou te deixar ir?
Manuela: Como pretendo me impedir?
Guilherme: Escondendo a chave. – Ele correu pra porta, pegou a chave que estava na mesma, ficou em pé na minha frente e balançou a chave no alto.
Manuela: Ah, não. Me da... – Eu fiquei de joelhos na cama e fui até ele, tentei pegar a chave e ele levantou ainda mais a mesma.
Guilherme: Quer, é!? – Ele puxou o calção que ele tinha colado depois do banho e colocou a chave lá dentro. – Vem pegar. – Ele começou a rir.
Manuela: Tu ta me zuando, né!? Tira daí agora. – Eu me levantei e fiquei cara a cara com ele.
Guilherme: Adoro esse teu jeitinho marrento. – Ele segurou minha cintura e me puxou. Meu corpo ficou bem próximo do corpo dele.
Manuela: Me da a chave. – Eu estava começando a ter que me controlar. Ele tinha me puxado pra muito perto e muito contato físico não ia dar certo.
Guilherme: Depois eu te dou... – Ele encostou a boca no meu pescoço e começou a beijar o mesmo. Eu fechei os olhos e respirei fundo. – Não me controlo quando to perto de você.
Manuela: Então fica longe. – Eu consegui me afastar e ele ficou me olhando com aquele sorriso no rosto.
Guilherme: Eu não quero ficar longe. – Ele veio pra perto de mim e de novo me puxou pela cintura. Deu um beijos no meu pescoço e sorriu. – E pelo jeito, você também não.
Manuela: Para, Guilherme. Por favor. – Eu respirei fundo e ele deu um beijo no queixo.
Guilherme: Tu vai ficar aqui comigo, até quando eu quiser.
Manuela: Carcere privado? – Eu falei ironicamente e ele riu.
Guilherme: Se eu pudesse, te prendia pra sempre numa casa comigo mesmo. Mas acho que eu seria preso por isso. – Ele riu e eu também. Foi engraçado.
Manuela: Agora me deixa sair, por favor.
Guilherme: Não to te impedindo. – Ele ergueu as mãos pra cima. – Tu pode pegar a chave, se quiser. E depois é só abrir a porta e sair.
Manuela: Não vou por a mão aí.
Guilherme: Não trate meu pênis com tanto desprezo. – Eu não aguentei, tive que rir.
Manuela: Não foi por a mão no teu pênis. – Imitei ele falando e ele riu.
Guilherme: Por que não? Já colocou até a boca... – Ele começou a rir e eu fiquei olhando extremamente brava pra ele.
Manuela: Que engraçado! – Falei ironicamente.
Guilherme: To zuando, Manu. Mas tu que sabe. E meus braços tão cansando de ficar levantados já. Vai pegar ou não vai?
Manuela: Não. – Fui pra longe dele e sentei na cama. Cruzei os braços e ele ficou rindo.
Guilherme: Achei que tu fosse mais corajosa e o que tem demais pegar no meu pênis? Não to propondo pra transar comigo, só pra pegar essa chave.
Manuela: Então tu podia me dar a chave e eu saia, né!?
Guilherme: Aí seria fácil demais.
Manuela: Tu é muito chato...
Guilherme: Vem cá... – Ele veio pra perto de mim, segurou uma das minhas mãos e me puxou pra perto dele. Ele ficou me encarando e sorriu. – Quer a chave? – Eu assenti com a cabeça e ele mordeu o lábio inferior dele. – Então pega... – Ele pegou a minha mão direita e colocou no pau dele por cima da calça.
Eu não fiquei sem graça com a situação. Ele era o meu ex namorado e eu já fiz coisas "piores" com ele, nós tínhamos intimidade pra isso, mas o fato de atualmente não termos nada, me deixou sem saber o que fazer.
Guilherme: Não vai pegar? – Minha mão continuava no pau dele por cima da calça. Eu não movi a mão, deixei-a onde estava.
Manuela: Não da. – Eu tirei a mão do pau dele e saí de perto dele. – Por favor, Guilherme. Me da a chave e me deixa sair. Ta chato isso já. – Eu falei séria.
Guilherme: Ta legal. – Ele pegou a chave dentro da cueca dele e jogou pra mim, eu peguei e destranquei a porta. – O teste fica pronto na segunda. – Ele disse enquanto eu abria a porta pra sair.
