sábado, 4 de junho de 2016

18

Julieta Narrando 

Assim que a Bia partiu eu e Mel subimos pra nos arrumar e ir pro colégio, afinal nossa vida continuaria a mesma, mesmo sem a Bia né. Coloquei uma calça jeans escura, meu coturno preto e a blusa da escola.. coloquei uma touca de lã vermelha na cabeça e um moletom cinza. 

Mel saiu do quarto toda encapotada e nós fomos caminhando para o colégio. 

O dia não foi lá essas coisas, estava frio, chovendo e a Mel estava com a maior cara de enterro por causa da Bia. Não que eu estava gostando da Bia ter ido, mas ela e eu sempre fomos um pouco como óleo e água, podemos até estar no mesmo copo, mas não nos misturamos. Ela se mete muito na minha vida as vezes e eu odeio que palpitem sobre minhas escolhas. Na escola vi o Sam de longe mas nem fui conversar, ao contrário da Mel que colou nele o intervalo inteiro. Depois que sai da escola fui pro serviço, que também foi uma merda e enfim fui pra casa. 

Chegando em casa Mel estava sentada no sofá assistindo televisão, as luzes estavam todas apagadas.. o que era muito estranho já que quando Bia está em casa tem mania de deixar acesa as luzes por onde passa, fora que ela nunca consegue ficar em silêncio. Agora que só estava Mel e eu parecia muito no orfanato, quando era apenas nós duas. 

- A casa fica quieta sem ela, né? - Mel falou me olhando. 

- Fica um pouco estranho. - falei baixo e me sentei ao lado dela. 

- Agora é só você e eu. - ela falou olhando a televisão.
- Mel você fala como se a Bia não fosse voltar nunca mais. - falei olhando ela. - É por pouco tempo. 

- Eu sei, me desculpa. - ela me olhou. - Acho que estou um pouco sentimental, não sei. 

- Tpm? 

- Pode ser. - ela riu baixo. 

Ficamos mais um tempo assistindo televisão e depois eu fui tomar banho e dormir e Mel foi pro quarto dela. 

Gustavo Narrando 

Desde que eu e Julie nos beijamos eu não consigo tira-la da cabeça. É só eu me distrair que já me pego pensando nela. Definitivamente ela me conquistou e eu estou gostando dela como eu jamais gostei de alguém, é só eu estar próximo dela que não sei como agir, ela tem um ar de desaprovação que sempre quando vou fazer algo penso antes, principalmente quando estou muito próximo dela ou se estou falando com ela. Ela é como um enigma pra mim, custe o que custar quero desvenda-lo e agora não é questão de honra ou provar algo pra alguém, é só provar a mim mesmo que não é porque uma vez já sofri por amor que se eu me apaixonar de novo sofrerei novamente. 

Eu sinto que algo em mim está mudando, quando meu celular toca e eu vejo que é uma garota que eu já ''usei'' sinto uma vergonha muito grande de mim mesmo, por ter sido tão canalha durante tanto tempo, eu queria achar um jeito de me redimir com elas, mas sei que o que foi feito não tem como apagar, já foi. 

- Vamos Gutão, tá cheio de gatinha esperando por nós. - Lucas falou se olhando no espelho. 

- Pra mim se a Julie estiver lá já está ótimo. - falei baixo enquanto bagunçava o cabelo.
- Julie.. Julie.. Julie. Agora você só fala dela. - ele revirou os olhos. - Ela nem é tão bonita assim, não sei o que você viu nela. - ele resmungou e eu o olhei sério. 

- Acho ótimo que você não tenha visto nada demais nela, não quero mais concorrentes. 

- Não está mais aqui quem falou. - ele falou erguendo as mãos em sinal de que se rendeu. 

- Hum. - resmunguei e peguei as chaves do carro. 

- Só pra avisar a Polly e a Kelly vão. - ele falou me olhando e saindo do quarto. Não respondi e nós saímos em direção ao carro que estava do outro lado da rua. 

