terça-feira, 12 de janeiro de 2016

8
- Oi Julie. - Bê extremamente gay falou quando me viu. Ele me conhecia, pois eu sempre ia até aquele salão para cortar as pontas do meu cabelo. - Vai cortas as pontas hoje? - Ele perguntou pegando no meu cabelo.

- Não, não. Hoje eu quero pintar. - Sentei na cadeira e sorri.

- Pintar? Mas seu cabelo é lindo, essa cor está perfeita. - Ele resmungou indignado.

- Calma Bê. - Olhei pra ele rindo. - Não vou pintar ele todo, só algumas partes. - Peguei um recorte de revista e mostrei como eu queria.

- Assim? - Ele olhou o recorte de revista super incrédulo.

- Sim, manda vê.

- Tá né. - Ele separou meu cabelos em algumas mechas. - Já sabe que cor?

- Pink? - Ele me olhou com os olhos arregalados.

- Okay. - Concordou e começou a obra de arte.

Fechei os olhos e deixei que ele pintasse tudo como bem desejasse. Ele terminou, lavou, secou e finalmente estava pronto.

- Pode abrir os olhos. - ele falou afeminado.

Abri os olhos e encarei no espelho imenso, meu cabelo estava perfeito, tinha algumas mechas pink na nuca no meio do loiro claríssimo.

- E ai gostou? - Ele me olhou e sorriu.

- Adorei Bê. Arrasou! - Falei me olhando no espelho super sorridente. - Agora estou pronta pra competição. - Paguei e sai toda felizinha do salão. Agora só faltava um roupa nova, entrei na minha loja preferida e comecei a procurar por algo interessante.

Achei um vestido branco com florzinhas bem pequenas, uma jaqueta de couro preta e fui procurar um sapato pra usar com eles. O vendedor me trouxe várias sandálias e sapatos de salto, tipo eu não fazia
ideia de como ficava em cima daquilo, mas mesmo assim comprei um sapato de tachinhas preto, achei ele lindo e botei na cabeça que até amanhã vou ter que aprender a andar em cima deles.

Paguei tudo e fui pra casa guardar as coisas pra ir pro Ralf.

- SEU CABELO! - Melinda gritou quando me viu.

- Gostou? - Perguntei rindo e jogando o cabelo de um lado pro outro.

- Adorei. Ficou lindo amiga. - Ela pegou uma mecha pink e gritou pra Bia vir ver.

Bia chegou correndo na sala e começou a gritar. - Tá perfeito Julie, ai meu Deus. - Ela falava animada. - Agora só falta a Mel pintar o cabelo colorido, eu e você já estamos na moda.

De uma coisa eu tenho certeza, o dia em que se mudar alguém pro apartamento vizinho vai chover reclamação, de tanto que nós gritamos e fazemos barulho.

- Quem sabe eu não pinto tudo de azul. - Mel piscou.

- Vai arrasar. - Bia riu.

- Menos meninas, parem de gritar. - Falei assustada.

- E o que são essas sacolas? - Mel perguntou curiosa.

- Comprei um vestido, uma jaqueta e um sapato de salto.

- Salto? Ata, me engana mesmo. - Mel falou pegando a sacola e olhando. - Não acredito, ela comprou mesmo Bia. - Mel falou surpresa tirando o sapato da sacola.

- Ai que lindo. - Bia falou olhando.

- Agora só falta uma coisa. - Falei rindo.

- O que? - elas falaram juntas.

- Eu aprender a andar em cima disso. - Nós rimos.

- É fácil, toda mulher nasce pronta pros saltos. - Melinda falou rindo.

- E esse vestido? Que arraso Julie. - Bia pegou o vestido e colocou na frente do seu corpo.

- Depois que eu usar te empresto.



- Acho bom mesmo.

- Vai usar essa roupa amanhã? - Melinda perguntou me olhando.

- Sim. - Respondi sorrindo boba.

- Sei. - Bia falou irônica. - Tá querendo impressionar alguém? - Bia jogou o vestido pra eu guardar.

- Não. - Respondi rápido.

- Hum. - Bia e Mel riram.

- Parem. - Peguei as sacolas e fui pro quarto, enquanto elas riam de mim na sala.

Gustavo Narrando

Acordei cedo e me arrumei pra ir pra empresa, hoje seria um dia bem cansativo. Assim que cheguei na empresa a nova estagiaria já veio me falar que tinha papeis que ela não conhecia e que precisava de ajuda. Ela era bonitinha e tinha uns peitões maneiros, mas falava pelos cotovelos, puta que pariu a garota falava sem parar, até se esquecia do que estava fazendo de tanto que ela falava.