Manuela: Jura?
Guilherme: É... – Eu te entrego assim que for lá buscar.
Manuela: Ta. Obrigada.
Guilherme: Nada...
Eu saí do quarto dele e fui pro meu. Minha cabeça tava girando. E se esse filho fosse do Gabriel? Ele tinha o direito de saber e eu não podia esconder isso dele. Fora que, se o filho não fosse do Guilherme, a Helen ia me expulsar dali em questões de segundos e ia prejudicar a minha família, se bem conheço aquela maldita.
Foi pensando nisso tudo que eu peguei no sono. Levei um baita susto quando o celular começou a tocar umas duas horas depois que eu dormi. Olhei o visor e era o Gabriel me ligando.
Manuela: Gabriel?
Gabriel: Oi, Manu. – Ele parecia meio triste no celular.
Manuela: Tu ta bem?
Gabriel: Como eu vou ficar bem sem você? – Ele fez uma pausa, mas depois continuou. – Eu te vi saindo com o Guilherme e to aqui, me definhando em ciúmes. – Agora ele parecia bêbado.
Manuela: Tu ta bêbado, Gabriel?
Gabriel: Isso não importa. Importa que eu amo você e ta sendo foda ficar sem você.
Manuela: Onde tu ta?
Gabriel: Na chácara... Agora me ouve.
Manuela: A Flávia ta aí ainda? Passa pra ela, por favor.
Gabriel: Não, eu quero falar contigo.
Manuela: Por favor, Gabriel. Passa pra Flávia.
Ele não falou mais nada. Depois de uns dois minutos a Flávia falou comigo.
Flávia: Manu?
Manuela: Amiga, cuida do Gabriel, pelo amor. Ele ta tri bêbado se declarando pra mim no celular.
Flávia: Ele bebeu pra caralho já, mas agora ta vomitando no banheiro. To aqui com ele. Eu cuido, pode deixar. Não se preocupa.
Manuela: Ai, obrigada, amiga.
Flávia: Não precisa agradecer e nem se preocupar. Ele está em boas mãos. Beijo, gata.
Manuela: Beijo.
Ela desligou e eu fiquei pensando no que tinha acabado de acontecer. Era o que faltava pra eu ficar ainda mais confusa. E agora? Meu coração estava confuso, só não estava pior que a minha mente. Eu estava totalmente indecisa e confusa. Resolvi tomar um banho, porque tinha dormido com a roupa que fui pra festa. Demorei um tempão lá, pensando em tudo. E mesmo pensando bastante, não cheguei a conclusão nenhuma.
O que fazer agora? Essa era uma pergunta que eu não tinha como responder.
Era domingo e todas nós estávamos limpando a casa, a Helen andava mais brava do que nunca e nós tínhamos que manter a casa impecável pra ela não surtar ainda mais. Tudo era motivo pra ela brigar com tudo mundo, comigo então, nem se fale. Ela só não me batia, porque o Guilherme estava sempre por perto e não "deixava".
Amanhã saia o bendito teste de DNA que eu não aguentava mais esperar. Finalmente! Enfim, eu estava ansiosa pra saber esse resultado, porque através dele, eu ia ter que escolher qual caminho seguir com a minha vida. Eu sei que eu não sou obrigada a ficar, namorar ou casar com o pai do meu filho, nenhuma mulher é em pleno século 21, né!? Mas como eu não tinha condições financeiras nem pra me manter, imagina pra manter um filho sozinha no mundo. Não dá. Eu ia sim precisar da ajuda do pai do meu filho, financeiramente e da presença física como pai no crescimento e educação do meu filho.
Nós terminamos de limpar a casa quase duas horas da tarde, a Jack preparou uma coisinha rápida porque a gente tava morrendo de fome e qualquer coisa que ela fizesse, estaria bom. Eu almocei e depois fui pro quarto. Fiz uns trabalhos do colégio, estudei e depois acabei cochilando um pouquinho. Quando eu acordei, haviam duas ligações do Gabriel perdidas no meu celular. Eu retornei a ligação.
Gabriel: Oi, Manu.
Manuela: Olá, Gabriel. Tu me ligou?
Gabriel: Foi...
