No dia seguinte fomos as três pro colégio, Bia estava de bico comigo e a Mel estava super alegrinha, e passou a semana toda assim, acordava cedo e ia pra escola sem reclamar de nada, ao contrário de mim que ia parecendo um dragão. Não vi Gustavo durante a semana inteira, também me esforcei ao máximo pra isso, fugi dele igual o diabo da cruz, mas sabia que sábado na aulinha de skate eu teria que encara-lo. Já eu e Tico estamos cada vez mais amigos, ele foi quase todos os dias levar as meninas e eu no colégio e hoje sexta-feira me buscou no serviço.
- O que vamos fazer hoje? - ele me olhou e começou a batucar no volante, ele e sua mania irritante.
- Ai! To cansada, queria assistir um filme, comer uma pipoca e só isso. - falei olhando a rua pela janela do carro.
- Seu desejo não é uma ordem, mas vou quebrar seu galho e hoje vamos fazer isso. - ele virou na rua da locadora.
- O que vamos assistir? - perguntei olhando os filmes na prateleira.
- Comédia? - ele mostrou o dvd.
- Ah não. - voltamos a olhar os dvd's.
- Terrorzinho bem leve? - ele me olhou.
- Demorou, qual?
Nós escolhemos três filmes, um de terror, um de desenho e um de guerra que o Tico fez graça que queria assistir.
- Se for ruim eu te mato. - falei olhando a capinha do filme de guerra.
- Para, ouvi fala que é moh foda e mesmo que não seja você vai assistir comigo do mesmo jeito.
- Alguém já te falou que você é folgado pra caramba?
- Sempre, minha mãe sempre
fala. - ele riu.
Fomos pro meu apartamento e estava o maior barulho lá, Bia ouvindo música, Mel estava na cozinha fazendo um bolo. Então decidimos ir pro apartamento do Tico, jogados as almofadas no tapete da sala, ele fez pipoca de micro-ondas e deitamos os dois no chão pra assistir os filmes.
- Puta que pariu o que aquela idiota tá fazendo ali? Ela não viu que o cara entrou ali? Que burra. - eu falava agitada, por conta da mocinha do filme.
- Calma chaveirinho, é só um filme. É assim mesmo. - Tico falava rindo.
- Que filme de merda, ela viu que o assassino entrou ali e ela entrou também, tá achando que vai matar o cara com o secador de cabelo dela. - revirei os olhos.
- Para de gritar, escuta lá o filme. - ele tacou uma almofada em mim.
O filme de terror acabou e decidimos descer pra pista de skate, Tico falou que ia me mostrar como ele mandava bem e eu cai na risada falando que eu andava muito melhor que ele.
...
- Você tá sabendo que vai ter showzinho de rock na praça hoje, não é? - Mel falou quando entramos no apartamento.
- Não, nem sabia. Que banda? - olhei toda empolgada.
- Cover do capital, falaram que é legal. - ela nos olhou. - Ah, oi Tico. - Mel falou quando viu o Tico.
- Oi gatona. - ele piscou e foi sentando no sofá.
- Bom, então vou me arrumar e nós vamos pro showzinho Tico. - ele me olhou e concordou.
Fui pro quarto , tomei um banho e me arrumei, coloquei uma saia estilo tutu preta, uma camisetinha do Ramones, jaqueta de couro e um all star cano médio. Maquiei bem
os olhos de preto e ao invés de esmalte preto, passei um roxo bem escuro. Soltei o cabelo, peguei a chapinha da Bia e fiz uns cachos grandes nas pontas do meu cabelo. Ótimo, eu estava pronta.
- Estou pronta, vamos? - falei entrando na sala.
- Uau!. - Tico falou se levantando.
- Nem pensar Julie, você vai me esperar. - Mel saiu correndo pra dentro do quarto.
- Vai logo então. - gritei. - Gostou? - falei dando uma voltinha.
- Tá gata. - Tico falou dando uma analisada nas minhas pernas.
- Idiota. - dei um tapa nele. - Tá pronta Mel? - gritei.
- Quase. - ela respondeu aos berros.
Tico e eu ficamos assistindo tv até a Mel sair do quarto toda fofinha, ela estava com uma calça jeans clara, coturno vermelho e uma camisetinha com um decote super favorável, que deixava suas tatuagens todas a mostra.