Julieta Narrando 

- Eu não vou Mel. - resmunguei baixo e me joguei na cama. 

- Ah Julie, por favor. - ela quase implorou de joelhos. 

- Eu nem conheço direito esse tal de Lucas. - revirei os olhos e sentei na cama. 

- Nem eu. - ela riu. - Mas é só pra sair um pouco, prometo que voltamos cedo pra casa. - ela me olhou e eu acabei concordando. 

Mel já estava pronta, então eu fui me arrumar. Coloquei uma meia calça grossa com alguns desfiados, uma saia preta cintura alta e uma camiseta I ♥ e claro meu fiel companheiro, o velho coturno preto. Soltei o cabelo e maquiei os olhos. 

- Tá pronta? - Mel entrou no quarto. 

- Só falta o perfume e ai vamos. - torci os lábios. 

- Desde quando não sai de casa sem perfume? - Mel me olhou de canto e eu desconversei perguntando sobre minha roupa. 

Quando chegamos no barzinho já estava razoavelmente cheio e pra minha infelicidade Poliana estava lá com a sua amiga esquelética gritando e rindo alto. Revirei os olhos assim que eu a vi e fechei a cara, definitivamente eu odeio essa garota, não existe no mundo alguém mais desnecessária e inútil como ela. 

- Ah não, olha quem chegou. - ela falou pra Kelly e me olharam. Revirei os olhos e me sentei ao lado da Mel. 

Estava um tédio, aquela conversa de riquinho e Poliana só falava sobre os quilos que quer perder, fora que todo tempo elas cochichavam e olhavam pra mim, eu já estava de saco cheio de tudo aquilo, não via a hora de ir embora. 

- Julie se quiser te dou uma meia calça nova, ajudar os colegas né. - Poliana me alfinetou e ela e a Kelly riram. 

- Eu só não faço o mesmo por você, porque pra te melhorar precisaria trocar de corpo, e eu ainda não conheço alguém que faça milagres tão grandes quanto esse. - olhei pra ela indiferente e voltei a beber minha coca. Ficou todo mundo olhando e eu ignorei. 

- Você adora dar uma de fodona, né? - ela falou puxando a coca da minha mão. 

- Você vai mesmo querer discutir comigo? - olhei pra ela séria. 

- Por que? Você tem medinho? - ela riu irônica. 

- Medinho? Aham. - sorri sem mostrar os dentes. - Tenho medo que a doença que você tem seja contagiosa, eu detestaria ficar burra, desnecessária e ridícula como você. 

- Ah. - ela gritou começando com a histeria dela e todos ficaram olhando em silêncio. 

- Me erra resto de aborto. - revirei os olhos e puxei minha coca da mão dela. 

- Chega meninas. - os garotos falaram tentando acalmar a situação. 

- Ai quer saber, vai se foder Poliana. - me levantei da mesa em direção a saída. Mel não sabia o que fazer, alias ninguém sabia o que fazer. 

- Isso mesmo, vai embora favelada. - Poliana gritou toda cheia de si. Depois que eu já tinha me levantado da mesa tentou dar uma de fodona. Eu dei meia volta e parei na frente dela. 

- O que você falou? - perguntei olhando pra ela. 

- Pra você ir embora. - ela falou baixo. 

- Você tá pedindo pra apanhar, e saiba que eu não vou ter dó e nem medo de meter a mão nessa sua cara de barbie falsificada. - ela se encolheu na cadeira e os meninos foram separando. 

- Chega Julie. - Gustavo me puxou pelo braço. 

- Me solta. - puxei meu braço com tudo. - Vai lá com as suas amiguinhas. - falei seca e indiferente. - E você Poliana, corre de mim, porque quando eu te pegar sozinha vamos resolver isso do meu jeito. - joguei a latinha vazia de coca nela e sai do bar sem olhar pra trás, nem vi onde a latinha acertou ou se machucou, mas estava de figuinha pra ter acertado bem na cara daquela ridícula. 