Manuela: Aconteceu alguma coisa?
Gabriel: Queria pedir desculpas pelo mico de ontem, né!?
Manuela: Ah, ta tudo bem. A Flávia me contou que tu quase vomitou tuas tripas, mas que depois tu se recuperou.
Gabriel: Foi bem isso. – Ele riu.
Manuela: Que bom, então.
Gabriel: Mas eu liguei mesmo pra conversar sério contigo... Apesar de estar bêbado, eu não falei nada que não fosse verdade, Manu... – Eu deixei ele continuar. – A gente precisa conversar pessoalmente. Eu não to conseguindo ficar sem você.
Manuela: Olha, eu também acho que a gente precisa conversar. Eu tenho um monte de coisa pra te explicar.
Gabriel: Eu não quero explicação, quero você.
Manuela: Vem aqui e a gente conversa, ta!?
Gabriel: Agora?
Manuela: A noite.
Gabriel: Eu vou.
Manuela: Te espero.
Gabriel: Se cuida...
Eu desliguei o telefone e fiquei pensando nas milhões de coisas que eu tinha que dizer a ele. Me veio até a intenção de contar toda a verdade pra ele. Tudo. Isso inclui a prostituição. Ele precisa saber, e precisa saber por mim. Antes que, aconteça algo parecido como a forma que ele descobriu a minha gravidez. Meu Deus, ele vai me odiar, me detestar. Mas pior do que isso, é ele sentir nojo de mim. Acho que eu vou pirar se isso acontecer.
Foi inevitável não pensar na reação do Felipe. Ele sempre amou a Flávia, sempre fez tudo por ela e quando descobriu, reagiu daquele jeito.
Pra piorar ainda mais a minha situação, tinha o idiota do pai dele que tinha ido até a boate e transado comigo. Como é que se conta uma coisa dessa pra alguém que você gosta? Ele jamais vai me perdoar. Não só por ter transado com o pai dele, mas por ter ajudo-o a trair a mãe dele. Mãe essa que ele tem adoração, que é um amor de pessoa e realmente não merecia isso.
Eu me arrumei e pedi pro Guilherme também aparecer na hora que eu tinha combinado com o Gabriel. A Helen não estaria em casa e seria mais tranquilo pra conversar. A Lua apareceu na hora bem quando eu estava voltando pro meu quarto.
Lua: Ah, jura que tu vai mesmo contar tudo pro Gabriel? Tu tem certeza que vai deixa-lo saber que ele também pode ser o pai, Manu?
Manuela: Lua, eu to de saco cheio de você. Não vou ceder as tuas chantagens idiotas. Tu que se foda.
Lua: Eu? Eu não, meu amor. Tua mãe que se foda. Ela que vai pagar por toda essa tua rebeldia. – Por que diabos ela tinha que usar sempre a minha mãe pra me atingir? Vadia! –
Manuela: Eu duvido muito que tu seja capaz de por um dedo na minha mãe. Tu é quem nem cão que late muito, não morde.
Lua: Ah, eu não vou morder não. Fica tranquila. Quem vai morder, é a Helen. Ela vai saber que você voltou com o Guilherme e ela mesma vai acabar contigo e com a sua mãe.
Manuela: Eu não voltei com o Guilherme. 
Lua: Mas a Helen vai achar que sim.
Manuela: Tu é mesmo uma vadia.
Lua: Ah, o sujo falando do mal lavado. – Ela riu ironicamente. – Agora pensa bem no que tu vai contar pro Gabriel, lembre-se sempre que tua mãe é quem corre risco. Adeus. – Ela acenou com a mão e saiu.
Vadia, vaca, piranha. Esses foram os poucos xingamentos que eu pensei na hora sobre aquela garota. Ela realmente invocou comigo e não ia se dar por satisfeita enquanto não acabasse comigo ou então, conseguisse o que ela queria e eu tinha, eu um dia tive, sei lá. (no caso, o Gabriel).
Eu resolvi não aceitar as provocações e ameaças dela. O Gabriel precisava saber logo da verdade e tinha que ser por mim.
Eu me arrume e esperei dar a hora do Gabriel chegar. Quando ele chegou e eu fui com ele até o meu quarto.
Manuela: A gente precisa conversar...