- Bonitinha, pode parar de falar já. - Falei com a mão na cabeça.

- Ah me desculpe. - Ela falou sem graça. - Eu falo demais né. - Ela riu.

- Aham. - Concordei e dei um gole no café quente.

- Bom, vou lá resolver as coisas do banco, até. - Ela falou saindo da sala e Lucas entrou rindo.

- Eu ouvi do corredor a menina falando. - Ele riu.

- Nem me fale. - Massageei a testa em movimento circulares. - Estou até com dor de cabeça.

- Pode tomar um remédio, porque hoje é sexta. - Ele falou me olhando e jogando uns papeis na minha mesa.

- Vou pra casa dormir, isso sim. - Peguei os papeis na mão para ver do que se tratava.
- Nem morto, hoje tem racha lá na saída da cidade, e eu e você vamos. - Ele deu um tapinha nas minhas costas.

- Vamos? - Perguntei confuso. - Por que?

- Porque? Apenas uma coisa: Vai estar lotado de gostosa. Esse motivo está bom ou quer mais um? - Ele perguntou irônico me olhando.

- Gostosa tem até aqui na empresa. - Sorri.

- Tá bom, mas um motivo então: A mina que você quer pegar vai está lá. - Ele piscou.

- Como você sabe? - Olhei pra ele.

- Falei com o seu irmão hoje. E ai, vai ou não?

- Vou, eu acho. - Guardei os papeis na gaveta e Lucas saiu da sala rindo.

Estava começando a escurecer e sai do serviço exausto, minha cabeça estava doendo pra caramba e eu ainda teria de ir pra casa ouvir minha mãe reclamar e depois ir pro racha, juro que só vou sair de casa hoje porque é pra ver a Julie, caso contrário não iria.

Tomei um banho gelado pra animar e troquei de roupa.

Vesti uma calça jeans, uma camisa polo azul marinho e um sapa-tênis.

- Onde você vai Gustavo Maia? - Minha mãe veio andando atrás de mim, do quarto até a porta da sala.

- Vou sair mãe, já disse. - Revirei os olhos.

- Pra onde? - Ela pegou as chaves do meu carro. - Se não falar não dou as chaves.

- Vou encontrar uma garota. - Menti.

- A Polly? - Ela falou sorridente.
Minha mãe queria empurrar Poliana pra cima de mim ou do Rafael, pois ela era rica e de família renomada. O que ela não sabe é que Polly é o tipo de garoto que todos já
comeram, sendo bem sincero.
Claro. - Menti outra vez.
- Então pode ir, e manda um beijo pra ela. - Minha mãe entregou as chaves do carro e eu sai rindo.

Julieta Narrando

O dia passou rápido e quando eu vi já era hora de se arrumar pra sair. Eu estava meio insegura com o salto ainda, mas pelo menos estava conseguindo andar sem parecer uma boneca de madeira. Vesti a roupa que havia comprado no dia anterior e me maquiei, como sempre deixei os olhos bem escuros e retoquei o esmalte preto das unhas.

Mel e Bia estavam lindas. Mel estava com uma saia preta e a minha blusinha do Ramones também preta e o coturno vermelho dela. Bia estava com uma calça jeans bem apertada, uma blusinha regata branca e um coletinho por cima e all star verde. Pegamos um taxi e fomos direto pra saída da cidade. Estava lotado de mano e piriguete, olhei em volta procurando por um rosto conhecido e não encontrei ninguém além da saco de ossos, Poliana.

Gustavo Narrando

Passei na casa do Lucas e depois fomos pra lá. Estava lotado de ninfeta com mini saia dando moral pra todo cara de carro que passava.

- Se quiser pode falar que o carro é seu. - Falei jogando a chave pro Lucas e me enfiei no meio do povo.

Sai esbarrando no povo até chegar até um ''barzinho'' que eles montaram na calçada. Pedi uma água, pois não estava bom pra encher a cara. Sentei na calçada e abaixei a cabeça entre os joelhos.

Julieta Narrando

Eu andava com cuidado pra não estrear os saltos com um tombo na frente de todos, ainda mais na frente da Poliana.

Fui até o ''barzinho'' e pedi uma
Smirnoff. Fui andando com cuidado e subi na calçada, quando menos esperava tropecei em algo e pof pro chão.

- Mas é um filho da puta mesmo. - Falei brava.

- Ei não grita, estou com dor de cabeça. - O rapaz que eu havia tropeçado falou baixo.

- Não grita o cacete. - Olhei pra ele.

- Que... - Ele parou e ficou me olhando.