Seria burrice bater nela ali, mas admito que vontade não faltou, mas eu me controlei, pois daria até polícia e o diabo a quatro. Mas eu ainda vou pegar essa patricinha sozinha. - haha. 

- Julie. - Gustavo me chamou andando atrás de mim e eu ignorei. - Não vai falar comigo? 

- Me deixa em paz. - falei seca e continuei andando. 

- Ei, espera. - ele correu um pouco e me segurou pelo braço. 

- Dá pra me soltar? - alterei nervosa. 

- Não, não dá. - ele alterou também. 

- O que você quer de mim? Eu tô cansada desses joguinhos de amor e ódio. - falei tentando me soltar dele. - Me solta. - gritei e ele me puxou com força para mais perto dele. - Me solta. - falei mais baixo, encarando seus olhos claros. 

- Não consigo. - ele sussurrou me olhando. Eu tentei me soltar dos seus braços, mas ele era mais forte do que eu. 

- Caralho, me solta. - gritei. Eu já sabia como aquilo acabaria e definitivamente eu não queria. - Me solta. - fiz o máximo de força que consegui e escapei de seus braços firmes. - Nunca mais chegue perto de mim. - gritei e em questão de segundos ele me puxou com força e me beijou. Dessa vez não tinha nada de romântico, ele me segurou com força e eu não conseguia me soltar. 

Eu evitei o beijo o máximo que pude e então ele parou e ficou me olhando. - Me solta. - falei seca e o encarei friamente. 

- Só se você prometer não me bater. - ele sorriu de canto e me soltou aos poucos. - Eu só te beijei pra você parar de gritar. - ele me olhou com um sorriso safado. 

- Você é um idiota. - o empurrei e sai correndo. 

Gustavo Narrando 

Eu senti os seus lábios novamente e sei que assim como eu ela também queria esse beijo, mesmo negando eu sabia que ela estava na minha. 

- Você é um idiota. - ela me empurrou e saiu correndo sem olhar pra trás. 

Eu nunca havia me sentido assim após beijar uma garota... Eu me sentia o Super Man depois de beija-la, como se eu pudesse fazer tudo. Voltei pra dentro do bar e todos ficaram me olhando, disfarcei e sentei no lugar que eu estava antes. 

- Julie foi embora? - Mel perguntou baixo. 

- Aham. - falei ainda fora de órbita e ela me olhou de canto. 

- Então também vou. - ela se levantou e eu fiquei calado, estava pensando no beijo, totalmente distraído, não estava me importando com mais nada. 

- Aconteceu alguma coisa lá fora? - Polly perguntou curiosa. 

- Nada do seu interesse. - falei com um meio sorriso irônico. 

Julie Narrando 

- Ele é um idiota. - me joguei na cama com raiva e acabei batendo a mão na câmera do infeliz que estava em cima do meu travesseiro. - Droga! - resmunguei e peguei a câmera na mão. - Não Julie, você não vai fazer isso. - sussurrei pra mim mesma e coloquei a câmera de novo na cama. - Ah Julieta, você ainda vai se dar mal de tanto que é curiosa. - peguei a câmera novamente e liguei. Comecei a fuçar, era cheia de botões e eu não fazia ideia como fazia pra ver as fotos, se tivesse alguma foto né. Acabei apertando um botãozinho sem querer e apareceu uma foto, eu comecei a passar uma por uma. Eu sempre fui curiosa ao extremo, não conseguia resistir. 

Tinha algumas fotos, não eram muitas, mas o suficiente para eu suspirar. Tinha o Gustavo com o Rafa, os dois sem camisa, digamos que fotos um tanto quanto vergonhosas e pessoais, mas bem fofas e engraçadas. 

- Oun. - suspirei fundo quando passou uma foto do Gustavo de biquinho. - Não. - joguei a câmera na cama. - Não Julieta, não. - me levantei e andava de um lado para o outro. - Não posso estar gostando dele. - eu andava de um lado para o outro falando sozinha. - Não, é coisa da minha cabeça. - falei rindo. - E se não for? - fiquei apreensiva. 