Gabriel: Eu vim aqui pra dizer que eu não quero ficar longe de você, Manu... – Ele me puxou pela cintura e colou meu corpo no dele. – O Guilherme bateu na porta na hora e abriu a porta, o Gabriel ficou puto de raiva quando o viu ali. – O que ele ta fazendo aqui, Manu? – Ele me soltou e cruzou os braços.
Guilherme: Não contou pra ele não, né!?
Manuela: Não. E sem serem duas crianças, por favor. Nós três precisamos conversar e bem sério.
Guilherme: Tu não pode contar as coisas pra ele sem que eu esteja presente? Não quero estragar o clima do casal. – Ele foi bem irônico quando falou "casal".
Manuela: Senta aí e fica quieto. Ouve e quando eu pedi pra tu falar, tu fala.
Guilherme: Beleza. – Ele sentou na minha cama e ficou olhando pra mim e pro Gabriel.
Gabriel: O que tu tem pra me contar?
Manuela: É sobre o filho que eu estou esperando.
Gabriel: Sério mesmo que tu quer falar sobre isso comigo, Manuela?
Manuela: Calma! Me deixa falar.
Gabriel: Ta. – Ele disse meio emburrado.
Manuela: Então, eu sei que falar isso é péssimo e muito constrangedor pra mim, mas eu preciso te contar...
Gabriel: Conta logo, Manu.
Eu não tive tempo que contar nada a ele, a Lua entrou no quarto e olhou sorrindo pra mim.
Lua: Que linda essa reuniãozinha. Posso participar? – Ela disse e depois passou a mão no cabelo.
Manuela: Sai daqui agora, Lua. Senão eu acabo contigo. – Eu fui até ela e olhei extremamente brava pra ela.
Lua: Nossa, que medo! Apesar de não ter medo de você, mas nesse quarto ter dois trouxas que fariam qualquer coisa por você, até voar pra cima de mim, eu resolvi trazer dois capangas pra me assegurar que vocês não toquem em mim. Um sinal meu e eles acabam com todos vocês em questões de segundos.
Guilherme: Vadia.
Manuela: Para, Lua, sério. Por favor. Não faz isso que eu estou imaginando que tu vai fazer. Por favor. Tu não tem esse direito.
Gabriel: Do que é que tu ta falando, Manu? – Ele olhou preocupado pra mim
Lua: Ela ta falando da prostituição, Gabriel. – Senti um frio na espinha enorme quando eu ouvi ela falar. Meu coração parecia que ia sair pela boca e meu sangue fervia pra acabar com ela. E as malditas lágrimas que eu nunca, nunca mesmo, conseguia controlar surgiram nos meus olhos e logo escorreram pro meu rosto. Eu fiquei imóvel sem saber o que falar ou como reagir.
Gabriel: Sobre o que? – Ele me pareceu bem confuso.
Guilherme: Lua, já chega, cara. Tu já fez tua cena. Por favor, chega. – Ele levantou-se da cama e veio na minha direção, ficou em pé do meu lado. O Gabriel estava na minha frente e eu só conseguia chorar.
Lua: Ah, gente. Tadinho do Gabriel... – Ela veio andando em direção ao Gabriel, passou a mão do rosto dele, parou do lado dele e depois de apoiar os braços nos ombros dele, olhou pra mim. – Tão lindo, tão apaixonado e tão ingênuo.
Gabriel: Tu ta falando do que, Lua? – Ele tirou as mãos dela do corpo dele. – Tira a mão de mim. – Ele disse irritado.
Lua: Ok, gatinho. Eu tiro. – Ela disse rindo. – Mas agora tu vai me ouvir.
Gabriel: Diz logo.
Manuela: NÃO. – Eu disse entre as lágrimas, o Guilherme me puxou e me envolveu em um abraço em que eu escondi minha cabeça no peito dele.
Lua: Sua namoradinha, ou ex, sei lá também. Tanto faz. Ela não passa de uma...
Manuela: NÃO. NÃO. NÃO. – Eu falei mesmo engrunhada nos braços do Guilherme. Ele me apertou no intuito de me proteger da Lua ou dos capangas dela.
Lua: Como eu dizia... – A Manuela não passa de uma prostituta.
Gabriel: Qual a tua doença, Lua? Da onde tu tirou uma parada dessa?