- Tinha que ser você né, porra. - Falei brava, sem perceber que eu estava praticamente sentada em seu colo.

- Mas que boca mais suja hein Julie. - Ele me olhou surpreso. - Você está aqui faz menos de um minuto e já aprendi uns dez palavrões com você. - Ele riu de mim.

- Não começa a me irritar. - Falei batendo nele.

- Ai, caramba. - Ele se esquivou e cobriu a cabeça com o braço. - Pode ficar no meu colo, eu não ligo. - Ele falou me provocando.

- Seu idiota. - Dei um tapa nele e me levantei cambaleando.

- Uau, vestidinho e salto. - Ele arqueou as sobrancelhas sugestivamente.

- Me mira, mas me erra Gustavo. - Sai pisando firme com raiva.

Ele se levantou e veio andando atrás de mim.

- Vai! Para de ser bravinha Julie. - Ele falou me seguindo por onde eu ia.

- Eu vou virar um soco em você e você vai passar vergonha por apanhar de uma garota de 1,60.

- Que pequena. - Ele riu e eu me virei nervosa.

- Calado, tá me irritando. - Fechei as mãos e as apertei bem forte para que a raiva passasse.

- Pessoas estressadas morrem mais cedo que pessoas relex como eu. - Ele me olhou e sorrio debochado.
- Não se eu te matar né, ai viverei feliz para sempre. - Sorri irônica.

- Você não teria coragem. - Ele falou sorrindo.

- Ah, eu teria sim. - Continuei andando. - Você vai passar a noite toda me seguindo?

- Sim, só paro quando você falar comigo. - Ele continuou atrás de mim.

- Ótimo, eu não ligo mesmo. - Continuei caminhando e ele começou a cantarolar e por onde eu ia ele estava atrás cantando e dedicando a música pra mim, as pessoas olhavam curiosas e riam de nós. Eu estava a ponto de explodir e bater nele até mata-lo. - Dei risada sozinha.

- O que foi? - Ele perguntou desentendido.

- Você canta até que bem. - Falei indo em direção ao banheiro feminino.

- Eu sei. - Ele riu. - Ei, você vai no banheiro?

- Sim, e vou me livrar de você. - Dei uma olhadinha pra trás e sorri.

- Hum. - Ele resmungou e eu entrei no banheiro.

- Finalmente me livrei de você. - Gritei da porta pra ele lá fora e entrei no banheiro. Me olhei no espelho, arrumei o cabelo e entrei em uma das portas pra fazer xixi.

Gustavo Narrando

Não pensei duas vezes e me afundei dentro do banheiro feminino. O banheiro cheirava a mulher e tinha umas garotas se olhando no espelho.

Fiz Oi com a mão e elas começaram a gritar. - Sai daqui seu safado. - Uma magrela me deu um tapa no braço e saiu do banheiro.

- Que agressivas. - Sussurrei.

Julie deu descarga e saiu do banheiro, lavou as mãos e ficou parada em frente ao espelho.

- Não acredito nisso. - Ela falou assim que se virou e me viu.
- Você é um idiota. - Ela fez negativo com a cabeça e entrou no banheiro de novo.

- Qual é Julie, você vai passar a noite toda aí? - Falei rindo.

- Ah, eu te odeio. - Ela gritou batendo na porta do banheiro.

- Odeia nada. - Eu ria dela. - Vamos, se você ficar ai, eu vou ficar aqui fora cantando até você sair.

- Não, para de me fazer passar vergonha. - Ela falou rindo.

- Tá dizendo que eu sou motivo de vergonha?

- Sim, demais ainda. Vão achar que você é gay. - Ela riu alto. - Coisa que não é muito impossível de achar quando vê você com esse cabelinho arrumadinho.

- Qual é o problema em pentear o cabelo? - Me virei pro espelho.

- Acho gay. - Ela falou abrindo a porta do banheiro e vindo na minha direção. - Faz assim ó. - Ela abriu a torneira e molhou meu cabelo.

- Ótimo, cabelo molhado é menos gay, nunca vi isso. - Revirei os olhos.

- Cala boca e abaixa pra eu arrumar. - Abaixei pra que ela alcançasse.

Ela mexeu, bagunçou, passou mais água. - Pronto, tá melhor agora. - Me levantei e me olhei no espelho. Meu cabelo tava todo bagunçado e arrepiado.

- Você gosta assim? - Olhei nos olhos dela e ela desviou o olhar.

- Fica melhor. - Ela falou baixo e saiu do banheiro.

Sai do banheiro disfarçando e fui atrás dela.