- Falando sozinha? - Mel falou me olhando escorada na porta. 

- Faz tempo que você tá ai? - arregalei os olhos apreensiva. 

- Não, acabei de chegar. - ela me olhou confusa. 

- Ah, que bom. - resmunguei baixo. 

Gustavo Narrando 

Cheguei em casa e fui direto pra cama, eu virava de um lado para o outro, perdi as contas de quantas viradas foram, mas estava impossível fechar os olhos sem pensar nela. Fiquei pensando no rosto dela, e no jeito que ela me olhava depois do beijo, sua bochechas ficaram rosadas, de certo estava morrendo de vergonha. Mas ela é tão linda que as bochechas vermelhinhas só foram mais um charme para ela. 

No dia seguinte acordei cedo, digamos que eu estava com um bom humor extremo, é claro que eu ainda estava pensando no que tinha acontecido ontem. Será que ela tá pensando nesse beijo, assim como eu estou? - pensei entrando no banheiro. 

Tomei um banho, coloquei roupa social pra ir pra empresa e ajeitei o cabelo. Assim que desci pra tomar café, minha mãe me olhou de canto e ficou calada. 

- O que é esse sorriso hein? - ela falou quebrando o silêncio e deu um gole no café quente. 

- Acho que estou apaixonado. - falei encarando a janela da sala de jantar. 

- Ai. - ela falou toda animada. - Ah Polly finalmente te conquistou. - ela falou me olhando e eu a encarei com cara de ué. 

- Polly? O que você tá falando? - perguntei rindo. 

- É, por quem mais estaria apaixonado se não fosse pela Polly? - ela me olhou intrigada. 

- Tem tantas garotas melhores que a Polly, mãe. - dei um gole no suco de laranja. 

- Hum, não acho. - ela resmungou. - Polly é linda, simpática, educada e de família influente, perfeita pra você. - ela forçou um sorriso. 

- É, mas não é por ela que estou apaixonado. - afastei a cadeira e me levantei da mesa, ela tentou questionar, mas eu ignorei e sai deixando-a falando sozinha. 

Cheguei na empresa e meu humor ainda estava o mesmo, revisei os papéis e liguei pro advogado falando que essa semana mesmo levaria provas sobre o caso do orfanato. 

- Mas o que você pretende fazer se ganharmos a causa? - ele perguntou curioso. 

- Vou assumir aquele lugar, ué. - falei calmo. - Que eu saiba a empresa tem verba suficiente para bancar. 

- É, mas você já falou com o seu pai? - ele falou sarcástico. 

- Se ele quer que eu assuma de vez a empresa, também vou assumir as decisões. E isso já está decidido, vamos ajudar as crianças. - falei firme. Meu pai sempre exigiu que eu tinha que agir como um empresário e ir me inteirando da empresa, que um dia estaria sobre minha responsabilidade, então não vejo porque não tomar a decisão por mim mesmo. 

O dia passou lento, estava lotado de papéis pra assinar e tive que visitar alguns clientes. E mesmo com o dia cheio, eu não conseguia parar de pensar nela. 

- Ela tá me deixando louco. - sussurrei com a cabeça baixa. 

- Quem? - Lucas sempre chega de surpresa e me pega desprevenido. - Deixa eu adivinhar, começa com J e termina com Julie. - ele falou todo debochadinho. 

- Se vai me zoar pode sair da sala. 

- Não, só vim te entregar esses papéis e dizer que a nova secretária pediu as contas... Vamos ter que arrumar outra. 

- Pediu as contas? Por que? - falei pegando os papéis da mão dele e olhando um por um para ver do que se tratava. 

- Ela disse que não se adaptou ao serviço e que não entendia nada dos papéis. - Lucas respondia rindo. 