Lua: É a realidade, meu amor. Ela é prostituta. Ela da o rabo se quiser comer e ter onde morar. – Eu não via a cara do Gabriel, porque eu estava nos braços do Guilherme e eu não queria ver.
O silêncio predominou e só depois a Lua soltou uma gargalhada. 
Lua: Surpreso, né!? Quando é que tu imaginou que a tão adorável, simpática, amorosa, caridosa Manuela fosse puta? Nunca, né!? Diz aí.
Gabriel: Manuela. Olha pra mim, cara. Olha pra mim.
Eu saí dos braços do Guilherme e olhei pra ele. Eu estava nervosa. Tremia como nunca tremi na minha vida toda. O que ele ia fazer comigo? Ele ia me odiar pro resto da vida. Como eu vou ficar sem ele?
Gabriel: Ela ta brincando, né!? Diz pra mim que isso tudo não passa de uma brincadeira. – Ele segurou os meus braços e ficou olhando nos meus olhos.
Manuela: Eu queria... – Eu solucei quando fui falar. – Mas não da.
Gabriel: Então é verdade? – Eu só assenti com a cabeça e ele me soltou. Colocou a mão na testa e começou a andar de um lado pro outro. – Como tu pode me esconder um negócio assim? Como? Então aquele papinho de ser garçonete era tudo mentira, né!? Nosso relacionamento foi uma mentira, cara. Tudo mentira. Tu sempre estava cansada, por isso, né!? Eu não acredito, Manuela.
Lua: A parte mais legal de tudo isso é que essa é só a parte mais dramática. Tirando o fato que de além dela, todas nós também somos prostitutas, a parte mais chocante está por vir.
Gabriel: Tem mais? – Ele perguntou puto da vida.
Lua: Claro que tem. O melhor é sempre no final.
Gabriel: Diz logo então.
Lua: Ela transou nada mais nada menos do que... – Ela fez um "mistério", mas depois continuou. – Com o teu pai.
Gabriel: Como é que é? – Ele olhou aterrorizado pra mim. – Por favor, diz que pelo menos isso é brincadeira, Manuela. Diz. Diz... Não pode ser possível. Tu esteve dentro da minha casa, do lado da minha mãe. Viu ela sofrer, definhar por um homem que você sabia que estava traindo dela. Sabia não só porque ela te contou, mas sabia porque era com você que ele traía ela. Manuela, como tu conseguiu ser tão dissimulada por tanto tempo?
Manuela: Eu... Eu... – Eu não sabia o que falar. Eu queria me desculpar, mas como se pede desculpas por uma coisa assim? Como? Eu não sabia o que falar e nem como falar.
Gabriel: Já chega. Isso tudo é informação demais pra mim... Eu vou embora desse lugar, ficar bem longe de todos vocês, porque todos vocês mentiram. Quero distância de todos vocês. Vou sair da cidade com a minha mãe, ir pra bem longe daqui, bem longe de vocês.
Ele disse abrindo a porta e saindo. Eu estava me derramando em lágrimas, mas corri atrás dele. Ele precisava saber que o filho podia ser dele e eu ia dizer isso a ele, quem sabe essa raiva toda dele por mim, fosse um pouco amenizada. Ele tinha estacionado o carro do outro lado da rua e estava desativando o alarme do mesmo. Como estava passando muito carro, eu não conseguia atravessar. Logo eu vi o Guilherme atrás de mim. Eu tive que gritar dali mesmo onde eu estava.
Manuela: Me ouve, por favor.
Gabriel: Não tenho mais nada pra ouvir de você, Manuela. Chega.
Manuela: Só mais uma coisa, eu preciso te contar.
Gabriel: To indo embora pra nunca mais voltar.
Ele abriu o carro e entrou no mesmo, mas não tinha fechado a porta do carro ainda.
Manuela: O filho é seu. Quer dizer, pode ser teu. – Eu gritei o mais alto que eu pude.
O primeiro impulso que eu tive foi correr em direção ao carro dele, mas na hora em que eu estava atravessando, um carro estava vindo e eu achei que fosse dar tempo de passar. Eu jurava que ia conseguir, mas eu me enganei. O carro me acertou em cheio e a pancada que ele deu entre o meu abdômen e as minhas pernas foi a unica coisa que eu me lembro. Mentira, eu me lembro também do grito do Guilherme me chamando. Só isso.