- As meninas dessa casa detonam hein. - Tico falou se levantando e eu e a Mel rimos.
- Mel, você tá muito meiga. - falei olhando ela.
- Pra mim esse decote tá sexy e não meigo. - Tico falou dando uma olhadinha nos seis fartos da Mel.
- Calado. - falei rindo.
- Quer pegar também, Tico? - Mel falou rindo.
- Se você fizer questão eu nem discuto. - nós rimos.
Assim que chegamos na praça ainda não estava lotada, mas certeza lotaria, o povo aqui é tudo arroz de festa, sempre estão em todas. Só espero que dessa vez não apareça nenhum pagodeiro, porque da outra vez deu uma puta briga porque um pagodeirinho ligou o som mó alto e os caras
mais doidão saiu tudo pra cima dele. Foi bem louco. Logo foi juntando o pessoal conhecido, tipo Sam, Rafa, Bruno, umas menininhas lá do colégio e a Bia também apareceu lá com o Gustavo, me pergunto que tanto eles ficam de segredinho. Tico e eu fomos procurar bebida e o pessoal ficou lá.
O show começou a rolar e os caras até que tocavam bem, não fazia muito meu estilo mas fazer o que né. Bia se esfregava toda hora no boyzinho e a Mel e o Sam engataram em uma conversa sobre tartarugas marinhas. Estava um tédio.
- Tico a gente devia ter ido pra pista. - falei apoiando a cabeça no braço, aquela típica posição de tédio, sabe? Então.
- Pode crê chaveirinho, isso aqui tá miado demais. - ele me olhou e sentou do meu lado.
A bandinha lá começou a tocar Só você e os casais que estavam lá começaram a fazer ceninha, dançando juntos e Tico e eu ficávamos rachando o bico de tudo aquilo, começamos a imitar um casal que estava lá dançando, parecia baile de forró. Estava tudo só alegria quando eu olho a Bia beijou o Gustavo e o cafajeste não parou, continuou o beijo.
- Que filho da puta. - sussurrei.
- Que foi? - Tico perguntou, mais assim que olhou para os dois se beijando ficou de boca aberta. - Que isso hein.
- Tico. - falei olhando pra ele.
- Que? - ele me olhou.
- Me beija. - falei baixo.
- Nem pensar. - ele olhou assustado.
- Me beija logo caralho. - coloquei os braços em volta do pescoço dele.
- Ai merda. - ele fez uma cara tensa e se aproximou de mim super apreensivo.
- Finge que não sou eu, qual é sou
tão feia assim? - assim que terminei de falar isso ele me puxou com força pela cintura e me lascou um beijo DAQUELES. Aos poucos fomos parando e encerrando o beijo com selinhos. - Foi tão ruim assim? - sussurrei.
- Foi como beijar a minha irmã. - ele fez uma cara super tensa e nós rimos.
- Idiota, não foi tão ruim assim vai. - dei um tapinha nele e dei uma olhadinha pra ver se o Gustavo estava olhando. Dito e feito, ele estava com uma cara de raiva, sentou no banco lá e emburrou o resto da noite, um bico maior que de um elefante, foi até que bonitinho ver ele daquele jeito, ainda mais sabendo que era por causa de mim.
Quando estávamos indo embora o Tico começou a me questionar sobre minha atitude, e eu até que estava um pouco arrependida.
- Achei que você nem ligasse pra ele. - ele falou quebrando o silêncio.
- E-eu não ligo. - gaguejei no começo e logo falei mais firme. - É que eu não quero que ele ache que estou interessada nele, tenho a impressão que ele faz as coisas só pra me irritar sabe, impressão não... Tenho certeza disso.
- Talvez porque ele goste de você de verdade, já parou pra pensar nisso? - ele me olhou.
- Não, ele não gosta de mim. - falei apreensiva. - E mesmo que gostasse até parece que eu ficaria com um boyzinho que nem ele, de boa Tico o cara deve precisar de empregada ate pra por comida no prato, sério... Não faz o meu estilo. - falei desconversando.
- Ah Julie, você devia parar de desdenhar tanto ele. Nem preciso te dizer aquele velho ditado de quem desdenha quer... Já sabe né. - ele riu.
- No meu caso eu desdenho e não quero nada com
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