- O que tem de bonitinha, tinha de burrinha também né. - revirei os olhos. - Ela só precisava anotar recados e passa-los para mim e me entregar os papéis, apenas isso. - falei rindo. 

- Coitada. - Lucas falou rindo. - Mas e ai, teremos que achar outra pessoa. 

- Acho que conheço alguém perfeita pra essa vaga. - sorri estreito. 

- Só não me fale que é a Julie. - ele debochou. 

- Ela mesma, ela é centrada e com toda certeza daria conta do serviço. 

- Ah que seja, não falo mais nada, só acho que você está apostando demais nela e no final pode acabar quebrando a cara. - dei de ombros e Lucas saiu da sala resmungando. 

Julie Narrando 

Saí do serviço e fui direto pra pista, antigamente isso era vazio, agora enche de nóia e periguete, como se já não bastasse ser periguete, ainda ficava gritando e se oferecendo para os skatistas dali. Tico e Mel chegaram um pouco depois e engatamos uma conversa no banco próximo ao portão de entrada. Tico me irritava o tempo todo, passando um matinho no meu ouvido,eu batia nele e depois de alguns minutos lá estava ele de novo me irritando com o matinho. 

- Tico eu vou tacar esse skate em você. - falei olhando pra Mel e ele riu. 

- Você não seria capaz. 

- Ah, eu seria sim. - falei baixo e ele enfiou o matinho no meu ouvido. - Filho da mãe. - me levantei e comecei a correr atrás dele. - Quando eu te pegar vou descer porrada em você, seu bicha. - gritei ainda tentando alcança-lo. 

- Pega ele, Julie. - Mel agitava. 

Eu alcancei Tico e fomos os dois rolando pro chão. Eu sentei em cima dele e prendi os braços dele. Ele ria tanto que perdeu as forças. 

- Você é um bosta, Tico. - falei rindo. 

- Bosta, mas você adora né. - ele falou em meio aos risos. 

- Besta. - dei um tapa de leve nele. 

- Perdi alguma coisa? - Gustavo perguntou pra Mel e eu olhei pra ele com uma mistura de surpresa e timidez. 

- A Julie tá quebrando o Tico, e eu tô aqui de camarote. - Mel falou sem tirar os olhos de nós dois. 

- Passou a raiva chaveirinho? - Tico falou me provocando. 

- Me erra. - falei sem graça e sai de cima dele. 

- Continua. - Gustavo falou seco. - Tava legal. - ele me olhou enciumado. 

- Me erra você também. - revirei os olhos e fui pro outro lado da pista com o skate nos pés. 

- Vocês não conseguem ficar sem brigar? - Mel falou rindo e Tico abraçou ela. 

- Cão e gato. - Tico falou rindo. 
- Julie é o gato né, mais arisco e independente. - Mel alfinetou e Gustavo olhou de cara feia. 

- Tá me chamando de cachorro Mel? - Gustavo olhou pra 
ela sério. 

- Jamais. - Mel riu baixo. 

- Eu acho pouco. - me intrometi. 

- O que é? - Gustavo me olhou. 

- Nada, nada. - desconversei. - Você veio aqui para...? - parei na frente dele e cruzei os braços abaixo do seio. 

- Pra falar com você. - ele levantou. - Vem. - pegou na minha mão e saiu me puxando da pista. 

- Me solta. - dei alguns tapas de leve nas costas dele. - Virou mania agora me forçar a fazer as coisas. - revirei os olhos e ele me soltou. 

- Tá, se não quer ouvir o que tenho a dizer pode voltar pra lá. - ele deu de ombros. 

- Não, agora fala. - falei baixo. 

- Hum, ficou curiosa né. - ele sorriu debochando e eu revirei os olhos. 

- Vai logo ao assunto. - cruzei os braços e fiquei olhando pros meus pés. 

- Arrumei um serviço pra você, tá afim? Não faz quase nada e ganha bem. - eu o olhei desconfiada. 