- Você não vai me deixar em paz mesmo, né? - Ela me olhou e respirou fundo.

- Não.

- Ótimo. - Ela falou irônica e enrolou uma mecha do cabelo no dedo.

- Que isso hein? - Peguei uma mecha colorida. - Brigou com o cabeleireiro foi? - Dei risada.

- Foi
sua mãe que pintou. - Ela me olhou séria. - Qual é, vai implicar até com o meu cabelo agora? Eu gosto assim, então foda-se.

- Não estou implicando, eu só ia dizer que ficou legal. - Ela me olhou.

- Hum.

Julieta Narrando

Gustavo ficou andando atrás de mim e tentando puxar papo a todo o momento, eu como sempre muito simpática não respondia ou apenas sorria sem mostrar os dentes, fazendo com que ele ficasse sem graça. Estávamos perto da pista onde ia rolar o racha quando vi Sam e a irmã dele vindo em nossa direção.

- Oi Julie. - Sam falou me olhando.

- Oi Sam. - Sorri sem graça.

- Oi Sam. - Gustavo se intrometeu no meio de nós dois.

- E ai Guto. - Sam falou me olhando.

- Oi gente. - Elisa falou baixo.

- Oi. - Eu e Gustavo respondemos juntos.

- Você tá linda. - Sam falou me olhando.

- É eu disse isso, mas ela é agressiva. - Gustavo se intrometeu de novo, eu olhei pra ele de canto e ele ficou sem graça.

- Obrigada Sam

Sam se afastou um pouco de nós dizendo que ia comprar algo pra beber e Gustavo colou em mim.

- Ele você trata bem né. - Ele falou me olhando.

- Cada um tem de mim o que merece. - Eu dei risada e sentei na beira da calçada.

- Tá bom então. - Ele falou se afastando.

- Cansou de ficar atrás de mim? - Perguntei rindo.

- Vou procurar alguém que mereça minha atenção. - Ele virou e se enfiou no meio do pessoal
que estava lá.

- Cadê o Guto? - Sam falou sentando ao meu lado.

- Teve uma crise de tensão masculina e foi procurar uma periguete pra se esfregar.

- Nossa. - ele riu e me entregou uma coca.

- Valeu.

- Por que você e o Gustavo ficam nessa guerrinha? Tá rolando algo entre vocês? - Sam me olhou.

- Tá louco Sam? - Falei rindo. - Eu acho Gustavo fresco demais, ele tem um ar de egocêntrico sabe, fora que logo ele se cansa de ficar atrás de mim, ele só está assim porque eu dei um fora nele, tem homens que não sabem engolir um NÃO.

- Realmente, esse deve ter sido o primeiro fora da vida dele. - Nós rimos.

- Homem assim precisa comer o pão que as mulheres pisaram pra dar valor em alguém.

- Então não tá rolando nada, que bom. - Sam falou baixo e deu um gole na bebida.

- É, cadê sua irmã? - Perguntei fugindo do assunto.

- Sei lá, ela é grandinha já, eu dou um espaço pra ela curtir também.

- Que irmão legal que você é hein.

- Sou um ótimo irmão, aliás todos da minha família são bem legais. Se quiser entrar pra família tem lugar ainda. - Ele me olhou.

- Ah é, vai me adotar como filha? - Dei risada baixo.

- Filha? Não. - Ele riu e eu peguei a malícia no ar.

- Sei. - falei tensa.

- Qual é, tava pensando em prima ué. Relaxa, não sou o Gustavo. - Ele deu um gole na bebida e eu olhei pra ele.

Ele tinha uma pequena tatuagem no pescoço com uma nota musical, de certo tocava alguma coisa.

- Você toca algum instrumento? - Perguntei curiosa olhando a tatuagem.

- Bateria - Ele foi curto na resposta, e quando achei que o assunto morreria ele perguntou. - E você? Toca alguma coisa?

- Punheta. - olhei pra ele séria. - Tô brincando. - Nós começamos a rir. - Eu toco guitarra, violão e canto. - Respondi ainda rindo.

- Punheta. - Ele repetiu e continuo rindo. - Só você mesmo. - Ele passou a mão na barba mal feita e sorriu. - Canta?

- Aham. - Encarei o chão. - Eu canto quando ninguém tá em casa, o urso em cima da minha cama é a minha platéia - Sorri.

- Mas não canta na frente dos outros por que? Medo? Vergonha?

- Sei lá, não me sinto bem.

- Um dia quero fazer companhia pro urso e ver você cantando, posso? - Ele me olhou e sorriu.

- Quem sabe um dia não é?

Nenhum comentário:

Postar um comentário