► Narrado pelo Gabriel ◄
Tinha tanta coisa na minha cabeça naquela hora que eu precisava ir pra bem longe dali. Eu saí daquela casa e fui direto em direção ao meu carro. A Manuela veio atrás de mim, ela queria me dizer algo que eu não estava afim de saber. Já tinha recebido informação demais por hoje. Ela atravessou a rua correndo e eu vi aquela cena horrorosa do carro atropelando ela. Eu saltei do carro correndo e fui ver o estado dela. O Guilherme estava ajoelhado no chão, todo preocupado e esguelhando pra Flávia ligar pra ambulância.
Guilherme: Liga logo, Flávia. Liga logo. – Ele falava desesperado pra Flávia.
A Manuela estava no chão, caída, desmaiada e toda ensanguentada. Tinha tanto machucado e sangue nela que era difícil dizer exatamente onde estava cada ferimento.
Eu estava nervoso pelas informações e novidades que recebi e agora mais esse acidente da Manuela. Era muita coisa pra digerir e processar ao mesmo tempo.
Eu, provavelmente, estava pálido, a rua estava intransitável. A Flávia ligou pra ambulância e logo eles vieram. Colocaram a Manuela na maca e depois pra dentro da ambulância. Lá dento mesmo fizeram os primeiros socorros.
Flávia: Será que ela ta bem? Ela ta tão machucada. Eu não acredito nisso.
Guilherme: Nem eu... Nem eu... – Ele bufou, estava muito nervosou e olhou com uma cara apreensiva pra mim. – Tudo culpa desse imbecil.
Ele colocou a culpa em mim e ele tinha razão. Se eu tivesse parado dois segundo e escutado ela, nada disso estaria acontecendo. Mesmo eu morrendo de raiva por ela ter mentido, ela estaria inteira e bem.
Flávia: Agora não é hora pra discutir de quem é a culpa ou não é. Ok? Vocês se entendam depois. Eu vou com ela pro hospital e vocês correram pra lá.
O médico da ambulância chamou a Flávia e ela foi pro hospital com eles e a Manu.
Guilherme: Tu não se atreva a pisar naquela hospital. Eu não quero nem que tu chegue perto. Já chega o sofrimento que tu ocasionou a ela e ainda isso? Fica longe. Bem longe.
Gabriel: Ah, você quer disputar quem a fez sofrer mais? Acho que tu ta em vantagem nesse quesito. E você não manda em mim. Ela não é sua e tu não manda em quem pode visita-la ou não. Ela está esperando um filho meu e eu posso sim vê-la.
Guilherme: Nem ela sabe se o filho é dela ou não, imbecil. E espero do fundo do coração que nada aconteça a ela e nem ao filho que ela está esperando. Senão eu juro que eu mesmo quebro a tua cara.
Não bastava tudo que estava acontecendo, eu ainda teria que carregar a culpa de matar a mulher que eu amo e o meu filho. Isso seria demais pra minha cabeça.
Eu acabei não indo pro hospital, rodei a cidade inteira sem rumo. Sem direção ou endereço marcado pra ir. Eu precisava me distrair, pensar em outras coisas, mas minha mente não me deixava.
Por que a Manuela mentiu todo esse tempo pra mim? Como eu não percebi nada?
E a ideia que mais me repudiava e me dava ódio, era saber que ela tinha transado com o meu pai. Agora a implicância dele com ela, era totalmente compreensível. Ele não queria ela dentro de casa e agora tudo fazia sentido. Ele sempre apoiou meus namoros, sempre foi simpático e brincalhão com todas as minhas namoradas e simplesmente odiou a Manuela desde que a viu.
Caralho, como eu fui otário esse tempo todo? Eu amava aquela garota. Amava como eu nunca amei ninguém. Eu corri atrás dela como eu nunca tinha feito por nenhuma garota antes. Ninguém nunca tinha me conquistado como ela.
Eu só sei que eu precisava sumir. Sumir daquela escola, da cidade, do país se preciso fosse. Se fosse pra esquecer tudo isso, eu ia mesmo sumir.
► Fim da narração do Gabriel ◄

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