- Não vou dar por dinheiro. - sorri sem mostrar os dentes. - Sem chance Gustavo, chama a Polly pra isso. - me virei e ia voltando pra pista quando escuto ele rindo, voltei a olha-lo. - Qual é a graça? - olhei pra ele séria. 

- Dar por dinheiro? Da onde você tira essas coisas? - ele riu. - Não tem nada a ver com ''prostituta'' - ele fez aspas. - É na empresa do meu pai, estamos precisando de uma secretária competente. 

- Você também trabalha lá? - ele fez que sim com a cabeça. - E eu teria que ver você todo dia? - ele concordou de novo. - Então nem fodendo, já me basta ter que te ver as vezes, imagine todo dia. 

- Você tá muito engraçadinha hoje. - ele passou a mão no cabelo e eu quase fui a loucura. 

- Eu me esforço né. - falei irônica. 

- Não vai querer? - ele me olhou sério. 

- Pensa bem, vamos pagar praticamente o dobro do que está ganhando naquela loja. - ele sorriu tentando me convencer. 

- Tá. - respondi baixo. 

- Tá o que? - ele perguntou me olhando. 

- Eu aceito. - olhei pra ele. - Era só isso? 

- Amanhã quando eu for buscar o Rafael no colégio já pego você. - ele me olhou e sorriu. 

- Pode tirar esse sorriso do rosto. - falei séria. - Só aceitei pelo salário, não tem nada a ver com você. 

- Tá bom. - ele continuou sorrindo e eu voltei pra pista. 

- O que ele queria com você? - Mel olhou curiosa. 

- Tá precisando de uma secretária e ele veio me oferecer o serviço. - falei desinteressada. 

- E você aceitou né? - Mel me olhou animada. 

- É, acho que sim. - dei de ombros e fui andar de skate. 

Gustavo Narrando 

dia.

- Você tá muito engraçadinha hoje. - ele passou a mão no cabelo e eu quase fui a loucura.

- Eu me esforço né. - falei irônica.

- Não vai querer? - ele me olhou sério.

- Pensa bem, vamos pagar praticamente o dobro do que está ganhando naquela loja. - ele sorriu tentando me convencer.

- Tá. - respondi baixo.

- Tá o que? - ele perguntou me olhando.

- Eu aceito. - olhei pra ele. - Era só isso?

- Amanhã quando eu for buscar o Rafael no colégio já pego você. - ele me olhou e sorriu.

- Pode tirar esse sorriso do rosto. - falei séria. - Só aceitei pelo salário, não tem nada a ver com você.

- Tá bom. - ele continuou sorrindo e eu voltei pra pista.

- O que ele queria com você? - Mel olhou curiosa.

- Tá precisando de uma secretária e ele veio me oferecer o serviço. - falei desinteressada.

- E você aceitou né? - Mel me olhou animada.

- É, acho que sim. - dei de ombros e fui andar de skate.

Gustavo Narrando

Seria muito mais fácil com ela perto de mim todo dia, eu nem estava acreditando que ela tinha aceitado o serviço. Voltei pra pista com um sorriso de orelha a orelha, eu não conseguia mais disfarçar quando o assunto era Julieta.

- Guto, posso falar com você? - Mel levantou do banco e veio em minha direção, eu parei e fiquei esperando ela chegar.

- Que foi, Mel? - perguntei.

- Você sabe que a Julie é minha melhor amiga, a única pessoa que eu tenho como família. - ela falou calma me olhando.

- Sei sim, mas o que houve? - perguntei confuso.

- Se você magoar ela, eu quebro a sua cara. - ela sorrio sarcástica.

- Que isso Melzinha. - olhei pra ela assustado.

- Gosto muito de você, mas amo a Julie e faço o que for preciso para defende-la. - ela completou.

- Tá. - falei baixo. - Eu não vou magoa-la, prometo. - forcei um sorriso.

- Ótimo, assim evita dentes quebrados. - ela sorriu irônica e voltou pro banco onde estava sentada antes.

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